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a sensação péssima de ter deixado algo pra trás vai e vem. dia sim e dia não. se pensar friamente, a vida que eu ia ter morando com o joão não era a vida que eu queria pra mim. mas a minha vida aqui em curitiba também não é. nada é. eu não quero nada. eu queria paz. queria poder ficar em casa tranquila, sem pensar em todas as coisas que preciso fazer pra não levar uma bronca. eu só queria ficar em paz já que eu sou obrigada a estar aqui mesmo, mas não sei se isso é possível.

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eu voltei pra casa da minha mãe. e é isso que é, a casa dela. não minha. tenho a sensação constante de que não deveria estar aqui. e pior, tive a chance de não estar e voltei pra cá. me sinto idiota quando penso nisso. não porque a situação é idiota, mas eu sou.

eu amo muito o joão. terminei com ele porque acho que se ele quer ter uma vida comigo ele deveria estar menos apegado aos pais, mas ele não tá. ele já me disse que a família dele é a coisa mais importante pra ele, eu lembro que na época achei engraçado porque eu não consigo nem imaginar como é se sentir assim sobre a sua família.

a minha família se juntou pra almoçar no último final de semana, eu não fui. eles pareciam tão felizes nas fotos. tudo encaixava. até a minha ausência se encaixava muito bem. eu fiquei triste de ver que não tenho lugar no mundo, mesmo se a minha mãe disser que sou importante pra eles. swi que eu gero desconforto e não consigo me sentir confortável perto deles também. tudo é uma performance e eu não vejo a hora de acabar.

quando eu tô sob a aura da minha mãe eu sinto ansiedade e marasmo ao mesmo tempo. ansiedade porque eu quero suprir as expectativas dela sobre mim pra me "livrar disso". marasmo porque a ansiedade é tanta que não consigo fazer nela. o ambiente de casa é imobilizante. eu me sinto mal se faço coisas ou não faço nada. queria ir embora. queria ficar perto do joão sem ter que me preocupar se todo o serviço doméstico recai sobre mim porque ele é desleixado. queria poder só ficar na presença dele sem pensar nisso. queria ser outra pessoa. queria chorar menos e sentir menos e pensar menos e ser menos.

eu tava pensando em me matar. haldol e gardenal? muito. mas eu também queria experimentar um momento de paz antes de morrer. queria ter orgulho de alguma coisa que eu fiz e poder deixar tudo pra trás. um dia eu vou ter coragem e meios pra deixar tudo pra trás.

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pra ficar feliz aqui eu preciso estar chapada de alprazolam

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you and me with our long hair on the gold wall

after midnight we could feel it all

i'd go anywhere you want to

you should see there's a place i want to take you

when the train comes i will hold you

(when the train comes i will hold you)

'cause you blow my mind

on the bridge levitating 'cause we want to

when the unknown will surround you

(when the unknown will surround you)

there is no right time

there is no right time

the branches of the trees

they will hang lower now

you will grow too quick

then you will get over it

the branches of the trees

they will hang lower now

there's a place i want to take you

when the unknown will surround you

there's a place i want to take you (were you high)

there's a place i want to take you (were you high)

as our bodies lift up slowly

when they knocked on the door looking for you

when they knocked on the door looking for you

when the unknown will surround you (take my hand)

when the unknown will surround you (take my hand)

as our bodies lift up slowly

there's a place i want to take you

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sinto muito a falta da minha família, da minha casa, do meu espaço e da rotina que eu tinha. isso dói tanto, e não é culpa do joão, ele tenta me agradar de todas as formas. mas eu nunca fico feliz. não quero sair da cama, não quero trabalhar, não quero estudar, não quero fazer nada.

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tô sem tomar o lítio há alguns dias, por puro descaso mesmo. sinto que isso aqui não vai dar certo e logo volto pra curitiba. talvez o lítio ajude a suportar estar nessa situação que tá estranha e desconfortável. talvez até melhore tudo, mas por agora eu tô puta e não quero mais namorar. quero ficar sozinha, que comigo eu me entendo.

eu e o joão parecemos não nos entender e, ultimamente, tenho achado ele parecido com o meu pai. não queria isso pra gente. amo ele. queria ser feliz e queria que fosse simples. o hexa tá triste, eu tô triste. eu sinto falta de saber o que caralhos tá acontecendo na cidade, saber andar por ela. eu achei que eu ficaria instantaneamente feliz de estar aqui porque eu queria muito estar perto dele e isso me ajudou muito quando eu tava passando pelo inferno niss*i. mas agora que não sobrou nada, faculdade, emprego e só sobrou ele eu acabo ficando brava com ele e até odiando. às vezes, tô tão apaixonada que queria dar minha vida pra ele. e às vezes tô tão cansada dele, do jeito dele, que só queria ir pra casa onde eu tinha certeza de ter meu espaço e conflitos que se resolviam com discussão mesmo e sem tanta defensividade.

vou esperar e ver, talvez o lítio me conserte e salve meu relacionamento que nesse passo não vai durar muito.

tô cansada, cansada de mim, cansada desse apartamento, cansada de não fazer nada.

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eu tenho um copo de vinho e eu não quero bebê-lo. eu encho o copo já sem vontade e somente com a intenção. sinto que preciso de algo. uma bebida, um calmante. é tão difícil ficar em paz que acho que só conheço a paz psicótica e a paz manufaturada por algum remédio que causa dependência severa. ainda assim, eu bebo. não quero sentir e não quero inflingir nos outros. não quero mais causar dor sem ligar pras consequências disso. mas é difícil. quando eu fico assim eu só tenho vontade de estragar tudo e qualquer coisa que eu vejo na frente. e eu fico assim muito. eu queria ser diferente.

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querer é melhor do que ter. querer é melhor do que ter. desejar, programar, pensar, intentar é melhor do que ter. ter estraga tudo. a quebra de expectativa é certa, a curiosidade sempre vai matar o gato, o olho sempre vai ser maior do que o estômago.

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L'Homme fidèle (A Faithful Man) (2018)