A ponte de aço, por Jefté Michel Dantas
Não se pode mais conter os pensamentos que vagam pelos ares.
Sinto que tentar talvez seja perder completamente a noção do abismo que há.
Que tal sermos distintos? Cada um por si nessa caverna; a cada metro quadrado, um mero contato que já não vale mais nada, Nem o esforço que faz.
Mas já que isso tudo é um esboço, eu traço a vida como um moço que tenta seguidamente fugir do calabouço e entender o que em verdade é a vida. Veja bem, a vida não está fora do calabouço, está dentro de ti. Dentro de cada ato em que se ergue os frutos, contemplando as raízes do ser.
A ponte de aço que me faz esquecer a estrada do percalço, que faz ligação com um âmago puro e descalço, que de qualquer maneira insistir em me ter.
Insiste em forjar o que sou, em meio as falhas que dou, me doei de infinda vontade para você, em trocar de entender: O que é a vida?
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Leões Não Falam, por Jefté Michel Dantas
No alto do monte havia um leão de pelos negros que de tão sublime estava coberto pelo dourar do sol.
— Não se pode mais ter paz por aqui? — indagou um outro leão que passava por ali.
— Claro que sim! — respondeu o Leão negro.
— Já eu discordo. Veja em volta; tudo isso não passa de um convite ao caos. Tantos desastres, catástrofes e armadilhas; onde vamos parar assim?
— Sabe que eu não sei? — respondeu novamente o Leão negro com uma calma que não há.
— Não sabe? É assim que você vê as coisas?
— Sim, prefiro vê-las de uma forma não cética, acho que é bem melhor assim. Bem melhor que estar frustrado com coisas que já não cabem mais a nós. Você acha mesmo que é relevante se frustrar com isso?
— O que eu acho é que nada vai melhorar se não fizermos a melhora.
— Você tem razão. Mas... de onde vem a melhora?
— Creio que deve vim de todos.
— talvez sim, num mundo ideal e perfeito. Porém, aqui as coisas não são assim, todos querem um pedaço do que está logo ao seu lado; ninguém aqui é de se confiar tanto. Mas, que tal se fizermos a melhora vim a partir de nós mesmos e não esperar tanto assim do outro?
— Talvez isso funcione.
— Pode apostar que sim. Eu sei que essa savana está um caos, afinal de contas, não é sobre negar o que vemos, e sim, sobre aprender a lidar mediante as coisas que vemos.
— Estou de acordo, meu caro amigo!
— Enfim, é melhor eu ir, já estão vindo aquelas criaturas que amam nos observar. Qual o nome delas mesmo?
— Li no Savana Center dessa semana que o nome deles é "seres humanos", ou algo assim.
— Interessante! Mas não esqueça da regra, ok?
— Claro que não vou esquecer da primeira regra da selva: boca fechada. Afinal, os leões não falam — gargalhadas
— pois então, mas aqueles papagaios fugiram da regra, as vezes penso em fugir também. Sei lá, e se for algo bom pra gente?
— Acho que não, amigo, já nos matam sem nem sequer falarmos, imagina como seria se a gente começasse a falar com eles. Um desastre!
— De acordo então, vou indo.
— Vai com fé, amigo! E cuidado com aquelas "balas perdidas" que sempre nos acham.
E assim os dois leões seguiram seus rumos.
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