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catharinaveloso · 1 month
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Perguntaram-me um dia, o por quê da morte ser tão cruel. Eu fitei-vôs os olhos, e lhes disse, que a morte jamais fora cruel e eles fizeram-na de dor.
Olharam-me como se eu fosse insana, jogaram-me julgamentos rasos ao invés de questionarem-me. Sim, realmente: a morte será cruel para aqueles que mal sabem perguntar-se o por quê das coisas.
-catharina veloso
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catharinaveloso · 2 months
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Meu coração é maciço como dura rocha. Meus sonhos são pedrinhas que rolam e rolam para baixo, e eu sou o fogo que atinge a pele doutro: queimo e marco. Deixo o meu rastro.
Sou uma caçadora de olhos, quero poder enxergar o mundo inteiro em uma só vida. Minha vontade é selvagem e libidinosa. Sou o figo roxo e gordo que madura no galho mais alto da figueira, o figo que jamais conseguirão apanhar.
Meu corpo é feito de algodão, segue as formas orgânicas sem regras. Minha alma é feita de sombra azul com brilhantes. E minha mente é luz, sem forma, sem ser algo.
Sou um humano sem humanidade alguma. Sigo a minha natureza selvagem e impetuosa, esta qual me faz queimar a pele de outros sem ao menos queimar-me primeiro. Sou a memória inconsolável que habita no seu peito, nunca deixarei de habitar-te. E serei luz quando morrer, serei a estrela mais brilhante do céu.
-Catharina Veloso
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catharinaveloso · 2 months
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Nunca fui filha de santa - fui filha do pecado. Nasci com a condição de mulher, então jamais nascerei pura. Nasci já de um enclausurado pecado, e minha condição de ser não pode ser desfeita. Nunca nasci filha de santa, os crimes que não cometi jamais serão esquecidos, e então morrerei com a angústia dilacerando o meu jovem peito. E isto tudo é: porque nasci uma mulher.
-Catharina Veloso
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catharinaveloso · 2 months
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Então, Eva acorda em agonia: rodeada por uma poça de sangue. Rezava para morrer, rezava para seu pai. Deus, sempre teve Adão como o seu favorito. Ela se recompôs, se consolou, e depois, tornou-se mãe de todas nós.
-Mãe, eu estou cansada.
Catharina Veloso
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catharinaveloso · 3 months
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O Reflexo - canto 1
As costelas dançam em um pecado — a finura de um galho, o sopro da vida agoniada.A literatura nunca soube explicar a alma humana, a agonia de viver era o meu mais puro segredo. Se tornaram falsas as imagens de santos salvadores, numa busca pelo dinheiro: a cegueira da fé.
Na imagem distorcida no vidro, era refletido o rosto do porco, do morto, da mulher sem rosto, do batom borrado, do maço de cigarro, e o canivete suíço muito caro.
O corpo nu dava arrepio, ânsia consumia ao balançar do quadril magro, osso, morto. E ardia-lhe a garganta recém carbonizada. O galho, osso e oco, se quebra. O reflexo se espalha, e o batom vermelho agora é a moça agoniada: engolindo as pérolas do próprio colar. Morrendo sufocada.
- Catharina Veloso
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catharinaveloso · 4 months
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O seu amor era violento.
Me devorava como se eu fosse o melhor doce — rasgando a minha pele, me amando até os ossos. Você chupava a carcaça, e bebia de meu sangue. Você me amava com violência, devorando cada pedaço de mim. E eu? Eu nunca amei-te tanto. O seu amor era violento, e eu, violência.
-Catharina Veloso
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catharinaveloso · 4 months
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Minha alma anseia por um descanso que jamais virá.
-Catharina Veloso
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catharinaveloso · 4 months
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What if I’m unlovable at my core? What if there is something about me that makes people not want to stay?
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catharinaveloso · 4 months
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Eu quero ser muito, mesmo sendo tão pouco.
-Catharina Veloso
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catharinaveloso · 4 months
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“how can people sit on a train and not notice each other? how can people resist the urge to connect somehow?…can people feel my eyes on them as I do theirs on me? do we all know that we’re here in this social prison system? why aren’t we more prepared to have more fun being human beings? will women ever outgrow the scars inflicted upon them by a world ruled by men? must my fantasies be stuck working overtime?…my hair looks like shit and i’m feeling embarrassed and ugly all-around.” oh jeff
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catharinaveloso · 4 months
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“I just want to have a completely adventurous, passionate, weird life.” - Jeff Buckley
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catharinaveloso · 4 months
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jeff buckley in an interview about bob dylan writing for nina simone. bob dylan’s wrote sad-eyed lady about sara.
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catharinaveloso · 4 months
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catharinaveloso · 4 months
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Paintings from the ‘Peripety’ series by Jen Mazza
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catharinaveloso · 4 months
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Não tive coragem suficiente para olhar nos olhos de meus irmãos mais velhos. E muito menos para mamãe. Apenas adentrei o quarto, em silêncio, porque minha garganta estava sendo calada por milhões de palavras que eu não conseguia falar. Estava engasgada, entalada, sufocada. A morte viria, e eu só queria impedi-lá de chegar até a minha mãe. Que a morte me leve, porque mereço, mas a mamãe, jamais mereceu.
-Catharina Veloso, para minha mãe.
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catharinaveloso · 4 months
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A maior injustiça da existência, é saber que, tudo que vive morre.
-Catharina Veloso
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catharinaveloso · 4 months
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Minha mãe ensinou-me, quando ainda era pequena, a técnica limpa e gentil de se descascar uma fruta sem que ela se desfaça. Aprendi com facilidade, e fui ensinada com amor. E meu pai, por sua vez, ensinou-me a ser feroz, voraz, selvagem; ensinou-me a devorar sem ao menos olhar nos olhos da presa, ensinou-me como morder e rasgar. Me tornei um pequeno átomo contraditório.
-Catharina Veloso
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