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camarotedarepublica · 8 months
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O Camarote da República
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O Camarote da República, outrora conhecido como “Camarote da CPI”, foi iniciado em Abril de 2021, através da plataforma Twitter, mesmo mês em que a Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar “ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia e o colapso da saúde no estado do Amazonas no começo de 2021” foi criada no Senado Federal.
O início dos trabalhos fez com que o perfil se tornasse, inicial e rapidamente, a principal iniciativa – não apenas no Twitter – de repercussão dos trabalhos e oitivas. A primeira fase dos trabalhos era reportada em tempo real e rigorosamente pelo veículo, garantindo um aumento exponencial no engajamento e métricas associadas – com destaque ao número de seguidores e repercussão do conteúdo produzido na plataforma.
A etapa seguinte caracterizou-se por dois movimentos:
A aproximação de parlamentares titulares da CPI na própria rede social – incluindo seu Presidente, Vice-Presidente e Relator – promovendo interações de efeito bilateral: por um lado, incrementando ainda mais o engajamento e capilaridade do conteúdo produzido pelo veículo e, por outro, promovendo uma proximidade inédita entre a atuação parlamentar na Comissão – e, portanto, seus atores – e a base da sociedade civil interessada nos trabalhos;
O início de um trabalho coordenado por diversos perfis ativistas da rede para a investigação paralela de fatos relevantes à CPI, inclusive com produção de relatórios que municiaram – reconhecidamente – membros da Comissão com materiais probatórios aos quais não teriam acesso na ausência do esforço coordenado na qual tais perfis se envolveram.
Em matéria publicada pelo El País em 20 de maio de 2021, registrou-se que:
A maioria dos responsáveis pelos perfis prefere manter suas identidades desconhecidas. Dois admins com os quais o Núcleo conversou são anônimos e usam pseudônimos ―no caso, Jairme Arrependi e Tesoureiros do Jair. Perguntados sobre com o que trabalham fora das redes, ambos esclareceram que suas atividades profissionais não são em nada relacionadas à articulação com os senadores e que não possuem filiação partidária. Geralmente satíricos, esses perfis, junto ao crescente Camarote da CPI e muitos outros, estão em contato direto com assessores de parlamentares da oposição, como Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT-PE), para disponibilizar materiais que vêm sendo catalogados desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro.
Sob o título “Perfis contra Bolsonaro no Twitter pautam senadores na CPI da Covid”, o Metropoles também registrou, em 27 de maio de 2021, que:
Ultimamente ,[…], os perfis Gabinete do Ócio (@GabineteOcio), Tesoureiros do Jair (@tesoureiros) e Jair Me Arrependi (@jairmearrependi) estão em franca evidência. Esse último mudou o nome fantasia para JaIrmer’s Vaccine Race. Em abril, estreou no Twitter o Camarote da CPI (@camarotedacpi), que, em um mês, já reúne 54,3 mil seguidores.
A CPI da Pandemia chegava, assim, ao fenômeno do Crowdsourcing, caracterizado por um processo em que ideias, serviços ou conteúdos são obtidos a partir da colaboração de um grande número de pessoas – com destaque às comunidades online – pelo qual se obtém resultados que não poderiam ser obtidos a partir de uma equipe de trabalhadores habituais ou meios organizacionais tradicionais. Inexiste exagero ao dizer que parte importante do grande volume de dados e informações que guarneceram a CPI não poderia ter sido obtido na ausência de tal articulação espontânea e voluntária.
Outro papel indelével – na palavra dos próprios senadores da CPI – foi a célere checagem de fatos promovida pelo perfil, notadamente em parceria com os demais perfis ora envolvidos no processo de Crowdsourcing e de denúncia dos crimes cometidos – por ação ou omissão – pelo governo federal durante a pandemia de Covid-19 no Brasil.
Nesse período, a atuação da organização no combate às notícias falsas relacionadas aos imunizantes contra a Covid-19, merece recorte ampliado: a defesa da eficácia dos imunizantes como produto científico – contrariando notícias falsas veiculadas irresponsavelmente com fins políticos – acaba pareada, nesse tópico, à contra-negação de toda a estrutura tecno-científica por trás de tais insumos. Foi necessário não só um combate à hipótese da ineficácia ou falso risco associado às vacinas mas, também, a correção de informações que colocavam a ciência como elemento em suspeição per si, inclusive sob a inferência de que seu valor seria nulo quando comparado a outras dimensões de acreditação social.
Ressignificado após o encerramento da CPI da Covid do Senado Federal, o “Camarote da CPI” passou a ser conhecido como “Camarote da República”, veículo de mídia no âmbito digital que possui como escopo a cobertura e análise dos fatos e acontecimentos correlatos aos três poderes da República, sendo eles: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Sob esse condão, a atuação do Camarote da República durante o ano de 2022 pautou as discussões sobre a defesa do processo eleitoral e do Estado Democrático de Direito, tendo como ênfase as eleições presidenciais de 2022 e a posse do eleito. Tais acontecimentos determinaram uma atuação que teve como fundamentos:
A defesa explícita da inequívoca lisura do processo eleitoral brasileiro, aí incluído o combate à desinformação relacionada à segurança do instrumento tecnológico utilizado (urna eletrônica);
A promoção de informações sobre o funcionamento do processo eleitoral, da democracia representativa e das Instituições envolvidas;
A defesa de Instituições nacionais atacadas com objetivos políticos, com destaque ao combate à desinformação sobre eventuais fraudes no processo de votação e apuração possíveis ou alegadamente consumadas;
O combate à violência política, fortemente alimentada pela aplicação de estratégias de desinformação – inclusive as acima; e
O rechaço à ocorrência de um golpe de Estado – tentado em 8 de janeiro de 2023 – e atores associados.
Foi necessária, adicionalmente, ostensiva campanha de combate à desinformação sobre diversos elementos ligados à segurança do processo eleitoral e validade de seus resultados, com destaque à integridade da urna eletrônica como solução tecnológica e do TSE como Instituição organizadora do pleito e validadora de seu resultado.
O Brasil passou, em 2022, por seu maior desafio eleitoral desde a redemocratização do país após 21~24 anos de uma ditadura militar. Nesse sentido – e dado que a Constituição é sumo produto desse processo, a perspectiva de postura que não fosse rigidamente Republicada, Democrata e Popular, por parte do perfil, jamais existiu: forjado na defesa de direitos, não haveria qualquer valor se houvesse qualquer desvio.
Foi sob tal premissa que ingressamos em um processo de análise de fatos pautada única e exclusivamente sob dois descritores e rastreadores temáticos para essas pautas os seguintes termos/elementos:
Democracia, a.1) Manutenção e preservação ativa dos Poderes da República; a.2) Atividade sustentada contra qualquer ataque aos mesmos e a.3) Manutenção do Estado Democrático de Direito.
Alternativas não democráticas que promovem: b.1) Deterioração dos Poderes da República, sobretudo quanto às suas funções; b.2) Ataque sistemático a Poderes constituídos, inclusive com vistas à sua suspensão ou extinção; b.3) Vilipêndios concretos, potenciais ou possíveis ao Estado Democrático de Direito.
Ainda que tenha havido identificação editorial de quais eram os projetos identificados fora do campo democrático, foi desafio editorial indicar ao público do veículo motivos, razões e lógicas que conduzissem às soluções democráticas possíveis. Distante de ser assunto eleitoral, tratou-se de fato editoral absolutamente voltado à garantia de todos os direitos que pudemos defender no ano anterior – quando, ainda, a página voltava-se à cobertura da CPI.
Em termos claros, houve a avaliação editorial de rechaçar qualquer proposta eleitoral não-democrática mas, ao mesmo tempo, a decisão de explicá-la, leva-la aos termos e dar sentido à sua rejeição com fatos – ou o veículo abdicaria de seu compromisso de isenção mínima (mas nunca jurada como irrestrita).
Ao longo de 2023, o Camarote da República tem como perspectiva ampliar a participação no debate público através da inserção da organização em novos meios de comunicação. Dessa forma, pretende-se levar a cada vez mais cidadãos, de forma simplificada e didática, os fatos e acontecimentos não apenas correlatos aos três poderes da República, como também aqueles cuja implicação reverbera sobre toda a camada social.
Foto de Pedro França – Agência Senado.
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