barbaramirandateixeira

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Presentes de aniversário

- viagem para Santorini - uma campervan - lua - aurora boreal - uma marionete belga - casa de verão nos Açores - aula de rally - aula de tiro - uma cozinha moderna com todos os utensílios - cartas velejadoras - vela - um lugar suspenso no tempo - um bicho chuveiro - Corintians campeão da libertadores (de novo) - caderno - tatuagem - uma pipa

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Dei um trago e pensei: 2018 começou assim, me dando coisas e tirando o que eu não precisava mais. Geralmente as previsões astrais são essas, mas, depois de uma dobradinha de Saturno, vamos ser finalmente regidos por Júpiter: a gente colhe o que planta.

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Listas

Tem uma lista de coisas que eu faço para me salvar. Acendo vela e incenso, rezo, abro meu tarô. Jogo paciência, escrevo, tomo banho gelado. Tomo banho quente, passo creme, máscara de argila no rosto e faço as unhas. Abro o Pinterest, leio o pontoeletronico, busco conselhos na obvious. Assisto séries, filmes de terror, programas de crime, desenhos antigos. Faço comida, suco, chá, café. Fumo um cigarro, dois, três, quatro. Abro uma latinha de breja, garrafa de vinho, copos de licor e água com gás. Coloca uma música no repeat, duran duran, the xx, alphaville, cigarettes after sex. Desenho, pinto, corto, serro, lixo madeira. E nada, absolutamente nada tira você de mim. Nada alivia. Nada salva minha loucura nesses dias que parece difícil viver sem você.

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Liguei o som no último volume para ver se cala meus pensamentos. Sabe o que é goma arábica? Aquela cola que tem nos correios e parece que desde pequena ela é EXATAMENTE igual. Potinho branco, pincel todo endurecido e o mesmo desejo: prender dentro daquele envelope um monte de palavras. Eu gostava de selar cartas quando menor, hoje ainda gosto, amanhã vou gostar mais pelo gosto de nostalgia e de papel mofado. Essa música maldita no repeat e um desejo incontrolável de me colar em mim mesma. E só. Que seja bom. Que eu consiga estar comigo. 

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Hoje aconteceu uma coisa engraçada, meu coração chamou um pouco pelo seu e chegou para mim uma mensagem no Whats. Eu fiquei pensando que uma vez você me escreveu, sobre uma mixirica e um rei, era tão bonito que está, até hoje, impresso e guardado no meio do livro que você me deu no meu aniversário, de madrugada. Mas você não sabe. Eu nunca escrevi para você. Nunca parei para falar que te acho incrível e que o seu cabelo é bonito e eu gosto de olhar quando bagunça. Nunca te deixei saber que as suas mensagens, os seus escritos, esse seu "corpo poesia" sempre me deixa aquecida, me faz bem. Nunca contei o quanto eu gosto de correr pro teu colo quando to chateada e que mesmo em tempos sem falar você ainda é uma presença que acalma minha alma. Você não sabe de nada disso. As vezes eu tenho esperança que na hora que eu te chamo ali no face, ou quando te conto que tentei deixar uma carta na sua caixa de correio (mas não deu certo porque eram dias de chuva) você perceba esse carinho. Ou que quando eu saio para passear com a Capitu e passo olhando pra sua casa, tenho esperança de te ver na janela. Com você eu consigo ser eu, essa é a melhor/pior coisa que eu poderia te dar, porque junto com esse monte de coisa bonita vem a minha confusão, minha bagunça que vez ou outra você tenta arrumar. Uma vez você me disse: neguinha é muito bom viver de amor e melhor ainda de amores. Ainda bem que entre os meus amores eu te carrego, cravado no peito, dentro de mim. Obrigada por mentir, aquele dia, que gostava de música celta. Obrigada por não gostar mas me deixar gostar de você desse jeito que é, e é assim que tem que ser.

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Hoje eu descobri que você fala muito mais por imagens as mesmas que eu desenho com palavras.