Tumgik
assexualfanfiction · 7 years
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Capítulo 1 - Inferno Empresarial
Último dia do ano, também popularmente conhecido como inferno empresarial. O ano se acabava, mas antes que isso pudesse ser feito havia milhares de relatórios a ser regidos e contratos a serem revistos. Para que a empresa não criasse atrasos e que o próximo ano fluísse, era necessário rever, minuciosamente, tudo o que havia sido feito naquele ano e voltar a arquivar toda aquela merda. E claro, tudo aquilo precisava ser passado pelo CEO da empresa, que, infelizmente nessa ocasião, o cargo era ocupado por mim.
O mês de dezembro parecia ter se encurtado, pois, apesar de todo trabalho ter começado em meados de novembro, ainda havia o que se fazer. Ao menos estava aliviado por todo o trabalho com o contador ter acabado. Os balanços haviam sido feitos e o resultado entre ativos e passivos anuais foram positivos, novamente. E eu não poderia deixar de me orgulhar daquilo.
Através da vidraça, poderia ver a grande transição de pessoas, em busca do melhor lugar para assistir à queima de fogos de Nova Iorque. Mesmo com o frio e a neve acumulada em alguns pontos, ainda assim tinham ânimo. Eu os invejava, gostaria de ter tanto tempo livre como eles, ou ao menos, saber utilizá-lo. Adorava meu trabalho, mas era a única coisa que eu sabia e tinha tempo para fazer. E aquilo me resultava em um vazio que eu tentava preencher com hobbies ou mais trabalho.
O pequeno intervalo de meia hora já havia acabado e como último consolo levei para o escritório outra caneca de café. Precisaria de muito mais cafeína para me manter alerta o restante do dia. Ainda havia alguns contratos para arquivar e mais tarde teria uma reunião com meu pai, a qual eu ainda me perguntava o motivo. Nunca fui um exemplo de boa memória, pra isso tinha uma secretária, mas eu nunca esquecia de reuniões com meu pai e não saber o motivo daquela estava tirando meu sossego. Afinal, havia uma hierarquia a ser respeitada e eu estava abaixo dele.
Passei por Donna acenando com a cabeça para me seguir até minha sala e assim terminar de ver aqueles malditos documentos. Ela muito provavelmente não estaria feliz também, já que a prendi até mais tarde para me ajudar com aquilo, mas bem, era pra isso que eu a pagava. Me joguei em minha cadeira, procurando algum conforto e foco para terminar de vez o trabalho. Bufei frustrado, imaginando nas inúmeras coisas que eu poderia estar fazendo fora daqui no momento.
— Calma Senhor Bieber. — Donna riu se acomodando na cadeira a minha frente. Acompanhei rindo desanimado, imaginando que ela também teria formas melhores de passar o feriado. Talvez cuidando de sua família, mas sem culpa, até porque ela era paga para isso.
Fiquei aliviado em ver as pastas em uma pilha menor que as de hoje cedo e não demorou muito para acabar com elas. Donna resumia do que se tratava cada uma, eu por vez avaliava alguns pontos, pedia que ela anotasse algo a me lembrar, mas na maioria das vezes apenas voltava as pastas para o seu lugar. Funcionando apenas para me alertar de que elas estavam ali.
— Essa é sobre o seu contrato. — apontou para a próxima pasta que diferente das outras que tinham uma tonalidade azul, essa era preta.
— E o que isso está fazendo aqui? — perguntei, não entendo o porquê do meu contrato de CEO da empresa estar ali. O pegava apenas uma vez no ano, sendo essa para renová-lo, o que não era o caso.
— Deve se lembrar de uma das cláusulas. — o peguei, abrindo e procurando algo que pudesse ter esquecido e quase que instantaneamente senti meu estômago gelar. Como aquela sensação de criança, quando anseia por algo. — O limite de renovações. Acredito que seja esse o motivo da reunião com seu pai mais tarde.
Não precisei procurar mais, como um flash me lembrei das exigências de meu pai para que assumisse o seu lugar e logo o prazo que ele havia me dado para cumpri-las. Fiz uma conta mental básica, lembrando que esse havia sido meu quinto ano no cargo e que após esses cinco anos, haveria uma nova votação para eleição. Inferno!
— Como eu pude esquecer disso? — foi muito mais pro meu consciente do que para minha secretária. Me estirei em minha poltrona, exausto e aflito com a situação, eu não podia ter me esquecido.
Eu sabia que esse dia chegaria, mas sempre adiei qualquer responsabilidade e procrastinei até onde consegui. Na esperança de que meu pai reconhecesse meu esforço e trabalho na empresa e me passasse a presidência por mérito próprio, sem que eu precisasse me dar a suas exigências estúpidas.
Eu vivi para aquela empresa, cresci vendo meu pai trabalhar para erguê-la e sempre soube que um dia assumiria o seu lugar. Ao menos era o que eu esperava. Toda a minha vida era voltada aos negócios da família, meus estudos, meus sacrifícios, tudo foi feito para que eu fosse o melhor. E eu era, nos últimos anos a Imobbile havia crescido estrondosamente, comigo aqui, conquistamos espaços inimagináveis. Mas eu sabia que nada disso era significativo o suficiente para meu pai se ele não tivesse uma garantia de que alguém continuaria o seu majestoso império.
Não haveria reconhecimento para mim ao menos que me casasse.
— Relaxa Justin. Seu pai não seria louco o suficiente. — Donna comentou, tirando seus óculos, a observei tentando me convencer com suas palavras.
— Só eu sei o quão louco meu pai pode ser.
— Eddie não é burro. Você fez a Imobbile crescer mais do que qualquer um nessa empresa poderia imaginar. — tentou me confortar, mas aquilo só me deixara mais tenso com a incerteza. Apesar dos anos de experiência e confidencialidade a empresa, Donna não tinha conhecimento sobre os critérios dele. E eu não sei até onde Thom seria capaz de ir, apenas para me convencer a fazer o que dissesse.
O som familiar do meu celular tocou, me fazendo imaginar quem estaria me ligando em horário de trabalho. Número desconhecido brilhava na tela, deslizei o dedo para o botão vermelho, recusando a ligação. Voltei ao documento a minha frente, pensando em algum jeito de escapar ou em bons argumentos, tentando me convencer que na pior das hipóteses haveria uma nova eleição e que eu era um forte candidato. É claro que eu era, aliás, o principal.
Antes que eu pudesse pedir que Donna fizesse um relatório e reunisse os principais documentos da empresa nos últimos cinco anos, meu celular tocou outra vez. Outra vez número desconhecido, o mesmo, recusei outra vez irritado. Provavelmente algum jornalista inconveniente em busca de uma manchete, sempre me perguntava como conseguiam meu número pessoal.
— Donna, quero que reúna os principais negócios feitos nos últimos anos, os principais contratos, meus maiores…
Por outra vez o barulho de chamado ecoou, me fazendo automaticamente pegar meu celular em cima da mesa. Com raiva o atendi, pronto para mandar pro inferno quem quer que fosse do outro lado da linha.
— Senhor Bieber? Falo em nome da Parades Magazine, meu nome é… — a voz feminina soou suave e um tanto simpática, mas antes que completasse sua saudação a interrompi:
— Como conseguiu meu número? Que seja, pare de me ligar, não vou dar nenhuma merda entrevista ou sessão de fotos para qualquer porra que você seja ou represente. Vá para o inferno! — esbravejei, sabendo que não deveria ter feito aquilo e também não me importando. Havia sido estúpido e certamente me lembraria disso quando me perguntasse o porquê da minha imagem de carrasco na mídia. Os jornalistas me odiavam e eu praticamente dava passe livre para isso, deveriam me agradecer por usar meu nome e ganhar seus salários em cima disso.
Minha secretária me olhava espantada, até mesmo, repreensiva. Donna me conhecia desde quando eu pudesse me lembrar, logo, nossa relação fugia dos parâmetros de empregado e empregador. Não que tivéssemos algum tipo de intimidade, céus, eu estava longe de ter algo com qualquer mulher, ainda mais com Donna, que tinha idade para ser minha mãe.
— Vou buscar um café para o senhor. — ela disse, saindo no objetivo de me deixar um pouco sozinho, me conhecendo bem a ponto de entender que era tudo o que eu precisava.
Fechei meus olhos e alinhei minha coluna, desencostando do estofado da cadeira, deixei que meus braços caíssem ao lado e respirei fundo, imitando um daqueles exercícios malucos de ansiedade, que, de algum jeito, davam certo. Tentando ao máximo me concentrar em meus movimentos respiratórios, esvaziei completamente minha mente, para reorganizar as coisas ali. Não poderia voltar a ter momentos de raiva como aquele.
Voltei a encarar o contrato a minha frente. O que eu faria agora?
Lembrei de minha última reflexão sobre o meu contrato e assumir a empresa ou não. E, há alguns meses, pensando em uma situação como essa, cheguei à conclusão de que os cinco anos naquela empresa a fizeram crescer e junto com ela, o meu nome também. De qualquer forma, não tinha muito o que se fazer, só Deus sabe o que se passava na cabeça de meu pai e quais suas decisões. Então qualquer que fosse sua decisão final eu precisaria absorver de boa forma, seria bom dar um tempo. Afinal mais cedo ou mais tarde ele iria ceder, ao menos era o que eu esperava.
Mas meu pai era imprevisível e parando um só segundo para imaginar minha vida sem essa empresa, vi que não tinha sentido algum. Não tinha nada externo ali, minha vida social não era muito animada e não tinha tantas companhias, já que escolhi ser assim, pela empresa. Toda a minha vida estava ali, na Imobille. Eu acordava todos os dias e me vestia para trabalhar, me alimentava para trabalhar e então ia trabalhar, chegando em casa eu pensava no que eu tinha que trabalhar e iria dormir pensando em trabalhar no próximo dia. Era a única coisa que eu sabia fazer.
— Donna, está liberada. —  disse a ela assim que colocou o café em minha mesa. — Preciso pensar e organizar algumas coisas, imagino que queira passar o ano novo com sua família, então pode ir. — expliquei e ela apenas assentiu com um sorriso mínimo.
— Obrigada Sr.Bieber. — agradeceu, recolhendo seu iPad em cima da mesa e antes que saísse completou. — Tenha um feliz ano novo.
“Assim espero”
Joguei a merda daquela pasta em cima da pilha de outras, cansado e pensando em mandar algum estagiário fazer isso por mim outro dia. Eram documento importantes e certamente eu teria que revê-los alguma hora, mas naquele momento minha cabeça estava a mil e eu não conseguiria me concentrar em mais nada.
Já era tarde e em menos de duas horas meu pai estaria aqui. E apesar de ainda ter um bom tempo até que ele chegasse, eu não consegui pensar em nada além da nossa futura conversa. Fiquei ali parado e olhando o tempo passar, tentando chegar em alguma conclusão ou argumento forte para ser usado. Mas não valia de nada, Jeremy era persuasivo e conseguiria me convencer a pular de um penhasco se fosse preciso.
Respirei fundo ao ver que, sabendo de sua pontualidade, ele estaria ali em menos de dez minutos. Levantei-me olhando o meu escritório e arrumando a bagunça em cima da minha mesa, Jeremy era perfeccionista o suficiente para me repreender até pela forma de me organizar o vestir. Concertei minhas mangas e voltei minha gravata já frouxa para o lugar.
— Imagino que saiba a razão dessa reunião. — — Digo, não é uma reunião, é um lembrete, quero saber o que você tem a dizer.
— Ainda acho loucura.
Senti meu celular vibrar dentro do bolso da calça, tirando pude ver a mensagem de Charles que acabara de chegar. Com tudo o que estava acontecendo, perdi completamente a noção da hora e me esqueci do maldito encontro a três que Charles tinha me convencido de ir. Ele estava saindo com uma mulher e para passar o ano novo com ela precisaria ir junto duas amigas. E como ótimo amigo que sou, aceitei ir em um encontro arranjado e ele ficar em paz com sua garota. E eu não estava nem um pouco animado em passar o resto da minha noite de ano novo com uma desconhecida, que eu teria que forçar estar interessado ou ser simpático.
Se passava das dez e não haveria tempo para passar em casa. Cansado e não fazendo questão de me arrumar, passei no banheiro de meu escritório, molhando meu rosto apenas para aliviar a expressão. Peguei meu paletó e o vesti, alinhando ao meu corpo, carreguei minha maleta e chaves para fora do escritório. As luzes estavam apagadas e a única coisa que iluminava ali era a luz do elevador. A essa hora as únicas pessoas ali, além de mim, eram os vigias e a pequena equipe de limpeza noturna.
O elevador logo chegou ao térreo, desativei o alarme do carro entrando nele e jogando minha maleta no banco de trás. Afrouxei minha gravata procurando ar e um pouco de calma, minha mente iria explodir. Estava incrivelmente ferrado, assinando a minha sentença. Que loucura era aquela? Eu teria que me casar com uma mulher, e pior, eu teria que convencê-la disso. Nem ao menos sabia por onde ou como começar.
Coloquei a chave na ignição e dei partida seguindo o caminho já conhecido. As ruas estavam um completo caos e era quase impossível dirigir sem atropelar alguém. Os turistas atravessavam na frente dos carros e por inúmeras vezes eu precisei frear bruscamente. A cidade estava realmente bonita, mais iluminada que o de costume, mas precisaria de muita coragem e disposição para enfrentar a multidão que corria para ver os fogos mais de perto.
Ainda mais difícil foi achar uma vaga para estacionar em frente ao The Top of the Standard, alguns metros mais à frente consegui uma vaga. Entrei no prédio e no andar de baixo já se podia escutar o jazz ser tocado, olhei meu relógio de pulso e eu estava claramente atrasado. Outro elevador a enfrentar, suspirei pesado me preparando psicologicamente para o que viria a seguir. Charles iria ter que me retribuir a altura pelo favor.
O lugar tinha luzes fechadas e quentes e antes que eu pudesse achar Charles senti sua mão em meu ombro.
— Achei que não viria. — ele parecia tenso, mas logo pareceu se tranquilizar com minha presença. — Você não abandona mesmo esse terno.
— Tive uma reunião com meu pai.
— Problemas? — perguntou ele, que mal esperou eu assentir. — Depois conversamos sobre isso, agora quero te apresentar a gata que está te esperando. — me empurrou com ridículos tapinhas no ombro. Acompanhando o seu olhar vi a garota loira com quem ele estava saindo e já havia me apresentado, Olivia, ao seu lado estava Patrick se jogando em cima de outra mulher loira e mais ao canto uma morena, que parecia extremamente focada no que a amiga envolvida nos braços de Patrick dizia. — Ei meninas, esse é meu amigo, Justin.
Olivia se levantou e me abraçou cumprimentando, perguntando brevemente como eu estava. Patrick se limitou a um aperto de mão e a mulher que o mesmo abraçava se apresentou como Hannah, me abraçando e deixando um beijo inocente em minha bochecha. E em nenhum momento Patrick moveu sua mão da cintura dela, quis rir daquilo percebendo o quão desesperado ele me parecia. Sem dúvidas, mais tarde ele a levaria para cama.
Continuando meu percurso foi a vez de cumprimentar minha acompanhante. Mais perto ela não parecia tão morena, poderia ver alguns fios dourados misturados aos castanhos, quase loiros. Ela então levantou o olhar, assim eu pude vê-la melhor. Seus olhos mais pareciam ser dois incríveis globos azuis e era como se eu já tivesse os vistos. Me forcei a tentar lembrar se a conhecia de algum lugar. Ela era bonita o suficiente para ser algum tipo de modelo e me conformei em imaginar que a conhecia de algum comercial ou outdoor.
— Prazer, Justin, Justin Bieber. — me apresentei a abraçando, não contendo a curiosidade em aspirar seu perfume. Ela sorriu com escárnio o que me fez franzir a testa, me perguntando o porquê daquele gesto simples.
— É, eu sei quem é você. Sou Sophie Moore… — disse ela suave e meu corpo ficou tenso ao absorver a informação de quem ela era. Se aproximou apertando minha mão e automaticamente a puxei para um abraço. — …ou melhor, qualquer porra. — sussurrou em meu ouvido e ao rebuscar aquilo na minha memória, entendi ao que ela se referia.
Eu havia batido o telefone na cara dela e pior, mandado ela ir para o inferno, a mulher a quem eu pretendia e precisava me casar.
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assexualfanfiction · 7 years
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Capítulo 1 - Inferno Empresarial
Último dia do ano, também popularmente conhecido como inferno empresarial. O ano se acabava, mas antes que isso pudesse ser feito havia milhares de relatórios a ser regidos e contratos a serem revistos. Para que a empresa não criasse atrasos e que o próximo ano fluísse, era necessário rever, minuciosamente, tudo o que havia sido feito naquele ano e voltar a arquivar toda aquela merda. E claro, tudo aquilo precisava ser passado pelo CEO da empresa, que, infelizmente nessa ocasião, o cargo era ocupado por mim.
O mês de dezembro parecia ter se encurtado, pois, apesar de todo trabalho ter começado em meados de novembro, ainda havia o que se fazer. Ao menos estava aliviado por todo o trabalho com o contador ter acabado. Os balanços haviam sido feitos e o resultado entre ativos e passivos anuais foram positivos, novamente. E eu não poderia deixar de me orgulhar daquilo.
Através da vidraça, poderia ver a grande transição de pessoas, em busca do melhor lugar para assistir à queima de fogos de Nova Iorque. Mesmo com o frio e a neve acumulada em alguns pontos, ainda assim tinham ânimo. Eu os invejava, gostaria de ter tanto tempo livre como eles, ou ao menos, saber utilizá-lo. Adorava meu trabalho, mas era a única coisa que eu sabia e tinha tempo para fazer. E aquilo me resultava em um vazio que eu tentava preencher com hobbies ou mais trabalho.
O pequeno intervalo de meia hora já havia acabado e como último consolo levei para o escritório outra caneca de café. Precisaria de muito mais cafeína para me manter alerta o restante do dia. Ainda havia alguns contratos para arquivar e mais tarde teria uma reunião com meu pai, a qual eu ainda me perguntava o motivo. Nunca fui um exemplo de boa memória, pra isso tinha uma secretária, mas eu nunca esquecia de reuniões com meu pai e não saber o motivo daquela estava tirando meu sossego. Afinal, havia uma hierarquia a ser respeitada e eu estava abaixo dele.
Passei por Donna acenando com a cabeça para me seguir até minha sala e assim terminar de ver aqueles malditos documentos. Ela muito provavelmente não estaria feliz também, já que a prendi até mais tarde para me ajudar com aquilo, mas bem, era pra isso que eu a pagava. Me joguei em minha cadeira, procurando algum conforto e foco para terminar de vez o trabalho. Bufei frustrado, imaginando nas inúmeras coisas que eu poderia estar fazendo fora daqui no momento.
— Calma Senhor Bieber. — Donna riu se acomodando na cadeira a minha frente. Acompanhei rindo desanimado, imaginando que ela também teria formas melhores de passar o feriado. Talvez cuidando de sua família, mas sem culpa, até porque ela era paga para isso.
Fiquei aliviado em ver as pastas em uma pilha menor que as de hoje cedo e não demorou muito para acabar com elas. Donna resumia do que se tratava cada uma, eu por vez avaliava alguns pontos, pedia que ela anotasse algo a me lembrar, mas na maioria das vezes apenas voltava as pastas para o seu lugar. Funcionando apenas para me alertar de que elas estavam ali.
— Essa é sobre o seu contrato. — apontou para a próxima pasta que diferente das outras que tinham uma tonalidade azul, essa era preta.
— E o que isso está fazendo aqui? — perguntei, não entendo o porquê do meu contrato de CEO da empresa estar ali. O pegava apenas uma vez no ano, sendo essa para renová-lo, o que não era o caso.
— Deve se lembrar de uma das cláusulas. — o peguei, abrindo e procurando algo que pudesse ter esquecido e quase que instantaneamente senti meu estômago gelar. Como aquela sensação de criança, quando anseia por algo. — O limite de renovações. Acredito que seja esse o motivo da reunião com seu pai mais tarde.
Não precisei procurar mais, como um flash me lembrei das exigências de meu pai para que assumisse o seu lugar e logo o prazo que ele havia me dado para cumpri-las. Fiz uma conta mental básica, lembrando que esse havia sido meu quinto ano no cargo e que após esses cinco anos, haveria uma nova votação para eleição. Inferno!
— Como eu pude esquecer disso? — foi muito mais pro meu consciente do que para minha secretária. Me estirei em minha poltrona, exausto e aflito com a situação, eu não podia ter me esquecido.
Eu sabia que esse dia chegaria, mas sempre adiei qualquer responsabilidade e procrastinei até onde consegui. Na esperança de que meu pai reconhecesse meu esforço e trabalho na empresa e me passasse a presidência por mérito próprio, sem que eu precisasse me dar a suas exigências estúpidas.
Eu vivi para aquela empresa, cresci vendo meu pai trabalhar para erguê-la e sempre soube que um dia assumiria o seu lugar. Ao menos era o que eu esperava. Toda a minha vida era voltada aos negócios da família, meus estudos, meus sacrifícios, tudo foi feito para que eu fosse o melhor. E eu era, nos últimos anos a Imobbile havia crescido estrondosamente, comigo aqui, conquistamos espaços inimagináveis. Mas eu sabia que nada disso era significativo o suficiente para meu pai se ele não tivesse uma garantia de que alguém continuaria o seu majestoso império.
Não haveria reconhecimento para mim ao menos que me casasse.
— Relaxa Justin. Seu pai não seria louco o suficiente. — Donna comentou, tirando seus óculos, a observei tentando me convencer com suas palavras.
— Só eu sei o quão louco meu pai pode ser.
— Eddie não é burro. Você fez a Imobbile crescer mais do que qualquer um nessa empresa poderia imaginar. — tentou me confortar, mas aquilo só me deixara mais tenso com a incerteza. Apesar dos anos de experiência e confidencialidade a empresa, Donna não tinha conhecimento sobre os critérios dele. E eu não sei até onde Thom seria capaz de ir, apenas para me convencer a fazer o que dissesse.
O som familiar do meu celular tocou, me fazendo imaginar quem estaria me ligando em horário de trabalho. Número desconhecido brilhava na tela, deslizei o dedo para o botão vermelho, recusando a ligação. Voltei ao documento a minha frente, pensando em algum jeito de escapar ou em bons argumentos, tentando me convencer que na pior das hipóteses haveria uma nova eleição e que eu era um forte candidato. É claro que eu era, aliás, o principal.
Antes que eu pudesse pedir que Donna fizesse um relatório e reunisse os principais documentos da empresa nos últimos cinco anos, meu celular tocou outra vez. Outra vez número desconhecido, o mesmo, recusei outra vez irritado. Provavelmente algum jornalista inconveniente em busca de uma manchete, sempre me perguntava como conseguiam meu número pessoal.
— Donna, quero que reúna os principais negócios feitos nos últimos anos, os principais contratos, meus maiores…
Por outra vez o barulho de chamado ecoou, me fazendo automaticamente pegar meu celular em cima da mesa. Com raiva o atendi, pronto para mandar pro inferno quem quer que fosse do outro lado da linha.
— Senhor Bieber? Falo em nome da Parades Magazine, meu nome é… — a voz feminina soou suave e um tanto simpática, mas antes que completasse sua saudação a interrompi:
— Como conseguiu meu número? Que seja, pare de me ligar, não vou dar nenhuma merda entrevista ou sessão de fotos para qualquer porra que você seja ou represente. Vá para o inferno! — esbravejei, sabendo que não deveria ter feito aquilo e também não me importando. Havia sido estúpido e certamente me lembraria disso quando me perguntasse o porquê da minha imagem de carrasco na mídia. Os jornalistas me odiavam e eu praticamente dava passe livre para isso, deveriam me agradecer por usar meu nome e ganhar seus salários em cima disso.
Minha secretária me olhava espantada, até mesmo, repreensiva. Donna me conhecia desde quando eu pudesse me lembrar, logo, nossa relação fugia dos parâmetros de empregado e empregador. Não que tivéssemos algum tipo de intimidade, céus, eu estava longe de ter algo com qualquer mulher, ainda mais com Donna, que tinha idade para ser minha mãe.
— Vou buscar um café para o senhor. — ela disse, saindo no objetivo de me deixar um pouco sozinho, me conhecendo bem a ponto de entender que era tudo o que eu precisava.
Fechei meus olhos e alinhei minha coluna, desencostando do estofado da cadeira, deixei que meus braços caíssem ao lado e respirei fundo, imitando um daqueles exercícios malucos de ansiedade, que, de algum jeito, davam certo. Tentando ao máximo me concentrar em meus movimentos respiratórios, esvaziei completamente minha mente, para reorganizar as coisas ali. Não poderia voltar a ter momentos de raiva como aquele.
Voltei a encarar o contrato a minha frente. O que eu faria agora?
Lembrei de minha última reflexão sobre o meu contrato e assumir a empresa ou não. E, há alguns meses, pensando em uma situação como essa, cheguei à conclusão de que os cinco anos naquela empresa a fizeram crescer e junto com ela, o meu nome também. De qualquer forma, não tinha muito o que se fazer, só Deus sabe o que se passava na cabeça de meu pai e quais suas decisões. Então qualquer que fosse sua decisão final eu precisaria absorver de boa forma, seria bom dar um tempo. Afinal mais cedo ou mais tarde ele iria ceder, ao menos era o que eu esperava.
Mas meu pai era imprevisível e parando um só segundo para imaginar minha vida sem essa empresa, vi que não tinha sentido algum. Não tinha nada externo ali, minha vida social não era muito animada e não tinha tantas companhias, já que escolhi ser assim, pela empresa. Toda a minha vida estava ali, na Imobille. Eu acordava todos os dias e me vestia para trabalhar, me alimentava para trabalhar e então ia trabalhar, chegando em casa eu pensava no que eu tinha que trabalhar e iria dormir pensando em trabalhar no próximo dia. Era a única coisa que eu sabia fazer.
— Donna, está liberada. —  disse a ela assim que colocou o café em minha mesa. — Preciso pensar e organizar algumas coisas, imagino que queira passar o ano novo com sua família, então pode ir. — expliquei e ela apenas assentiu com um sorriso mínimo.
— Obrigada Sr.Bieber. — agradeceu, recolhendo seu iPad em cima da mesa e antes que saísse completou. — Tenha um feliz ano novo.
“Assim espero”
Joguei a merda daquela pasta em cima da pilha de outras, cansado e pensando em mandar algum estagiário fazer isso por mim outro dia. Eram documento importantes e certamente eu teria que revê-los alguma hora, mas naquele momento minha cabeça estava a mil e eu não conseguiria me concentrar em mais nada.
Já era tarde e em menos de duas horas meu pai estaria aqui. E apesar de ainda ter um bom tempo até que ele chegasse, eu não consegui pensar em nada além da nossa futura conversa. Fiquei ali parado e olhando o tempo passar, tentando chegar em alguma conclusão ou argumento forte para ser usado. Mas não valia de nada, Jeremy era persuasivo e conseguiria me convencer a pular de um penhasco se fosse preciso.
Respirei fundo ao ver que, sabendo de sua pontualidade, ele estaria ali em menos de dez minutos. Levantei-me olhando o meu escritório e arrumando a bagunça em cima da minha mesa, Jeremy era perfeccionista o suficiente para me repreender até pela forma de me organizar o vestir. Concertei minhas mangas e voltei minha gravata já frouxa para o lugar.
— Imagino que saiba a razão dessa reunião. — — Digo, não é uma reunião, é um lembrete, quero saber o que você tem a dizer.
— Ainda acho loucura.
Senti meu celular vibrar dentro do bolso da calça, tirando pude ver a mensagem de Charles que acabara de chegar. Com tudo o que estava acontecendo, perdi completamente a noção da hora e me esqueci do maldito encontro a três que Charles tinha me convencido de ir. Ele estava saindo com uma mulher e para passar o ano novo com ela precisaria ir junto duas amigas. E como ótimo amigo que sou, aceitei ir em um encontro arranjado e ele ficar em paz com sua garota. E eu não estava nem um pouco animado em passar o resto da minha noite de ano novo com uma desconhecida, que eu teria que forçar estar interessado ou ser simpático.
Se passava das dez e não haveria tempo para passar em casa. Cansado e não fazendo questão de me arrumar, passei no banheiro de meu escritório, molhando meu rosto apenas para aliviar a expressão. Peguei meu paletó e o vesti, alinhando ao meu corpo, carreguei minha maleta e chaves para fora do escritório. As luzes estavam apagadas e a única coisa que iluminava ali era a luz do elevador. A essa hora as únicas pessoas ali, além de mim, eram os vigias e a pequena equipe de limpeza noturna.
O elevador logo chegou ao térreo, desativei o alarme do carro entrando nele e jogando minha maleta no banco de trás. Afrouxei minha gravata procurando ar e um pouco de calma, minha mente iria explodir. Estava incrivelmente ferrado, assinando a minha sentença. Que loucura era aquela? Eu teria que me casar com uma mulher, e pior, eu teria que convencê-la disso. Nem ao menos sabia por onde ou como começar.
Coloquei a chave na ignição e dei partida seguindo o caminho já conhecido. As ruas estavam um completo caos e era quase impossível dirigir sem atropelar alguém. Os turistas atravessavam na frente dos carros e por inúmeras vezes eu precisei frear bruscamente. A cidade estava realmente bonita, mais iluminada que o de costume, mas precisaria de muita coragem e disposição para enfrentar a multidão que corria para ver os fogos mais de perto.
Ainda mais difícil foi achar uma vaga para estacionar em frente ao The Top of the Standard, alguns metros mais à frente consegui uma vaga. Entrei no prédio e no andar de baixo já se podia escutar o jazz ser tocado, olhei meu relógio de pulso e eu estava claramente atrasado. Outro elevador a enfrentar, suspirei pesado me preparando psicologicamente para o que viria a seguir. Charles iria ter que me retribuir a altura pelo favor.
O lugar tinha luzes fechadas e quentes e antes que eu pudesse achar Charles senti sua mão em meu ombro.
— Achei que não viria. — ele parecia tenso, mas logo pareceu se tranquilizar com minha presença. — Você não abandona mesmo esse terno.
— Tive uma reunião com meu pai.
— Problemas? — perguntou ele, que mal esperou eu assentir. — Depois conversamos sobre isso, agora quero te apresentar a gata que está te esperando. — me empurrou com ridículos tapinhas no ombro. Acompanhando o seu olhar vi a garota loira com quem ele estava saindo e já havia me apresentado, Olivia, ao seu lado estava Patrick se jogando em cima de outra mulher loira e mais ao canto uma morena, que parecia extremamente focada no que a amiga envolvida nos braços de Patrick dizia. — Ei meninas, esse é meu amigo, Justin.
Olivia se levantou e me abraçou cumprimentando, perguntando brevemente como eu estava. Patrick se limitou a um aperto de mão e a mulher que o mesmo abraçava se apresentou como Hannah, me abraçando e deixando um beijo inocente em minha bochecha. E em nenhum momento Patrick moveu sua mão da cintura dela, quis rir daquilo percebendo o quão desesperado ele me parecia. Sem dúvidas, mais tarde ele a levaria para cama.
Continuando meu percurso foi a vez de cumprimentar minha acompanhante. Mais perto ela não parecia tão morena, poderia ver alguns fios dourados misturados aos castanhos, quase loiros. Ela então levantou o olhar, assim eu pude vê-la melhor. Seus olhos mais pareciam ser dois incríveis globos azuis e era como se eu já tivesse os vistos. Me forcei a tentar lembrar se a conhecia de algum lugar. Ela era bonita o suficiente para ser algum tipo de modelo e me conformei em imaginar que a conhecia de algum comercial ou outdoor.
— Prazer, Justin, Justin Bieber. — me apresentei a abraçando, não contendo a curiosidade em aspirar seu perfume. Ela sorriu com escárnio o que me fez franzir a testa, me perguntando o porquê daquele gesto simples.
— É, eu sei quem é você. Sou Sophie Moore… — disse ela suave e meu corpo ficou tenso ao absorver a informação de quem ela era. Se aproximou apertando minha mão e automaticamente a puxei para um abraço. — …ou melhor, qualquer porra. — sussurrou em meu ouvido e ao rebuscar aquilo na minha memória, entendi ao que ela se referia.
Eu havia batido o telefone na cara dela e pior, mandado ela ir para o inferno, a mulher a quem eu pretendia e precisava me casar.
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Capítulo 1 - Inferno Empresarial
Último dia do ano, também popularmente conhecido como inferno empresarial. O ano se acabava, mas antes que isso pudesse ser feito havia milhares de relatórios a ser regidos e contratos a serem revistos. Para que a empresa não criasse atrasos e que o próximo ano fluísse, era necessário rever, minuciosamente, tudo o que havia sido feito naquele ano e voltar a arquivar toda aquela merda. E claro, tudo aquilo precisava ser passado pelo CEO da empresa, que, infelizmente nessa ocasião, o cargo era ocupado por mim.
O mês de dezembro parecia ter se encurtado, pois, apesar de todo trabalho ter começado em meados de novembro, ainda havia o que se fazer. Ao menos estava aliviado por todo o trabalho com o contador ter acabado. Os balanços haviam sido feitos e o resultado entre ativos e passivos anuais foram positivos, novamente. E eu não poderia deixar de me orgulhar daquilo.
Através da vidraça, poderia ver a grande transição de pessoas, em busca do melhor lugar para assistir à queima de fogos de Nova Iorque. Mesmo com o frio e a neve acumulada em alguns pontos, ainda assim tinham ânimo. Eu os invejava, gostaria de ter tanto tempo livre como eles, ou ao menos, saber utilizá-lo. Adorava meu trabalho, mas era a única coisa que eu sabia e tinha tempo para fazer. E aquilo me resultava em um vazio que eu tentava preencher com hobbies ou mais trabalho.
O pequeno intervalo de meia hora já havia acabado e como último consolo levei para o escritório outra caneca de café. Precisaria de muito mais cafeína para me manter alerta o restante do dia. Ainda havia alguns contratos para arquivar e mais tarde teria uma reunião com meu pai, a qual eu ainda me perguntava o motivo. Nunca fui um exemplo de boa memória, pra isso tinha uma secretária, mas eu nunca esquecia de reuniões com meu pai e não saber o motivo daquela estava tirando meu sossego. Afinal, havia uma hierarquia a ser respeitada e eu estava abaixo dele.
Passei por Donna acenando com a cabeça para me seguir até minha sala e assim terminar de ver aqueles malditos documentos. Ela muito provavelmente não estaria feliz também, já que a prendi até mais tarde para me ajudar com aquilo, mas bem, era pra isso que eu a pagava. Me joguei em minha cadeira, procurando algum conforto e foco para terminar de vez o trabalho. Bufei frustrado, imaginando nas inúmeras coisas que eu poderia estar fazendo fora daqui no momento.
— Calma Senhor Bieber. — Donna riu se acomodando na cadeira a minha frente. Acompanhei rindo desanimado, imaginando que ela também teria formas melhores de passar o feriado. Talvez cuidando de sua família, mas sem culpa, até porque ela era paga para isso.
Fiquei aliviado em ver as pastas em uma pilha menor que as de hoje cedo e não demorou muito para acabar com elas. Donna resumia do que se tratava cada uma, eu por vez avaliava alguns pontos, pedia que ela anotasse algo a me lembrar, mas na maioria das vezes apenas voltava as pastas para o seu lugar. Funcionando apenas para me alertar de que elas estavam ali.
— Essa é sobre o seu contrato. — apontou para a próxima pasta que diferente das outras que tinham uma tonalidade azul, essa era preta.
— E o que isso está fazendo aqui? — perguntei, não entendo o porquê do meu contrato de CEO da empresa estar ali. O pegava apenas uma vez no ano, sendo essa para renová-lo, o que não era o caso.
— Deve se lembrar de uma das cláusulas. — o peguei, abrindo e procurando algo que pudesse ter esquecido e quase que instantaneamente senti meu estômago gelar. Como aquela sensação de criança, quando anseia por algo. — O limite de renovações. Acredito que seja esse o motivo da reunião com seu pai mais tarde.
Não precisei procurar mais, como um flash me lembrei das exigências de meu pai para que assumisse o seu lugar e logo o prazo que ele havia me dado para cumpri-las. Fiz uma conta mental básica, lembrando que esse havia sido meu quinto ano no cargo e que após esses cinco anos, haveria uma nova votação para eleição. Inferno!
— Como eu pude esquecer disso? — foi muito mais pro meu consciente do que para minha secretária. Me estirei em minha poltrona, exausto e aflito com a situação, eu não podia ter me esquecido.
Eu sabia que esse dia chegaria, mas sempre adiei qualquer responsabilidade e procrastinei até onde consegui. Na esperança de que meu pai reconhecesse meu esforço e trabalho na empresa e me passasse a presidência por mérito próprio, sem que eu precisasse me dar a suas exigências estúpidas.
Eu vivi para aquela empresa, cresci vendo meu pai trabalhar para erguê-la e sempre soube que um dia assumiria o seu lugar. Ao menos era o que eu esperava. Toda a minha vida era voltada aos negócios da família, meus estudos, meus sacrifícios, tudo foi feito para que eu fosse o melhor. E eu era, nos últimos anos a Imobbile havia crescido estrondosamente, comigo aqui, conquistamos espaços inimagináveis. Mas eu sabia que nada disso era significativo o suficiente para meu pai se ele não tivesse uma garantia de que alguém continuaria o seu majestoso império.
Não haveria reconhecimento para mim ao menos que me casasse.
— Relaxa Justin. Seu pai não seria louco o suficiente. — Donna comentou, tirando seus óculos, a observei tentando me convencer com suas palavras.
— Só eu sei o quão louco meu pai pode ser.
— Eddie não é burro. Você fez a Imobbile crescer mais do que qualquer um nessa empresa poderia imaginar. — tentou me confortar, mas aquilo só me deixara mais tenso com a incerteza. Apesar dos anos de experiência e confidencialidade a empresa, Donna não tinha conhecimento sobre os critérios dele. E eu não sei até onde Thom seria capaz de ir, apenas para me convencer a fazer o que dissesse.
O som familiar do meu celular tocou, me fazendo imaginar quem estaria me ligando em horário de trabalho. Número desconhecido brilhava na tela, deslizei o dedo para o botão vermelho, recusando a ligação. Voltei ao documento a minha frente, pensando em algum jeito de escapar ou em bons argumentos, tentando me convencer que na pior das hipóteses haveria uma nova eleição e que eu era um forte candidato. É claro que eu era, aliás, o principal.
Antes que eu pudesse pedir que Donna fizesse um relatório e reunisse os principais documentos da empresa nos últimos cinco anos, meu celular tocou outra vez. Outra vez número desconhecido, o mesmo, recusei outra vez irritado. Provavelmente algum jornalista inconveniente em busca de uma manchete, sempre me perguntava como conseguiam meu número pessoal.
— Donna, quero que reúna os principais negócios feitos nos últimos anos, os principais contratos, meus maiores…
Por outra vez o barulho de chamado ecoou, me fazendo automaticamente pegar meu celular em cima da mesa. Com raiva o atendi, pronto para mandar pro inferno quem quer que fosse do outro lado da linha.
— Senhor Bieber? Falo em nome da Parades Magazine, meu nome é… — a voz feminina soou suave e um tanto simpática, mas antes que completasse sua saudação a interrompi:
— Como conseguiu meu número? Que seja, pare de me ligar, não vou dar nenhuma merda entrevista ou sessão de fotos para qualquer porra que você seja ou represente. Vá para o inferno! — esbravejei, sabendo que não deveria ter feito aquilo e também não me importando. Havia sido estúpido e certamente me lembraria disso quando me perguntasse o porquê da minha imagem de carrasco na mídia. Os jornalistas me odiavam e eu praticamente dava passe livre para isso, deveriam me agradecer por usar meu nome e ganhar seus salários em cima disso.
Minha secretária me olhava espantada, até mesmo, repreensiva. Donna me conhecia desde quando eu pudesse me lembrar, logo, nossa relação fugia dos parâmetros de empregado e empregador. Não que tivéssemos algum tipo de intimidade, céus, eu estava longe de ter algo com qualquer mulher, ainda mais com Donna, que tinha idade para ser minha mãe.
— Vou buscar um café para o senhor. — ela disse, saindo no objetivo de me deixar um pouco sozinho, me conhecendo bem a ponto de entender que era tudo o que eu precisava.
Fechei meus olhos e alinhei minha coluna, desencostando do estofado da cadeira, deixei que meus braços caíssem ao lado e respirei fundo, imitando um daqueles exercícios malucos de ansiedade, que, de algum jeito, davam certo. Tentando ao máximo me concentrar em meus movimentos respiratórios, esvaziei completamente minha mente, para reorganizar as coisas ali. Não poderia voltar a ter momentos de raiva como aquele.
Voltei a encarar o contrato a minha frente. O que eu faria agora?
Lembrei de minha última reflexão sobre o meu contrato e assumir a empresa ou não. E, há alguns meses, pensando em uma situação como essa, cheguei à conclusão de que os cinco anos naquela empresa a fizeram crescer e junto com ela, o meu nome também. De qualquer forma, não tinha muito o que se fazer, só Deus sabe o que se passava na cabeça de meu pai e quais suas decisões. Então qualquer que fosse sua decisão final eu precisaria absorver de boa forma, seria bom dar um tempo. Afinal mais cedo ou mais tarde ele iria ceder, ao menos era o que eu esperava.
Mas meu pai era imprevisível e parando um só segundo para imaginar minha vida sem essa empresa, vi que não tinha sentido algum. Não tinha nada externo ali, minha vida social não era muito animada e não tinha tantas companhias, já que escolhi ser assim, pela empresa. Toda a minha vida estava ali, na Imobille. Eu acordava todos os dias e me vestia para trabalhar, me alimentava para trabalhar e então ia trabalhar, chegando em casa eu pensava no que eu tinha que trabalhar e iria dormir pensando em trabalhar no próximo dia. Era a única coisa que eu sabia fazer.
— Donna, está liberada. —  disse a ela assim que colocou o café em minha mesa. — Preciso pensar e organizar algumas coisas, imagino que queira passar o ano novo com sua família, então pode ir. — expliquei e ela apenas assentiu com um sorriso mínimo.
— Obrigada Sr.Bieber. — agradeceu, recolhendo seu iPad em cima da mesa e antes que saísse completou. — Tenha um feliz ano novo.
“Assim espero”
Joguei a merda daquela pasta em cima da pilha de outras, cansado e pensando em mandar algum estagiário fazer isso por mim outro dia. Eram documento importantes e certamente eu teria que revê-los alguma hora, mas naquele momento minha cabeça estava a mil e eu não conseguiria me concentrar em mais nada.
Já era tarde e em menos de duas horas meu pai estaria aqui. E apesar de ainda ter um bom tempo até que ele chegasse, eu não consegui pensar em nada além da nossa futura conversa. Fiquei ali parado e olhando o tempo passar, tentando chegar em alguma conclusão ou argumento forte para ser usado. Mas não valia de nada, Jeremy era persuasivo e conseguiria me convencer a pular de um penhasco se fosse preciso.
Respirei fundo ao ver que, sabendo de sua pontualidade, ele estaria ali em menos de dez minutos. Levantei-me olhando o meu escritório e arrumando a bagunça em cima da minha mesa, Jeremy era perfeccionista o suficiente para me repreender até pela forma de me organizar o vestir. Concertei minhas mangas e voltei minha gravata já frouxa para o lugar.
— Imagino que saiba a razão dessa reunião. — — Digo, não é uma reunião, é um lembrete, quero saber o que você tem a dizer.
— Ainda acho loucura.
Senti meu celular vibrar dentro do bolso da calça, tirando pude ver a mensagem de Charles que acabara de chegar. Com tudo o que estava acontecendo, perdi completamente a noção da hora e me esqueci do maldito encontro a três que Charles tinha me convencido de ir. Ele estava saindo com uma mulher e para passar o ano novo com ela precisaria ir junto duas amigas. E como ótimo amigo que sou, aceitei ir em um encontro arranjado e ele ficar em paz com sua garota. E eu não estava nem um pouco animado em passar o resto da minha noite de ano novo com uma desconhecida, que eu teria que forçar estar interessado ou ser simpático.
Se passava das dez e não haveria tempo para passar em casa. Cansado e não fazendo questão de me arrumar, passei no banheiro de meu escritório, molhando meu rosto apenas para aliviar a expressão. Peguei meu paletó e o vesti, alinhando ao meu corpo, carreguei minha maleta e chaves para fora do escritório. As luzes estavam apagadas e a única coisa que iluminava ali era a luz do elevador. A essa hora as únicas pessoas ali, além de mim, eram os vigias e a pequena equipe de limpeza noturna.
O elevador logo chegou ao térreo, desativei o alarme do carro entrando nele e jogando minha maleta no banco de trás. Afrouxei minha gravata procurando ar e um pouco de calma, minha mente iria explodir. Estava incrivelmente ferrado, assinando a minha sentença. Que loucura era aquela? Eu teria que me casar com uma mulher, e pior, eu teria que convencê-la disso. Nem ao menos sabia por onde ou como começar.
Coloquei a chave na ignição e dei partida seguindo o caminho já conhecido. As ruas estavam um completo caos e era quase impossível dirigir sem atropelar alguém. Os turistas atravessavam na frente dos carros e por inúmeras vezes eu precisei frear bruscamente. A cidade estava realmente bonita, mais iluminada que o de costume, mas precisaria de muita coragem e disposição para enfrentar a multidão que corria para ver os fogos mais de perto.
Ainda mais difícil foi achar uma vaga para estacionar em frente ao The Top of the Standard, alguns metros mais à frente consegui uma vaga. Entrei no prédio e no andar de baixo já se podia escutar o jazz ser tocado, olhei meu relógio de pulso e eu estava claramente atrasado. Outro elevador a enfrentar, suspirei pesado me preparando psicologicamente para o que viria a seguir. Charles iria ter que me retribuir a altura pelo favor.
O lugar tinha luzes fechadas e quentes e antes que eu pudesse achar Charles senti sua mão em meu ombro.
— Achei que não viria. — ele parecia tenso, mas logo pareceu se tranquilizar com minha presença. — Você não abandona mesmo esse terno.
— Tive uma reunião com meu pai.
— Problemas? — perguntou ele, que mal esperou eu assentir. — Depois conversamos sobre isso, agora quero te apresentar a gata que está te esperando. — me empurrou com ridículos tapinhas no ombro. Acompanhando o seu olhar vi a garota loira com quem ele estava saindo e já havia me apresentado, Olivia, ao seu lado estava Patrick se jogando em cima de outra mulher loira e mais ao canto uma morena, que parecia extremamente focada no que a amiga envolvida nos braços de Patrick dizia. — Ei meninas, esse é meu amigo, Justin.
Olivia se levantou e me abraçou cumprimentando, perguntando brevemente como eu estava. Patrick se limitou a um aperto de mão e a mulher que o mesmo abraçava se apresentou como Hannah, me abraçando e deixando um beijo inocente em minha bochecha. E em nenhum momento Patrick moveu sua mão da cintura dela, quis rir daquilo percebendo o quão desesperado ele me parecia. Sem dúvidas, mais tarde ele a levaria para cama.
Continuando meu percurso foi a vez de cumprimentar minha acompanhante. Mais perto ela não parecia tão morena, poderia ver alguns fios dourados misturados aos castanhos, quase loiros. Ela então levantou o olhar, assim eu pude vê-la melhor. Seus olhos mais pareciam ser dois incríveis globos azuis e era como se eu já tivesse os vistos. Me forcei a tentar lembrar se a conhecia de algum lugar. Ela era bonita o suficiente para ser algum tipo de modelo e me conformei em imaginar que a conhecia de algum comercial ou outdoor.
— Prazer, Justin, Justin Bieber. — me apresentei a abraçando, não contendo a curiosidade em aspirar seu perfume. Ela sorriu com escárnio o que me fez franzir a testa, me perguntando o porquê daquele gesto simples.
— É, eu sei quem é você. Sou Sophie Moore… — disse ela suave e meu corpo ficou tenso ao absorver a informação de quem ela era. Se aproximou apertando minha mão e automaticamente a puxei para um abraço. — …ou melhor, qualquer porra. — sussurrou em meu ouvido e ao rebuscar aquilo na minha memória, entendi ao que ela se referia.
Eu havia batido o telefone na cara dela e pior, mandado ela ir para o inferno, a mulher a quem eu pretendia e precisava me casar.
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assexualfanfiction · 7 years
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Capítulo 1 - Inferno Empresarial
Último dia do ano, também popularmente conhecido como inferno empresarial. O ano se acabava, mas antes que isso pudesse ser feito havia milhares de relatórios a ser regidos e contratos a serem revistos. Para que a empresa não criasse atrasos e que o próximo ano fluísse, era necessário rever, minuciosamente, tudo o que havia sido feito naquele ano e voltar a arquivar toda aquela merda. E claro, tudo aquilo precisava ser passado pelo CEO da empresa, que, infelizmente nessa ocasião, o cargo era ocupado por mim.
O mês de dezembro parecia ter se encurtado, pois, apesar de todo trabalho ter começado em meados de novembro, ainda havia o que se fazer. Ao menos estava aliviado por todo o trabalho com o contador ter acabado. Os balanços haviam sido feitos e o resultado entre ativos e passivos anuais foram positivos, novamente. E eu não poderia deixar de me orgulhar daquilo.
Através da vidraça, poderia ver a grande transição de pessoas, em busca do melhor lugar para assistir à queima de fogos de Nova Iorque. Mesmo com o frio e a neve acumulada em alguns pontos, ainda assim tinham ânimo. Eu os invejava, gostaria de ter tanto tempo livre como eles, ou ao menos, saber utilizá-lo. Adorava meu trabalho, mas era a única coisa que eu sabia e tinha tempo para fazer. E aquilo me resultava em um vazio que eu tentava preencher com hobbies ou mais trabalho.
O pequeno intervalo de meia hora já havia acabado e como último consolo levei para o escritório outra caneca de café. Precisaria de muito mais cafeína para me manter alerta o restante do dia. Ainda havia alguns contratos para arquivar e mais tarde teria uma reunião com meu pai, a qual eu ainda me perguntava o motivo. Nunca fui um exemplo de boa memória, pra isso tinha uma secretária, mas eu nunca esquecia de reuniões com meu pai e não saber o motivo daquela estava tirando meu sossego. Afinal, havia uma hierarquia a ser respeitada e eu estava abaixo dele.
Passei por Donna acenando com a cabeça para me seguir até minha sala e assim terminar de ver aqueles malditos documentos. Ela muito provavelmente não estaria feliz também, já que a prendi até mais tarde para me ajudar com aquilo, mas bem, era pra isso que eu a pagava. Me joguei em minha cadeira, procurando algum conforto e foco para terminar de vez o trabalho. Bufei frustrado, imaginando nas inúmeras coisas que eu poderia estar fazendo fora daqui no momento.
— Calma Senhor Bieber. — Donna riu se acomodando na cadeira a minha frente. Acompanhei rindo desanimado, imaginando que ela também teria formas melhores de passar o feriado. Talvez cuidando de sua família, mas sem culpa, até porque ela era paga para isso.
Fiquei aliviado em ver as pastas em uma pilha menor que as de hoje cedo e não demorou muito para acabar com elas. Donna resumia do que se tratava cada uma, eu por vez avaliava alguns pontos, pedia que ela anotasse algo a me lembrar, mas na maioria das vezes apenas voltava as pastas para o seu lugar. Funcionando apenas para me alertar de que elas estavam ali.
— Essa é sobre o seu contrato. — apontou para a próxima pasta que diferente das outras que tinham uma tonalidade azul, essa era preta.
— E o que isso está fazendo aqui? — perguntei, não entendo o porquê do meu contrato de CEO da empresa estar ali. O pegava apenas uma vez no ano, sendo essa para renová-lo, o que não era o caso.
— Deve se lembrar de uma das cláusulas. — o peguei, abrindo e procurando algo que pudesse ter esquecido e quase que instantaneamente senti meu estômago gelar. Como aquela sensação de criança, quando anseia por algo. — O limite de renovações. Acredito que seja esse o motivo da reunião com seu pai mais tarde.
Não precisei procurar mais, como um flash me lembrei das exigências de meu pai para que assumisse o seu lugar e logo o prazo que ele havia me dado para cumpri-las. Fiz uma conta mental básica, lembrando que esse havia sido meu quinto ano no cargo e que após esses cinco anos, haveria uma nova votação para eleição. Inferno!
— Como eu pude esquecer disso? — foi muito mais pro meu consciente do que para minha secretária. Me estirei em minha poltrona, exausto e aflito com a situação, eu não podia ter me esquecido.
Eu sabia que esse dia chegaria, mas sempre adiei qualquer responsabilidade e procrastinei até onde consegui. Na esperança de que meu pai reconhecesse meu esforço e trabalho na empresa e me passasse a presidência por mérito próprio, sem que eu precisasse me dar a suas exigências estúpidas.
Eu vivi para aquela empresa, cresci vendo meu pai trabalhar para erguê-la e sempre soube que um dia assumiria o seu lugar. Ao menos era o que eu esperava. Toda a minha vida era voltada aos negócios da família, meus estudos, meus sacrifícios, tudo foi feito para que eu fosse o melhor. E eu era, nos últimos anos a Imobbile havia crescido estrondosamente, comigo aqui, conquistamos espaços inimagináveis. Mas eu sabia que nada disso era significativo o suficiente para meu pai se ele não tivesse uma garantia de que alguém continuaria o seu majestoso império.
Não haveria reconhecimento para mim ao menos que me casasse.
— Relaxa Justin. Seu pai não seria louco o suficiente. — Donna comentou, tirando seus óculos, a observei tentando me convencer com suas palavras.
— Só eu sei o quão louco meu pai pode ser.
— Eddie não é burro. Você fez a Imobbile crescer mais do que qualquer um nessa empresa poderia imaginar. — tentou me confortar, mas aquilo só me deixara mais tenso com a incerteza. Apesar dos anos de experiência e confidencialidade a empresa, Donna não tinha conhecimento sobre os critérios dele. E eu não sei até onde Thom seria capaz de ir, apenas para me convencer a fazer o que dissesse.
O som familiar do meu celular tocou, me fazendo imaginar quem estaria me ligando em horário de trabalho. Número desconhecido brilhava na tela, deslizei o dedo para o botão vermelho, recusando a ligação. Voltei ao documento a minha frente, pensando em algum jeito de escapar ou em bons argumentos, tentando me convencer que na pior das hipóteses haveria uma nova eleição e que eu era um forte candidato. É claro que eu era, aliás, o principal.
Antes que eu pudesse pedir que Donna fizesse um relatório e reunisse os principais documentos da empresa nos últimos cinco anos, meu celular tocou outra vez. Outra vez número desconhecido, o mesmo, recusei outra vez irritado. Provavelmente algum jornalista inconveniente em busca de uma manchete, sempre me perguntava como conseguiam meu número pessoal.
— Donna, quero que reúna os principais negócios feitos nos últimos anos, os principais contratos, meus maiores…
Por outra vez o barulho de chamado ecoou, me fazendo automaticamente pegar meu celular em cima da mesa. Com raiva o atendi, pronto para mandar pro inferno quem quer que fosse do outro lado da linha.
— Senhor Bieber? Falo em nome da Parades Magazine, meu nome é… — a voz feminina soou suave e um tanto simpática, mas antes que completasse sua saudação a interrompi:
— Como conseguiu meu número? Que seja, pare de me ligar, não vou dar nenhuma merda entrevista ou sessão de fotos para qualquer porra que você seja ou represente. Vá para o inferno! — esbravejei, sabendo que não deveria ter feito aquilo e também não me importando. Havia sido estúpido e certamente me lembraria disso quando me perguntasse o porquê da minha imagem de carrasco na mídia. Os jornalistas me odiavam e eu praticamente dava passe livre para isso, deveriam me agradecer por usar meu nome e ganhar seus salários em cima disso.
Minha secretária me olhava espantada, até mesmo, repreensiva. Donna me conhecia desde quando eu pudesse me lembrar, logo, nossa relação fugia dos parâmetros de empregado e empregador. Não que tivéssemos algum tipo de intimidade, céus, eu estava longe de ter algo com qualquer mulher, ainda mais com Donna, que tinha idade para ser minha mãe.
— Vou buscar um café para o senhor. — ela disse, saindo no objetivo de me deixar um pouco sozinho, me conhecendo bem a ponto de entender que era tudo o que eu precisava.
Fechei meus olhos e alinhei minha coluna, desencostando do estofado da cadeira, deixei que meus braços caíssem ao lado e respirei fundo, imitando um daqueles exercícios malucos de ansiedade, que, de algum jeito, davam certo. Tentando ao máximo me concentrar em meus movimentos respiratórios, esvaziei completamente minha mente, para reorganizar as coisas ali. Não poderia voltar a ter momentos de raiva como aquele.
Voltei a encarar o contrato a minha frente. O que eu faria agora?
Lembrei de minha última reflexão sobre o meu contrato e assumir a empresa ou não. E, há alguns meses, pensando em uma situação como essa, cheguei à conclusão de que os cinco anos naquela empresa a fizeram crescer e junto com ela, o meu nome também. De qualquer forma, não tinha muito o que se fazer, só Deus sabe o que se passava na cabeça de meu pai e quais suas decisões. Então qualquer que fosse sua decisão final eu precisaria absorver de boa forma, seria bom dar um tempo. Afinal mais cedo ou mais tarde ele iria ceder, ao menos era o que eu esperava.
Mas meu pai era imprevisível e parando um só segundo para imaginar minha vida sem essa empresa, vi que não tinha sentido algum. Não tinha nada externo ali, minha vida social não era muito animada e não tinha tantas companhias, já que escolhi ser assim, pela empresa. Toda a minha vida estava ali, na Imobille. Eu acordava todos os dias e me vestia para trabalhar, me alimentava para trabalhar e então ia trabalhar, chegando em casa eu pensava no que eu tinha que trabalhar e iria dormir pensando em trabalhar no próximo dia. Era a única coisa que eu sabia fazer.
— Donna, está liberada. —  disse a ela assim que colocou o café em minha mesa. — Preciso pensar e organizar algumas coisas, imagino que queira passar o ano novo com sua família, então pode ir. — expliquei e ela apenas assentiu com um sorriso mínimo.
— Obrigada Sr.Bieber. — agradeceu, recolhendo seu iPad em cima da mesa e antes que saísse completou. — Tenha um feliz ano novo.
“Assim espero”
Joguei a merda daquela pasta em cima da pilha de outras, cansado e pensando em mandar algum estagiário fazer isso por mim outro dia. Eram documento importantes e certamente eu teria que revê-los alguma hora, mas naquele momento minha cabeça estava a mil e eu não conseguiria me concentrar em mais nada.
Já era tarde e em menos de duas horas meu pai estaria aqui. E apesar de ainda ter um bom tempo até que ele chegasse, eu não consegui pensar em nada além da nossa futura conversa. Fiquei ali parado e olhando o tempo passar, tentando chegar em alguma conclusão ou argumento forte para ser usado. Mas não valia de nada, Jeremy era persuasivo e conseguiria me convencer a pular de um penhasco se fosse preciso.
Respirei fundo ao ver que, sabendo de sua pontualidade, ele estaria ali em menos de dez minutos. Levantei-me olhando o meu escritório e arrumando a bagunça em cima da minha mesa, Jeremy era perfeccionista o suficiente para me repreender até pela forma de me organizar o vestir. Concertei minhas mangas e voltei minha gravata já frouxa para o lugar.
— Imagino que saiba a razão dessa reunião. — — Digo, não é uma reunião, é um lembrete, quero saber o que você tem a dizer.
— Ainda acho loucura.
Senti meu celular vibrar dentro do bolso da calça, tirando pude ver a mensagem de Charles que acabara de chegar. Com tudo o que estava acontecendo, perdi completamente a noção da hora e me esqueci do maldito encontro a três que Charles tinha me convencido de ir. Ele estava saindo com uma mulher e para passar o ano novo com ela precisaria ir junto duas amigas. E como ótimo amigo que sou, aceitei ir em um encontro arranjado e ele ficar em paz com sua garota. E eu não estava nem um pouco animado em passar o resto da minha noite de ano novo com uma desconhecida, que eu teria que forçar estar interessado ou ser simpático.
Se passava das dez e não haveria tempo para passar em casa. Cansado e não fazendo questão de me arrumar, passei no banheiro de meu escritório, molhando meu rosto apenas para aliviar a expressão. Peguei meu paletó e o vesti, alinhando ao meu corpo, carreguei minha maleta e chaves para fora do escritório. As luzes estavam apagadas e a única coisa que iluminava ali era a luz do elevador. A essa hora as únicas pessoas ali, além de mim, eram os vigias e a pequena equipe de limpeza noturna.
O elevador logo chegou ao térreo, desativei o alarme do carro entrando nele e jogando minha maleta no banco de trás. Afrouxei minha gravata procurando ar e um pouco de calma, minha mente iria explodir. Estava incrivelmente ferrado, assinando a minha sentença. Que loucura era aquela? Eu teria que me casar com uma mulher, e pior, eu teria que convencê-la disso. Nem ao menos sabia por onde ou como começar.
Coloquei a chave na ignição e dei partida seguindo o caminho já conhecido. As ruas estavam um completo caos e era quase impossível dirigir sem atropelar alguém. Os turistas atravessavam na frente dos carros e por inúmeras vezes eu precisei frear bruscamente. A cidade estava realmente bonita, mais iluminada que o de costume, mas precisaria de muita coragem e disposição para enfrentar a multidão que corria para ver os fogos mais de perto.
Ainda mais difícil foi achar uma vaga para estacionar em frente ao The Top of the Standard, alguns metros mais à frente consegui uma vaga. Entrei no prédio e no andar de baixo já se podia escutar o jazz ser tocado, olhei meu relógio de pulso e eu estava claramente atrasado. Outro elevador a enfrentar, suspirei pesado me preparando psicologicamente para o que viria a seguir. Charles iria ter que me retribuir a altura pelo favor.
O lugar tinha luzes fechadas e quentes e antes que eu pudesse achar Charles senti sua mão em meu ombro.
— Achei que não viria. — ele parecia tenso, mas logo pareceu se tranquilizar com minha presença. — Você não abandona mesmo esse terno.
— Tive uma reunião com meu pai.
— Problemas? — perguntou ele, que mal esperou eu assentir. — Depois conversamos sobre isso, agora quero te apresentar a gata que está te esperando. — me empurrou com ridículos tapinhas no ombro. Acompanhando o seu olhar vi a garota loira com quem ele estava saindo e já havia me apresentado, Olivia, ao seu lado estava Patrick se jogando em cima de outra mulher loira e mais ao canto uma morena, que parecia extremamente focada no que a amiga envolvida nos braços de Patrick dizia. — Ei meninas, esse é meu amigo, Justin.
Olivia se levantou e me abraçou cumprimentando, perguntando brevemente como eu estava. Patrick se limitou a um aperto de mão e a mulher que o mesmo abraçava se apresentou como Hannah, me abraçando e deixando um beijo inocente em minha bochecha. E em nenhum momento Patrick moveu sua mão da cintura dela, quis rir daquilo percebendo o quão desesperado ele me parecia. Sem dúvidas, mais tarde ele a levaria para cama.
Continuando meu percurso foi a vez de cumprimentar minha acompanhante. Mais perto ela não parecia tão morena, poderia ver alguns fios dourados misturados aos castanhos, quase loiros. Ela então levantou o olhar, assim eu pude vê-la melhor. Seus olhos mais pareciam ser dois incríveis globos azuis e era como se eu já tivesse os vistos. Me forcei a tentar lembrar se a conhecia de algum lugar. Ela era bonita o suficiente para ser algum tipo de modelo e me conformei em imaginar que a conhecia de algum comercial ou outdoor.
— Prazer, Justin, Justin Bieber. — me apresentei a abraçando, não contendo a curiosidade em aspirar seu perfume. Ela sorriu com escárnio o que me fez franzir a testa, me perguntando o porquê daquele gesto simples.
— É, eu sei quem é você. Sou Sophie Moore… — disse ela suave e meu corpo ficou tenso ao absorver a informação de quem ela era. Se aproximou apertando minha mão e automaticamente a puxei para um abraço. — …ou melhor, qualquer porra. — sussurrou em meu ouvido e ao rebuscar aquilo na minha memória, entendi ao que ela se referia.
Eu havia batido o telefone na cara dela e pior, mandado ela ir para o inferno, a mulher a quem eu pretendia e precisava me casar.
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Capítulo 1 - Inferno Empresarial
Último dia do ano, também popularmente conhecido como inferno empresarial. O ano se acabava, mas antes que isso pudesse ser feito havia milhares de relatórios a ser regidos e contratos a serem revistos. Para que a empresa não criasse atrasos e que o próximo ano fluísse, era necessário rever, minuciosamente, tudo o que havia sido feito naquele ano e voltar a arquivar toda aquela merda. E claro, tudo aquilo precisava ser passado pelo CEO da empresa, que, infelizmente nessa ocasião, o cargo era ocupado por mim.
O mês de dezembro parecia ter se encurtado, pois, apesar de todo trabalho ter começado em meados de novembro, ainda havia o que se fazer. Ao menos estava aliviado por todo o trabalho com o contador ter acabado. Os balanços haviam sido feitos e o resultado entre ativos e passivos anuais foram positivos, novamente. E eu não poderia deixar de me orgulhar daquilo.
Através da vidraça, poderia ver a grande transição de pessoas, em busca do melhor lugar para assistir à queima de fogos de Nova Iorque. Mesmo com o frio e a neve acumulada em alguns pontos, ainda assim tinham ânimo. Eu os invejava, gostaria de ter tanto tempo livre como eles, ou ao menos, saber utilizá-lo. Adorava meu trabalho, mas era a única coisa que eu sabia e tinha tempo para fazer. E aquilo me resultava em um vazio que eu tentava preencher com hobbies ou mais trabalho.
O pequeno intervalo de meia hora já havia acabado e como último consolo levei para o escritório outra caneca de café. Precisaria de muito mais cafeína para me manter alerta o restante do dia. Ainda havia alguns contratos para arquivar e mais tarde teria uma reunião com meu pai, a qual eu ainda me perguntava o motivo. Nunca fui um exemplo de boa memória, pra isso tinha uma secretária, mas eu nunca esquecia de reuniões com meu pai e não saber o motivo daquela estava tirando meu sossego. Afinal, havia uma hierarquia a ser respeitada e eu estava abaixo dele.
Passei por Donna acenando com a cabeça para me seguir até minha sala e assim terminar de ver aqueles malditos documentos. Ela muito provavelmente não estaria feliz também, já que a prendi até mais tarde para me ajudar com aquilo, mas bem, era pra isso que eu a pagava. Me joguei em minha cadeira, procurando algum conforto e foco para terminar de vez o trabalho. Bufei frustrado, imaginando nas inúmeras coisas que eu poderia estar fazendo fora daqui no momento.
— Calma Senhor Bieber. — Donna riu se acomodando na cadeira a minha frente. Acompanhei rindo desanimado, imaginando que ela também teria formas melhores de passar o feriado. Talvez cuidando de sua família, mas sem culpa, até porque ela era paga para isso.
Fiquei aliviado em ver as pastas em uma pilha menor que as de hoje cedo e não demorou muito para acabar com elas. Donna resumia do que se tratava cada uma, eu por vez avaliava alguns pontos, pedia que ela anotasse algo a me lembrar, mas na maioria das vezes apenas voltava as pastas para o seu lugar. Funcionando apenas para me alertar de que elas estavam ali.
— Essa é sobre o seu contrato. — apontou para a próxima pasta que diferente das outras que tinham uma tonalidade azul, essa era preta.
— E o que isso está fazendo aqui? — perguntei, não entendo o porquê do meu contrato de CEO da empresa estar ali. O pegava apenas uma vez no ano, sendo essa para renová-lo, o que não era o caso.
— Deve se lembrar de uma das cláusulas. — o peguei, abrindo e procurando algo que pudesse ter esquecido e quase que instantaneamente senti meu estômago gelar. Como aquela sensação de criança, quando anseia por algo. — O limite de renovações. Acredito que seja esse o motivo da reunião com seu pai mais tarde.
Não precisei procurar mais, como um flash me lembrei das exigências de meu pai para que assumisse o seu lugar e logo o prazo que ele havia me dado para cumpri-las. Fiz uma conta mental básica, lembrando que esse havia sido meu quinto ano no cargo e que após esses cinco anos, haveria uma nova votação para eleição. Inferno!
— Como eu pude esquecer disso? — foi muito mais pro meu consciente do que para minha secretária. Me estirei em minha poltrona, exausto e aflito com a situação, eu não podia ter me esquecido.
Eu sabia que esse dia chegaria, mas sempre adiei qualquer responsabilidade e procrastinei até onde consegui. Na esperança de que meu pai reconhecesse meu esforço e trabalho na empresa e me passasse a presidência por mérito próprio, sem que eu precisasse me dar a suas exigências estúpidas.
Eu vivi para aquela empresa, cresci vendo meu pai trabalhar para erguê-la e sempre soube que um dia assumiria o seu lugar. Ao menos era o que eu esperava. Toda a minha vida era voltada aos negócios da família, meus estudos, meus sacrifícios, tudo foi feito para que eu fosse o melhor. E eu era, nos últimos anos a Imobbile havia crescido estrondosamente, comigo aqui, conquistamos espaços inimagináveis. Mas eu sabia que nada disso era significativo o suficiente para meu pai se ele não tivesse uma garantia de que alguém continuaria o seu majestoso império.
Não haveria reconhecimento para mim ao menos que me casasse.
— Relaxa Justin. Seu pai não seria louco o suficiente. — Donna comentou, tirando seus óculos, a observei tentando me convencer com suas palavras.
— Só eu sei o quão louco meu pai pode ser.
— Eddie não é burro. Você fez a Imobbile crescer mais do que qualquer um nessa empresa poderia imaginar. — tentou me confortar, mas aquilo só me deixara mais tenso com a incerteza. Apesar dos anos de experiência e confidencialidade a empresa, Donna não tinha conhecimento sobre os critérios dele. E eu não sei até onde Thom seria capaz de ir, apenas para me convencer a fazer o que dissesse.
O som familiar do meu celular tocou, me fazendo imaginar quem estaria me ligando em horário de trabalho. Número desconhecido brilhava na tela, deslizei o dedo para o botão vermelho, recusando a ligação. Voltei ao documento a minha frente, pensando em algum jeito de escapar ou em bons argumentos, tentando me convencer que na pior das hipóteses haveria uma nova eleição e que eu era um forte candidato. É claro que eu era, aliás, o principal.
Antes que eu pudesse pedir que Donna fizesse um relatório e reunisse os principais documentos da empresa nos últimos cinco anos, meu celular tocou outra vez. Outra vez número desconhecido, o mesmo, recusei outra vez irritado. Provavelmente algum jornalista inconveniente em busca de uma manchete, sempre me perguntava como conseguiam meu número pessoal.
— Donna, quero que reúna os principais negócios feitos nos últimos anos, os principais contratos, meus maiores…
Por outra vez o barulho de chamado ecoou, me fazendo automaticamente pegar meu celular em cima da mesa. Com raiva o atendi, pronto para mandar pro inferno quem quer que fosse do outro lado da linha.
— Senhor Bieber? Falo em nome da Parades Magazine, meu nome é… — a voz feminina soou suave e um tanto simpática, mas antes que completasse sua saudação a interrompi:
— Como conseguiu meu número? Que seja, pare de me ligar, não vou dar nenhuma merda entrevista ou sessão de fotos para qualquer porra que você seja ou represente. Vá para o inferno! — esbravejei, sabendo que não deveria ter feito aquilo e também não me importando. Havia sido estúpido e certamente me lembraria disso quando me perguntasse o porquê da minha imagem de carrasco na mídia. Os jornalistas me odiavam e eu praticamente dava passe livre para isso, deveriam me agradecer por usar meu nome e ganhar seus salários em cima disso.
Minha secretária me olhava espantada, até mesmo, repreensiva. Donna me conhecia desde quando eu pudesse me lembrar, logo, nossa relação fugia dos parâmetros de empregado e empregador. Não que tivéssemos algum tipo de intimidade, céus, eu estava longe de ter algo com qualquer mulher, ainda mais com Donna, que tinha idade para ser minha mãe.
— Vou buscar um café para o senhor. — ela disse, saindo no objetivo de me deixar um pouco sozinho, me conhecendo bem a ponto de entender que era tudo o que eu precisava.
Fechei meus olhos e alinhei minha coluna, desencostando do estofado da cadeira, deixei que meus braços caíssem ao lado e respirei fundo, imitando um daqueles exercícios malucos de ansiedade, que, de algum jeito, davam certo. Tentando ao máximo me concentrar em meus movimentos respiratórios, esvaziei completamente minha mente, para reorganizar as coisas ali. Não poderia voltar a ter momentos de raiva como aquele.
Voltei a encarar o contrato a minha frente. O que eu faria agora?
Lembrei de minha última reflexão sobre o meu contrato e assumir a empresa ou não. E, há alguns meses, pensando em uma situação como essa, cheguei à conclusão de que os cinco anos naquela empresa a fizeram crescer e junto com ela, o meu nome também. De qualquer forma, não tinha muito o que se fazer, só Deus sabe o que se passava na cabeça de meu pai e quais suas decisões. Então qualquer que fosse sua decisão final eu precisaria absorver de boa forma, seria bom dar um tempo. Afinal mais cedo ou mais tarde ele iria ceder, ao menos era o que eu esperava.
Mas meu pai era imprevisível e parando um só segundo para imaginar minha vida sem essa empresa, vi que não tinha sentido algum. Não tinha nada externo ali, minha vida social não era muito animada e não tinha tantas companhias, já que escolhi ser assim, pela empresa. Toda a minha vida estava ali, na Imobille. Eu acordava todos os dias e me vestia para trabalhar, me alimentava para trabalhar e então ia trabalhar, chegando em casa eu pensava no que eu tinha que trabalhar e iria dormir pensando em trabalhar no próximo dia. Era a única coisa que eu sabia fazer.
— Donna, está liberada. —  disse a ela assim que colocou o café em minha mesa. — Preciso pensar e organizar algumas coisas, imagino que queira passar o ano novo com sua família, então pode ir. — expliquei e ela apenas assentiu com um sorriso mínimo.
— Obrigada Sr.Bieber. — agradeceu, recolhendo seu iPad em cima da mesa e antes que saísse completou. — Tenha um feliz ano novo.
“Assim espero”
Joguei a merda daquela pasta em cima da pilha de outras, cansado e pensando em mandar algum estagiário fazer isso por mim outro dia. Eram documento importantes e certamente eu teria que revê-los alguma hora, mas naquele momento minha cabeça estava a mil e eu não conseguiria me concentrar em mais nada.
Já era tarde e em menos de duas horas meu pai estaria aqui. E apesar de ainda ter um bom tempo até que ele chegasse, eu não consegui pensar em nada além da nossa futura conversa. Fiquei ali parado e olhando o tempo passar, tentando chegar em alguma conclusão ou argumento forte para ser usado. Mas não valia de nada, Jeremy era persuasivo e conseguiria me convencer a pular de um penhasco se fosse preciso.
Respirei fundo ao ver que, sabendo de sua pontualidade, ele estaria ali em menos de dez minutos. Levantei-me olhando o meu escritório e arrumando a bagunça em cima da minha mesa, Jeremy era perfeccionista o suficiente para me repreender até pela forma de me organizar o vestir. Concertei minhas mangas e voltei minha gravata já frouxa para o lugar.
— Imagino que saiba a razão dessa reunião. — — Digo, não é uma reunião, é um lembrete, quero saber o que você tem a dizer.
— Ainda acho loucura.
Senti meu celular vibrar dentro do bolso da calça, tirando pude ver a mensagem de Charles que acabara de chegar. Com tudo o que estava acontecendo, perdi completamente a noção da hora e me esqueci do maldito encontro a três que Charles tinha me convencido de ir. Ele estava saindo com uma mulher e para passar o ano novo com ela precisaria ir junto duas amigas. E como ótimo amigo que sou, aceitei ir em um encontro arranjado e ele ficar em paz com sua garota. E eu não estava nem um pouco animado em passar o resto da minha noite de ano novo com uma desconhecida, que eu teria que forçar estar interessado ou ser simpático.
Se passava das dez e não haveria tempo para passar em casa. Cansado e não fazendo questão de me arrumar, passei no banheiro de meu escritório, molhando meu rosto apenas para aliviar a expressão. Peguei meu paletó e o vesti, alinhando ao meu corpo, carreguei minha maleta e chaves para fora do escritório. As luzes estavam apagadas e a única coisa que iluminava ali era a luz do elevador. A essa hora as únicas pessoas ali, além de mim, eram os vigias e a pequena equipe de limpeza noturna.
O elevador logo chegou ao térreo, desativei o alarme do carro entrando nele e jogando minha maleta no banco de trás. Afrouxei minha gravata procurando ar e um pouco de calma, minha mente iria explodir. Estava incrivelmente ferrado, assinando a minha sentença. Que loucura era aquela? Eu teria que me casar com uma mulher, e pior, eu teria que convencê-la disso. Nem ao menos sabia por onde ou como começar.
Coloquei a chave na ignição e dei partida seguindo o caminho já conhecido. As ruas estavam um completo caos e era quase impossível dirigir sem atropelar alguém. Os turistas atravessavam na frente dos carros e por inúmeras vezes eu precisei frear bruscamente. A cidade estava realmente bonita, mais iluminada que o de costume, mas precisaria de muita coragem e disposição para enfrentar a multidão que corria para ver os fogos mais de perto.
Ainda mais difícil foi achar uma vaga para estacionar em frente ao The Top of the Standard, alguns metros mais à frente consegui uma vaga. Entrei no prédio e no andar de baixo já se podia escutar o jazz ser tocado, olhei meu relógio de pulso e eu estava claramente atrasado. Outro elevador a enfrentar, suspirei pesado me preparando psicologicamente para o que viria a seguir. Charles iria ter que me retribuir a altura pelo favor.
O lugar tinha luzes fechadas e quentes e antes que eu pudesse achar Charles senti sua mão em meu ombro.
— Achei que não viria. — ele parecia tenso, mas logo pareceu se tranquilizar com minha presença. — Você não abandona mesmo esse terno.
— Tive uma reunião com meu pai.
— Problemas? — perguntou ele, que mal esperou eu assentir. — Depois conversamos sobre isso, agora quero te apresentar a gata que está te esperando. — me empurrou com ridículos tapinhas no ombro. Acompanhando o seu olhar vi a garota loira com quem ele estava saindo e já havia me apresentado, Olivia, ao seu lado estava Patrick se jogando em cima de outra mulher loira e mais ao canto uma morena, que parecia extremamente focada no que a amiga envolvida nos braços de Patrick dizia. — Ei meninas, esse é meu amigo, Justin.
Olivia se levantou e me abraçou cumprimentando, perguntando brevemente como eu estava. Patrick se limitou a um aperto de mão e a mulher que o mesmo abraçava se apresentou como Hannah, me abraçando e deixando um beijo inocente em minha bochecha. E em nenhum momento Patrick moveu sua mão da cintura dela, quis rir daquilo percebendo o quão desesperado ele me parecia. Sem dúvidas, mais tarde ele a levaria para cama.
Continuando meu percurso foi a vez de cumprimentar minha acompanhante. Mais perto ela não parecia tão morena, poderia ver alguns fios dourados misturados aos castanhos, quase loiros. Ela então levantou o olhar, assim eu pude vê-la melhor. Seus olhos mais pareciam ser dois incríveis globos azuis e era como se eu já tivesse os vistos. Me forcei a tentar lembrar se a conhecia de algum lugar. Ela era bonita o suficiente para ser algum tipo de modelo e me conformei em imaginar que a conhecia de algum comercial ou outdoor.
— Prazer, Justin, Justin Bieber. — me apresentei a abraçando, não contendo a curiosidade em aspirar seu perfume. Ela sorriu com escárnio o que me fez franzir a testa, me perguntando o porquê daquele gesto simples.
— É, eu sei quem é você. Sou Sophie Moore… — disse ela suave e meu corpo ficou tenso ao absorver a informação de quem ela era. Se aproximou apertando minha mão e automaticamente a puxei para um abraço. — …ou melhor, qualquer porra. — sussurrou em meu ouvido e ao rebuscar aquilo na minha memória, entendi ao que ela se referia.
Eu havia batido o telefone na cara dela e pior, mandado ela ir para o inferno, a mulher a quem eu pretendia e precisava me casar.
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assexualfanfiction · 7 years
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Capítulo 1 - Inferno Empresarial
Último dia do ano, também popularmente conhecido como inferno empresarial. O ano se acabava, mas antes que isso pudesse ser feito havia milhares de relatórios a ser regidos e contratos a serem revistos. Para que a empresa não criasse atrasos e que o próximo ano fluísse, era necessário rever, minuciosamente, tudo o que havia sido feito naquele ano e voltar a arquivar toda aquela merda. E claro, tudo aquilo precisava ser passado pelo CEO da empresa, que, infelizmente nessa ocasião, o cargo era ocupado por mim.
O mês de dezembro parecia ter se encurtado, pois, apesar de todo trabalho ter começado em meados de novembro, ainda havia o que se fazer. Ao menos estava aliviado por todo o trabalho com o contador ter acabado. Os balanços haviam sido feitos e o resultado entre ativos e passivos anuais foram positivos, novamente. E eu não poderia deixar de me orgulhar daquilo.
Através da vidraça, poderia ver a grande transição de pessoas, em busca do melhor lugar para assistir à queima de fogos de Nova Iorque. Mesmo com o frio e a neve acumulada em alguns pontos, ainda assim tinham ânimo. Eu os invejava, gostaria de ter tanto tempo livre como eles, ou ao menos, saber utilizá-lo. Adorava meu trabalho, mas era a única coisa que eu sabia e tinha tempo para fazer. E aquilo me resultava em um vazio que eu tentava preencher com hobbies ou mais trabalho.
O pequeno intervalo de meia hora já havia acabado e como último consolo levei para o escritório outra caneca de café. Precisaria de muito mais cafeína para me manter alerta o restante do dia. Ainda havia alguns contratos para arquivar e mais tarde teria uma reunião com meu pai, a qual eu ainda me perguntava o motivo. Nunca fui um exemplo de boa memória, pra isso tinha uma secretária, mas eu nunca esquecia de reuniões com meu pai e não saber o motivo daquela estava tirando meu sossego. Afinal, havia uma hierarquia a ser respeitada e eu estava abaixo dele.
Passei por Donna acenando com a cabeça para me seguir até minha sala e assim terminar de ver aqueles malditos documentos. Ela muito provavelmente não estaria feliz também, já que a prendi até mais tarde para me ajudar com aquilo, mas bem, era pra isso que eu a pagava. Me joguei em minha cadeira, procurando algum conforto e foco para terminar de vez o trabalho. Bufei frustrado, imaginando nas inúmeras coisas que eu poderia estar fazendo fora daqui no momento.
— Calma Senhor Bieber. — Donna riu se acomodando na cadeira a minha frente. Acompanhei rindo desanimado, imaginando que ela também teria formas melhores de passar o feriado. Talvez cuidando de sua família, mas sem culpa, até porque ela era paga para isso.
Fiquei aliviado em ver as pastas em uma pilha menor que as de hoje cedo e não demorou muito para acabar com elas. Donna resumia do que se tratava cada uma, eu por vez avaliava alguns pontos, pedia que ela anotasse algo a me lembrar, mas na maioria das vezes apenas voltava as pastas para o seu lugar. Funcionando apenas para me alertar de que elas estavam ali.
— Essa é sobre o seu contrato. — apontou para a próxima pasta que diferente das outras que tinham uma tonalidade azul, essa era preta.
— E o que isso está fazendo aqui? — perguntei, não entendo o porquê do meu contrato de CEO da empresa estar ali. O pegava apenas uma vez no ano, sendo essa para renová-lo, o que não era o caso.
— Deve se lembrar de uma das cláusulas. — o peguei, abrindo e procurando algo que pudesse ter esquecido e quase que instantaneamente senti meu estômago gelar. Como aquela sensação de criança, quando anseia por algo. — O limite de renovações. Acredito que seja esse o motivo da reunião com seu pai mais tarde.
Não precisei procurar mais, como um flash me lembrei das exigências de meu pai para que assumisse o seu lugar e logo o prazo que ele havia me dado para cumpri-las. Fiz uma conta mental básica, lembrando que esse havia sido meu quinto ano no cargo e que após esses cinco anos, haveria uma nova votação para eleição. Inferno!
— Como eu pude esquecer disso? — foi muito mais pro meu consciente do que para minha secretária. Me estirei em minha poltrona, exausto e aflito com a situação, eu não podia ter me esquecido.
Eu sabia que esse dia chegaria, mas sempre adiei qualquer responsabilidade e procrastinei até onde consegui. Na esperança de que meu pai reconhecesse meu esforço e trabalho na empresa e me passasse a presidência por mérito próprio, sem que eu precisasse me dar a suas exigências estúpidas.
Eu vivi para aquela empresa, cresci vendo meu pai trabalhar para erguê-la e sempre soube que um dia assumiria o seu lugar. Ao menos era o que eu esperava. Toda a minha vida era voltada aos negócios da família, meus estudos, meus sacrifícios, tudo foi feito para que eu fosse o melhor. E eu era, nos últimos anos a Imobbile havia crescido estrondosamente, comigo aqui, conquistamos espaços inimagináveis. Mas eu sabia que nada disso era significativo o suficiente para meu pai se ele não tivesse uma garantia de que alguém continuaria o seu majestoso império.
Não haveria reconhecimento para mim ao menos que me casasse.
— Relaxa Justin. Seu pai não seria louco o suficiente. — Donna comentou, tirando seus óculos, a observei tentando me convencer com suas palavras.
— Só eu sei o quão louco meu pai pode ser.
— Eddie não é burro. Você fez a Imobbile crescer mais do que qualquer um nessa empresa poderia imaginar. — tentou me confortar, mas aquilo só me deixara mais tenso com a incerteza. Apesar dos anos de experiência e confidencialidade a empresa, Donna não tinha conhecimento sobre os critérios dele. E eu não sei até onde Thom seria capaz de ir, apenas para me convencer a fazer o que dissesse.
O som familiar do meu celular tocou, me fazendo imaginar quem estaria me ligando em horário de trabalho. Número desconhecido brilhava na tela, deslizei o dedo para o botão vermelho, recusando a ligação. Voltei ao documento a minha frente, pensando em algum jeito de escapar ou em bons argumentos, tentando me convencer que na pior das hipóteses haveria uma nova eleição e que eu era um forte candidato. É claro que eu era, aliás, o principal.
Antes que eu pudesse pedir que Donna fizesse um relatório e reunisse os principais documentos da empresa nos últimos cinco anos, meu celular tocou outra vez. Outra vez número desconhecido, o mesmo, recusei outra vez irritado. Provavelmente algum jornalista inconveniente em busca de uma manchete, sempre me perguntava como conseguiam meu número pessoal.
— Donna, quero que reúna os principais negócios feitos nos últimos anos, os principais contratos, meus maiores…
Por outra vez o barulho de chamado ecoou, me fazendo automaticamente pegar meu celular em cima da mesa. Com raiva o atendi, pronto para mandar pro inferno quem quer que fosse do outro lado da linha.
— Senhor Bieber? Falo em nome da Parades Magazine, meu nome é… — a voz feminina soou suave e um tanto simpática, mas antes que completasse sua saudação a interrompi:
— Como conseguiu meu número? Que seja, pare de me ligar, não vou dar nenhuma merda entrevista ou sessão de fotos para qualquer porra que você seja ou represente. Vá para o inferno! — esbravejei, sabendo que não deveria ter feito aquilo e também não me importando. Havia sido estúpido e certamente me lembraria disso quando me perguntasse o porquê da minha imagem de carrasco na mídia. Os jornalistas me odiavam e eu praticamente dava passe livre para isso, deveriam me agradecer por usar meu nome e ganhar seus salários em cima disso.
Minha secretária me olhava espantada, até mesmo, repreensiva. Donna me conhecia desde quando eu pudesse me lembrar, logo, nossa relação fugia dos parâmetros de empregado e empregador. Não que tivéssemos algum tipo de intimidade, céus, eu estava longe de ter algo com qualquer mulher, ainda mais com Donna, que tinha idade para ser minha mãe.
— Vou buscar um café para o senhor. — ela disse, saindo no objetivo de me deixar um pouco sozinho, me conhecendo bem a ponto de entender que era tudo o que eu precisava.
Fechei meus olhos e alinhei minha coluna, desencostando do estofado da cadeira, deixei que meus braços caíssem ao lado e respirei fundo, imitando um daqueles exercícios malucos de ansiedade, que, de algum jeito, davam certo. Tentando ao máximo me concentrar em meus movimentos respiratórios, esvaziei completamente minha mente, para reorganizar as coisas ali. Não poderia voltar a ter momentos de raiva como aquele.
Voltei a encarar o contrato a minha frente. O que eu faria agora?
Lembrei de minha última reflexão sobre o meu contrato e assumir a empresa ou não. E, há alguns meses, pensando em uma situação como essa, cheguei à conclusão de que os cinco anos naquela empresa a fizeram crescer e junto com ela, o meu nome também. De qualquer forma, não tinha muito o que se fazer, só Deus sabe o que se passava na cabeça de meu pai e quais suas decisões. Então qualquer que fosse sua decisão final eu precisaria absorver de boa forma, seria bom dar um tempo. Afinal mais cedo ou mais tarde ele iria ceder, ao menos era o que eu esperava.
Mas meu pai era imprevisível e parando um só segundo para imaginar minha vida sem essa empresa, vi que não tinha sentido algum. Não tinha nada externo ali, minha vida social não era muito animada e não tinha tantas companhias, já que escolhi ser assim, pela empresa. Toda a minha vida estava ali, na Imobille. Eu acordava todos os dias e me vestia para trabalhar, me alimentava para trabalhar e então ia trabalhar, chegando em casa eu pensava no que eu tinha que trabalhar e iria dormir pensando em trabalhar no próximo dia. Era a única coisa que eu sabia fazer.
— Donna, está liberada. —  disse a ela assim que colocou o café em minha mesa. — Preciso pensar e organizar algumas coisas, imagino que queira passar o ano novo com sua família, então pode ir. — expliquei e ela apenas assentiu com um sorriso mínimo.
— Obrigada Sr.Bieber. — agradeceu, recolhendo seu iPad em cima da mesa e antes que saísse completou. — Tenha um feliz ano novo.
“Assim espero”
Joguei a merda daquela pasta em cima da pilha de outras, cansado e pensando em mandar algum estagiário fazer isso por mim outro dia. Eram documento importantes e certamente eu teria que revê-los alguma hora, mas naquele momento minha cabeça estava a mil e eu não conseguiria me concentrar em mais nada.
Já era tarde e em menos de duas horas meu pai estaria aqui. E apesar de ainda ter um bom tempo até que ele chegasse, eu não consegui pensar em nada além da nossa futura conversa. Fiquei ali parado e olhando o tempo passar, tentando chegar em alguma conclusão ou argumento forte para ser usado. Mas não valia de nada, Jeremy era persuasivo e conseguiria me convencer a pular de um penhasco se fosse preciso.
Respirei fundo ao ver que, sabendo de sua pontualidade, ele estaria ali em menos de dez minutos. Levantei-me olhando o meu escritório e arrumando a bagunça em cima da minha mesa, Jeremy era perfeccionista o suficiente para me repreender até pela forma de me organizar o vestir. Concertei minhas mangas e voltei minha gravata já frouxa para o lugar.
— Imagino que saiba a razão dessa reunião. — — Digo, não é uma reunião, é um lembrete, quero saber o que você tem a dizer.
— Ainda acho loucura.
Senti meu celular vibrar dentro do bolso da calça, tirando pude ver a mensagem de Charles que acabara de chegar. Com tudo o que estava acontecendo, perdi completamente a noção da hora e me esqueci do maldito encontro a três que Charles tinha me convencido de ir. Ele estava saindo com uma mulher e para passar o ano novo com ela precisaria ir junto duas amigas. E como ótimo amigo que sou, aceitei ir em um encontro arranjado e ele ficar em paz com sua garota. E eu não estava nem um pouco animado em passar o resto da minha noite de ano novo com uma desconhecida, que eu teria que forçar estar interessado ou ser simpático.
Se passava das dez e não haveria tempo para passar em casa. Cansado e não fazendo questão de me arrumar, passei no banheiro de meu escritório, molhando meu rosto apenas para aliviar a expressão. Peguei meu paletó e o vesti, alinhando ao meu corpo, carreguei minha maleta e chaves para fora do escritório. As luzes estavam apagadas e a única coisa que iluminava ali era a luz do elevador. A essa hora as únicas pessoas ali, além de mim, eram os vigias e a pequena equipe de limpeza noturna.
O elevador logo chegou ao térreo, desativei o alarme do carro entrando nele e jogando minha maleta no banco de trás. Afrouxei minha gravata procurando ar e um pouco de calma, minha mente iria explodir. Estava incrivelmente ferrado, assinando a minha sentença. Que loucura era aquela? Eu teria que me casar com uma mulher, e pior, eu teria que convencê-la disso. Nem ao menos sabia por onde ou como começar.
Coloquei a chave na ignição e dei partida seguindo o caminho já conhecido. As ruas estavam um completo caos e era quase impossível dirigir sem atropelar alguém. Os turistas atravessavam na frente dos carros e por inúmeras vezes eu precisei frear bruscamente. A cidade estava realmente bonita, mais iluminada que o de costume, mas precisaria de muita coragem e disposição para enfrentar a multidão que corria para ver os fogos mais de perto.
Ainda mais difícil foi achar uma vaga para estacionar em frente ao The Top of the Standard, alguns metros mais à frente consegui uma vaga. Entrei no prédio e no andar de baixo já se podia escutar o jazz ser tocado, olhei meu relógio de pulso e eu estava claramente atrasado. Outro elevador a enfrentar, suspirei pesado me preparando psicologicamente para o que viria a seguir. Charles iria ter que me retribuir a altura pelo favor.
O lugar tinha luzes fechadas e quentes e antes que eu pudesse achar Charles senti sua mão em meu ombro.
— Achei que não viria. — ele parecia tenso, mas logo pareceu se tranquilizar com minha presença. — Você não abandona mesmo esse terno.
— Tive uma reunião com meu pai.
— Problemas? — perguntou ele, que mal esperou eu assentir. — Depois conversamos sobre isso, agora quero te apresentar a gata que está te esperando. — me empurrou com ridículos tapinhas no ombro. Acompanhando o seu olhar vi a garota loira com quem ele estava saindo e já havia me apresentado, Olivia, ao seu lado estava Patrick se jogando em cima de outra mulher loira e mais ao canto uma morena, que parecia extremamente focada no que a amiga envolvida nos braços de Patrick dizia. — Ei meninas, esse é meu amigo, Justin.
Olivia se levantou e me abraçou cumprimentando, perguntando brevemente como eu estava. Patrick se limitou a um aperto de mão e a mulher que o mesmo abraçava se apresentou como Hannah, me abraçando e deixando um beijo inocente em minha bochecha. E em nenhum momento Patrick moveu sua mão da cintura dela, quis rir daquilo percebendo o quão desesperado ele me parecia. Sem dúvidas, mais tarde ele a levaria para cama.
Continuando meu percurso foi a vez de cumprimentar minha acompanhante. Mais perto ela não parecia tão morena, poderia ver alguns fios dourados misturados aos castanhos, quase loiros. Ela então levantou o olhar, assim eu pude vê-la melhor. Seus olhos mais pareciam ser dois incríveis globos azuis e era como se eu já tivesse os vistos. Me forcei a tentar lembrar se a conhecia de algum lugar. Ela era bonita o suficiente para ser algum tipo de modelo e me conformei em imaginar que a conhecia de algum comercial ou outdoor.
— Prazer, Justin, Justin Bieber. — me apresentei a abraçando, não contendo a curiosidade em aspirar seu perfume. Ela sorriu com escárnio o que me fez franzir a testa, me perguntando o porquê daquele gesto simples.
— É, eu sei quem é você. Sou Sophie Moore… — disse ela suave e meu corpo ficou tenso ao absorver a informação de quem ela era. Se aproximou apertando minha mão e automaticamente a puxei para um abraço. — …ou melhor, qualquer porra. — sussurrou em meu ouvido e ao rebuscar aquilo na minha memória, entendi ao que ela se referia.
Eu havia batido o telefone na cara dela e pior, mandado ela ir para o inferno, a mulher a quem eu pretendia e precisava me casar.
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assexualfanfiction · 7 years
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Capítulo 1 - Inferno Empresarial
Último dia do ano, também popularmente conhecido como inferno empresarial. O ano se acabava, mas antes que isso pudesse ser feito havia milhares de relatórios a ser regidos e contratos a serem revistos. Para que a empresa não criasse atrasos e que o próximo ano fluísse, era necessário rever, minuciosamente, tudo o que havia sido feito naquele ano e voltar a arquivar toda aquela merda. E claro, tudo aquilo precisava ser passado pelo CEO da empresa, que, infelizmente nessa ocasião, o cargo era ocupado por mim.
O mês de dezembro parecia ter se encurtado, pois, apesar de todo trabalho ter começado em meados de novembro, ainda havia o que se fazer. Ao menos estava aliviado por todo o trabalho com o contador ter acabado. Os balanços haviam sido feitos e o resultado entre ativos e passivos anuais foram positivos, novamente. E eu não poderia deixar de me orgulhar daquilo.
Através da vidraça, poderia ver a grande transição de pessoas, em busca do melhor lugar para assistir à queima de fogos de Nova Iorque. Mesmo com o frio e a neve acumulada em alguns pontos, ainda assim tinham ânimo. Eu os invejava, gostaria de ter tanto tempo livre como eles, ou ao menos, saber utilizá-lo. Adorava meu trabalho, mas era a única coisa que eu sabia e tinha tempo para fazer. E aquilo me resultava em um vazio que eu tentava preencher com hobbies ou mais trabalho.
O pequeno intervalo de meia hora já havia acabado e como último consolo levei para o escritório outra caneca de café. Precisaria de muito mais cafeína para me manter alerta o restante do dia. Ainda havia alguns contratos para arquivar e mais tarde teria uma reunião com meu pai, a qual eu ainda me perguntava o motivo. Nunca fui um exemplo de boa memória, pra isso tinha uma secretária, mas eu nunca esquecia de reuniões com meu pai e não saber o motivo daquela estava tirando meu sossego. Afinal, havia uma hierarquia a ser respeitada e eu estava abaixo dele.
Passei por Donna acenando com a cabeça para me seguir até minha sala e assim terminar de ver aqueles malditos documentos. Ela muito provavelmente não estaria feliz também, já que a prendi até mais tarde para me ajudar com aquilo, mas bem, era pra isso que eu a pagava. Me joguei em minha cadeira, procurando algum conforto e foco para terminar de vez o trabalho. Bufei frustrado, imaginando nas inúmeras coisas que eu poderia estar fazendo fora daqui no momento.
— Calma Senhor Bieber. — Donna riu se acomodando na cadeira a minha frente. Acompanhei rindo desanimado, imaginando que ela também teria formas melhores de passar o feriado. Talvez cuidando de sua família, mas sem culpa, até porque ela era paga para isso.
Fiquei aliviado em ver as pastas em uma pilha menor que as de hoje cedo e não demorou muito para acabar com elas. Donna resumia do que se tratava cada uma, eu por vez avaliava alguns pontos, pedia que ela anotasse algo a me lembrar, mas na maioria das vezes apenas voltava as pastas para o seu lugar. Funcionando apenas para me alertar de que elas estavam ali.
— Essa é sobre o seu contrato. — apontou para a próxima pasta que diferente das outras que tinham uma tonalidade azul, essa era preta.
— E o que isso está fazendo aqui? — perguntei, não entendo o porquê do meu contrato de CEO da empresa estar ali. O pegava apenas uma vez no ano, sendo essa para renová-lo, o que não era o caso.
— Deve se lembrar de uma das cláusulas. — o peguei, abrindo e procurando algo que pudesse ter esquecido e quase que instantaneamente senti meu estômago gelar. Como aquela sensação de criança, quando anseia por algo. — O limite de renovações. Acredito que seja esse o motivo da reunião com seu pai mais tarde.
Não precisei procurar mais, como um flash me lembrei das exigências de meu pai para que assumisse o seu lugar e logo o prazo que ele havia me dado para cumpri-las. Fiz uma conta mental básica, lembrando que esse havia sido meu quinto ano no cargo e que após esses cinco anos, haveria uma nova votação para eleição. Inferno!
— Como eu pude esquecer disso? — foi muito mais pro meu consciente do que para minha secretária. Me estirei em minha poltrona, exausto e aflito com a situação, eu não podia ter me esquecido.
Eu sabia que esse dia chegaria, mas sempre adiei qualquer responsabilidade e procrastinei até onde consegui. Na esperança de que meu pai reconhecesse meu esforço e trabalho na empresa e me passasse a presidência por mérito próprio, sem que eu precisasse me dar a suas exigências estúpidas.
Eu vivi para aquela empresa, cresci vendo meu pai trabalhar para erguê-la e sempre soube que um dia assumiria o seu lugar. Ao menos era o que eu esperava. Toda a minha vida era voltada aos negócios da família, meus estudos, meus sacrifícios, tudo foi feito para que eu fosse o melhor. E eu era, nos últimos anos a Imobbile havia crescido estrondosamente, comigo aqui, conquistamos espaços inimagináveis. Mas eu sabia que nada disso era significativo o suficiente para meu pai se ele não tivesse uma garantia de que alguém continuaria o seu majestoso império.
Não haveria reconhecimento para mim ao menos que me casasse.
— Relaxa Justin. Seu pai não seria louco o suficiente. — Donna comentou, tirando seus óculos, a observei tentando me convencer com suas palavras.
— Só eu sei o quão louco meu pai pode ser.
— Eddie não é burro. Você fez a Imobbile crescer mais do que qualquer um nessa empresa poderia imaginar. — tentou me confortar, mas aquilo só me deixara mais tenso com a incerteza. Apesar dos anos de experiência e confidencialidade a empresa, Donna não tinha conhecimento sobre os critérios dele. E eu não sei até onde Thom seria capaz de ir, apenas para me convencer a fazer o que dissesse.
O som familiar do meu celular tocou, me fazendo imaginar quem estaria me ligando em horário de trabalho. Número desconhecido brilhava na tela, deslizei o dedo para o botão vermelho, recusando a ligação. Voltei ao documento a minha frente, pensando em algum jeito de escapar ou em bons argumentos, tentando me convencer que na pior das hipóteses haveria uma nova eleição e que eu era um forte candidato. É claro que eu era, aliás, o principal.
Antes que eu pudesse pedir que Donna fizesse um relatório e reunisse os principais documentos da empresa nos últimos cinco anos, meu celular tocou outra vez. Outra vez número desconhecido, o mesmo, recusei outra vez irritado. Provavelmente algum jornalista inconveniente em busca de uma manchete, sempre me perguntava como conseguiam meu número pessoal.
— Donna, quero que reúna os principais negócios feitos nos últimos anos, os principais contratos, meus maiores…
Por outra vez o barulho de chamado ecoou, me fazendo automaticamente pegar meu celular em cima da mesa. Com raiva o atendi, pronto para mandar pro inferno quem quer que fosse do outro lado da linha.
— Senhor Bieber? Falo em nome da Parades Magazine, meu nome é… — a voz feminina soou suave e um tanto simpática, mas antes que completasse sua saudação a interrompi:
— Como conseguiu meu número? Que seja, pare de me ligar, não vou dar nenhuma merda entrevista ou sessão de fotos para qualquer porra que você seja ou represente. Vá para o inferno! — esbravejei, sabendo que não deveria ter feito aquilo e também não me importando. Havia sido estúpido e certamente me lembraria disso quando me perguntasse o porquê da minha imagem de carrasco na mídia. Os jornalistas me odiavam e eu praticamente dava passe livre para isso, deveriam me agradecer por usar meu nome e ganhar seus salários em cima disso.
Minha secretária me olhava espantada, até mesmo, repreensiva. Donna me conhecia desde quando eu pudesse me lembrar, logo, nossa relação fugia dos parâmetros de empregado e empregador. Não que tivéssemos algum tipo de intimidade, céus, eu estava longe de ter algo com qualquer mulher, ainda mais com Donna, que tinha idade para ser minha mãe.
— Vou buscar um café para o senhor. — ela disse, saindo no objetivo de me deixar um pouco sozinho, me conhecendo bem a ponto de entender que era tudo o que eu precisava.
Fechei meus olhos e alinhei minha coluna, desencostando do estofado da cadeira, deixei que meus braços caíssem ao lado e respirei fundo, imitando um daqueles exercícios malucos de ansiedade, que, de algum jeito, davam certo. Tentando ao máximo me concentrar em meus movimentos respiratórios, esvaziei completamente minha mente, para reorganizar as coisas ali. Não poderia voltar a ter momentos de raiva como aquele.
Voltei a encarar o contrato a minha frente. O que eu faria agora?
Lembrei de minha última reflexão sobre o meu contrato e assumir a empresa ou não. E, há alguns meses, pensando em uma situação como essa, cheguei à conclusão de que os cinco anos naquela empresa a fizeram crescer e junto com ela, o meu nome também. De qualquer forma, não tinha muito o que se fazer, só Deus sabe o que se passava na cabeça de meu pai e quais suas decisões. Então qualquer que fosse sua decisão final eu precisaria absorver de boa forma, seria bom dar um tempo. Afinal mais cedo ou mais tarde ele iria ceder, ao menos era o que eu esperava.
Mas meu pai era imprevisível e parando um só segundo para imaginar minha vida sem essa empresa, vi que não tinha sentido algum. Não tinha nada externo ali, minha vida social não era muito animada e não tinha tantas companhias, já que escolhi ser assim, pela empresa. Toda a minha vida estava ali, na Imobille. Eu acordava todos os dias e me vestia para trabalhar, me alimentava para trabalhar e então ia trabalhar, chegando em casa eu pensava no que eu tinha que trabalhar e iria dormir pensando em trabalhar no próximo dia. Era a única coisa que eu sabia fazer.
— Donna, está liberada. —  disse a ela assim que colocou o café em minha mesa. — Preciso pensar e organizar algumas coisas, imagino que queira passar o ano novo com sua família, então pode ir. — expliquei e ela apenas assentiu com um sorriso mínimo.
— Obrigada Sr.Bieber. — agradeceu, recolhendo seu iPad em cima da mesa e antes que saísse completou. — Tenha um feliz ano novo.
“Assim espero”
Joguei a merda daquela pasta em cima da pilha de outras, cansado e pensando em mandar algum estagiário fazer isso por mim outro dia. Eram documento importantes e certamente eu teria que revê-los alguma hora, mas naquele momento minha cabeça estava a mil e eu não conseguiria me concentrar em mais nada.
Já era tarde e em menos de duas horas meu pai estaria aqui. E apesar de ainda ter um bom tempo até que ele chegasse, eu não consegui pensar em nada além da nossa futura conversa. Fiquei ali parado e olhando o tempo passar, tentando chegar em alguma conclusão ou argumento forte para ser usado. Mas não valia de nada, Jeremy era persuasivo e conseguiria me convencer a pular de um penhasco se fosse preciso.
Respirei fundo ao ver que, sabendo de sua pontualidade, ele estaria ali em menos de dez minutos. Levantei-me olhando o meu escritório e arrumando a bagunça em cima da minha mesa, Jeremy era perfeccionista o suficiente para me repreender até pela forma de me organizar o vestir. Concertei minhas mangas e voltei minha gravata já frouxa para o lugar.
— Imagino que saiba a razão dessa reunião. — — Digo, não é uma reunião, é um lembrete, quero saber o que você tem a dizer.
— Ainda acho loucura.
Senti meu celular vibrar dentro do bolso da calça, tirando pude ver a mensagem de Charles que acabara de chegar. Com tudo o que estava acontecendo, perdi completamente a noção da hora e me esqueci do maldito encontro a três que Charles tinha me convencido de ir. Ele estava saindo com uma mulher e para passar o ano novo com ela precisaria ir junto duas amigas. E como ótimo amigo que sou, aceitei ir em um encontro arranjado e ele ficar em paz com sua garota. E eu não estava nem um pouco animado em passar o resto da minha noite de ano novo com uma desconhecida, que eu teria que forçar estar interessado ou ser simpático.
Se passava das dez e não haveria tempo para passar em casa. Cansado e não fazendo questão de me arrumar, passei no banheiro de meu escritório, molhando meu rosto apenas para aliviar a expressão. Peguei meu paletó e o vesti, alinhando ao meu corpo, carreguei minha maleta e chaves para fora do escritório. As luzes estavam apagadas e a única coisa que iluminava ali era a luz do elevador. A essa hora as únicas pessoas ali, além de mim, eram os vigias e a pequena equipe de limpeza noturna.
O elevador logo chegou ao térreo, desativei o alarme do carro entrando nele e jogando minha maleta no banco de trás. Afrouxei minha gravata procurando ar e um pouco de calma, minha mente iria explodir. Estava incrivelmente ferrado, assinando a minha sentença. Que loucura era aquela? Eu teria que me casar com uma mulher, e pior, eu teria que convencê-la disso. Nem ao menos sabia por onde ou como começar.
Coloquei a chave na ignição e dei partida seguindo o caminho já conhecido. As ruas estavam um completo caos e era quase impossível dirigir sem atropelar alguém. Os turistas atravessavam na frente dos carros e por inúmeras vezes eu precisei frear bruscamente. A cidade estava realmente bonita, mais iluminada que o de costume, mas precisaria de muita coragem e disposição para enfrentar a multidão que corria para ver os fogos mais de perto.
Ainda mais difícil foi achar uma vaga para estacionar em frente ao The Top of the Standard, alguns metros mais à frente consegui uma vaga. Entrei no prédio e no andar de baixo já se podia escutar o jazz ser tocado, olhei meu relógio de pulso e eu estava claramente atrasado. Outro elevador a enfrentar, suspirei pesado me preparando psicologicamente para o que viria a seguir. Charles iria ter que me retribuir a altura pelo favor.
O lugar tinha luzes fechadas e quentes e antes que eu pudesse achar Charles senti sua mão em meu ombro.
— Achei que não viria. — ele parecia tenso, mas logo pareceu se tranquilizar com minha presença. — Você não abandona mesmo esse terno.
— Tive uma reunião com meu pai.
— Problemas? — perguntou ele, que mal esperou eu assentir. — Depois conversamos sobre isso, agora quero te apresentar a gata que está te esperando. — me empurrou com ridículos tapinhas no ombro. Acompanhando o seu olhar vi a garota loira com quem ele estava saindo e já havia me apresentado, Olivia, ao seu lado estava Patrick se jogando em cima de outra mulher loira e mais ao canto uma morena, que parecia extremamente focada no que a amiga envolvida nos braços de Patrick dizia. — Ei meninas, esse é meu amigo, Justin.
Olivia se levantou e me abraçou cumprimentando, perguntando brevemente como eu estava. Patrick se limitou a um aperto de mão e a mulher que o mesmo abraçava se apresentou como Hannah, me abraçando e deixando um beijo inocente em minha bochecha. E em nenhum momento Patrick moveu sua mão da cintura dela, quis rir daquilo percebendo o quão desesperado ele me parecia. Sem dúvidas, mais tarde ele a levaria para cama.
Continuando meu percurso foi a vez de cumprimentar minha acompanhante. Mais perto ela não parecia tão morena, poderia ver alguns fios dourados misturados aos castanhos, quase loiros. Ela então levantou o olhar, assim eu pude vê-la melhor. Seus olhos mais pareciam ser dois incríveis globos azuis e era como se eu já tivesse os vistos. Me forcei a tentar lembrar se a conhecia de algum lugar. Ela era bonita o suficiente para ser algum tipo de modelo e me conformei em imaginar que a conhecia de algum comercial ou outdoor.
— Prazer, Justin, Justin Bieber. — me apresentei a abraçando, não contendo a curiosidade em aspirar seu perfume. Ela sorriu com escárnio o que me fez franzir a testa, me perguntando o porquê daquele gesto simples.
— É, eu sei quem é você. Sou Sophie Moore… — disse ela suave e meu corpo ficou tenso ao absorver a informação de quem ela era. Se aproximou apertando minha mão e automaticamente a puxei para um abraço. — …ou melhor, qualquer porra. — sussurrou em meu ouvido e ao rebuscar aquilo na minha memória, entendi ao que ela se referia.
Eu havia batido o telefone na cara dela e pior, mandado ela ir para o inferno, a mulher a quem eu pretendia e precisava me casar.
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assexualfanfiction · 7 years
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Capítulo 1 - Inferno Empresarial
Último dia do ano, também popularmente conhecido como inferno empresarial. O ano se acabava, mas antes que isso pudesse ser feito havia milhares de relatórios a ser regidos e contratos a serem revistos. Para que a empresa não criasse atrasos e que o próximo ano fluísse, era necessário rever, minuciosamente, tudo o que havia sido feito naquele ano e voltar a arquivar toda aquela merda. E claro, tudo aquilo precisava ser passado pelo CEO da empresa, que, infelizmente nessa ocasião, o cargo era ocupado por mim.
O mês de dezembro parecia ter se encurtado, pois, apesar de todo trabalho ter começado em meados de novembro, ainda havia o que se fazer. Ao menos estava aliviado por todo o trabalho com o contador ter acabado. Os balanços haviam sido feitos e o resultado entre ativos e passivos anuais foram positivos, novamente. E eu não poderia deixar de me orgulhar daquilo.
Através da vidraça, poderia ver a grande transição de pessoas, em busca do melhor lugar para assistir à queima de fogos de Nova Iorque. Mesmo com o frio e a neve acumulada em alguns pontos, ainda assim tinham ânimo. Eu os invejava, gostaria de ter tanto tempo livre como eles, ou ao menos, saber utilizá-lo. Adorava meu trabalho, mas era a única coisa que eu sabia e tinha tempo para fazer. E aquilo me resultava em um vazio que eu tentava preencher com hobbies ou mais trabalho.
O pequeno intervalo de meia hora já havia acabado e como último consolo levei para o escritório outra caneca de café. Precisaria de muito mais cafeína para me manter alerta o restante do dia. Ainda havia alguns contratos para arquivar e mais tarde teria uma reunião com meu pai, a qual eu ainda me perguntava o motivo. Nunca fui um exemplo de boa memória, pra isso tinha uma secretária, mas eu nunca esquecia de reuniões com meu pai e não saber o motivo daquela estava tirando meu sossego. Afinal, havia uma hierarquia a ser respeitada e eu estava abaixo dele.
Passei por Donna acenando com a cabeça para me seguir até minha sala e assim terminar de ver aqueles malditos documentos. Ela muito provavelmente não estaria feliz também, já que a prendi até mais tarde para me ajudar com aquilo, mas bem, era pra isso que eu a pagava. Me joguei em minha cadeira, procurando algum conforto e foco para terminar de vez o trabalho. Bufei frustrado, imaginando nas inúmeras coisas que eu poderia estar fazendo fora daqui no momento.
— Calma Senhor Bieber. — Donna riu se acomodando na cadeira a minha frente. Acompanhei rindo desanimado, imaginando que ela também teria formas melhores de passar o feriado. Talvez cuidando de sua família, mas sem culpa, até porque ela era paga para isso.
Fiquei aliviado em ver as pastas em uma pilha menor que as de hoje cedo e não demorou muito para acabar com elas. Donna resumia do que se tratava cada uma, eu por vez avaliava alguns pontos, pedia que ela anotasse algo a me lembrar, mas na maioria das vezes apenas voltava as pastas para o seu lugar. Funcionando apenas para me alertar de que elas estavam ali.
— Essa é sobre o seu contrato. — apontou para a próxima pasta que diferente das outras que tinham uma tonalidade azul, essa era preta.
— E o que isso está fazendo aqui? — perguntei, não entendo o porquê do meu contrato de CEO da empresa estar ali. O pegava apenas uma vez no ano, sendo essa para renová-lo, o que não era o caso.
— Deve se lembrar de uma das cláusulas. — o peguei, abrindo e procurando algo que pudesse ter esquecido e quase que instantaneamente senti meu estômago gelar. Como aquela sensação de criança, quando anseia por algo. — O limite de renovações. Acredito que seja esse o motivo da reunião com seu pai mais tarde.
Não precisei procurar mais, como um flash me lembrei das exigências de meu pai para que assumisse o seu lugar e logo o prazo que ele havia me dado para cumpri-las. Fiz uma conta mental básica, lembrando que esse havia sido meu quinto ano no cargo e que após esses cinco anos, haveria uma nova votação para eleição. Inferno!
— Como eu pude esquecer disso? — foi muito mais pro meu consciente do que para minha secretária. Me estirei em minha poltrona, exausto e aflito com a situação, eu não podia ter me esquecido.
Eu sabia que esse dia chegaria, mas sempre adiei qualquer responsabilidade e procrastinei até onde consegui. Na esperança de que meu pai reconhecesse meu esforço e trabalho na empresa e me passasse a presidência por mérito próprio, sem que eu precisasse me dar a suas exigências estúpidas.
Eu vivi para aquela empresa, cresci vendo meu pai trabalhar para erguê-la e sempre soube que um dia assumiria o seu lugar. Ao menos era o que eu esperava. Toda a minha vida era voltada aos negócios da família, meus estudos, meus sacrifícios, tudo foi feito para que eu fosse o melhor. E eu era, nos últimos anos a Imobbile havia crescido estrondosamente, comigo aqui, conquistamos espaços inimagináveis. Mas eu sabia que nada disso era significativo o suficiente para meu pai se ele não tivesse uma garantia de que alguém continuaria o seu majestoso império.
Não haveria reconhecimento para mim ao menos que me casasse.
— Relaxa Justin. Seu pai não seria louco o suficiente. — Donna comentou, tirando seus óculos, a observei tentando me convencer com suas palavras.
— Só eu sei o quão louco meu pai pode ser.
— Eddie não é burro. Você fez a Imobbile crescer mais do que qualquer um nessa empresa poderia imaginar. — tentou me confortar, mas aquilo só me deixara mais tenso com a incerteza. Apesar dos anos de experiência e confidencialidade a empresa, Donna não tinha conhecimento sobre os critérios dele. E eu não sei até onde Thom seria capaz de ir, apenas para me convencer a fazer o que dissesse.
O som familiar do meu celular tocou, me fazendo imaginar quem estaria me ligando em horário de trabalho. Número desconhecido brilhava na tela, deslizei o dedo para o botão vermelho, recusando a ligação. Voltei ao documento a minha frente, pensando em algum jeito de escapar ou em bons argumentos, tentando me convencer que na pior das hipóteses haveria uma nova eleição e que eu era um forte candidato. É claro que eu era, aliás, o principal.
Antes que eu pudesse pedir que Donna fizesse um relatório e reunisse os principais documentos da empresa nos últimos cinco anos, meu celular tocou outra vez. Outra vez número desconhecido, o mesmo, recusei outra vez irritado. Provavelmente algum jornalista inconveniente em busca de uma manchete, sempre me perguntava como conseguiam meu número pessoal.
— Donna, quero que reúna os principais negócios feitos nos últimos anos, os principais contratos, meus maiores…
Por outra vez o barulho de chamado ecoou, me fazendo automaticamente pegar meu celular em cima da mesa. Com raiva o atendi, pronto para mandar pro inferno quem quer que fosse do outro lado da linha.
— Senhor Bieber? Falo em nome da Parades Magazine, meu nome é… — a voz feminina soou suave e um tanto simpática, mas antes que completasse sua saudação a interrompi:
— Como conseguiu meu número? Que seja, pare de me ligar, não vou dar nenhuma merda entrevista ou sessão de fotos para qualquer porra que você seja ou represente. Vá para o inferno! — esbravejei, sabendo que não deveria ter feito aquilo e também não me importando. Havia sido estúpido e certamente me lembraria disso quando me perguntasse o porquê da minha imagem de carrasco na mídia. Os jornalistas me odiavam e eu praticamente dava passe livre para isso, deveriam me agradecer por usar meu nome e ganhar seus salários em cima disso.
Minha secretária me olhava espantada, até mesmo, repreensiva. Donna me conhecia desde quando eu pudesse me lembrar, logo, nossa relação fugia dos parâmetros de empregado e empregador. Não que tivéssemos algum tipo de intimidade, céus, eu estava longe de ter algo com qualquer mulher, ainda mais com Donna, que tinha idade para ser minha mãe.
— Vou buscar um café para o senhor. — ela disse, saindo no objetivo de me deixar um pouco sozinho, me conhecendo bem a ponto de entender que era tudo o que eu precisava.
Fechei meus olhos e alinhei minha coluna, desencostando do estofado da cadeira, deixei que meus braços caíssem ao lado e respirei fundo, imitando um daqueles exercícios malucos de ansiedade, que, de algum jeito, davam certo. Tentando ao máximo me concentrar em meus movimentos respiratórios, esvaziei completamente minha mente, para reorganizar as coisas ali. Não poderia voltar a ter momentos de raiva como aquele.
Voltei a encarar o contrato a minha frente. O que eu faria agora?
Lembrei de minha última reflexão sobre o meu contrato e assumir a empresa ou não. E, há alguns meses, pensando em uma situação como essa, cheguei à conclusão de que os cinco anos naquela empresa a fizeram crescer e junto com ela, o meu nome também. De qualquer forma, não tinha muito o que se fazer, só Deus sabe o que se passava na cabeça de meu pai e quais suas decisões. Então qualquer que fosse sua decisão final eu precisaria absorver de boa forma, seria bom dar um tempo. Afinal mais cedo ou mais tarde ele iria ceder, ao menos era o que eu esperava.
Mas meu pai era imprevisível e parando um só segundo para imaginar minha vida sem essa empresa, vi que não tinha sentido algum. Não tinha nada externo ali, minha vida social não era muito animada e não tinha tantas companhias, já que escolhi ser assim, pela empresa. Toda a minha vida estava ali, na Imobille. Eu acordava todos os dias e me vestia para trabalhar, me alimentava para trabalhar e então ia trabalhar, chegando em casa eu pensava no que eu tinha que trabalhar e iria dormir pensando em trabalhar no próximo dia. Era a única coisa que eu sabia fazer.
— Donna, está liberada. —  disse a ela assim que colocou o café em minha mesa. — Preciso pensar e organizar algumas coisas, imagino que queira passar o ano novo com sua família, então pode ir. — expliquei e ela apenas assentiu com um sorriso mínimo.
— Obrigada Sr.Bieber. — agradeceu, recolhendo seu iPad em cima da mesa e antes que saísse completou. — Tenha um feliz ano novo.
“Assim espero”
Joguei a merda daquela pasta em cima da pilha de outras, cansado e pensando em mandar algum estagiário fazer isso por mim outro dia. Eram documento importantes e certamente eu teria que revê-los alguma hora, mas naquele momento minha cabeça estava a mil e eu não conseguiria me concentrar em mais nada.
Já era tarde e em menos de duas horas meu pai estaria aqui. E apesar de ainda ter um bom tempo até que ele chegasse, eu não consegui pensar em nada além da nossa futura conversa. Fiquei ali parado e olhando o tempo passar, tentando chegar em alguma conclusão ou argumento forte para ser usado. Mas não valia de nada, Jeremy era persuasivo e conseguiria me convencer a pular de um penhasco se fosse preciso.
Respirei fundo ao ver que, sabendo de sua pontualidade, ele estaria ali em menos de dez minutos. Levantei-me olhando o meu escritório e arrumando a bagunça em cima da minha mesa, Jeremy era perfeccionista o suficiente para me repreender até pela forma de me organizar o vestir. Concertei minhas mangas e voltei minha gravata já frouxa para o lugar.
— Imagino que saiba a razão dessa reunião. — — Digo, não é uma reunião, é um lembrete, quero saber o que você tem a dizer.
— Ainda acho loucura.
Senti meu celular vibrar dentro do bolso da calça, tirando pude ver a mensagem de Charles que acabara de chegar. Com tudo o que estava acontecendo, perdi completamente a noção da hora e me esqueci do maldito encontro a três que Charles tinha me convencido de ir. Ele estava saindo com uma mulher e para passar o ano novo com ela precisaria ir junto duas amigas. E como ótimo amigo que sou, aceitei ir em um encontro arranjado e ele ficar em paz com sua garota. E eu não estava nem um pouco animado em passar o resto da minha noite de ano novo com uma desconhecida, que eu teria que forçar estar interessado ou ser simpático.
Se passava das dez e não haveria tempo para passar em casa. Cansado e não fazendo questão de me arrumar, passei no banheiro de meu escritório, molhando meu rosto apenas para aliviar a expressão. Peguei meu paletó e o vesti, alinhando ao meu corpo, carreguei minha maleta e chaves para fora do escritório. As luzes estavam apagadas e a única coisa que iluminava ali era a luz do elevador. A essa hora as únicas pessoas ali, além de mim, eram os vigias e a pequena equipe de limpeza noturna.
O elevador logo chegou ao térreo, desativei o alarme do carro entrando nele e jogando minha maleta no banco de trás. Afrouxei minha gravata procurando ar e um pouco de calma, minha mente iria explodir. Estava incrivelmente ferrado, assinando a minha sentença. Que loucura era aquela? Eu teria que me casar com uma mulher, e pior, eu teria que convencê-la disso. Nem ao menos sabia por onde ou como começar.
Coloquei a chave na ignição e dei partida seguindo o caminho já conhecido. As ruas estavam um completo caos e era quase impossível dirigir sem atropelar alguém. Os turistas atravessavam na frente dos carros e por inúmeras vezes eu precisei frear bruscamente. A cidade estava realmente bonita, mais iluminada que o de costume, mas precisaria de muita coragem e disposição para enfrentar a multidão que corria para ver os fogos mais de perto.
Ainda mais difícil foi achar uma vaga para estacionar em frente ao The Top of the Standard, alguns metros mais à frente consegui uma vaga. Entrei no prédio e no andar de baixo já se podia escutar o jazz ser tocado, olhei meu relógio de pulso e eu estava claramente atrasado. Outro elevador a enfrentar, suspirei pesado me preparando psicologicamente para o que viria a seguir. Charles iria ter que me retribuir a altura pelo favor.
O lugar tinha luzes fechadas e quentes e antes que eu pudesse achar Charles senti sua mão em meu ombro.
— Achei que não viria. — ele parecia tenso, mas logo pareceu se tranquilizar com minha presença. — Você não abandona mesmo esse terno.
— Tive uma reunião com meu pai.
— Problemas? — perguntou ele, que mal esperou eu assentir. — Depois conversamos sobre isso, agora quero te apresentar a gata que está te esperando. — me empurrou com ridículos tapinhas no ombro. Acompanhando o seu olhar vi a garota loira com quem ele estava saindo e já havia me apresentado, Olivia, ao seu lado estava Patrick se jogando em cima de outra mulher loira e mais ao canto uma morena, que parecia extremamente focada no que a amiga envolvida nos braços de Patrick dizia. — Ei meninas, esse é meu amigo, Justin.
Olivia se levantou e me abraçou cumprimentando, perguntando brevemente como eu estava. Patrick se limitou a um aperto de mão e a mulher que o mesmo abraçava se apresentou como Hannah, me abraçando e deixando um beijo inocente em minha bochecha. E em nenhum momento Patrick moveu sua mão da cintura dela, quis rir daquilo percebendo o quão desesperado ele me parecia. Sem dúvidas, mais tarde ele a levaria para cama.
Continuando meu percurso foi a vez de cumprimentar minha acompanhante. Mais perto ela não parecia tão morena, poderia ver alguns fios dourados misturados aos castanhos, quase loiros. Ela então levantou o olhar, assim eu pude vê-la melhor. Seus olhos mais pareciam ser dois incríveis globos azuis e era como se eu já tivesse os vistos. Me forcei a tentar lembrar se a conhecia de algum lugar. Ela era bonita o suficiente para ser algum tipo de modelo e me conformei em imaginar que a conhecia de algum comercial ou outdoor.
— Prazer, Justin, Justin Bieber. — me apresentei a abraçando, não contendo a curiosidade em aspirar seu perfume. Ela sorriu com escárnio o que me fez franzir a testa, me perguntando o porquê daquele gesto simples.
— É, eu sei quem é você. Sou Sophie Moore… — disse ela suave e meu corpo ficou tenso ao absorver a informação de quem ela era. Se aproximou apertando minha mão e automaticamente a puxei para um abraço. — …ou melhor, qualquer porra. — sussurrou em meu ouvido e ao rebuscar aquilo na minha memória, entendi ao que ela se referia.
Eu havia batido o telefone na cara dela e pior, mandado ela ir para o inferno, a mulher a quem eu pretendia e precisava me casar.
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Capítulo 1 - Inferno Empresarial
Último dia do ano, também popularmente conhecido como inferno empresarial. O ano se acabava, mas antes que isso pudesse ser feito havia milhares de relatórios a ser regidos e contratos a serem revistos. Para que a empresa não criasse atrasos e que o próximo ano fluísse, era necessário rever, minuciosamente, tudo o que havia sido feito naquele ano e voltar a arquivar toda aquela merda. E claro, tudo aquilo precisava ser passado pelo CEO da empresa, que, infelizmente nessa ocasião, o cargo era ocupado por mim.
O mês de dezembro parecia ter se encurtado, pois, apesar de todo trabalho ter começado em meados de novembro, ainda havia o que se fazer. Ao menos estava aliviado por todo o trabalho com o contador ter acabado. Os balanços haviam sido feitos e o resultado entre ativos e passivos anuais foram positivos, novamente. E eu não poderia deixar de me orgulhar daquilo.
Através da vidraça, poderia ver a grande transição de pessoas, em busca do melhor lugar para assistir à queima de fogos de Nova Iorque. Mesmo com o frio e a neve acumulada em alguns pontos, ainda assim tinham ânimo. Eu os invejava, gostaria de ter tanto tempo livre como eles, ou ao menos, saber utilizá-lo. Adorava meu trabalho, mas era a única coisa que eu sabia e tinha tempo para fazer. E aquilo me resultava em um vazio que eu tentava preencher com hobbies ou mais trabalho.
O pequeno intervalo de meia hora já havia acabado e como último consolo levei para o escritório outra caneca de café. Precisaria de muito mais cafeína para me manter alerta o restante do dia. Ainda havia alguns contratos para arquivar e mais tarde teria uma reunião com meu pai, a qual eu ainda me perguntava o motivo. Nunca fui um exemplo de boa memória, pra isso tinha uma secretária, mas eu nunca esquecia de reuniões com meu pai e não saber o motivo daquela estava tirando meu sossego. Afinal, havia uma hierarquia a ser respeitada e eu estava abaixo dele.
Passei por Donna acenando com a cabeça para me seguir até minha sala e assim terminar de ver aqueles malditos documentos. Ela muito provavelmente não estaria feliz também, já que a prendi até mais tarde para me ajudar com aquilo, mas bem, era pra isso que eu a pagava. Me joguei em minha cadeira, procurando algum conforto e foco para terminar de vez o trabalho. Bufei frustrado, imaginando nas inúmeras coisas que eu poderia estar fazendo fora daqui no momento.
— Calma Senhor Bieber. — Donna riu se acomodando na cadeira a minha frente. Acompanhei rindo desanimado, imaginando que ela também teria formas melhores de passar o feriado. Talvez cuidando de sua família, mas sem culpa, até porque ela era paga para isso.
Fiquei aliviado em ver as pastas em uma pilha menor que as de hoje cedo e não demorou muito para acabar com elas. Donna resumia do que se tratava cada uma, eu por vez avaliava alguns pontos, pedia que ela anotasse algo a me lembrar, mas na maioria das vezes apenas voltava as pastas para o seu lugar. Funcionando apenas para me alertar de que elas estavam ali.
— Essa é sobre o seu contrato. — apontou para a próxima pasta que diferente das outras que tinham uma tonalidade azul, essa era preta.
— E o que isso está fazendo aqui? — perguntei, não entendo o porquê do meu contrato de CEO da empresa estar ali. O pegava apenas uma vez no ano, sendo essa para renová-lo, o que não era o caso.
— Deve se lembrar de uma das cláusulas. — o peguei, abrindo e procurando algo que pudesse ter esquecido e quase que instantaneamente senti meu estômago gelar. Como aquela sensação de criança, quando anseia por algo. — O limite de renovações. Acredito que seja esse o motivo da reunião com seu pai mais tarde.
Não precisei procurar mais, como um flash me lembrei das exigências de meu pai para que assumisse o seu lugar e logo o prazo que ele havia me dado para cumpri-las. Fiz uma conta mental básica, lembrando que esse havia sido meu quinto ano no cargo e que após esses cinco anos, haveria uma nova votação para eleição. Inferno!
— Como eu pude esquecer disso? — foi muito mais pro meu consciente do que para minha secretária. Me estirei em minha poltrona, exausto e aflito com a situação, eu não podia ter me esquecido.
Eu sabia que esse dia chegaria, mas sempre adiei qualquer responsabilidade e procrastinei até onde consegui. Na esperança de que meu pai reconhecesse meu esforço e trabalho na empresa e me passasse a presidência por mérito próprio, sem que eu precisasse me dar a suas exigências estúpidas.
Eu vivi para aquela empresa, cresci vendo meu pai trabalhar para erguê-la e sempre soube que um dia assumiria o seu lugar. Ao menos era o que eu esperava. Toda a minha vida era voltada aos negócios da família, meus estudos, meus sacrifícios, tudo foi feito para que eu fosse o melhor. E eu era, nos últimos anos a Imobbile havia crescido estrondosamente, comigo aqui, conquistamos espaços inimagináveis. Mas eu sabia que nada disso era significativo o suficiente para meu pai se ele não tivesse uma garantia de que alguém continuaria o seu majestoso império.
Não haveria reconhecimento para mim ao menos que me casasse.
— Relaxa Justin. Seu pai não seria louco o suficiente. — Donna comentou, tirando seus óculos, a observei tentando me convencer com suas palavras.
— Só eu sei o quão louco meu pai pode ser.
— Eddie não é burro. Você fez a Imobbile crescer mais do que qualquer um nessa empresa poderia imaginar. — tentou me confortar, mas aquilo só me deixara mais tenso com a incerteza. Apesar dos anos de experiência e confidencialidade a empresa, Donna não tinha conhecimento sobre os critérios dele. E eu não sei até onde Thom seria capaz de ir, apenas para me convencer a fazer o que dissesse.
O som familiar do meu celular tocou, me fazendo imaginar quem estaria me ligando em horário de trabalho. Número desconhecido brilhava na tela, deslizei o dedo para o botão vermelho, recusando a ligação. Voltei ao documento a minha frente, pensando em algum jeito de escapar ou em bons argumentos, tentando me convencer que na pior das hipóteses haveria uma nova eleição e que eu era um forte candidato. É claro que eu era, aliás, o principal.
Antes que eu pudesse pedir que Donna fizesse um relatório e reunisse os principais documentos da empresa nos últimos cinco anos, meu celular tocou outra vez. Outra vez número desconhecido, o mesmo, recusei outra vez irritado. Provavelmente algum jornalista inconveniente em busca de uma manchete, sempre me perguntava como conseguiam meu número pessoal.
— Donna, quero que reúna os principais negócios feitos nos últimos anos, os principais contratos, meus maiores…
Por outra vez o barulho de chamado ecoou, me fazendo automaticamente pegar meu celular em cima da mesa. Com raiva o atendi, pronto para mandar pro inferno quem quer que fosse do outro lado da linha.
— Senhor Bieber? Falo em nome da Parades Magazine, meu nome é… — a voz feminina soou suave e um tanto simpática, mas antes que completasse sua saudação a interrompi:
— Como conseguiu meu número? Que seja, pare de me ligar, não vou dar nenhuma merda entrevista ou sessão de fotos para qualquer porra que você seja ou represente. Vá para o inferno! — esbravejei, sabendo que não deveria ter feito aquilo e também não me importando. Havia sido estúpido e certamente me lembraria disso quando me perguntasse o porquê da minha imagem de carrasco na mídia. Os jornalistas me odiavam e eu praticamente dava passe livre para isso, deveriam me agradecer por usar meu nome e ganhar seus salários em cima disso.
Minha secretária me olhava espantada, até mesmo, repreensiva. Donna me conhecia desde quando eu pudesse me lembrar, logo, nossa relação fugia dos parâmetros de empregado e empregador. Não que tivéssemos algum tipo de intimidade, céus, eu estava longe de ter algo com qualquer mulher, ainda mais com Donna, que tinha idade para ser minha mãe.
— Vou buscar um café para o senhor. — ela disse, saindo no objetivo de me deixar um pouco sozinho, me conhecendo bem a ponto de entender que era tudo o que eu precisava.
Fechei meus olhos e alinhei minha coluna, desencostando do estofado da cadeira, deixei que meus braços caíssem ao lado e respirei fundo, imitando um daqueles exercícios malucos de ansiedade, que, de algum jeito, davam certo. Tentando ao máximo me concentrar em meus movimentos respiratórios, esvaziei completamente minha mente, para reorganizar as coisas ali. Não poderia voltar a ter momentos de raiva como aquele.
Voltei a encarar o contrato a minha frente. O que eu faria agora?
Lembrei de minha última reflexão sobre o meu contrato e assumir a empresa ou não. E, há alguns meses, pensando em uma situação como essa, cheguei à conclusão de que os cinco anos naquela empresa a fizeram crescer e junto com ela, o meu nome também. De qualquer forma, não tinha muito o que se fazer, só Deus sabe o que se passava na cabeça de meu pai e quais suas decisões. Então qualquer que fosse sua decisão final eu precisaria absorver de boa forma, seria bom dar um tempo. Afinal mais cedo ou mais tarde ele iria ceder, ao menos era o que eu esperava.
Mas meu pai era imprevisível e parando um só segundo para imaginar minha vida sem essa empresa, vi que não tinha sentido algum. Não tinha nada externo ali, minha vida social não era muito animada e não tinha tantas companhias, já que escolhi ser assim, pela empresa. Toda a minha vida estava ali, na Imobille. Eu acordava todos os dias e me vestia para trabalhar, me alimentava para trabalhar e então ia trabalhar, chegando em casa eu pensava no que eu tinha que trabalhar e iria dormir pensando em trabalhar no próximo dia. Era a única coisa que eu sabia fazer.
— Donna, está liberada. —  disse a ela assim que colocou o café em minha mesa. — Preciso pensar e organizar algumas coisas, imagino que queira passar o ano novo com sua família, então pode ir. — expliquei e ela apenas assentiu com um sorriso mínimo.
— Obrigada Sr.Bieber. — agradeceu, recolhendo seu iPad em cima da mesa e antes que saísse completou. — Tenha um feliz ano novo.
“Assim espero”
Joguei a merda daquela pasta em cima da pilha de outras, cansado e pensando em mandar algum estagiário fazer isso por mim outro dia. Eram documento importantes e certamente eu teria que revê-los alguma hora, mas naquele momento minha cabeça estava a mil e eu não conseguiria me concentrar em mais nada.
Já era tarde e em menos de duas horas meu pai estaria aqui. E apesar de ainda ter um bom tempo até que ele chegasse, eu não consegui pensar em nada além da nossa futura conversa. Fiquei ali parado e olhando o tempo passar, tentando chegar em alguma conclusão ou argumento forte para ser usado. Mas não valia de nada, Jeremy era persuasivo e conseguiria me convencer a pular de um penhasco se fosse preciso.
Respirei fundo ao ver que, sabendo de sua pontualidade, ele estaria ali em menos de dez minutos. Levantei-me olhando o meu escritório e arrumando a bagunça em cima da minha mesa, Jeremy era perfeccionista o suficiente para me repreender até pela forma de me organizar o vestir. Concertei minhas mangas e voltei minha gravata já frouxa para o lugar.
— Imagino que saiba a razão dessa reunião. — — Digo, não é uma reunião, é um lembrete, quero saber o que você tem a dizer.
— Ainda acho loucura.
Senti meu celular vibrar dentro do bolso da calça, tirando pude ver a mensagem de Charles que acabara de chegar. Com tudo o que estava acontecendo, perdi completamente a noção da hora e me esqueci do maldito encontro a três que Charles tinha me convencido de ir. Ele estava saindo com uma mulher e para passar o ano novo com ela precisaria ir junto duas amigas. E como ótimo amigo que sou, aceitei ir em um encontro arranjado e ele ficar em paz com sua garota. E eu não estava nem um pouco animado em passar o resto da minha noite de ano novo com uma desconhecida, que eu teria que forçar estar interessado ou ser simpático.
Se passava das dez e não haveria tempo para passar em casa. Cansado e não fazendo questão de me arrumar, passei no banheiro de meu escritório, molhando meu rosto apenas para aliviar a expressão. Peguei meu paletó e o vesti, alinhando ao meu corpo, carreguei minha maleta e chaves para fora do escritório. As luzes estavam apagadas e a única coisa que iluminava ali era a luz do elevador. A essa hora as únicas pessoas ali, além de mim, eram os vigias e a pequena equipe de limpeza noturna.
O elevador logo chegou ao térreo, desativei o alarme do carro entrando nele e jogando minha maleta no banco de trás. Afrouxei minha gravata procurando ar e um pouco de calma, minha mente iria explodir. Estava incrivelmente ferrado, assinando a minha sentença. Que loucura era aquela? Eu teria que me casar com uma mulher, e pior, eu teria que convencê-la disso. Nem ao menos sabia por onde ou como começar.
Coloquei a chave na ignição e dei partida seguindo o caminho já conhecido. As ruas estavam um completo caos e era quase impossível dirigir sem atropelar alguém. Os turistas atravessavam na frente dos carros e por inúmeras vezes eu precisei frear bruscamente. A cidade estava realmente bonita, mais iluminada que o de costume, mas precisaria de muita coragem e disposição para enfrentar a multidão que corria para ver os fogos mais de perto.
Ainda mais difícil foi achar uma vaga para estacionar em frente ao The Top of the Standard, alguns metros mais à frente consegui uma vaga. Entrei no prédio e no andar de baixo já se podia escutar o jazz ser tocado, olhei meu relógio de pulso e eu estava claramente atrasado. Outro elevador a enfrentar, suspirei pesado me preparando psicologicamente para o que viria a seguir. Charles iria ter que me retribuir a altura pelo favor.
O lugar tinha luzes fechadas e quentes e antes que eu pudesse achar Charles senti sua mão em meu ombro.
— Achei que não viria. — ele parecia tenso, mas logo pareceu se tranquilizar com minha presença. — Você não abandona mesmo esse terno.
— Tive uma reunião com meu pai.
— Problemas? — perguntou ele, que mal esperou eu assentir. — Depois conversamos sobre isso, agora quero te apresentar a gata que está te esperando. — me empurrou com ridículos tapinhas no ombro. Acompanhando o seu olhar vi a garota loira com quem ele estava saindo e já havia me apresentado, Olivia, ao seu lado estava Patrick se jogando em cima de outra mulher loira e mais ao canto uma morena, que parecia extremamente focada no que a amiga envolvida nos braços de Patrick dizia. — Ei meninas, esse é meu amigo, Justin.
Olivia se levantou e me abraçou cumprimentando, perguntando brevemente como eu estava. Patrick se limitou a um aperto de mão e a mulher que o mesmo abraçava se apresentou como Hannah, me abraçando e deixando um beijo inocente em minha bochecha. E em nenhum momento Patrick moveu sua mão da cintura dela, quis rir daquilo percebendo o quão desesperado ele me parecia. Sem dúvidas, mais tarde ele a levaria para cama.
Continuando meu percurso foi a vez de cumprimentar minha acompanhante. Mais perto ela não parecia tão morena, poderia ver alguns fios dourados misturados aos castanhos, quase loiros. Ela então levantou o olhar, assim eu pude vê-la melhor. Seus olhos mais pareciam ser dois incríveis globos azuis e era como se eu já tivesse os vistos. Me forcei a tentar lembrar se a conhecia de algum lugar. Ela era bonita o suficiente para ser algum tipo de modelo e me conformei em imaginar que a conhecia de algum comercial ou outdoor.
— Prazer, Justin, Justin Bieber. — me apresentei a abraçando, não contendo a curiosidade em aspirar seu perfume. Ela sorriu com escárnio o que me fez franzir a testa, me perguntando o porquê daquele gesto simples.
— É, eu sei quem é você. Sou Sophie Moore… — disse ela suave e meu corpo ficou tenso ao absorver a informação de quem ela era. Se aproximou apertando minha mão e automaticamente a puxei para um abraço. — …ou melhor, qualquer porra. — sussurrou em meu ouvido e ao rebuscar aquilo na minha memória, entendi ao que ela se referia.
Eu havia batido o telefone na cara dela e pior, mandado ela ir para o inferno, a mulher a quem eu pretendia e precisava me casar.
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Capítulo 1 - Inferno Empresarial
Último dia do ano, também popularmente conhecido como inferno empresarial. O ano se acabava, mas antes que isso pudesse ser feito havia milhares de relatórios a ser regidos e contratos a serem revistos. Para que a empresa não criasse atrasos e que o próximo ano fluísse, era necessário rever, minuciosamente, tudo o que havia sido feito naquele ano e voltar a arquivar toda aquela merda. E claro, tudo aquilo precisava ser passado pelo CEO da empresa, que, infelizmente nessa ocasião, o cargo era ocupado por mim.
O mês de dezembro parecia ter se encurtado, pois, apesar de todo trabalho ter começado em meados de novembro, ainda havia o que se fazer. Ao menos estava aliviado por todo o trabalho com o contador ter acabado. Os balanços haviam sido feitos e o resultado entre ativos e passivos anuais foram positivos, novamente. E eu não poderia deixar de me orgulhar daquilo.
Através da vidraça, poderia ver a grande transição de pessoas, em busca do melhor lugar para assistir à queima de fogos de Nova Iorque. Mesmo com o frio e a neve acumulada em alguns pontos, ainda assim tinham ânimo. Eu os invejava, gostaria de ter tanto tempo livre como eles, ou ao menos, saber utilizá-lo. Adorava meu trabalho, mas era a única coisa que eu sabia e tinha tempo para fazer. E aquilo me resultava em um vazio que eu tentava preencher com hobbies ou mais trabalho.
O pequeno intervalo de meia hora já havia acabado e como último consolo levei para o escritório outra caneca de café. Precisaria de muito mais cafeína para me manter alerta o restante do dia. Ainda havia alguns contratos para arquivar e mais tarde teria uma reunião com meu pai, a qual eu ainda me perguntava o motivo. Nunca fui um exemplo de boa memória, pra isso tinha uma secretária, mas eu nunca esquecia de reuniões com meu pai e não saber o motivo daquela estava tirando meu sossego. Afinal, havia uma hierarquia a ser respeitada e eu estava abaixo dele.
Passei por Donna acenando com a cabeça para me seguir até minha sala e assim terminar de ver aqueles malditos documentos. Ela muito provavelmente não estaria feliz também, já que a prendi até mais tarde para me ajudar com aquilo, mas bem, era pra isso que eu a pagava. Me joguei em minha cadeira, procurando algum conforto e foco para terminar de vez o trabalho. Bufei frustrado, imaginando nas inúmeras coisas que eu poderia estar fazendo fora daqui no momento.
— Calma Senhor Bieber. — Donna riu se acomodando na cadeira a minha frente. Acompanhei rindo desanimado, imaginando que ela também teria formas melhores de passar o feriado. Talvez cuidando de sua família, mas sem culpa, até porque ela era paga para isso.
Fiquei aliviado em ver as pastas em uma pilha menor que as de hoje cedo e não demorou muito para acabar com elas. Donna resumia do que se tratava cada uma, eu por vez avaliava alguns pontos, pedia que ela anotasse algo a me lembrar, mas na maioria das vezes apenas voltava as pastas para o seu lugar. Funcionando apenas para me alertar de que elas estavam ali.
— Essa é sobre o seu contrato. — apontou para a próxima pasta que diferente das outras que tinham uma tonalidade azul, essa era preta.
— E o que isso está fazendo aqui? — perguntei, não entendo o porquê do meu contrato de CEO da empresa estar ali. O pegava apenas uma vez no ano, sendo essa para renová-lo, o que não era o caso.
— Deve se lembrar de uma das cláusulas. — o peguei, abrindo e procurando algo que pudesse ter esquecido e quase que instantaneamente senti meu estômago gelar. Como aquela sensação de criança, quando anseia por algo. — O limite de renovações. Acredito que seja esse o motivo da reunião com seu pai mais tarde.
Não precisei procurar mais, como um flash me lembrei das exigências de meu pai para que assumisse o seu lugar e logo o prazo que ele havia me dado para cumpri-las. Fiz uma conta mental básica, lembrando que esse havia sido meu quinto ano no cargo e que após esses cinco anos, haveria uma nova votação para eleição. Inferno!
— Como eu pude esquecer disso? — foi muito mais pro meu consciente do que para minha secretária. Me estirei em minha poltrona, exausto e aflito com a situação, eu não podia ter me esquecido.
Eu sabia que esse dia chegaria, mas sempre adiei qualquer responsabilidade e procrastinei até onde consegui. Na esperança de que meu pai reconhecesse meu esforço e trabalho na empresa e me passasse a presidência por mérito próprio, sem que eu precisasse me dar a suas exigências estúpidas.
Eu vivi para aquela empresa, cresci vendo meu pai trabalhar para erguê-la e sempre soube que um dia assumiria o seu lugar. Ao menos era o que eu esperava. Toda a minha vida era voltada aos negócios da família, meus estudos, meus sacrifícios, tudo foi feito para que eu fosse o melhor. E eu era, nos últimos anos a Imobbile havia crescido estrondosamente, comigo aqui, conquistamos espaços inimagináveis. Mas eu sabia que nada disso era significativo o suficiente para meu pai se ele não tivesse uma garantia de que alguém continuaria o seu majestoso império.
Não haveria reconhecimento para mim ao menos que me casasse.
— Relaxa Justin. Seu pai não seria louco o suficiente. — Donna comentou, tirando seus óculos, a observei tentando me convencer com suas palavras.
— Só eu sei o quão louco meu pai pode ser.
— Eddie não é burro. Você fez a Imobbile crescer mais do que qualquer um nessa empresa poderia imaginar. — tentou me confortar, mas aquilo só me deixara mais tenso com a incerteza. Apesar dos anos de experiência e confidencialidade a empresa, Donna não tinha conhecimento sobre os critérios dele. E eu não sei até onde Thom seria capaz de ir, apenas para me convencer a fazer o que dissesse.
O som familiar do meu celular tocou, me fazendo imaginar quem estaria me ligando em horário de trabalho. Número desconhecido brilhava na tela, deslizei o dedo para o botão vermelho, recusando a ligação. Voltei ao documento a minha frente, pensando em algum jeito de escapar ou em bons argumentos, tentando me convencer que na pior das hipóteses haveria uma nova eleição e que eu era um forte candidato. É claro que eu era, aliás, o principal.
Antes que eu pudesse pedir que Donna fizesse um relatório e reunisse os principais documentos da empresa nos últimos cinco anos, meu celular tocou outra vez. Outra vez número desconhecido, o mesmo, recusei outra vez irritado. Provavelmente algum jornalista inconveniente em busca de uma manchete, sempre me perguntava como conseguiam meu número pessoal.
— Donna, quero que reúna os principais negócios feitos nos últimos anos, os principais contratos, meus maiores…
Por outra vez o barulho de chamado ecoou, me fazendo automaticamente pegar meu celular em cima da mesa. Com raiva o atendi, pronto para mandar pro inferno quem quer que fosse do outro lado da linha.
— Senhor Bieber? Falo em nome da Parades Magazine, meu nome é… — a voz feminina soou suave e um tanto simpática, mas antes que completasse sua saudação a interrompi:
— Como conseguiu meu número? Que seja, pare de me ligar, não vou dar nenhuma merda entrevista ou sessão de fotos para qualquer porra que você seja ou represente. Vá para o inferno! — esbravejei, sabendo que não deveria ter feito aquilo e também não me importando. Havia sido estúpido e certamente me lembraria disso quando me perguntasse o porquê da minha imagem de carrasco na mídia. Os jornalistas me odiavam e eu praticamente dava passe livre para isso, deveriam me agradecer por usar meu nome e ganhar seus salários em cima disso.
Minha secretária me olhava espantada, até mesmo, repreensiva. Donna me conhecia desde quando eu pudesse me lembrar, logo, nossa relação fugia dos parâmetros de empregado e empregador. Não que tivéssemos algum tipo de intimidade, céus, eu estava longe de ter algo com qualquer mulher, ainda mais com Donna, que tinha idade para ser minha mãe.
— Vou buscar um café para o senhor. — ela disse, saindo no objetivo de me deixar um pouco sozinho, me conhecendo bem a ponto de entender que era tudo o que eu precisava.
Fechei meus olhos e alinhei minha coluna, desencostando do estofado da cadeira, deixei que meus braços caíssem ao lado e respirei fundo, imitando um daqueles exercícios malucos de ansiedade, que, de algum jeito, davam certo. Tentando ao máximo me concentrar em meus movimentos respiratórios, esvaziei completamente minha mente, para reorganizar as coisas ali. Não poderia voltar a ter momentos de raiva como aquele.
Voltei a encarar o contrato a minha frente. O que eu faria agora?
Lembrei de minha última reflexão sobre o meu contrato e assumir a empresa ou não. E, há alguns meses, pensando em uma situação como essa, cheguei à conclusão de que os cinco anos naquela empresa a fizeram crescer e junto com ela, o meu nome também. De qualquer forma, não tinha muito o que se fazer, só Deus sabe o que se passava na cabeça de meu pai e quais suas decisões. Então qualquer que fosse sua decisão final eu precisaria absorver de boa forma, seria bom dar um tempo. Afinal mais cedo ou mais tarde ele iria ceder, ao menos era o que eu esperava.
Mas meu pai era imprevisível e parando um só segundo para imaginar minha vida sem essa empresa, vi que não tinha sentido algum. Não tinha nada externo ali, minha vida social não era muito animada e não tinha tantas companhias, já que escolhi ser assim, pela empresa. Toda a minha vida estava ali, na Imobille. Eu acordava todos os dias e me vestia para trabalhar, me alimentava para trabalhar e então ia trabalhar, chegando em casa eu pensava no que eu tinha que trabalhar e iria dormir pensando em trabalhar no próximo dia. Era a única coisa que eu sabia fazer.
— Donna, está liberada. —  disse a ela assim que colocou o café em minha mesa. — Preciso pensar e organizar algumas coisas, imagino que queira passar o ano novo com sua família, então pode ir. — expliquei e ela apenas assentiu com um sorriso mínimo.
— Obrigada Sr.Bieber. — agradeceu, recolhendo seu iPad em cima da mesa e antes que saísse completou. — Tenha um feliz ano novo.
“Assim espero”
Joguei a merda daquela pasta em cima da pilha de outras, cansado e pensando em mandar algum estagiário fazer isso por mim outro dia. Eram documento importantes e certamente eu teria que revê-los alguma hora, mas naquele momento minha cabeça estava a mil e eu não conseguiria me concentrar em mais nada.
Já era tarde e em menos de duas horas meu pai estaria aqui. E apesar de ainda ter um bom tempo até que ele chegasse, eu não consegui pensar em nada além da nossa futura conversa. Fiquei ali parado e olhando o tempo passar, tentando chegar em alguma conclusão ou argumento forte para ser usado. Mas não valia de nada, Jeremy era persuasivo e conseguiria me convencer a pular de um penhasco se fosse preciso.
Respirei fundo ao ver que, sabendo de sua pontualidade, ele estaria ali em menos de dez minutos. Levantei-me olhando o meu escritório e arrumando a bagunça em cima da minha mesa, Jeremy era perfeccionista o suficiente para me repreender até pela forma de me organizar o vestir. Concertei minhas mangas e voltei minha gravata já frouxa para o lugar.
— Imagino que saiba a razão dessa reunião. — — Digo, não é uma reunião, é um lembrete, quero saber o que você tem a dizer.
— Ainda acho loucura.
Senti meu celular vibrar dentro do bolso da calça, tirando pude ver a mensagem de Charles que acabara de chegar. Com tudo o que estava acontecendo, perdi completamente a noção da hora e me esqueci do maldito encontro a três que Charles tinha me convencido de ir. Ele estava saindo com uma mulher e para passar o ano novo com ela precisaria ir junto duas amigas. E como ótimo amigo que sou, aceitei ir em um encontro arranjado e ele ficar em paz com sua garota. E eu não estava nem um pouco animado em passar o resto da minha noite de ano novo com uma desconhecida, que eu teria que forçar estar interessado ou ser simpático.
Se passava das dez e não haveria tempo para passar em casa. Cansado e não fazendo questão de me arrumar, passei no banheiro de meu escritório, molhando meu rosto apenas para aliviar a expressão. Peguei meu paletó e o vesti, alinhando ao meu corpo, carreguei minha maleta e chaves para fora do escritório. As luzes estavam apagadas e a única coisa que iluminava ali era a luz do elevador. A essa hora as únicas pessoas ali, além de mim, eram os vigias e a pequena equipe de limpeza noturna.
O elevador logo chegou ao térreo, desativei o alarme do carro entrando nele e jogando minha maleta no banco de trás. Afrouxei minha gravata procurando ar e um pouco de calma, minha mente iria explodir. Estava incrivelmente ferrado, assinando a minha sentença. Que loucura era aquela? Eu teria que me casar com uma mulher, e pior, eu teria que convencê-la disso. Nem ao menos sabia por onde ou como começar.
Coloquei a chave na ignição e dei partida seguindo o caminho já conhecido. As ruas estavam um completo caos e era quase impossível dirigir sem atropelar alguém. Os turistas atravessavam na frente dos carros e por inúmeras vezes eu precisei frear bruscamente. A cidade estava realmente bonita, mais iluminada que o de costume, mas precisaria de muita coragem e disposição para enfrentar a multidão que corria para ver os fogos mais de perto.
Ainda mais difícil foi achar uma vaga para estacionar em frente ao The Top of the Standard, alguns metros mais à frente consegui uma vaga. Entrei no prédio e no andar de baixo já se podia escutar o jazz ser tocado, olhei meu relógio de pulso e eu estava claramente atrasado. Outro elevador a enfrentar, suspirei pesado me preparando psicologicamente para o que viria a seguir. Charles iria ter que me retribuir a altura pelo favor.
O lugar tinha luzes fechadas e quentes e antes que eu pudesse achar Charles senti sua mão em meu ombro.
— Achei que não viria. — ele parecia tenso, mas logo pareceu se tranquilizar com minha presença. — Você não abandona mesmo esse terno.
— Tive uma reunião com meu pai.
— Problemas? — perguntou ele, que mal esperou eu assentir. — Depois conversamos sobre isso, agora quero te apresentar a gata que está te esperando. — me empurrou com ridículos tapinhas no ombro. Acompanhando o seu olhar vi a garota loira com quem ele estava saindo e já havia me apresentado, Olivia, ao seu lado estava Patrick se jogando em cima de outra mulher loira e mais ao canto uma morena, que parecia extremamente focada no que a amiga envolvida nos braços de Patrick dizia. — Ei meninas, esse é meu amigo, Justin.
Olivia se levantou e me abraçou cumprimentando, perguntando brevemente como eu estava. Patrick se limitou a um aperto de mão e a mulher que o mesmo abraçava se apresentou como Hannah, me abraçando e deixando um beijo inocente em minha bochecha. E em nenhum momento Patrick moveu sua mão da cintura dela, quis rir daquilo percebendo o quão desesperado ele me parecia. Sem dúvidas, mais tarde ele a levaria para cama.
Continuando meu percurso foi a vez de cumprimentar minha acompanhante. Mais perto ela não parecia tão morena, poderia ver alguns fios dourados misturados aos castanhos, quase loiros. Ela então levantou o olhar, assim eu pude vê-la melhor. Seus olhos mais pareciam ser dois incríveis globos azuis e era como se eu já tivesse os vistos. Me forcei a tentar lembrar se a conhecia de algum lugar. Ela era bonita o suficiente para ser algum tipo de modelo e me conformei em imaginar que a conhecia de algum comercial ou outdoor.
— Prazer, Justin, Justin Bieber. — me apresentei a abraçando, não contendo a curiosidade em aspirar seu perfume. Ela sorriu com escárnio o que me fez franzir a testa, me perguntando o porquê daquele gesto simples.
— É, eu sei quem é você. Sou Sophie Moore… — disse ela suave e meu corpo ficou tenso ao absorver a informação de quem ela era. Se aproximou apertando minha mão e automaticamente a puxei para um abraço. — …ou melhor, qualquer porra. — sussurrou em meu ouvido e ao rebuscar aquilo na minha memória, entendi ao que ela se referia.
Eu havia batido o telefone na cara dela e pior, mandado ela ir para o inferno, a mulher a quem eu pretendia e precisava me casar.
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Capítulo 1 - Inferno Empresarial
Último dia do ano, também popularmente conhecido como inferno empresarial. O ano se acabava, mas antes que isso pudesse ser feito havia milhares de relatórios a ser regidos e contratos a serem revistos. Para que a empresa não criasse atrasos e que o próximo ano fluísse, era necessário rever, minuciosamente, tudo o que havia sido feito naquele ano e voltar a arquivar toda aquela merda. E claro, tudo aquilo precisava ser passado pelo CEO da empresa, que, infelizmente nessa ocasião, o cargo era ocupado por mim.
O mês de dezembro parecia ter se encurtado, pois, apesar de todo trabalho ter começado em meados de novembro, ainda havia o que se fazer. Ao menos estava aliviado por todo o trabalho com o contador ter acabado. Os balanços haviam sido feitos e o resultado entre ativos e passivos anuais foram positivos, novamente. E eu não poderia deixar de me orgulhar daquilo.
Através da vidraça, poderia ver a grande transição de pessoas, em busca do melhor lugar para assistir à queima de fogos de Nova Iorque. Mesmo com o frio e a neve acumulada em alguns pontos, ainda assim tinham ânimo. Eu os invejava, gostaria de ter tanto tempo livre como eles, ou ao menos, saber utilizá-lo. Adorava meu trabalho, mas era a única coisa que eu sabia e tinha tempo para fazer. E aquilo me resultava em um vazio que eu tentava preencher com hobbies ou mais trabalho.
O pequeno intervalo de meia hora já havia acabado e como último consolo levei para o escritório outra caneca de café. Precisaria de muito mais cafeína para me manter alerta o restante do dia. Ainda havia alguns contratos para arquivar e mais tarde teria uma reunião com meu pai, a qual eu ainda me perguntava o motivo. Nunca fui um exemplo de boa memória, pra isso tinha uma secretária, mas eu nunca esquecia de reuniões com meu pai e não saber o motivo daquela estava tirando meu sossego. Afinal, havia uma hierarquia a ser respeitada e eu estava abaixo dele.
Passei por Donna acenando com a cabeça para me seguir até minha sala e assim terminar de ver aqueles malditos documentos. Ela muito provavelmente não estaria feliz também, já que a prendi até mais tarde para me ajudar com aquilo, mas bem, era pra isso que eu a pagava. Me joguei em minha cadeira, procurando algum conforto e foco para terminar de vez o trabalho. Bufei frustrado, imaginando nas inúmeras coisas que eu poderia estar fazendo fora daqui no momento.
— Calma Senhor Bieber. — Donna riu se acomodando na cadeira a minha frente. Acompanhei rindo desanimado, imaginando que ela também teria formas melhores de passar o feriado. Talvez cuidando de sua família, mas sem culpa, até porque ela era paga para isso.
Fiquei aliviado em ver as pastas em uma pilha menor que as de hoje cedo e não demorou muito para acabar com elas. Donna resumia do que se tratava cada uma, eu por vez avaliava alguns pontos, pedia que ela anotasse algo a me lembrar, mas na maioria das vezes apenas voltava as pastas para o seu lugar. Funcionando apenas para me alertar de que elas estavam ali.
— Essa é sobre o seu contrato. — apontou para a próxima pasta que diferente das outras que tinham uma tonalidade azul, essa era preta.
— E o que isso está fazendo aqui? — perguntei, não entendo o porquê do meu contrato de CEO da empresa estar ali. O pegava apenas uma vez no ano, sendo essa para renová-lo, o que não era o caso.
— Deve se lembrar de uma das cláusulas. — o peguei, abrindo e procurando algo que pudesse ter esquecido e quase que instantaneamente senti meu estômago gelar. Como aquela sensação de criança, quando anseia por algo. — O limite de renovações. Acredito que seja esse o motivo da reunião com seu pai mais tarde.
Não precisei procurar mais, como um flash me lembrei das exigências de meu pai para que assumisse o seu lugar e logo o prazo que ele havia me dado para cumpri-las. Fiz uma conta mental básica, lembrando que esse havia sido meu quinto ano no cargo e que após esses cinco anos, haveria uma nova votação para eleição. Inferno!
— Como eu pude esquecer disso? — foi muito mais pro meu consciente do que para minha secretária. Me estirei em minha poltrona, exausto e aflito com a situação, eu não podia ter me esquecido.
Eu sabia que esse dia chegaria, mas sempre adiei qualquer responsabilidade e procrastinei até onde consegui. Na esperança de que meu pai reconhecesse meu esforço e trabalho na empresa e me passasse a presidência por mérito próprio, sem que eu precisasse me dar a suas exigências estúpidas.
Eu vivi para aquela empresa, cresci vendo meu pai trabalhar para erguê-la e sempre soube que um dia assumiria o seu lugar. Ao menos era o que eu esperava. Toda a minha vida era voltada aos negócios da família, meus estudos, meus sacrifícios, tudo foi feito para que eu fosse o melhor. E eu era, nos últimos anos a Imobbile havia crescido estrondosamente, comigo aqui, conquistamos espaços inimagináveis. Mas eu sabia que nada disso era significativo o suficiente para meu pai se ele não tivesse uma garantia de que alguém continuaria o seu majestoso império.
Não haveria reconhecimento para mim ao menos que me casasse.
— Relaxa Justin. Seu pai não seria louco o suficiente. — Donna comentou, tirando seus óculos, a observei tentando me convencer com suas palavras.
— Só eu sei o quão louco meu pai pode ser.
— Eddie não é burro. Você fez a Imobbile crescer mais do que qualquer um nessa empresa poderia imaginar. — tentou me confortar, mas aquilo só me deixara mais tenso com a incerteza. Apesar dos anos de experiência e confidencialidade a empresa, Donna não tinha conhecimento sobre os critérios dele. E eu não sei até onde Thom seria capaz de ir, apenas para me convencer a fazer o que dissesse.
O som familiar do meu celular tocou, me fazendo imaginar quem estaria me ligando em horário de trabalho. Número desconhecido brilhava na tela, deslizei o dedo para o botão vermelho, recusando a ligação. Voltei ao documento a minha frente, pensando em algum jeito de escapar ou em bons argumentos, tentando me convencer que na pior das hipóteses haveria uma nova eleição e que eu era um forte candidato. É claro que eu era, aliás, o principal.
Antes que eu pudesse pedir que Donna fizesse um relatório e reunisse os principais documentos da empresa nos últimos cinco anos, meu celular tocou outra vez. Outra vez número desconhecido, o mesmo, recusei outra vez irritado. Provavelmente algum jornalista inconveniente em busca de uma manchete, sempre me perguntava como conseguiam meu número pessoal.
— Donna, quero que reúna os principais negócios feitos nos últimos anos, os principais contratos, meus maiores...
Por outra vez o barulho de chamado ecoou, me fazendo automaticamente pegar meu celular em cima da mesa. Com raiva o atendi, pronto para mandar pro inferno quem quer que fosse do outro lado da linha.
— Senhor Bieber? Falo em nome da Parades Magazine, meu nome é... — a voz feminina soou suave e um tanto simpática, mas antes que completasse sua saudação a interrompi:
— Como conseguiu meu número? Que seja, pare de me ligar, não vou dar nenhuma merda entrevista ou sessão de fotos para qualquer porra que você seja ou represente. Vá para o inferno! — esbravejei, sabendo que não deveria ter feito aquilo e também não me importando. Havia sido estúpido e certamente me lembraria disso quando me perguntasse o porquê da minha imagem de carrasco na mídia. Os jornalistas me odiavam e eu praticamente dava passe livre para isso, deveriam me agradecer por usar meu nome e ganhar seus salários em cima disso.
Minha secretária me olhava espantada, até mesmo, repreensiva. Donna me conhecia desde quando eu pudesse me lembrar, logo, nossa relação fugia dos parâmetros de empregado e empregador. Não que tivéssemos algum tipo de intimidade, céus, eu estava longe de ter algo com qualquer mulher, ainda mais com Donna, que tinha idade para ser minha mãe.
— Vou buscar um café para o senhor. — ela disse, saindo no objetivo de me deixar um pouco sozinho, me conhecendo bem a ponto de entender que era tudo o que eu precisava.
Fechei meus olhos e alinhei minha coluna, desencostando do estofado da cadeira, deixei que meus braços caíssem ao lado e respirei fundo, imitando um daqueles exercícios malucos de ansiedade, que, de algum jeito, davam certo. Tentando ao máximo me concentrar em meus movimentos respiratórios, esvaziei completamente minha mente, para reorganizar as coisas ali. Não poderia voltar a ter momentos de raiva como aquele.
Voltei a encarar o contrato a minha frente. O que eu faria agora?
Lembrei de minha última reflexão sobre o meu contrato e assumir a empresa ou não. E, há alguns meses, pensando em uma situação como essa, cheguei à conclusão de que os cinco anos naquela empresa a fizeram crescer e junto com ela, o meu nome também. De qualquer forma, não tinha muito o que se fazer, só Deus sabe o que se passava na cabeça de meu pai e quais suas decisões. Então qualquer que fosse sua decisão final eu precisaria absorver de boa forma, seria bom dar um tempo. Afinal mais cedo ou mais tarde ele iria ceder, ao menos era o que eu esperava.
Mas meu pai era imprevisível e parando um só segundo para imaginar minha vida sem essa empresa, vi que não tinha sentido algum. Não tinha nada externo ali, minha vida social não era muito animada e não tinha tantas companhias, já que escolhi ser assim, pela empresa. Toda a minha vida estava ali, na Imobille. Eu acordava todos os dias e me vestia para trabalhar, me alimentava para trabalhar e então ia trabalhar, chegando em casa eu pensava no que eu tinha que trabalhar e iria dormir pensando em trabalhar no próximo dia. Era a única coisa que eu sabia fazer.
— Donna, está liberada. —  disse a ela assim que colocou o café em minha mesa. — Preciso pensar e organizar algumas coisas, imagino que queira passar o ano novo com sua família, então pode ir. — expliquei e ela apenas assentiu com um sorriso mínimo.
— Obrigada Sr.Bieber. — agradeceu, recolhendo seu iPad em cima da mesa e antes que saísse completou. — Tenha um feliz ano novo.
“Assim espero”
Joguei a merda daquela pasta em cima da pilha de outras, cansado e pensando em mandar algum estagiário fazer isso por mim outro dia. Eram documento importantes e certamente eu teria que revê-los alguma hora, mas naquele momento minha cabeça estava a mil e eu não conseguiria me concentrar em mais nada.
Já era tarde e em menos de duas horas meu pai estaria aqui. E apesar de ainda ter um bom tempo até que ele chegasse, eu não consegui pensar em nada além da nossa futura conversa. Fiquei ali parado e olhando o tempo passar, tentando chegar em alguma conclusão ou argumento forte para ser usado. Mas não valia de nada, Jeremy era persuasivo e conseguiria me convencer a pular de um penhasco se fosse preciso.
Respirei fundo ao ver que, sabendo de sua pontualidade, ele estaria ali em menos de dez minutos. Levantei-me olhando o meu escritório e arrumando a bagunça em cima da minha mesa, Jeremy era perfeccionista o suficiente para me repreender até pela forma de me organizar o vestir. Concertei minhas mangas e voltei minha gravata já frouxa para o lugar.
— Imagino que saiba a razão dessa reunião. — — Digo, não é uma reunião, é um lembrete, quero saber o que você tem a dizer.
— Ainda acho loucura.
 Senti meu celular vibrar dentro do bolso da calça, tirando pude ver a mensagem de Charles que acabara de chegar. Com tudo o que estava acontecendo, perdi completamente a noção da hora e me esqueci do maldito encontro a três que Charles tinha me convencido de ir. Ele estava saindo com uma mulher e para passar o ano novo com ela precisaria ir junto duas amigas. E como ótimo amigo que sou, aceitei ir em um encontro arranjado e ele ficar em paz com sua garota. E eu não estava nem um pouco animado em passar o resto da minha noite de ano novo com uma desconhecida, que eu teria que forçar estar interessado ou ser simpático.
Se passava das dez e não haveria tempo para passar em casa. Cansado e não fazendo questão de me arrumar, passei no banheiro de meu escritório, molhando meu rosto apenas para aliviar a expressão. Peguei meu paletó e o vesti, alinhando ao meu corpo, carreguei minha maleta e chaves para fora do escritório. As luzes estavam apagadas e a única coisa que iluminava ali era a luz do elevador. A essa hora as únicas pessoas ali, além de mim, eram os vigias e a pequena equipe de limpeza noturna.
O elevador logo chegou ao térreo, desativei o alarme do carro entrando nele e jogando minha maleta no banco de trás. Afrouxei minha gravata procurando ar e um pouco de calma, minha mente iria explodir. Estava incrivelmente ferrado, assinando a minha sentença. Que loucura era aquela? Eu teria que me casar com uma mulher, e pior, eu teria que convencê-la disso. Nem ao menos sabia por onde ou como começar.
Coloquei a chave na ignição e dei partida seguindo o caminho já conhecido. As ruas estavam um completo caos e era quase impossível dirigir sem atropelar alguém. Os turistas atravessavam na frente dos carros e por inúmeras vezes eu precisei frear bruscamente. A cidade estava realmente bonita, mais iluminada que o de costume, mas precisaria de muita coragem e disposição para enfrentar a multidão que corria para ver os fogos mais de perto.
Ainda mais difícil foi achar uma vaga para estacionar em frente ao The Top of the Standard, alguns metros mais à frente consegui uma vaga. Entrei no prédio e no andar de baixo já se podia escutar o jazz ser tocado, olhei meu relógio de pulso e eu estava claramente atrasado. Outro elevador a enfrentar, suspirei pesado me preparando psicologicamente para o que viria a seguir. Charles iria ter que me retribuir a altura pelo favor.
O lugar tinha luzes fechadas e quentes e antes que eu pudesse achar Charles senti sua mão em meu ombro.
— Achei que não viria. — ele parecia tenso, mas logo pareceu se tranquilizar com minha presença. — Você não abandona mesmo esse terno.
— Tive uma reunião com meu pai.
— Problemas? — perguntou ele, que mal esperou eu assentir. — Depois conversamos sobre isso, agora quero te apresentar a gata que está te esperando. — me empurrou com ridículos tapinhas no ombro. Acompanhando o seu olhar vi a garota loira com quem ele estava saindo e já havia me apresentado, Olivia, ao seu lado estava Patrick se jogando em cima de outra mulher loira e mais ao canto uma morena, que parecia extremamente focada no que a amiga envolvida nos braços de Patrick dizia. — Ei meninas, esse é meu amigo, Justin.
Olivia se levantou e me abraçou cumprimentando, perguntando brevemente como eu estava. Patrick se limitou a um aperto de mão e a mulher que o mesmo abraçava se apresentou como Hannah, me abraçando e deixando um beijo inocente em minha bochecha. E em nenhum momento Patrick moveu sua mão da cintura dela, quis rir daquilo percebendo o quão desesperado ele me parecia. Sem dúvidas, mais tarde ele a levaria para cama.
Continuando meu percurso foi a vez de cumprimentar minha acompanhante. Mais perto ela não parecia tão morena, poderia ver alguns fios dourados misturados aos castanhos, quase loiros. Ela então levantou o olhar, assim eu pude vê-la melhor. Seus olhos mais pareciam ser dois incríveis globos azuis e era como se eu já tivesse os vistos. Me forcei a tentar lembrar se a conhecia de algum lugar. Ela era bonita o suficiente para ser algum tipo de modelo e me conformei em imaginar que a conhecia de algum comercial ou outdoor.
— Prazer, Justin, Justin Bieber. — me apresentei a abraçando, não contendo a curiosidade em aspirar seu perfume. Ela sorriu com escárnio o que me fez franzir a testa, me perguntando o porquê daquele gesto simples.
— É, eu sei quem é você. Sou Sophie Moore... — disse ela suave e meu corpo ficou tenso ao absorver a informação de quem ela era. Se aproximou apertando minha mão e automaticamente a puxei para um abraço. — ...ou melhor, qualquer porra. — sussurrou em meu ouvido e ao rebuscar aquilo na minha memória, entendi ao que ela se referia.
Eu havia batido o telefone na cara dela e pior, mandado ela ir para o inferno, a mulher a quem eu pretendia e precisava me casar.
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