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Quem sou eu?

Banhada pelas água, minha religião é a natureza 

eu sou o equilíbrio a dúvida e certeza

amante da escrita, meu escrever é o gesto de viver, se eu não viver, morro por não escrever. 

Moro numa cidade pequena, calma e serena.. uma cidade linda de todas as maneiras .. casas entre amoreiras e bananeiras 

Mas nasci no caos de São Paulo, cidade bonita sim, ofuscada pela fumaça preta, um céu azul... não tão azul assim. 

Um dia a arte veio me falar, eu te escolhi você só precisa se encontrar

fui do teatro a poesia, da poesia ao teatro e por toda forma de arte eu estava apaixonada.. mas me descobri quando vivi no palco uma bahiana arretada e depois uma feiticeira malvada.. até a Frida, a bela mexicana arrasa. Esse eu não posso deixar de lado o macaco soldado atrapalhado. 

Uma cor? Amarela, não tenho música e nem filme pra ser sincera, um livro? o  meu mas ele ainda não tem nome, uma estação no ano? Verão, calor, minha mãe e minhas irmãs são minha definição de amor 

Um hobby? nas horas vagas sou confeiteira. Meu nome inteiro? Janaina Pereira. 

Privilegiada e iluminada. Eu me tenho sobretudo me amo, porque sem mim eu não posso ser nada.

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O RITO

No padrão de beleza eu não me encaixava

‘‘ Esse cabelo parece um ninho, você não lava?’‘

‘‘Ô meninha, vem aqui um instante, seu cabelo é ruim não adiante usar turbante’‘ 

‘‘ esse cabelo tem piolho, certeza, desculpa mas seu cabelo não é profissional pra essa empresa’‘

Não se sente aceita, se sente feia, paralisa, ‘’ porque esse cabelo duro ela não alisa?’’

Eu alisei e minha identidade enfraquece, piscina? esquece, ‘’vai estragar seu cabelo’’ e o liso prevalece 

Olhando meu reflexo agora no espelho 

Porque eu estou tão triste? Sorria. É hoje que pra esse cabelo eu dou uma carta de alforria 

(Instrumental de Olhos Coloridos)

Identidade recuperada, agora ela pode ir pra piscina, sou livre, empoderada 

inspirando outras meninas pra que elas não se sintam só

buscando minhas raízes 

dando orgulho pra minha vó

amor, aceitação, segurança

é muito mais que um cabelo, é uma cultura, um povo, uma herança 

hoje eu faço muita gente se orgulhar, nada é mais bonito do que carregar no próprio corpo ferramentas pra se salvar 

meu cabelo é arte, pintada com pincel 

meu cabelo é bom, mas tão bom, que ele cresce apontando pro céu.

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Estudo

Meu Reflexo e um sub-sentimento Eu olhei meu reflexo no espelho E Perguntei a mim mesmo Porque estais tão tristes E quando seremos felizes? O meu reflexo não me respondeu Mas percebi que ele era mais triste que eu Por ser apenas uma imagem aprisionada Mas seu coração de vidro refletia minha alma Eu Tentei imita-lo Quebrei o espelho pra tentar liberta-lo Cada pedaço de vidro quebrado Era um sonho não realizado Em meio a um Fragmento Descobri um sub-sentimento Oculto e magnifico Que não era percebido Quer sentir esse sub-sentimento Quebre o egoísmo no espelho E junte o melhor de si mesmo Aproveitando cada momento A verdadeira Liberdade É não se auto aprisionasse Sem usar imagem e vaidade O amor é o caminho da felicidade Autor: Roberto Fabrício

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Estudo

Fico patética que uma das primeiras coisas que comentam quando um bebê nasce é se o cabelo é “bom” ou “ruim”. Existem mesmo tais adjetivos para o cabelo? Que eu saiba, existem cabelos crespos, anelados, lisos, encaracolados etc. Mas, crescemos acreditando que cabelo bonito é o cabelo liso, se não é liso estamos por fora! Talvez a culpa seja da mídia, que para vender seus produtos colocaram isso na ‘nossa cabeça ‘. Não sou exceção nesse assunto, assim como várias mulheres experimentei várias porcarias em meu cabelo, dificilmente , ou daqui a anos ele volte a ser como era. Admiro que cada vez mais as mulheres estão dando a carta de alforria ao seu cabelo. Bonito é sermos autênticos, bonito é sermos sempre nós mesmos ! Aliás, quando sua chapinha terá a aposentadoria?

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Estudo

Sou brasileira seu moço! Sou brasileira, afro descendente, tenho minhas origens de pertencimentos, ainda criança não perdi minha identidade no medo praticado por nossos algozes .Não! Não, estou perdida em identidade, meus pais me disseram quem eu sou, tenho orgulho da minha ancestralidade e ela alimentou minha causa, interroguei, pesquisei toda história do meu povo... Porque? Há! Nos porquês de uma criança negra, que conhece o preconceito, esta a formação de um adulto consciente ou não...É foi lá na base que começou a construção da minha resistência... Sou PRETA, de uma diáspora, e não permito apaguem o legado deixado por meus antepassados, eu sei quem sou, aprendi o que era liberdade ao nascer, mas entendi que para mantê-la, tem que lutar, fazendo jus ao sangue de guerreira que corre em minhas veias, não pode baixar cabeça moço. Estou convicta que o terror do opressor não pode limitar quem conhece sua raiz e tem identidade.

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A inquisição.

Me soltem! Me soltem seus malditos!

(Meu Deus me ajude, meu Deus me ajude, eu fui a escolhida pra morrer com honra, morrer com honra, morrer com honra, eu consigo, seja forte, 1, 2, 3 

Padre, permita-me dizer minhas últimas palavras?

o que estão fazendo aqui?

O QUE ESTÃO FAZENDO AQUI?

vieram ver uma mulher queimar? olhem nos meus olhos, no fundo, no fundo dos meus olhos, sentem medo? acha que eu vou os enfeitiçar? (da risada) 

Padre, diz a eles, diz a eles que eu sou a feição do demônio 

semeie seu ódio e fale que é em nome de Deus 

quem são as bruxas? quem são as mulheres que vocês escolheram queimar? quem somos nós? 

chamam de bruxas as mulheres que sabem curar a si mesma

chamam de bruxas as mulheres que honram suas ancestrais

chamam de bruxas mulheres que não se curvam diante a opressão

chamam de bruxas mulheres que são fiéis a si mesmas

mulheres que renascem. 

quem ordena a execução não acende a fogueira 

covardes!

(sobe sob a fogueira)

Não temo o fogo, ele purifica e não penaliza, ele é salvação e não castigo.

Pai, perdoa-os, eles não sabem o que fazem.