apenas-uma-onda00

[apenas-uma-onda00]

esse texto é pra você que escolheu entrar na minha vida, mas escolheu sair dela também. e eu amei o dia que eu te conheci com a mesma intensidade que detestei o dia do fim. eu nunca fui fã de despedidas, muito menos de “adeus”, mas tem gente que aceita melhor, supera mais rápido, segue logo em frente. eu não. partidas sempre me partiram demais. e eu demoro pra juntar os pedaços. mas aí, com o tempo eu aprendi a não ter medo de me sentir destruída, porque toda reforma, toda reconstrução, passa primeiro pela fase de destruição. aprendi a me deixar sentir destruída antes de sentir o “adeus”. pode não ser o jeito certo, mas funciona pra mim. dizer adeus“ dói pra cacete. eu não espero e nem quero que você entenda. sinceramente, espero que nunca precise entender o quanto dói porque eu só te quis bem. só te quero bem. é, eu quero. eu sei bem as coisas que eu quero e o seu bem é uma delas, apesar de todo o mal que nos causamos. eu nunca soube lidar com finais. eu não sei, sejam eles de filmes, de séries, de livros. fiquei em pequenos pedaços, aos prantos, e nos cantos, menos da metade de mim. ainda dói, sabe?! em cada pedacinho que eu junto, eu lembro do porquê de ter quebrado. que dor. enfim, tô me despedindo de você, aos pouquinhos, do jeito que posso, da forma que consigo, no meu tempo. e eu sei que vou ser inteira de novo. já passei por grandes reformas antes. e cada uma delas me ensinaram que (sempre) fica algo antigo pra lembrar a gente do novo. e quanto a você? eu vou cuidar pra que fique o melhor. porque eu sou assim, quanto mais me partem, mais amor espalho.

milábê.

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[apenas-uma-onda00]

descobri que as partes que me faltam não são minhas.

e se não são, nada me falta.

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“Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato… Ou toca, ou não toca.”

— Clarice Lispector. 

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eu conheci alguns abismos ao longo da vida. daqueles com a paisagem tão linda que você não se importa de cair contanto que consiga chegar até a beira e apreciar a vista. daqueles que te chamam e falam que te amam. daqueles que mentem e te fazem acreditam em tudo de novo. daqueles que arrancam seu coração fora e te fazem pensar que a hemorragia é culpa sua.

eu conheci alguns abismos ao longo da vida, mas nenhum era tão escuro e fundo como você.

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ontem, terminei de assistir uma série que usava o recurso do realismo fantástico: enquanto o narrador conta das emoções dos personagens, ilustrações são desenhadas em cima de algumas cenas, para reforçar o que o narrador - quase sempre onipresente - conta. a constante mudança de humor da narrativa (com personagens sempre tão intensamente vivos com sede de emoções), me fez pensar sobre a falta de alternância das minhas próprias emoções. sinto que sou limitada, no sentido mais literal da palavra. o meu sentimentalismo só existe depois de um dia ruim, quando abro o meu catálogo mental de dias ruins, e revivo momentos que gostaria de esquecer. em poucos minutos, sinto tudo. choro e sede de morte. no resto dos dias, sinto tão pouco que duvido da minha existência. nada bom me toca, nada bom é suficiente, nada é realmente bom. estou emocionalmente danificada. não sinto e não quero sentir nada. gostaria de ser melhor para mim, sei que mereço a gentileza dos meus próprios cuidados, mas minha limitação impede também a produção de bons sentimentos direcionados a mim. vivo bastante apática, tento fingir simpatia, para que o mundo não me massacre também - nem sempre consigo, a máscara não me cai bem -, só que os dias estão se findando, e eu não os acompanho bem. todo mundo parece tão feliz ou quase isso. eu já deixei o “quase”, o “isso”, e nunca cogitei o feliz. não tenho sonhos, não tenho metas, às vezes quero chegar no amanhã, às vezes quero que o futuro não seja uma possibilidade. é que a fantasia não existe mais no meu realismo. não tem um narrador na minha história. eu tô sozinha. nenhuma ilustração é necessária para reforçar o que o olho vê bem. eu sou sozinha e tudo é oco aqui. e o que é, não vai deixar de ser. há muito, deixei de “estar”, para “ser”. depois disso, ainda será isso, até o fim.

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“A gente ainda tinha tanto para ver, tanto o que ainda sentir. E de repente foi como se tocássemos nossas almas e fugimos em direções contrárias, sem explicações. Eu sei que de alguma maneira elas se encaram de longe arrependidas. Ninguém sai impune das más escolhas, mas, ao menos ainda vivemos embaixo do mesmo céu e quem sabe nessas voltas que estão dando, por fim, corram uma para outra e se reencontrem de novo, sem ego e remorso, que quando se tocarem, acertem os corações.”

— Back at her, stupid. 

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mas tem dia que a vida fisga a gente de uma maneira

que nada sobra.

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A parte mais difícil de deixar ir é perceber que a outra pessoa concorda em perder você.

— Monalisa. 

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minha mente é um oceano, você se afogaria tentando entendê-la.

[apenas-uma-onda00]

Em alguns dias é mais difícil segurar o mar dos olhos.

É só mais um dia difícil.

[apenas-uma-onda00]

“Aprendi que estar bem é diferente de estar feliz. Tantas vezes, ficamos tristes, choramos, e não sabemos nem o porquê. Tantas vezes, temos tanto a falar, e nenhuma palavra para que possa dizer, tantas vezes, temos tanto a falar, e nenhuma pessoa realmente disposta a ouvir. Aprendi a me manter calado.”

— Cristian.

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“A forma como você se importa com o sentimento do outro, diz muito sobre você.”

— abismoadois

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