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#processo criativo
gabrielpardal · 3 years
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A voz da escrita: você sabe com quem está falando?
Quando eu era mais novo eu pensava que o escritor sentava para escrever e de repente tudo escorria direto pro papel, o texto pronto do jeito que a gente lê nos livros. Eu achava que a tal voz narrativa vinha como que naturalmente, que o Saramago sentava pra escrever e aquele texto já vinha pronto, pois ele era aquilo, aquilo era ele.
Só fui desmistificar essa ideia quando comecei a escrever profissionalmente e percebi o quanto de trabalho e de exercício é necessário pra escrever um texto, tenha ele 100 páginas ou 1 parágrafo.
O trabalho do escritor se parece mais com o de um escultor que lapida na pedra um desenho.
Nossa forma de escrever pode ser afetada por inúmeras referências, técnicas e demandas. A forma como nos expressamos varia de acordo com o momento em que vivemos e com a natureza do trabalho.
Por exemplo: um texto ensaístico possui uma liberdade mais ampla do que um texto informativo de jornal, que precisa de objetividade e esclarecimento de fatos. Uma monografia exige cuidados pontuais com citações e referências diferentemente de uma crônica que não se compromete com a exatidão dos acontecimentos.
Na internet, um texto focado em otimização para buscadores demanda a observação de inúmeros detalhes – como a repetição de determinadas palavras-chaves e a criação de subtítulos. Um post escrito para uma rede social, por sua vez, pode incluir emojis e deve cativar mais do que informar, porque o objetivo é gerar engajamento.
Outra técnica muito utilizada em livros, filmes, séries e na internet é a do Storytelling, que pode se desenvolver de inúmeras formas como a clássica “jornada do herói” que trata-se da trajetória de um personagem que tem um trauma e que passa por desafios e, no fim da história, encontra uma solução e as supera.
O que quero dizer com tudo isso? Que, se falarmos em formatos de escrita, a lista é praticamente interminável. E, ao longo da vida escrevendo, a gente passeia por muitos desses formatos, nos deparamos com muitos deles e acho ótimo ter um repertório, conhecer técnicas diferentes, dominar habilidades variadas.
Estudei todas as que citei acima. Jamais direi que foi desnecessário ou perda de tempo. Gosto de mergulhar nos mais distintos caminhos de escrita e estilos literários. Tudo acaba se misturando, influenciando, e sendo usado. Ter uma noção mais ampla me faz produzir um texto para um cartum, outro para a legenda do post do cartum, outro texto para a newsletter, outro para um livro.
O mais importante nisso tudo é a prática. Cada formato possui características tão profundas que a gente pode passar anos estudando, mas não adianta nada fazer mil cursos diferentes e nunca colocar nada em prática. Porque é a prática que desenvolve a linguagem e que desmistifica aquilo que eu dizia no início, de que eu achava que o texto ia sair pronto. Me frustrei muitas vezes no início pensando que bastava sentar e escrever, mas o texto não vinha, ou vinha uma coisa horrível, jamais daria aquilo para alguém ler, e eu pensava nossa como sou péssimo, e desistia. Não, o texto não sai pronto. Hoje eu penso que escrever é editar, ou re-escrever.
Além disso, melhoramos muito a partir dos feedbacks que recebemos. Só que para obter esse feedback é preciso começar a mostrar o trabalho.
É na prática que também vamos transcender todas essas técnicas e formas, tornando a escrita menos mecânica, criando o nosso fluxo de criação e assim, a voz narrativa.
* * *
Toda vez que sinto que um texto está travado, não sai do lugar, ou quando estou com bloqueio, tem uma pergunta que me salva: para quem estou escrevendo? Esta pergunta e a sua resposta são o meu truque.
Um texto escrito para sua mãe será diferente do texto para seu antigo colega de escola, ou para o ex-namorado, ou para o pessoal do trabalho novo. Por isso é bom ter essa pergunta colada na primeira página do caderno: Para quem estou escrevendo? Começar qualquer texto com ela.
Hoje em dia existem recursos tecnológicos que mapeiam os seus seguidores nas redes sociais, ou seja, seus leitores. E eles podem variar dependendo do meio ou da plataforma. Por exemplo, os leitores da minha newsletter são diferentes dos do instagram, que são diferentes dos seguidores do Twitter. Por isso o conteúdo que publico em um lugar é diferente do outro.
É claro que, apesar dessas ferramentas darem uma análise do perfil de seguidores, é preciso muitas vezes imaginar esse leitor ideal, que é como se chama.
Principalmente quanto mais seguidores tivermos. Se já é diferente escrever para 10 de escrever para 50, imagina para 100 mil! É muito mais difícil. O que facilita é justamente sintetizar esse público em Um imaginado.
Essa técnica é muito usada no mercado mas pouco se fala disso no meio literário. Um roteirista de série do Netflix, por exemplo, não começa a escrever uma linha sem saber para qual público ele está se dirigindo.
É claro que a gente não precisa dos recursos de análises de seguidores ou a gente pode optar por não ter essas informações na hora de escrever um romance, por exemplo — às vezes nem dá para ter. Qual o leitor ideal do meu romance autobiográfico? Ou da minha newsletter pessoal? Não é preciso seguir esse modelo de mercado, quero dizer, tratar uma criação artística pensando no seu público alvo. Não é disso que estou falando, pois não estou falando do texto como um produto, mas como processo. Enquanto processo, pensar no leitor ideal pode direcionar a escrita até mesmo quando for escrever um poema. Aí é que está. Às vezes, ou na maior parte dos casos, esse leitor ideal é uma versão da gente mesmo.
Alguém vai dizer “Mas tem autores que conseguem imprimir uma única voz narrativa em todos os seus livros”. No início eu falei do Saramago e ele é um autor que tem um estilo que está presente na maior parte da sua obra. Assim como ele tem muitos. Rubem Fonseca. Jorge Amado. Clarice Lispector. Lygia Fagundes Telles. Julio Cortázar, Susan Sontag, Lydia Davis, meu deus, tantos.
E se estipulou que ter esta voz única e marcante é sinal de que é a pessoa é uma autora. A sua autoria está nesta voz.
E eu entendo isso e em muitos exemplos acho isso impressionante. Como por exemplo os filmes do Wes Anderson. Mas ele também tem o seu espectador ideal. O Tarantino já disse que faz os seus filmes pensando nele mesmo quando jovem como espectador.
Ou seja, alguns desses autores têm uma referência fixa de leitor ideal e, não importa o meio para onde vão escrever, estarão sempre mandando uma carta para este leitor. Vladimir Nabokov dizia que tudo o que escrevia era para sua esposa, Véra. A gente pode até supor que tudo o que Kafka escreveu ou foi para o seu pai (como está claro em seu texto “Carta ao pai”) ou para ele mesmo, já que o destino da maioria dos seus textos era a gaveta ou o fogo.
Os ensaios do David Foster Wallace tem semelhanças com suas ficções, claro, mas são bem diferentes. Enquanto sua ficção é experimental, difícil, sua não ficção é direta e mais afetuosa. A verborragia está lá, o excesso de informação também, mas são diferentes. Enquanto ele escrevia seus livros para um leitor familiarizado com o pós-modernismo americano, com boa bagagem literária, seus ensaios foram escritos para revistas de cultura e comportamento, com leitores bem diferentes dos da sua ficção.
Um escritor não precisa ter vozes narrativas diferentes, ele só precisa saber para quem está escrevendo. Pode ser a mesma voz para uma coluna no jornal, um post no twitter, um roteiro de um filme, um conto num livro, o que importa é para quem, nem que seja para ele mesmo. Eu acredito que é isso que vai determinar o tom do texto.
Isso muda tudo.
Saber para quem vai ser escrito é o que vai definir o DNA da linguagem
* * *
Pois bem, agora faz muito sentido você perguntar... Quem é a leitora ideal que está na minha cabeça quando escrevo este texto?
E a resposta é… você.
Mas sobre isso eu falo em outro momento.
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dragonprincebr · 1 year
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Q&A - QUARTA TEMPORADA
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PERGUNTAS SOBRE O PROCESSO CRIATIVO
Q&A COMPLETO
Q: Como vocês construíram o lore do mundo? Pergunto isso porque jogo muitos RPG tabletop e gostaria de saber se vocês têm dicas em construção de mundo, visto que tanto Avatar quanto O Príncipe Dragão possuem um lore excelente.
DG: Tenho uma resposta complicada para isso, e muitos escritores e criadores terão respostas diferentes, visto que não há uma “maneira correta” de criar um cenário.
Algumas pessoas gostam de uma abordagem focada na construção de mundo: Irão primeiro pensar em termos muito amplos sobre o cenário e considerar questões do panorama geral, como o funcionamento das sociedades, as mecânicas do sistema de magia, a flora e fauna, etc...
Para O Príncipe Dragão, não iniciamos com muita construção de mundo, e o enquadramento da história ampla naquele momento era bem simples: 3 aliados improváveis de lados opostos de um mundo dividido descobrem um segredo que pode parar uma guerra entre seus povos. Ou seja, focamos nos personagens primeiro – quem eles são, sua personalidade, seus relacionamentos entre si e a jornada que tomariam até Xadia.
Os personagens e suas jornadas ditaram que detalhes da construção de mundo deveríamos focar primeiro: Se Callum e Ezran são de um reino humano chamado Katolis, como é esse reino? Se Rayla é uma elfa, o que isso significa? Há vários tipos de elfo? Qual é o tipo dela? O que significa que ela é uma assassina? O ovo de dragão irá chocar um dragão muito poderoso – que tipo, e o que isso significa para os pais do dragão/sua linhagem?
Nós preenchemos o que precisava ser preenchido, mas deixamos uma boa parte de Xadia em aberto. Na verdade, nenhum dos outros reinos humanos possuíam nomes até a segunda temporada, quando a direção da história (especificamente, a interação de Viren com a Pentarquia) demandava que déssemos mais atenção a eles. Isso nos ajudou a não nos colocar em muitos becos sem saída ao colocar muitas “regras” ao universo.
Mas novamente, isso é só como nós escolhemos abordar a história como o time criativo até agora. Outros criadores/escritores/etc. preferem os limites e restrições de mais regras de construção de mundo como parte de seu processo criativo!
Nossa abordagem mudou um pouco quando fizemos Tales of Xadia também. Tabletop RPGs geralmente demandam uma construção de mundo mais adiantada que uma série animada. Tivemos discussões mais aprofundadas sobre o cenário até aquele ponto e conseguimos esclarecer o panorama geral do mundo de Xadia. No entanto, quando trabalhamos na série em si, as necessidades da história e dos personagens ditam o que vai para a tela.
Q: Para a equipe de escrita: como vocês monitoram a história geral, lore e construção de mundo? Qual sua memória favorita da sala dos escritores na quarta temporada?
DG: Monitorar a história geral é muito mais desafiador do que você pensa. Nós opinamos todo tipo de coisa ao longo do desenvolvimento que nem sempre persistem até o roteiro final, e até os mais veteranos de nós se encontram perguntando espera, qual versão que a gente mais tinha gostado mesmo?
Então, como somos um pouco avoados, compartilhamos muitas das responsabilidades de anotar o que finalizamos, discutimos e colocamos como a “visão” para cada ponto da história. Na prática, significa que temos VÁRIAS anotações. Toda reunião, toda ideia, toda discussão é anotada por alguém no time, seja o assistente do escritor ou o escritor responsável por um episódio em específico, e fazemos nosso melhor para nos organizar com essa pilha de anotações
Mas monitorar a história não para por aí!
Uma coisa que tento enfatizar para escritores (e pessoas no geral tentando entender o processo de produção) é o quanto comunicação e clareza é necessário para fazer uma série animada: centenas de pessoas trabalham em O Príncipe Dragão, e cada um de nós está constantemente se empenhando em alinhar uma visão para cada episódio, roteiro, cena e filmada da série. Muitas vezes nosso trabalho como escritores e produtores é reiterar o que está escrito no roteiro várias vezes, descrever a intenção detrás de tudo e colaborar com o time mais abrangente (artistas de board, animadores, etc) para trazer à vida a visão que temos de forma que seja impactante e viável dentro dos limites da produção. É um trabalho árduo que acontece na arte de escrita e storytelling – comunicação e colaboração são as chaves do sucesso de O Princípe Dragão.
PV: Para responder sua segunda pergunta: Uma das minhas primeiras memórias da sala dos escritores não foi da quarta temporada, mas da quinta. Quando eu e Eugene Ramos entramos como escritores da equipe, estavam fazendo o que chamamos de “destrinchar a história”, compreender os pontos principais, para um episódio na quinta temporada que é... uma jornada super emocional para os personagens. E foi uma história muito difícil de destrinchar! Eu lembro de fazer pausas onde todos iriam para longas caminhadas para clarear nossas ideais. Devon falou várias vezes para mim e Eugene que isso não era normal, que era um episódio excepcionalmente difícil. Mas agora que o episódio está quase terminado, devo dizer, que o nosso bate cabeças (metafórico e literal) contra a parede valeu muito a pena. É um episódio muito legal. Há piratas nele. Se preparem para a quinta temporada, pessoal.
Q: Produzir os episódios em pequenos blocos influencia a abordagem do time ao escrever a série quando se trata da história abrangente da saga?
DG: Acredito que há um equívoco aqui. Não desenvolvemos a série em pequenos blocos. Ao contrário, estamos trabalhando no arco “O Mistério de Aaravos” (ou seja, temporadas 4-7) ao mesmo tempo!
O que significa que, na prática, enquanto estávamos terminando os toques finais dos episódios da quarta temporada, a quinta já estava se aproximando da animação final e entrando na fase chamada LRC (luz/sombra/composição), onde os episódios começam a parecem reais, mesmo havendo ainda muito trabalho a ser feito. E enquanto tudo isso estava acontecendo, estávamos escrevendo roteiros mais avançados na saga. Essa foi a abordagem que usamos quando desenvolvemos as temporadas 1-3, e falamos mais desse processo aqui.
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Isso significa que nosso time teve o privilégio de considerar as histórias de todas as quatro temporadas de uma vez ao invés de se preocupar que não teríamos outra temporada e compartimentalizar. Não tivemos que vir com “um final” prematuramente, e pudemos pensar na narrativa abrangente de cada temporada individual como se fosse “uma grande história”. Isso não significa que iremos saber ou resolver cada detalhe antecipadamente, claro – ainda temos prazos, orçamentos e limitações – mas nos deu muita liberdade para o ritmo e tom da série escalar e ser construído ao longo das temporadas 4-7. Esperamos que o resultado desse privilégio se torne aparente conforme o arco “Mistério de Aaravos” continua.
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estudiodurer · 10 days
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aelymn · 1 month
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Aqui deixo todos os conselhos que eu queria ter recebido no meu processo criativo. Pois ainda sangro para escrever, e, imagino que você também.
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A escritora que vive em mim inspira-se...
Uma crônica acerca dos meus movimentos de escritora... quase uma cobra. Chego a ouvir o guizo... rs
Nas pessoas! E em seus muitos movimentos de vida e diálogos de momento. Gosto de provar de seus contornos, aprendendo-os sem pressa, como um artista que observa uma paisagem. Ouví-las durante suas distrações… e avançar por dentro, até me misturar de tal maneira que não sei mais quem sou, tampouco quem são eles. Não são todas as pessoas que encontro pelos caminhos da cidade que me inspiram.…
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m-ind · 2 months
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CADERNINHO SIMPLICIDADE Scans [61-85]
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ddbandreiapintassilgo · 3 months
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INSPIRAÇÃO
Módulo PMAD_Processo_Criativo_AF3
1. Exploração e Reflexão
Inspiração é uma das sete fases ou etapas distintas, interativas e generativas, identificadas no método específico, da a/r/cografia, (Veiga, 2020b, pp. 101-110) um processo de investigação criativa, que “visa enquadrar o trabalho de investigação criativa sob três prismas: o da arte (art – A), o da investigação (research – R) e o da comunicação (communication – C).” (Veiga, 2021, p.17), esta prática artística digital é particularmente direcionada para a média-arte digital e incide na experimentalidade artística: o seu significado, intenção, descobertas associadas e a comunicação do todo.
A inspiração estabelece relações complexas de implicações mútuas, sem uma sequência definida, podendo ser revisitada, questionada, alterada e/ou adaptada ao longo de todo o processo criativo. Esta etapa e as outras etapas da a/r/cografia são uma contínua construção e evolução, resultante de abordagens e processos interativos gerados por interações com os vários agentes - humanos e não-humanos - do ecossistema, aponta Veiga, 2021.
Reunir inspirações em torno da Temática da Mãe Soberana - Nossa Senhora da Piedade - Loulé, é fundamental para poder explorar, desenhar, confrontar, tirar notas, interligar, reutilizar e analisar como diferentes ideias e referências de trabalhos de terceiros podem inspirar conceitos, que permitam visionar e apontar possíveis concretizações.
2. Mãe Soberana Identidade
Como ponto de partida desta etapa, revisitei a identidade gráfica desenvolvida por mim para o Santuário da Mãe Soberana - Nossa Senhora da Piedade, o qual reflete a história e significados deste culto Mariano, em Loulé. A estrela de 16 pontas, é a imagem de marca desta manifestação,
Figura 1: Indentidade Visual - Mãe Soberana - Santuário Nossa Senhora da Piedade Loulé Fonte: Autor (2020).
cuja criação resultou da investigação desenvolvida em torno da temática. Esta identidade permite contar a história de quase 500 anos desta devoção, em 14 passos, (corresponde ao mesmo número dos passos da Via Sacra):
1 - Cruz - Marcação do lugar
2 - 1º ANEL - Povo - Colectivo - Todo - 4 quadrantes - 4 Estações do Ano - Ciclo da Natureza - PÁSCOA - Dualidade - Vida - Morte - Ressurreição - Festa - Religioso - Pagão - Antigo - Contemporâneo
3 - INTERVENIENTES - Esfera de ligação entre o todo - Constelação
4 - REDE - Adjetivação - Comunidade - Coletivo - Centro
5 - 2° ANEL - SANTUÁRIO - Cúpula - Local Sagrado - Consagrado pelo Todo
6 - 3° ANEL - ESPÍRITO SANTO - A Mãe que intercede junto do Filho - Esfera Divina
7 - UNIVERSO - Observação - Contemplação - Reflexão - Oração
8 - 8 Pontos Cardeais - 8 HOMENS DO ANDOR - Força em todas as Direcções
9 - Estrela Guia - Direção - Manifestação Religiosa
10 - Natal - Nascimento - MÃE - FILHO - Coroa - Soberana - Luz - Festa - Orar
11 - ESTRELA DA PÁSCOA - Capela Sistina - Vaticano - Estrelas no chão marcam o ciclo do calendário Juliano
12 - Símbolo
13 - Símbolo + Santuário
14 - Identidade
3. Património Cultural Imaterial
Para sustentar a prática artística digital irei considerar e consultar o Inventário Nacional Pesquisa Orientada - MatrizPCI, onde a manifestação se encontra inscrita desde 2016, constituindo um repositório de documentos, imagens, sons e vídeos associados ao culto.
Outra das minhas inspirações é o livro “Mãe Soberana - A Força do Amor”, uma obra fotográfica de três louletanos renomados, Fernando Correia Mendes, Luís Henrique da Cruz e Vasco Célio. A qualidade da fotografia dos autores é inspiradora e retrata as festividades associadas ao culto com uma perspectiva artística e crítica, onde “A cultura é fator transformador e, simultaneamente, agregador das sociedades”, sublinha Vítor Aleixo no prefácio do livro.
Também os textos do autor e coordenador da obra, João Romero Chagas Aleixo, são inspiradores, uma compilação dos pontos altos da manifestação, reconhecendo a importância da fotografia na divulgação do culto, logo estas imagens podem ser parte integrante da possível videoarte que tenciono criar para exibir no meu artefacto. Exemplo de algumas fotografias, dos autores:
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Figura 2, 3 e 4: FotografiaS de Fernando Mendes. Fonte: “Mãe Soberana - A Força do Amor”, (2017).
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Figura 5, 6, 7, 8 e 9: FotografiaS de Luís da Cruz. Fonte: “Mãe Soberana - A Força do Amor”, (2017).
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Figura 10, 11, 12, 13 e 14: FotografiaS de Vasco Célio. Fonte: “Mãe Soberana - A Força do Amor”, (2017).
Nas notas introdutórias da referida obra, João Romero Chagas Aleixo, dá nota e faz-nos deambular pelos cenários da festa e do povo de Loulé, podendo estas narrativas contribuir para criação de novas abordagens, abaixo dois excertos que refletem e descrevem a festa e a sua identidade:
“Um culto antigo. Com quase cinco séculos de existência (c. de 1553). Um culto que deverá ser visto como uma recordação coletiva. Como um culto da comunidade. Como a consciência de um grupo. Como uma esperança comum. Como o maior denominador comum entre todos os louletanos. Como a maior, mais bela e sentimental marca identitária entre os filhos de Loulé. Um verdadeiro símbolo, pela sua resistência e perenidade, do que é ser-se Louletano. Um estandarte de louletania. Uma espécie de autobiografia de um povo. Transmitida, pela força do sangue, de geração em geração, à quase cinco séculos. Ou como nos resumiu, lapidarmente António Aleixo (1899-1949): “porque a alma desse povo/ Vai dentro daquele andor”.” (Aleixo, 2017, p.21)
Outro dos textos que podemos analisar na obra é o dedicado à ladeira:
“A ladeira. Sempre ela. Sempre a mesma. Imutável. Dolorosa. Caprichosa. E difícil. Uma calçada acidentada ladeada por dois muros de cal branca. Milhares e milhares deserdas deformadas pelo passar dos séculos, que, no seu conjunto compõem uma calçada antiga, irregular e sinuosa. Duas curvas de se cortar a respiração. Trezentos metros sempre a subir. Mais de quinze graus de inclinação média. A Via Sacra para qualquer Homem do Andor. O calvário em forma de colina. O último e derradeiro obstáculo. A suprema dificuldade. Sem ela menos canseiras haveria. Tudo seria mais fácil. Tudo seria mais simples. Mas ela está lá. Inamovível. Incontornável. Altaneira. Florida e cada de branco. Pacientemente à nossa espera. É preciso ultrapassá-la. Todas as Primaveras por alturas da Páscoa.
A ladeira, a sempre dolorosa ladeira, até parece que foi desenhada de propósito. Colocada lá, caprichosamente, por Alguém. Com o objeBvo de dificulta a missão anual aos Homens do Andor. Por forma a testar os seus limites wsicos e psicológicos. A sua resistência. O seu amor filial. E para conferir espetacularidade à úlBma etapa da Festa Maior dos Louletanos. Quem nunca a subiu?
Ao longo dos séculos a ladeira tem sido uma fazedora de lenda e mitos é vencendo-a que s se conquista a glória. Se alcança o Olimpo. Mas, para o alcançar, é antes necessário vencê-la. Transpô-la de uma só vez. Sem paragens. Sem vacilações. Numa rápida corrida em direcção ao céu. É através dela que se forjam os heróis. Os populares heróis à escola local. Que nós Louletanos designamos por Homens do Andor”. (Aleixo, 2017, p.22)
O texto “Loulé em vista rasante. Das origens a 1950” por Joaquim Romero de Magalhães na obra “Loulé Territórios, Memórias, IdenBdades“, faz referência à água, elemento que se quer presente no artefacto dada a dimensão perante a temáBca.
“Não sei escolher, mas se me dessem ao meu gosto ir em busca e fixar um nome para esta terra, procurava acertar em qualquer coisa que Bvesse a ver com água. Sim, água, porque a povoação de Loulé assenta em água, já assentou mesmo em mar - e por isso as minas de sal-gema.”
João Romero Chagas Aleixo menciona ainda, na reportagem de Catarina Canelas, da TVI “É como se a mãe descesse à terra”, que Joaquim Romero defende a tese de que a festa começa com as chamadas preces dos camponeses, as chamadas rogativas a Deus para que chovesse. Por isso é também uma fonte de inspiração, ele fala de um culto ancestral, dedicado à ruralidade e à água, o que vai totalmente de encontro à temática que quero desenvolver manifestação/mitigação das alterações climáticas, com principal destaque para a problemática da água.
Para melhor fundamentar a tese de Magalhães, 2016, registo um excerto do prefácio do Livro “Mãe Soberana – Estudos, Ensaios, Crónicas”, cuja narrativa é inspiradora e reflexiva.
“A Senhora da Piedade, desde cedo – talvez logo no século XVI – passou a ser especialmente venerada pelos vizinhos das terras de lavoura. Pediam-lhe piedade, esperavam misericórdia. E o que mais solicitavam era a água em tempos de seca. Sem água a vegetação morre, o fruto esBola, vem a fome e a morte... Água de Misericórdia: era o pedido que Loulé (e em nome de todos o colectivo dos mais abastados que compunham a vereação da vila) dirigia a Deus e aos Santos. Mas da corte celestial, a quem mais ligados estavam os populares dos arredores, era a Senhora da Piedade – que mais atendia aos angustiosos pedidos que lhe eram endereçados. As preces ad petendam pluviam dirigiam-se à Mãe para que demovesse o Filho, talvez esquecido ou ocupado a castigar pecados colectivos. Para reforçar o pedido, trazia-se a imagem para a freguesia da vila – S. Clemente – onde mais facilmente as rogativas por todos eram feitas. Mais tarde, em fins do século XIX a igrejinha de S. Sebastião – da ordem Terceira de S. Francisco transformada em freguesia de S. Sebastião – passou a acolher o sagrado ícone. Mas manteve-se, com poucas alterações, toda a exuberante recepção que se lhe devia – e de quem se esperava as mercês requeridas, o resultado das promessas enviadas, das rogativas e aclamações que se lhe dirigiam pouco ou nada tinha inicialmente com isto. Era popular e espontâneo o requerimento, encabeçado pela Câmara, autoridade civil e laica. Se havia rezas orientadas pelo clero, sermões, procissões e actos que mereciam a qualificação de cultuais, não eram esses os importantes nem os determinantes da festa e das exuberantes manifestações festivas. Água indispensável aos campos, em especial nos fins de Março e princípios de Abril. Ora esse é também o tempo da Semana Santa e da Páscoa. Aí, e para evitar confusões, a disciplina eclesiástica terá agido. Preces por água misturadas com a paixão de Cristo não fariam sentido. Festa possível só depois da Páscoa – que não pode ir além de 25 de Abril. Por que não conciliar uma fé e uma necessidade popular com o calendário religioso? Por que não fazer coincidir as rogativas com os tempos litúrgicos das endoenças? Sem confusão de momentos. Há duas festas. A festa «oficial», católica, organizada, domesBcada. A Senhora no seu andor barroco passeia processionalmente e calmamente pela vila, sob a vigilância e com o acompanhamento do clero. A outra, a festa «popular», vai do largo de S. Francisco até à capelinha, percurso árduo e diwcil. O ordinário, de ritmo bem marcado, congrega as forças que os vivas da mulBdão convidam a ajudar os ânimos dos valentes que carregam o andor. O entusiasmo é inebriante e com ele se faz a descida e, sobretudo, a subida. Exuberância do acompanhamento e então verdadeira festa de todos. Com expressões que naturalmente chocam os bem-arrumadinhos do ritualismo oficial. (...) Páscoa, alegria pela Ressurreição – a ressurreição anual da Natureza – Mãe que tudo pode e manda – a Soberana. Mãe Soberana e Mãe de Fecundidade – a Terra. Reminiscência e conBnuidade de cultos das profundidades, indispensáveis à cultura mediterrânica que dá senBdo a uma civilização e a um estar em sociedade. Sem isso não se dá o tempo ao tempo. Nem se dá senBdo à Vida, nem há Vida. Vida, alegria, esperança, explosão da Natureza a renascer. No andor, porém, a imagem da Dor, contraditoriamente, nesta mistura de religiosidade, solta, mas em parte, relativamente domesticada e canalizada.
O fascinante acontecimento, anualmente renovado – ressurgido da Mãe-Terra que precisa da água de Abril para ser a Mãe fecunda e criadora. Por isso os populares elevam Vivas à Mãe Soberana. Uma interpretação? Sem dúvida, porque disso e apenas, sem pretensões, se trata. Escrito agora retomado de há anos atrás, procurando uma explicação para o visível de um entusiasmo popular que não é muito comum em terras do Sul.”
4. Inspirações Interativas
Passando a inspirações mais interativas e digitais, tenho como referência um trabalho desenvolvido na catedral de Toledo - Espanha em que a Luz é ponto de partida para a visita e deslumbre do visitante, em que a luz transforma e ilumina a arte que se encontrava escondida e apagada.
Também o vídeo mapping é uma das ferramentas utilizadas para enaltecer o património cultural da catedral, uma experiência noturna única onde a luz e o som realçam a beleza da Catedral Primada, mas aqui reconheço as minhas limitações e olho para estes elementos como fator de desbloqueio e beleza, que me faz acreditar que os espaços religiosos, pela sua imponência são perfeitos para aplicar a Média-Arte Digital e podem sem dúvida constituir pontos de valorização da cultura contemporânea aproximando as pessoas do património.
O site do Santuário de Fátima, apresenta a cronologia e a narrativa das aparições de Fátima,
Embora estático, pode inspirar e tornar estas cronologias mais dinâmicas. Também os sons do Santuário disponíveis no site, oferecem a possibilidade de aceder aos sons próprios do lugar, nesse sentido posso ver como posso aplicar o meu artefacto, como já havia mencionado disponibilizar “Viva à Mãe Soberana”, para as pessoas levarem para casa, interagirem, ativarem.
O museu do Vaticano apresenta uma oferta de audioguias que acompanha todo o percurso do museu.
o que pode servir de estudo, para a possível implementação de um roteiro/Via Sacra contemporânea ao longo da ladeira da Mãe Soberana, onde será possível aceder, interagir, visitar a história do local e do culto numa imersão autónoma com a ajuda de um audioguia ou app que permita fazer o circuito.
5. Videoarte
Em relação à video arte tenho como inspiração alguns dos artistas que inspiraram o meu projeto de videoarte, são eles: Hans Ritcher, Filmstudie, 1927-28, onde se observam sobreposições e transparências, Nam June Paik, Zen for Head (1964), o qual tira partido da sombra como interveniente/personagem, metáfora e Bill Viola Station, 1994, em que a posição vertical em relação ao modo como filma e apresentação ao espectador vai ao encontro do visionamento que se pretende em relação ao Andor/Mãe Soberana.
Projetos que me fascinaram e que são inspirações, embora reconheça as minhas limitações ao nível tecnológico, serão referência e adaptados à minha realidade. Os quais têm as descrições detalhadas no meu DDB.
6. As Representações da Pietá
Enquanto pesquisava projetos e inspirações que fossem ao encontro da minha investigação, descobri uma breve apresentação de Helena Serrão, (2022), a qual fez uma compilação das várias representações artísticas da imagem da “Pietá” ao longo do tempo e do espaço, permitindo estabelecer uma cronologia evolutiva da própria imagem, a qual pode ser explorada, modulada ou ser fio condutor para possíveis projetos. Helena Serrão, afirma que “Certas cenas narrativas tornam-se simbólicas. Representam mais do que elas próprias, representam uma paixão humana atemporal. (...) obedecem a padrões de gosto e as técnicas usadas em cada época histórica (...) Cada obra é única, pois apesar de poder repetir o objeto representado, a representação, embora obedeça a cânones (clássicos) tem sempre a liberdade e a subjectividade do artista.”
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Figura 15 à 23: Representações da Pietá, ao logo do tempo. Fonte: Helena Serrão, (2022)
7. Projeto inspiração
O trabalho pretende ser um projeto que envolva a comunidade louletana, de pesquisa fotográfica, videográfica e sonora que relacione o património cultural imaterial e a problemática da água.
Ainda numa fase inicial do estudo, questiono quais os campos e colaborações possíveis, a nível tecnológico e de parcerias, Câmara Municipal de Loulé, Paróquias de Loulé - Santuário de Nossa Senhora da Piedade, Mãe Soberana, CCDR - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, Região de Turismo do Algarve, Universidade do Algarve, Homens do Andor, Banda Filarmónica Artística de Minerva, Escolas do Concelho de Loulé e Grupos de Teatro.
O projeto compreenderá uma série de encontros entre a comunidade, momentos de partilha, recolha e captação de registos sonoros, recolha de imagens vídeo e fotografias, e uma pesquisa no campo social em contexto de mitigação das alterações climáticas com principal destaque para a temática da água.
O resultado da práBca arYsBca poderá culminar numa exposição imersiva – “Mãe Soberana - Património Invisível”, onde vários objectos poderão contar a história dos quinhentos anos de manifestação. Apropriação de objetos associados à manifestação como forma de complementar a instalação práBca arYsBca.
8. Ideias aleatórias
Simulação em ambiente imersivo, Layers de imagens, vídeo e registos sonoros como o léxico dos “Homens do Andor” e dizeres próprios proferidos nas festividades, cânticos, rezas, lendas, músicas, hinos e sons da água e fogos de artificio, que permita a interação do espectador, onde o próprio processa a narrativa imersiva.
Apropriação de alguns registos sonoros associados à manifestação, musicas da Banda Filarmónica Artistas de Minerva, que nos remetem para a subida da ladeira no dia da Festa Grande e os Homens do Andor transportam a Nossa Senhora a uma velocidade como não há registo noutro lugar. Os sons da água associados à novenas e as gentes que vinham dos montes pedir misericórdia e água para os campos e animais, esta é uma memória na qual participei em criança, subíamos a ladeira de noite entre rezas e preces para pedir chuva. A ideia prende-se na revisitação do lugar como espaço de imersão da prática artística. Neste caso será necessário perceber até onde é possível a apropriação de alguns registos sonoros, sem colocar em causa os direitos de autor dos vários elementos.
Outras fontes no desenvolver da investigação poderão vir a ser encontradas e úteis tais como a Reportagem de Catarina Canelas, “É como se a mãe descesse à terra”, com imagem de João Franco, Tiago Donato e Rodrigo Cortegiano e edição de imagem de João Pedro Ferreira.
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Vídeo 1: Mãe Soberana - Festa Grande Fonte: Câmara Municipal de Loulé, (2018)
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Vídeo 2: Mãe Soberana - Festa Grande Fonte: Mais Algarve, (2018)
Conclusão
A questão inicial que coloco em modo inspiração, traduz-se na intenção de mostrar e tornar acessível as invisibilidades inerentes ao culto a Nossa Senhora da Piedade - Mãe Soberana, as quais só são possíveis vivenciar na altura das suas festividades ou eventos extraordinários. Para isso irei desenvolver ao longo da prática artística, um contexto imersivo com a perspectiva de criar uma narrativa e exercícios exploratórios que contribuam para definir e unificar significados e formas de abordar o artefacto, com a intenção de criar uma “literacia criativa” sobre a média-arte digital, a abordagem da temática trará conhecimento novo e de utilidade atual e futura aproximando o espectador/visitante das invisibilidades do património - Nossa Senhora da Piedade Mãe Soberana, através da prática a/r/cográfica, considerando o seus contextos, a estética, a integração tecnológica, o impacto e a fruição em torno da obra.
Referências Bibliográficas
Aleixo, J. (2013). O culto a Nossa Senhora da Piedade, Mãe Soberana dos Louletanos, em Loulé (1806-2013), tese de Mestrado em História Contemporânea, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa.
Aleixo, J. (2016). Mãe Soberana – Estudos, Ensaios, Crónicas, Loulé, Câmara Municipal de Loulé. Faculdade de Arquitectura – Universidade técnica de Lisboa (2012).
Aleixo, J. (2017). Mãe Soberana – A Força do Amor, Loulé, Câmara Municipal de Loulé. ISBN: 978-972-9064-84-5
Serrão, H. (2022). Representações da Pietá - hÄps://pt.slideshare.net/helenaserrao/representaes- da-pieta
Museu Nacional de Arqueologia (2017). Loulé. Territórios, Memórias e Identidades. ISBN: 978-972-272572-9 (INCM) 978-972-776-514-0 (DGPC)
Veiga, P.A.(2021). ROTURA, 2: 16-24 - Revista de Comunicação, Cultura e Artes. eISSN: 2184-8661 hÄps://publicacoes.ciac.pt/index.php/rotura/index/arBcle/view/47
Veiga, P.A. (2020a). A/r/cografia: A Criatividade Investigada na Investigação Cria.va. In Investigação - Experimentação - Criação em Arte - Ciência - Tecnologia, Marques, D. & Gago, A. (Orgs), Publicações Universidade Fernando Pessoa, Porto, ISBN: 978-989-643-163.
Veiga, P. A. (2020b). O Museu de Tudo em Qualquer Parte: Arte e cultura digital: interferir e curar. Coleção Humanistas, Centro de Investigação em Artes e Comunicação. Grácio Editor. hÄps://repositorioaberto.uab.pt/handle/
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josivandro · 3 months
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ismaliadesenhou · 6 months
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Ilustração digital: esse dia chegou!
Finalmente aconteceu: estou estudando ilustração digital!
Eu gosto tanto da materialidade da tinta, de usar o pincel e até do cheiro do papel, que confesso que achei que esse dia nunca chegaria.
Eu tinha até uma certa aversão.
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Desde 2013 eu tenho uma mesa digitalizadora - Wacom Bamboo Create - que tentei usar algumas vezes para ilustrar no Photoshop, mas simplesmente desisti. Achava tudo horrível, não conseguia me acertar com o software e a mesa ficou quase abandonada.
Eu cheguei a usá-la para fazer ilustração vetorial no Corel Draw para algumas logomarcas e depois quem usufruiu da mesa foi minha filha Nimeriart, que estava iniciando na ilustração digital.
Em 2018 eu resolvi tentar novamente, dessa vez desenhando no celular, a partir da minha referência da pintura tradicional, mas sem entender muito bem as ferramentas digitais e com dificuldade pra alcançar o resultado que eu queria.
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Retrato da minha filha Nimeria e aquarela digital do balão no céu
A maioria dessas pinturas eu fiz usando o app MediBang, ora com o dedo ora usando uma canetinha barateza e quase sempre no caminho para o trabalho de ônibus.
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Autorretrato, referência de pintura a óleo e aquarela digital do avião no céu - essa está sofrível demais, mas é bom relembrar pra enxergar a minha evolução.
Em 2019 fiz alguns desafios de "desenho no seu estilo" - Draw this in your style - sempre buscando a textura da aquarela.
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Esse último foi o único que fiz no app Sketchbook, achei ele mais intuitivo que o MediBang, gostei mais de usar, mas ainda assim eu me perdia fácil, achava ele confuso.
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Bom, agora vamos pular pra 2023!!!
Eu voltei a ter vontade de estudar ilustração digital depois que a Lidy Dutra passou a compartilhar seus estudos e comentou sobre o equipamento e o software que estava usando. Ela também é da ilustração tradicional e tinha dificuldades de se adaptar no digital, então pensei "hmmm, por que não tentar novamente?!" !
Então um dia faltou luz no trabalho e, quando isso acontece, simplesmente não temos nada para fazer, foi a deixa para eu baixar o app Infinite Painter e começar a rabiscar!
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Fiz estes dois estudos bem soltos, sem referência, apenas brincando com a versão gratuita do programa no celular.
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Na primeira eu usei somente o dedo e na segunda usei o dedo e a canetinha - a mesma barateza de anos atrás - na lineart.
E pensei:
Acho que me encontrei no Infinite Painter! 
O processo foi fluido, bem diferente dos outros app que havia experimentado, incluindo o Photoshop. O IP é muito mais intuitivo, com uma interface limpa e finalmente eu me diverti ilustrando no digital!
Acho que inclusive o exercício de aprender uma nova ferramenta, manter minha mente ativa, deixou o meu desenho no tradicional melhor também.
Num impulso e aproveitando uma promoção, decidi comprar o Tablet S6 Lite da Samsung e acabei resolvendo duas questões de uma só vez. Fazia muito tempo que eu queria um tablet para leitura de PDF com imagens, não queria um e-reader, então agora tenho a ferramenta que precisava!
Eu quis trazer essa retrospectiva sobre minha exploração de ilustração digital porque percebi o quanto a ferramenta - hardware - e o app ou programa - software - influenciam na nossa adaptação. Pra quem vem da ilustração tradicional, um software robusto e mais técnico - não sei se a palavra seria essa - como o photoshop assusta e desanima, mesmo para quem já o utiliza para tratamento e edição de imagens. E usar a mesa digitalizadora traz uma experiência diferente demais pra quem vem da materialidade.
Num próximo post vou comentar o processo das minhas primeiras ilustras usando já usando o tablet e a versão paga do Infinite Painter. Estou muito feliz por estar aprendendo uma coisa nova e me divertindo no processo!
Até breve!
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portalshakira · 7 months
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Nova escultura de Shakira está quase pronta em Barranquilla
A criação da nova escultura que Barranquilla receberá em homenagem à cantautora Shakira está em ritmo acelerado. O prefeito Jaime Pumarejo visitou o ateliê do mestre Yino Márquez, localizado no bairro 7 de Abril, para conhecer detalhes do processo de elaboração da obra, que terá mais de 6,20 metros de altura e será fundida em bronze. “Esta escultura reconhece a artista barranquillera que deu…
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sjos04 · 9 months
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João, a male teen with brown eyes and brown hair, stands out in the scene with his unique style. Wearing a blue vest and suspenders, he exudes an aura of mystery as he gazes at someone with his piercing intensity. His gaze reveals a disconcerting depth, as if harboring profound and unfathomable secrets. Clad in a pristine collared shirt, he appears as though he stepped out of a vintage portrait, a glimpse into a bygone era. Who is this intriguing figure named João? What does he conceal behind his enigmatic gaze? The answers lie within his silent soul, ready to be discovered by those brave enough to venture into his enigmatic world.
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João, um adolescente de olhos castanhos e cabelos também castanhos, destaca-se no cenário com seu estilo peculiar. Vestindo um colete azul e suspensórios, ele exala uma aura de mistério enquanto encara alguém com sua intensidade penetrante. Seu olhar revela uma profundidade desconcertante, como se carregasse segredos profundos e insondáveis. Vestindo uma camisa de colarinho impecável, ele parece ter saído de um retrato antigo, um vislumbre de uma época passada. Quem é essa figura intrigante chamada João? O que ele esconde por trás de seu olhar enigmático? As respostas estão guardadas em sua alma silenciosa, prontas para serem descobertas por aqueles corajosos o suficiente para se aventurar em seu mundo enigmático.
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gabrielpardal · 8 days
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Das utilidades das restrições
Refletindo sobre a interação entre limitações e criatividade, percebi o poder que colocar restrições pode exercer sobre nossa capacidade de inovação. Enquanto muito se prega a liberdade criativa como essencial, prefiro enxergar o controle como fonte de potencial, fundamental para solidificar ideias e explorar novas perspectivas.
Mas vejo também um uso excessivo de restrições sem propósito. Por isso fiz uma lista com os parâmetros que considero úteis para mim e para quem encontra meus trabalhos. Esse é um exercício que pode ser aplicado a cada projeto. Na minha visão elas se dividem em dois tipos.
Para o público
Útil:
- Ter um ponto de vista claro. - Apresentar ideias que ajudam em alguma coisa. - Inspirar. - Incentivar potencialidades.
Não é útil:
- Parecer profissional demais. - Dar mais certezas do que perguntas. - Sobrecarregar de informações desnecessárias.
Para mim
Útil:
- Criar um cronograma de publicações. - Desviar de coisas que não são o propósito central do trabalho (como passar muito tempo me preocupando com imagens em projetos cujo foco é o texto). - Criar formatos (como toda newsletter ter dicas de coisas para ler, ver e ouvir, ou todo desenho ser feito à mão).
Não é útil:
- Querer agradar a todos os gostos. - Criação baseada exclusivamente em pesquisas de público ou tendências. - Otimização para mecanismos de busca.
Quando você estabelece as restrições pro trabalho que está desenvolvendo, você encontra um conjunto de limitações que vão fazer sua criatividade se concentrar no que interessa.
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eriveltonarts · 1 year
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Cinco passos para começar no mundo das artes plásticas
Se você tem interesse em começar no mundo das artes plásticas, mas não sabe por onde começar, este post é para você. Abaixo estão cinco passos para ajudá-lo a dar os primeiros passos nesse mundo fascinante.
Escolha o seu meio de expressão Existem diversas formas de expressão nas artes plásticas, desde pintura até escultura, passando por desenho, gravura, colagem, entre outras. Escolha um meio que te atraia e que você sinta vontade de explorar. Isso será fundamental para manter a sua motivação e dedicação.
Conheça os materiais e técnicas Cada meio de expressão tem suas particularidades em relação a materiais e técnicas. Pesquise sobre o assunto e experimente diferentes opções para descobrir quais funcionam melhor para você. Isso vai ajudá-lo a criar um estilo próprio e aprimorar a sua técnica.
Estude arte Para se tornar um bom artista, é importante estudar a arte em suas diversas formas. Visite museus, galerias, exposições e busque referências em livros e na internet. Estude as obras de grandes artistas e tente entender as técnicas que eles utilizaram para criar suas obras.
Pratique A prática é fundamental para evoluir na arte. Dedique um tempo diário para praticar a sua técnica e experimentar novas possibilidades. Faça esboços, estudos e obras completas, sempre buscando melhorar.
Receba feedback Para crescer como artista, é importante receber feedback de outras pessoas. Mostre suas obras para amigos, familiares e outros artistas e peça opiniões sinceras. Isso vai ajudá-lo a identificar pontos fortes e pontos fracos e a encontrar formas de aprimorar o seu trabalho.
Seguindo esses cinco passos, você estará pronto para começar no mundo das artes plásticas. Lembre-se de que o processo de aprendizado é contínuo e que a prática constante é fundamental para evoluir na arte.
Eu particularmente amo pintura com aquarela, mas sou apaixonado por diversas outras técnicas, mas tente focar uma por vez. Na minha jornada eu iniciei com desenhos simples (usando apenas lápis grafite e papel sulfite), depois passei para a tinta guache escolar por ser a tinta, que à época tinha mais acesso, depois passei pela acrílica e hoje estou focado em aprender e aperfeiçoar aquarela. Conforme você evolui suas habilidades em cada uma das técnicas/materiais, poderá então produzir peças artísticas com maior complexidade e múltiplas técnicas.
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uemmersson · 1 year
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O processo criativo por trás da ilustração de moda.
Descubra o processo criativo por trás das ilustrações de moda e aprenda como transformar suas ideias em arte visualmente atraente.
A ilustração de moda é uma das principais formas de comunicação visual da indústria da moda. Ela é usada para transmitir ideias e conceitos de forma visualmente atraente, e muitas vezes é utilizada em campanhas publicitárias, catálogos de moda, desfiles e outras mídias. Mas como é o processo criativo por trás dessas ilustrações tão elegantes e detalhadas? Aqui estão algumas etapas…
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luzdaimagem · 2 years
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eles desfilam
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Às segundas...
Acordei cedo e espreguicei-me… esticando-me por inteira — como fazia o meu menino de quatro patas. Respirei fundo… como um monge essa lembrança-peculiar. Meditei as horas nos ponteiros, recordando o som do velho carrilhão que insiste dentro e num gesto ligeiro pus a música para girar — flapper girl... É segunda-feira no calendário preso na lateral da geladeira… para o qual dou de ombros. Aperto…
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