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#prazenteiro
vcnaovalenada · 7 months
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@lucws o tutor não sabia bem o motivo de ser escolhido para tal conversa, mas não se sentia muito privilegiado por isso. observava o nobre com curiosidade, mas um pouco de preocupação também. não o conhecia tão bem para saber que tipo de resposta poderia dar. provavelmente, não poderia ser tão tranquilo quanto com a própria princesa. "oferecer em troca?" repetiu, confuso. "eu nem disse se tinha interesse. não era para você perguntar isso antes? senhor." belo jeito de começar a conversa, com sinceridade pura, mas tentando consertar ao final. "acho que tenho, mas não teria o que oferecer. sou um mero tutor de idiomas; tudo o que eu puder oferecer, você provavelmente já tem e melhor."
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os olhos de ben se dilataram ao ser alvo dessa invocação. Senhor. Senhor? Não havia insulto maior que aquele que a mente de lucas poderia conceber. "lucas, acredito que sua presença não seja mais necessária no castelo. 'tá demitido", brincou, embora a gravidade da situação tenha mantido uma expressão séria em seu semblante por um breve lapso, antes que um sorriso prazenteiro sucedesse à carranca. "senhor? nós temos a mesma idade, meu caro. E, permita-me ressaltar, estou um tanto mais bem conservado", replicou com um toque de humor e uma ponta de vaidade, enquanto mantinha um sorriso galante. o questionamento alheio era, sem dúvida, pertinente. contudo, benjamin não se encontrava apreensivo com isso naquele momento. "no entanto, acredito que encontrará interesse nesta oferta", proclamou ele, retirando finalmente da mochila uma cópia extraordinariamente bem preservada de um dicionário de latim. tratava-se da primeira edição, um exemplar antigo, porém em condições primorosas. "se acaso não despertar seu interesse...", benjamin prosseguiu, recolocando o livro na bolsa com a mesma calma que o retirara, enquanto fixava o homem com um olhar perscrutador. "ah, mas por favor, não me prive dessa sábia fonte de informação que deve possuir. Um homem como você deve deter as notícias mais relevantes sobre o que ocorreu na minha ausência no castelo." a curiosidade de Benjamin estava aguçada, e ele ansiava por conhecer os eventos que haviam transcorrido enquanto estivera ausente. "tipo, como 'tá a minha prima e o que aconteceu naquela noite."
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ddelicadezas · 1 year
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“(...) algum dia,em algum lugar, alguém vai ser muito grato por ter te conhecido.”
@oescritor
@prazenteiro
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leitoracomcompanhia · 2 years
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Ela
“... a quem sabia viver o momento dessa maneira, a quem sabia viver de modo tão presente, a quem sabia com amabilidade e cuidado valorizar cada pequena flor ao longo do caminho, cada pequeno e prazenteiro momento, a essa pessoa nada a vida conseguia fazer de mal.”
Hermann Hesse, “O Lobo das Estepes”; a fotografia é de Jacques-Henri Lartigue.
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bunkerblogwebradio · 1 month
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Aulas magnas por togados “magnos”
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“A politização, ao mesmo tempo incrementada e confessa do mundo universitário, me pareceu um dos legados dos eventos de Maio; um dos menos duvidosos e dos menos prazenteiros.” (Raymond Aron)
Vai bem longe o tempo em que a abertura do ano universitário simbolizava promessas de aquisição de conhecimentos acadêmicos pelas novas gerações. A reverência aos cabelos brancos dos mais velhos e experientes, assim como os discursos sobre assuntos que, de tão atemporais, haviam resistido ao mofo dos séculos, marcavam aquele rito de passagem de mentes verdinhas para uma vida adulta intelectualmente ativa. Nos cursos jurídicos, a abordagem de temas instigantes, tais como o surgimento do constitucionalismo, os institutos do direito civil legados pelo gênio romano ou o desenvolvimento do sistema punitivo fascinava os jovens mais argutos e proporcionava aos docentes – pelo menos àqueles dignos do título – a certeza de que o saber por eles acumulado não viraria pó. Porém, com a massificação do ensino superior e a crescente adesão de professores ao apelo fácil de ideologias de rótulo humanista, mas de essência autoritária, toda aquela sacralidade viria a ser pisoteada como algo nocivo, muito ancien régime, a ser radicalmente substituído pelas “luzes” de novos guias sociais.
Dois dias após a grande manifestação do dia 25 de fevereiro, o ministro Alexandre de Moraes inaugurava o ano letivo da faculdade de direito do Largo de São Francisco na USP (SP)[1]. Em fala que mais parecia dirigida a uma turma de pugilato que a um centro acadêmico, Moraes iniciou sua preleção com a referência a uma recente luta de boxe, para afirmar que “nós não podemos baixar a guarda… Não podemos dar uma de Bambam contra Popó – que durou 36 segundos. Nós temos que ficar alertas e fortalecer a democracia. Fortalecer as instituições e regulamentar o que precisa ser regulamentado.” Obsidiado pela regulação das redes sociais, seguiu alertando os alunos sobre algo por ele designado como “manual do ditador” e definido, pelo douto juiz, como sendo o modus operandi daqueles que “[atacam] a imprensa livre – emparelhando as notícias verdadeiras com as fraudulentas, colocam em dúvida a credibilidade do sistema eleitoral e, agora, não podem deixar aqueles que têm o papel de garantir o Estado Democrático de Direito, não podem deixar que eles tenham independência.” Em plena cátedra, conceituou como condutas ditatoriais – e, portanto, merecedoras de reprovação e de penas! – o que não passa do legítimo exercício constitucional da liberdade de expressão.
Aquele discurso havia sido uma indisfarçável resposta ao ato realizado em São Paulo, na antevéspera, durante o qual centenas de milhares de indivíduos haviam manifestado seu protesto contra a série de abusos judiciais, embora, no palanque, apenas o pastor Silas Malafaia os tivesse mencionado explicitamente[2]. Ainda assim, a reunião pacífica dos indignados contra aqueles que pouquíssimos ousaram nominar gerou reações em cadeia por parte do estamento togado. De fato, a defesa despudorada da mordaça, em um universo acadêmico que deveria primar pela pluralidade e pelo fomento ao debate entre divergentes, foi o prelúdio usado por Moraes para a edição das novas resoluções do TSE para as eleições deste ano. Como havia prenunciado diante dos acadêmicos da USP, Moraes e seus pares tornaram a “legislar” e, sem um voto popular, implementaram trechos inteiros do chamado PL da Censura, que havia sido embarreirado no parlamento[3]. Afinal, para “regulamentar o que precisa ser regulamentado”, vale tudo, inclusive desconsiderar os princípios constitucionais da separação de poderes e da livre manifestação opinativa.
Na semana seguinte, coube ao ministro Barroso desempenhar o papel de “queridinho” do meio acadêmico[4]. Em aula inaugural na PUC/RJ, o togado aproveitou a ocasião do dia internacional da mulher para autoproclamar-se um militante feminista de longa data e, pasme você, caro leitor, para escancarar sua postura pró-abortista. Deixando de lado o dever imposto a qualquer magistrado de abster-se de comentar matérias ainda sob sua apreciação, como é o caso do aborto, Barroso conclamou os ouvintes a uma mobilização pela descriminalização da prática – e ousou fazê-lo entre os muros de uma universidade privada e católica, cuja profissão de fé a tornaria, pelo menos em tese, avessa a condutas atentatórias à vida desde a sua concepção.
Em duras críticas à legislação brasileira sobre o tema, o togado incitou a plateia a “uma campanha de conscientização que precisamos difundir pelo país para que possamos votar no STF, porque a sociedade não entende do que se trata”. Além de prosélito e, por isso mesmo, carente da imparcialidade indispensável ao exercício da atividade judicante, Barroso ainda pavoneou sua soberba ao dizer que a matéria envolve algo “que a sociedade não entende”. Do alto da arrogância própria aos detentores de poderes ilimitados, partiu de uma generalização rasa sobre um coletivo de indivíduos supostamente “não entendedores” para avocar, para si, a prerrogativa de agir “em nome do povo, e para o bem deste”. Contudo, como bom representante da intelligentsia brasileira, Barroso não costuma interagir com seres humanos distantes de sua “bolha” e, muito menos, dar ouvidos às convicções e ao conhecimento do tal “povo”, invocado amiúde em folhetins e discursos politiqueiros e, agora, em falas de togados. Assim sendo, qual a sua autoridade para elencar os assuntos dos quais a sociedade entende ou não, ou para definir o próprio conceito de “sociedade”?
A citação em epígrafe contém uma alusão do notável R. Aron aos eventos de Maio de 68. Naquele mês, as insurreições universitárias, iniciadas a partir de reivindicações sobre reformas curriculares, varreram o mundo não-comunista de um canto ao outro, inclusive algumas capitais brasileiras. Derivadas de uma mesma raiz iconoclasta de contestação a valores tradicionais das civilizações e da academia no século XX, todas elas revelavam, segundo Aron, “pelo menos o enfraquecimento da autoridade dos adultos, dos professores, da instituição enquanto tal. A contestação da autoridade na Igreja católica e do comando no exército emana do mesmo estado de espírito. A revolução cultural [da China maoísta], que atinge seu apogeu nos anos 60, forma o contexto, o pano de fundo das perturbações[5].” Tão fundamentalista era o discurso daqueles “insurretos”, que figuras sensatas como Aron eram achincalhadas no debate público pela mera crítica ao radicalismo e à violência da esquerda universitária. Não à toa, data daquele período a publicação do manifesto panfletário intitulado “As Bastilhas de Raymond Aron”, em que Sartre se deleitava na detração de seu ex-amigo de infância.
Entre nós, tanto Moraes quanto Barroso são “herdeiros” do Maio de 68, cada um ao seu modo. Ambos se sentem incumbidos da missão de “salvarem” a democracia contra o pretenso “extremismo golpista”, sobretudo por meio do controle das informações disponibilizadas ao grande público. Em seus constantes atentados contra o império da lei, ambos desrespeitam as normas jurídicas, símbolo maior da autoridade em um Estado de Direito. Ambos se mostram tão incapazes de lidar com a crítica que buscam eliminá-la, a cada dia, mediante a decretação de censura e prisões ilegais de opositores. Ambos recobrem o seu menosprezo às instituições sob a maquiagem farsesca da construção de uma sociedade democrática e pacífica, da qual sejam excluídos os enigmáticos “discursos de ódio”.
Pelo menos desde a ditadura militar, nossa academia vem refletindo a indiscutível hegemonia da esquerda em todos os seus matizes. De uns tempos para cá, parece ter se tornado uma longa manus do aparato judiciário, cujas narrativas, por mais esdrúxulas, são plenamente endossadas pelos pseudo-intelectuais, entre risinhos de puro servilismo. O estrelato dos figurões de toga também nos cursos universitários, como ilustrado por aulas magnas cuja única “magnitude” reside na extensão do mando exercido por seus palestrantes, comprometerá a formação das futuras gerações. Expostos a conceitos propositalmente falseados, nossos operadores do direito do amanhã germinarão sob a crença de que a mera divergência das opiniões de poderosos configura “ato antidemocrático” e, por óbvio, tenderão a castrar o pouco que tiver restado de seu espírito crítico, cuidando sempre para não desafinarem do bando.
As perspectivas não são encorajadoras. Porém, cabe a nós, espíritos livres, um esforço conjunto de resistência contra as múltiplas manobras destinadas a sufocarem as nossas vezes e mentes.
Katia Magalhães - advogada 
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«Os brasileiros sempre iam salvando a Caparica e naqueles dias entregou-se a quantos corpos podia. Com uns deixava-se quase currar, com os outros dominava. Espantava-a sempre aquela entrega tão falsa e tão verdadeira daqueles homens que eram especialistas em criar intimidade numa foda esporádica de fim de tarde. Eram bem-dispostos e prazenteiros, tinham à-vontade com o seu corpo e nunca nada podia correr mal porque todos os fiascos tão normais na foda única eram encarados com a maior das naturalidades. Mas passados alguns dias a chupar caracoletas com manteiga nos karaokes do parque de campismo apercebeu-se da tragédia em curso. Os sítios mais populares da Caparica estavam já tomados pelos franceses ricos que passavam vestidos de linho e cestinho no braço a caminho da praia. Era uma questão de muito pouco tempo, percebeu, para que da Fonte da Telha e da Cova do Vapor expulsassem todos os pescadores, bailadores de techno, bebedores de vodca e comerciantes de crack. Que pensavam os franceses de tudo isto? Talvez que se fodam os mitras que vão para a puta que os pariu, ou talvez não, talvez apoiassem até a associação de protecção dos locais. Mas o que era facto é que havendo uma diferença tão abismal, de 'argent', entenda-se, o conflito era inevitável e depois das ofensas não haveria mais pruridos em exterminar os mitras, prendê-los, ou mais simplesmente pôr a presidente da câmara a deitar-lhe as casas abaixo alegando o PDM e as alterações climáticas. Que belo sítio, que vista bonita, nunca tinha reparado, diria a presidente na esplanada das francesas jovens onde aprendeu que chupar caracoletas e intercalar com golinhos de vodca é até bem saboroso.»
— Manuel Bivar, in Os Mamíferos, As Aves e Os Peixes, ed. Língua Morta, 2022, pp. 137-8.
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almoscoralbread · 2 years
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MALDADE
MALDADE “Quem mal não usa Mal não cuida” Diz o povo e bem Ninguém ganha com a maldade Essa falta de sanidade Risível a maldade Flagelo que atravessa a sociedade Havendo optimismo Aprende-se sempre com o negativismo Se ele existe fora o pessimismo Aparece maldade Fica a sensação De quando em vez Alguém não está sendo são Aprende-se a lição Fixa-se o favor Diz-se não sou eu não Assobia-se prazenteiro Desce-se a rua Na sonhadora madrugada Da noite crua Procurando um bem Afinal arredio Feliz de quem o detém Amem Daniel Costa
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prazenteiro · 2 years
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teve um fim, mas não acabou, ainda dói
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edisonbotelho · 2 years
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No restinho de fevereiro
Eu vejo um ano inteiro
A se postar à minha frente
..
Finda na brisa um cheiro
De sossego prazenteiro
Que só minha alma sente
..
Queria arranjar um jeito
De fazer do meu fevereiro
Um eterno para sempre
..
..
Edison Botelho
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propulsei · 3 years
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indica alguns blogs?
@permanecer @passaro-selvagem @eternue @poecitas @pequenasescritoras @manuscrite @textoscrueisdemais @velhocaos @voarias @chaodefolhas @continuador @desonestos @desbotando @prazenteiro @magoaria @livrario @versandosozinho @leonardosequim @borboletasnegras @poetizei-o-silencio @buscasse @caosdapalavra @carentizando @serdapoesia @versilharia @cinzava @citou @amais
Entre muitos outros,pessoas coloquem mais aqui em baixo para ajudarmos esse anony, please!
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heroi-dela · 3 years
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Devaneei com um futuro, onde nós dois sobreviveríamos juntos, eu imaginei e nesse sonho vosmecê poderia relatar para mim que estaria tão prazenteiro de poder viver ao meu lado… tão... que não se importaria de morrer se estivesse ao meu lado na velhice, eu te olharia e você sorria, apenas sorria, seu olhar esbanjava júbilo e eu pensaria “será possível isso ser real? ela aqui, sendo tão minha quanto na primeira vez que nos conhecemos..." ela e eu, o eterno nos pertencia, aquele momento tão nosso; Então eu acordaria... E derrepentemente tudo ficou escuro, eu não via mais seu sorriso, eu estava? eu estava abrindo os olhos… tu estava me acordando!
Eu te contei meu sonho e você riu, naquele momento você pegou seu casaco e me disse adeus, você me acordou para avisar que estava indo embora e que o sempre talvez não nos pertencia a gente.
Querida por que me trouxe de volta pra realidade? Eu perguntaria...
Esse mundo não é meu se eu não for seu, não estou arrematado pra viver sem ti, não quero ficar sem o amargo do teu café! Não posso evitar de te remar, te amar!
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mt-off · 3 years
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Ela tem um olhar de luar
Ela sente tudo e não fala nada.
🌻
@prazenteiro
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idanielcosta · 3 years
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O VELHO ELÉCTRICO
VELHO ELÉCTRICO Desembarcando dum Cacilheiro A primeira vez a Lisboa passei Chegava do Algarve Era noite, viajava via Barreiro Estava a meio de uma odisseia Uma viagem sem parceiro Percorri a pé a Rua Do Terreiro do Paço Até à Praça da Figueira, primeiro Aí o Metro tomei No subterrâneo viajei A minha primeira vez No Campo Grande A ligação ao Eléctrico apanhei Foi em Novembro De sessenta e um, Sempre recordarei Mais tarde muitas vezes No velho Carro Eléctrico andei Lá ia ele prazenteiro O da Graça Sempre à roda, num vai e vem Os da Avenida da Liberdade Passavam muito também Praça do Chile, Benfica Prazeres, Cais do Sodré Sempre num vai e vem Estrela, Xabregas, Dafundo Amoreiras, Morais Soares, Arieiro, Avenida Almirante Reis primeiro Gomes Freire era, pois ainda é!... Carnide, Alto de S João Pois então Pampulha, Alcântara, Ajuda Tudo tinha sentido Eléctricos em qualquer ocasião Ficaram alguns para turistas Ainda os elevadores Da Glória, do Lavra, da Bica O artístico de Santa Justa Visões de verdadeiro artista Carros Eléctricos formavam um mundo A velha Lisboa Movimentava-se nos amarelos Transportes do povo de então Aqui uma recordação Daniel Costa
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solitudepoetica · 4 years
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SOBRE O AMOR, ETC.
Rubem Braga
Dizem que o mundo está cada dia menor.
É tão perto do Rio a Paris! Assim é na verdade, mas acontece que raramente vamos sequer a Niterói. E alguma coisa, talvez a idade, alonga nossas distâncias sentimentais.
Na verdade há amigos espalhados pelo mundo. Antigamente era fácil pensar que a vida era algo de muito móvel, e oferecia uma perspectiva infinita e nos sentíamos contentes achando que um belo dia estaríamos todos reunidos em volta de uma farta mesa e nos abraçaríamos e muitos se poriam a cantar e a beber e então tudo seria bom. Agora começamos a aprender o que há de irremissível nas separações. Agora sabemos que jamais voltaremos a estar juntos; pois quando estivermos juntos perceberemos que já somos outros e estamos separados pelo tempo perdido na distância. Cada um de nós terá incorporado a si mesmo o tempo da ausência. Poderemos falar, falar, para nos correspondermos por cima dessa muralha dupla; mas não estaremos juntos; seremos duas outras pessoas, talvez por este motivo, melancólicas; talvez nem isso.
Chamem de louco e tolo ao apaixonado que sente ciúmes quando ouve a sua amada dizer que na véspera de tarde o céu estava uma coisa lindíssima, com mil pequenas nuvens de leve púrpura sobre um azul de sonho. Se ela diz “nunca vi um céu tão bonito assim”, estará dando, certamente, sua impressão de momento; há centenas de céus extraordinários e esquecemos da maneira mais torpe os mais fantásticos crepúsculos que nos emocionaram. Ele porém, na véspera, estava dentro de uma sala qualquer e não viu céu nenhum. Se acaso tivesse chegado à janela e visto, agora seria feliz em saber que em outro ponto da cidade ela também vira. Mas isso não aconteceu, e ele tem ciúmes. Cita outros crepúsculos e mal esconde sua mágoa daquele. Sente que sua amada foi infiel; ela incorporou a si mesma alguma coisa nova que ele não viveu. Será um louco apenas na medida em que o amor é loucura.
Mas terá toda razão, essa feroz razão furiosamente lógica do amor. Nossa amada deve estar conosco solidária perante a nuvem. Por isso, indagamos com tão minucioso fervor sobre a semana de ausência. Sabemos que aqueles 7 dias de distância são 7 inimigos: queremos analisá-los até o fundo, para destruí-los.
Não nego razão aos que dizem que cada um deve respirar um pouco, e fazer sua pequena fuga, ainda que seja apenas ler um romance diferente ou ver um filme que o outro amado não verá. Têm razão; mas não têm paixão. São espertos porque assim procuram adaptar o amor à vida de cada um, e fazê-lo sadio, confortável e melhor, mais prazenteiro e liberal. Para resumir: querem (muito avisadamente, é certo) suprimir o amor.
Isso é bom. Também suprimimos a amizade. É horrível levar as coisas a fundo: a vida é de sua própria natureza leviana e tonta. O amigo que procura manter suas amizades distantes e manda longas cartas sentimentais tem sempre um ar de náufrago fazendo um apelo. Naufragamos a todo instante no mar bobo do tempo e do espaço, entre as ondas de coisas e sentimentos de todo dia. Sentimos perfeitamente isso quando a saudade da amada nos corrói, pois então sentimos que nosso gesto mais simples encerra uma traição. A bela criança que vemos correr ao sol não nos dá um prazer puro; a criança devia correr ao sol, mas Joana devia estar aqui para vê-la, ao nosso lado. Bem; mais tarde contaremos a Joana que fazia sol e vimos uma criança tão engraçada e linda que corria entre os canteiros querendo pegar uma borboleta com a mão. Mas não estaremos incorporando a criança à vida de Joana; estaremos apenas lhe entregando morto o corpinho do traidor, para que Joana nos perdoe.
Assim somos na paixão do amor, absurdos e tristes. Por isso nos sentimos tão felizes e livres quando deixamos de amar. Que maravilha, que liberdade sadia em poder viver a vida por nossa conta! Só quem amou muito pode sentir essa doce felicidade gratuita que faz de cada sensação nova um prazer pessoal e virgem do qual não devemos dar contas a ninguém que more no fundo de nosso peito. Sentimo-nos fortes, sólidos e tranquilos. Até que começamos a desconfiar de que estamos sozinhos e ao abandono trancados do lado de fora da vida.
Assim o amigo que volta de longe vem rico de muitas coisas e sua conversa é prodigiosa de riqueza; nós também despejamos nosso saco de emoções e novidades; mas para um sentir a mão do outro precisam se agarrar ambos a qualquer velha besteira: você se lembra daquela tarde em que tomamos cachaça num café que tinha naquela rua e estava lá uma louca que dizia, etc., etc. Então já não se trata mais de amizade, porém de necrológio.
Sentimos perfeitamente que estamos falando de dois outros sujeitos, que por sinal já faleceram – e eram nós. No amor isso é mais pungente. De onde concluireis comigo que o melhor é não amar, porém aqui, para dar fim a tanta amarga tolice, aqui e ora vos direi a frase antiga: que é melhor não viver. No que não convém pensar muito, pois a vida é curta e, enquanto pensamos, elas se vai, e finda.
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almoscoralbread · 2 years
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VERONICA
VERÓNICA O Rio de Janeiro Tendo calor humano Tem também um famoso Outeiro Mais a poetisa Verónica Bela de olhar prazenteiro Questionei-me um dia Sobre a Rádio Graça Que de Lisboa transmitia Da Rua da Verónica Onde ficaria? Perto da velha Alfama Para lá da Mouraria Tal como a rádio Comunicava e transmitia A Verónica pensamentos emite Na sua belíssima poesia Gosta-se da elegante Verónica Conheceremos a que do seu livro foi guia Verónica mãe Mulher forte segundo a sua poesia Por ser forte, não deixa de ser bonita É como uma flor Quem a conhece dela gosta, tem dita De ser amigo afinal De uma poetisa elegante e bonita Daniel Costa
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prazenteiro · 3 years
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Eu sinto vontade de chorar a todo instante, porque dentro de mim é uma guerra constante
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lankina · 5 years
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Espero que um dia alguém se apaixone pela minha intensidade e ame o meu coração exagerado.
Fonte: prazenteiro
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