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#há metafísica bastante em não pensar em nada
verdemusgo · 1 year
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There’s enough metaphysics in not thinking about anything.
What do I think about the world? I have no idea what I think about the world! If I get sick I’ll think about that stuff.
What idea do I have about things? What opinion do I have about cause and effect? What have I meditated on God and the soul And on the creation of the world? I don’t know. For me thinking about that stuff is shutting my eyes And not thinking. It’s closing the curtains (But my window doesn’t have curtains).
The mystery of things? I have no idea what mystery is! The only mystery is there being someone who thinks about mystery. When you’re in the sun and shut your eyes, You start not knowing what the sun is And you think a lot of things full of heat. But you open your eyes and look at the sun And you can’t think about anything anymore, Because the sun’s light is worth more than the thoughts Of all the philosophers and poets. Sunlight doesn’t know what it’s doing So it’s never wrong and it’s common and good.
Metaphysics? What metaphysics do those trees have? Of being green and bushy and having branches And of giving fruit in their own time, which doesn’t make us think, To us, who don’t know how to pay attention to them. But what better metaphysics than theirs, Which is not knowing what they live for Not even knowing they don’t know? “Inner constitution of things ...” “Inner meaning of the Universe ...” All that stuff is false, all that stuff means nothing. It’s incredible that someone could think about things that way. It’s like thinking reasons and purposes When morning starts shining, and by the trees over there A vague lustrous gold is driving the darkness away. Thinking about the inner meaning of things Is doing too much, like thinking about health when you’re healthy, Or bringing a cup to a spring.
The only inner meaning of things Is that they have no inner meaning at all.
I don’t believe in God because I never saw him. If he wanted me to believe in him, I have no doubt he’d come talk with me And come in my door Telling me, Here I am!
(Maybe this is ridiculous to the ears Of someone who, because they don’t know what it is to look at things, Doesn’t understand someone who talks about them With the way of speaking looking at them teaches.)
But if God is the flowers and the trees And the hills and the sun and the moonlight, Then I believe in him, Then I believe in him all the time, And my whole life is an oration and a mass, And a communion with my eyes and through my ears.
But if God is the trees and the flowers And the hills and the moonlight and the sun, Why should I call him God? I call him flowers and trees and hills and sun and moonlight; Because if he made himself for me to see As the sun and moonlight and flowers and trees and hills, If he appears to me as trees and hills And moonlight and sun and flowers, It’s because he wants me to know him As trees and hills and flowers and moonlight and sun.
And that’s why I obey him, (What more do I know about God than God knows about himself?), I obey him by living, spontaneously, Like someone opening his eyes and seeing, And I call him moonlight and sun and flowers and trees and hills, And I love him without thinking about him, And I think him by seeing and hearing, And I’m with him all the time.
— from The Collected Poems of Alberto Caeiro (translated by Chris Daniels), Shearsman Books, 2007
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gprovin · 2 years
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V.
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do Mundo?
Sei lá o que penso do Mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o Sol
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o Sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do Sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
«Constituição íntima das coisas»...
«Sentido íntimo do Universo»...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em coisas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das coisas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das coisas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as coisas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.
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crochetwithcat · 2 years
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Dia 4 #amigurumay2022 natureza🌼🌻 ALBERTO CAEIRO- HÁ METAFÍSICA BASTANTE EM NÃO PENSAR EM NADA "Mas se Deus é as árvores e as flores E os montes e o luar e o sol, Para que lhe chamo eu Deus? Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar; Porque, se ele se fez, para eu o ver, Sol e luar e flores e árvores e montes, Se ele me aparece como sendo árvores e montes E luar e sol e flores, É que ele quer que eu o conheça Como árvores e montes e flores e luar e sol." Day 4 #amigurumay2022 NATURE 🌻🌼 The Keeper of Flocks by Alberto Caeiro (aka Fernando Pessoa) "But if God he is the trees and the flowers And the mountains and sun and moonlight, So you call him God? I call her flowers and trees and mountains and moonlight; Because, if she-he did, want me to see, Sun and moon and flowers and trees and mountains, If he shows up as being trees and mountains, And moon and sun and flowers, It’s that she wants me to meet him As trees and mountains and flowers and the moon." #amigurumay2022 #crochewithcat #amigurumibrasil #fernandopessoa #nature #day4amigurumay #amigurumay https://www.instagram.com/p/CdICbjvOFJ8/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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empessoa · 3 years
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Alberto Caeiro
V - Há metafísica bastante em não pensar em nada.
Fonte vídeos: pixabay/ pexels
Fonte áudio: Narração Alaya Dullius/ https://www.youtube.com/watch?v=UYwFh1MLCy0
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richardanarchist · 3 years
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💭
Pensando no trecho abaixo do poema "Há metafísica bastante em não pensar em nada" do Alberto Caeiro [Fernando Pessoa].
"Mas se Deus é as flores e as árvores E os montes e sol e o luar, Então acredito nele, Então acredito nele a toda a hora, E a minha vida é toda uma oração e uma missa, E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores E os montes e o luar e o sol, Para que lhe chamo eu Deus? Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar; Porque, se ele se fez, para eu o ver, Sol e luar e flores e árvores e montes, Se ele me aparece como sendo árvores e montes E luar e sol e flores, É que ele quer que eu o conheça Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe, (Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?), Obedeço-lhe a viver, espontaneamente, Como quem abre os olhos e vê, E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes, E amo-o sem pensar nele, E penso-o vendo e ouvindo, E ando com ele a toda a hora."
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converso-multiverso · 4 years
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Alberto Caeiro V - Há metafísica bastante em não pensar em nada.
V
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do Mundo?
Sei lá o que penso do Mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o Sol
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o Sol,
E j�� não pode pensar em nada,
Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do Sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
«Constituição íntima das coisas»...
«Sentido íntimo do Universo»...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em coisas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das coisas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das coisas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as coisas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.
s.d.
“O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993).
 - 28.
“O Guardador de Rebanhos”. 1ª publ. in Athena, nº 4. Lisboa: Jan. 1925.
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claridadesubita · 2 years
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Há metafísica bastante em não pensar em nada.  
O que penso eu do Mundo?   Sei lá o que penso do Mundo!   Se eu adoecesse pensaria nisso.  
Que ideia tenho eu das coisas?   Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?   Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma   E sobre a criação do Mundo?  
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos   E não pensar. É correr as cortinas   Da minha janela (mas ela não tem cortinas).  
O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério!   O único mistério é haver quem pense no mistério.   Quem está ao sol e fecha os olhos,   Começa a não saber o que é o Sol  
E a pensar muitas coisas cheias de calor.   Mas abre os olhos e vê o Sol,   E já não pode pensar em nada,   Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos   De todos os filósofos e de todos os poetas.   A luz do Sol não sabe o que faz   E por isso não erra e é comum e boa.  
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores   A de serem verdes e copadas e de terem ramos   E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,   A nós, que não sabemos dar por elas.   Mas que melhor metafísica que a delas,   Que é a de não saber para que vivem   Nem saber que o não sabem?  
«Constituição íntima das coisas»...   «Sentido íntimo do Universo»...   Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.   É incrível que se possa pensar em coisas dessas.   É como pensar em razões e fins   Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores   Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.  
Pensar no sentido íntimo das coisas   É acrescentado, como pensar na saúde   Ou levar um copo à água das fontes.  
O único sentido íntimo das coisas   É elas não terem sentido íntimo nenhum.  
Não acredito em Deus porque nunca o vi.   Se ele quisesse que eu acreditasse nele,   Sem dúvida que viria falar comigo   E entraria pela minha porta dentro   Dizendo-me, Aqui estou!  
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos   De quem, por não saber o que é olhar para as coisas,   Não compreende quem fala delas   Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)  
Mas se Deus é as flores e as árvores   E os montes e sol e o luar,   Então acredito nele,   Então acredito nele a toda a hora,   E a minha vida é toda uma oração e uma missa,   E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.  
Mas se Deus é as árvores e as flores   E os montes e o luar e o sol,   Para que lhe chamo eu Deus?   Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;   Porque, se ele se fez, para eu o ver,   Sol e luar e flores e árvores e montes,   Se ele me aparece como sendo árvores e montes   E luar e sol e flores,   É que ele quer que eu o conheça   Como árvores e montes e flores e luar e sol.  
E por isso eu obedeço-lhe,   (Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),   Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,   Como quem abre os olhos e vê,   E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,   E amo-o sem pensar nele,   E penso-o vendo e ouvindo,   E ando com ele a toda a hora.
de Alberto Caeiro
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choquejuergas · 2 years
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alberto caeiro, poesia completa
“pesa-me que a razão me compila a dizer estas nenhumas palavras ante a obra do meu mestre, de não poder escrever, de útil ou de necessário, com a cabeça. mais que disse, com o coração, na ode do livro i meu, com a qual choro o homem que foi para mim, como virá a ser para mais que muitos, o revelador da realidade, ou, como ele mesmo disse, “o argonauta das sensaçoes verdadeiras” —o grande libertador, que nos restituiu, cantando, ao nada luminoso que somos; que nos arrancou à morte e à vida, deixando-nos entre as simples coisas, que nada conhecem, em seu decurso, de viver nem de morrer; que nos livrou da esperança e da desesperança, para que nos não consolemos sem razão nem nos entristeçamos sem causa; convivas com ele, sem pensar, da realidade objetiva do universo”
o guardador de rebanhos
“pensar incomoda como andar à chuva quando o vento cresce e parece que chove mais. não tenho ambições nem desejos. ser poeta não é uma ambição minha. é a minha maneira de estar sozinho.
e se desejo às vezes, por imaginar, ser cordeirinho (ou ser o rebanho todo para andar espalhado por toda a encosta a ser muita cousa feliz ao mesmo tempo), é só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol, ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz e corre um silêncio pela erva fora.”
“saúdo-os e desejo-lhes sol, e chuva, quando a chuva é precisa, e que as suas casas tenham ao pé duma janela aberta uma cadeira predilecta onde se sentem, lendo os meus versos.”
ii “o meu olhar é nítido como um girassol. tenho o costume de andar pelas estradas olhando para a direita e para a esquerda, e de vez em quand olhando para trás... e o que vejo a cada momento é aquilo que nunca antes eu tinha visto, e eu ser dar por isso muito bem... sei ter o pasmo comigo que tem uma criança se, ao nascer, reparasse que nascera devera... sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo...”
iv “esta tarde a trovoada caiu pelas encostas do céu abaixo como um pedregulho enorme...
como alguém que duma janela alta sacode uma toalha de esa, e as migalhas, por caírem todas juntas, fazem algum barulho ao cair, a chuva chiou do céu e enegreceu os caminhos...
quando os relâmpagos sacudiam o ar e abanavam o espaço como uma grande cabeça que diz que não, não sei porquê —eu não tinha medo— pus-me a querer rezar a santa bárbara como se eu fosse a velha tia de alguém...
ah! é que rezando a santa bárbara eu sentia-me ainda mais simples do que julgo que sou... sentia-me familiar e caseiro e tendo passado a vida tranquilamente, como o muro do quintal; tendo ideias e sentimentos por os ter como uma flor tem perfume e cor...
sentia-me alguém que possa acreditar em santa bárbara... ah, poder crer em santa bárbara!”
v “há metafísica bastante em não pensar em nada.
o que penso eu do mundo? sei lá o que penso do mundo! se eu adoecesse pensaria nisso.
que ideia tenho eu das cousas? que opinião tenho sobre as causas e os efeitos? que tenho eu meditado sobre deus e a alma e sobre a criação do mundo? não sei. para mim pensar nisso é fechar os olhos e nao pensar. é correr as cortinas da minha janela (mas ela não tem cortinas).
o mistério das cousas? sei lá o que é mistério! o único mistério é haver quem pense no misterio. quem está ao sol e fecha os olhos, começa a não saber o que é o sol e a pensar muitas cousas cheias de calor. mas abre os olhos e ve o sol, e já não pode pensar em nada, porque a luz do sol vale mais que os pensamentos de todos os filósofos e de todos os poetas. a luz do sol não sabe o que faz e por isso não erra e é comum e boa.”
“o único sentido íntimo das cousas é elas nao terem sentido íntimo nenhum.
não acredito em deus porque nunca o vi. se ele quisesse que eu acreditasse nele, sem dúvida que viria falar comigo e entraria pela minha porta dentro dizendo-me, aqui estou!
(isto é talvez ridículo aos ouvidos de quem, por não saber o que é olhar para as cousas, não compreende quem fala  delas com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
mas se deus é as flores e as árvores e os montes e sol e o luar, então acredito nele, então acredito nele a toda a hora, e a minha vida é toda uma oração e uma missa, e uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
mas se deus é as árvores e as flores e os montes e o luar e o sol, para que lhe chamo eu deus? chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar; porque, se ele se fez, para eu o ver, sol e luar e flores e árvores e montes, se ele me aparece como sendo árvores e montes e luar e sol e flores, é que ele quer que eu o conheça”
vii “da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do universo... por isso a minha aldeia é tâo grande como outra terra qualquer, porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura...
nas cidades a vida é mais pequena que aqui na minha casa no cimo deste outeiro. na cidade as grandes casas fecham a vista à chave, escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu, tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar, e tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.”
viii “ele foi à caixa dos milagres e roubou três. com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido. com o segundo criou-se eternamente humano e menino. com o terceiro criou um cristo eternamente na cruz e deixou-o pregado na cruz que há no céu e serve de modelo às outras. depois figiu para o sol e desceu pelo primeiro raio que apanhou.
hoje vive na minha aldeia comigo. é uma criança bonita de riso e natural. limpa o nariz ao braço direito, chapinha nas poças de água, colhe as flores e gosta delas e esquece-as. atira pedras aos burros, rouba a fruta dos pomares e foge a chorar e gritar dos cães. e, porque sabe que elas não gostam e que toda a gente acha graça, corre atrás das raparigas que vão em ranchos pelas estradas com as bilhas às cabeças e levanta-lhes as saias.
a mim ensinou-me tudo. ensinou-me a olhar para as coisas. aponta-me todas as coisas que há nas flores.  mostra-me como as pedras são engraçadas   quando a gente as tem na mão  e olha devagar para elas.
diz-me muito mal de deus. diz que ele é um velho estúpido e douente, sempre a escarrar no chão e a dizer indecências. a virgem maria leva as tardes da eternidade a fazer meia. e o espírito santo coça-se com o bico e empoleira-se nas cadeiras e suja-as. tudo no céu é estúpido como a igreja católica. diz-me que deus não percebe nada das coisas que criou — ‘se é que ele as criou, do que duvido’—. ‘ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória, mas os seres não cantam nada.  se cantassem seriam cantores. os seres existem e mais nada, e por isso se chamam seres’.
e depois, cansado. de dizer mal de deus, o menino jesus adormece nos meus braços e eu levo-o ao colo para casa”
ix som um guardador de rebanhos. o rebanho é os meus pensamentos e os meus pensamentos sâo todo sensações. penso com os olhos e com os ouvidos e com as mãos e os pês e com o nariz e a boca.”
xxv “as bolas de sabão que esta criança se entretém a largar de uma palhinha são translucidamente uma filosofia toda.
claras, inúteis e passageiras como a natureza, amigas dos olhos como as cousas, são aquilo que são com uma precisão redondinha e aérea, e ninguém, nem mesmo a criança que as deixa, pretende que elas são mais do que parecem ser.
algumas mal se vêem no ar lúcido. são como a brisa que passa e mal toca nas flores e que só sabemos que passa porque cualquer cousa se aligeira em nós e aceita tudo mais nitidamente.”
xxvi “às vezes, em dias de luz perfeita e exacta, em que as cousas têm toda a realidade que podem ter, pergunto a mim próprio devagar por que sequer atribuo eu beleza às cousas.
uma flor acaso tem beleza? tem beleza acaso um fruto? não: têm cor e forma e existência apenas. a beleza é o nome de qualquer cousa que não existe que eu dou às cousas em troca do agrado que me dão. nao significa nada. então porque digo eu das cousas: são belas?”
xxviii “é preciso não saber o que são flores e pedras e rios para falar dos sentimentos deles. falar da alma das pedras, das flores, dos rios, é falar de si próprio e dos seus falsos pensamentos. graças a deus que as pedras são só pedras, e que os rios não são senão rios, e que as flores são apenas flores. por mim, escrevo a prosa dos meus versos e fico contente, porque sei que compreendo a natureza por fora; e não a compreendo por dentro porque a natureza não tem dentro; senão nao era a natureza.”
xxxii “eu no que estava pensando quando o amigo da gente falava (e isso me comoveu até às lágrimas), era em como o murmúrio longínquo dos chocalhos a esse entardecer não parecia os sinos duma capela pequenina a que fossem à missa as flores e os regatos e as almas simples como a minha.
(louvado seja deus que não sou bom, e tenho o egoísmo natural das flores e dos rios que seguem o seu caminho preocupados sem o saber só com florir e ir correndo. é essa a única missão no mundo, essa — existir claramente, e saber faze-lo sem pensar nisso.)”
xxxv “o luar através dos altos ramos, dizem os poetas todos que ele é mais que o luar através dos altos ramos. mas para mim, que não sei o que penso, o que o luar através dos altos ramos é, além de ser o luar a través dos altos ramos, é não ser mais que o luar através dos altos ramos”
xxxvii “como um grande borrão de fogo sujo o sol-posto demora-se nas nuvens que ficam. vem um silvo fago de longe na tarde muito calma. deve ser dum comboio longínquo.
neste momento vem-me uma vaga saudade e um vago desejo plácido que aparece e desaparece.
também às vezes, à flor dos ribeiros, formam-se bolhas na água que nascem e se desmancham e não têm sentido nenhum  salvo serem bolhas de água que nascem e se desmancham”
xxxix “porque o único sentido oculto das cousas é elas não terem sentido oculto nenhum. é mais estranho do que todas as estranhezas e do que os sonhos de todos os poetas e os pensamentos de todos os filósofos, que as cousas sejan realmente o que parecem ser e não haja nada que compreender”
xlvi “isto sinto e isto escrevo perfeitamente sabedor e sem que não veja que são cinco horas do amanhecer e que o sol, que ainda não mostrou a cabeça por cima do muro do horizonte, ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedos agarrando o cimo do muro do horizonte cheio de montes baixos”
xlvii “num dia excessivamente nítido,  dia em que dava a vontade de ter trabalhado muito para nele não trabalhar nada, entrevi, como uma estrada por entre as árvores, o que talvez seja o grande segredo, aquele grande mistério de que os poetas falsos falam.
vi que não há natureza que natureza não existe, que há montes, vales, planícies, que há árvores, flores, ervas, que há rios e pedras, mas que não há um todo a que isso pertença, que um conjunto real e verdadeiro é uma doença das nossas ideias.
a natureza é partes sem un todo. isto é talvez o tal mistério de que falam.
foi isto o que sem pensar nem parar, acertei que devia ser a verdade que todos andam a achar e que não acham e que só eu, porque a não fui achar, achei”
xlix “oxalá a minha vida seja sempre isto: o dia cheio de sol, ou suave de chuva, ou tempestuoso como se acabase o mundo, a tarde suave e os ranchos que passam fitados com interesse da janela, o último olhar amigo dado ao sossego das árvores, e depois fechar a janela, o candeeiro aceso, sem ler nada, nem pensar em nada, nem dormir, sentir a vida correr por mim como un rio polo seu leito, e lá fora um grande silêncio como um deus que dorme.”
poemas inconjuntos
“para além da curva da estrada talvez haja un poço, e talvez um castelo, e talvez apenas a continuação da estrada. não sei nem pergunto. enquanto vou na estrada antes da curva, porque não posso ver senão a estrada antes da curva. de nada me serviria estar olhando para outro lado e para aquilo que não vejo.  importemo-nos apenas com o lugar onde estamos. há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.”
“o que vale a minha vida? no fim (não sei que fim) um diz: ganhei trezentos contos, outro diz: tive três mil dias de glória, outro diz: estive bem com a minha consciência e isso é bastante... e eu, se lá aparecerem e me perguntarem o que fiz, direi: olhei para as cousas e mais nada. e por isso trago aqui o universo dentro da algibeira. e se deus me perguntar: e o que viste tu nas cousas? respondo: apenas as cousas... tu não puseste lá mais nada. e deus, que é da mesma opinião, fará de mim uma nova espécie de santo.”
“um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. ambos existem, cada um como é.”
“é noite. a noite é muito escura. numa casa a uma grande distância brilha a luz duma janela. vejo-a, e sinto-me humano dos pés à cabeça. é curioso que toda a vida do indivíduo que ali mora, e que não sei quem é, atrai-me só por essa luz vista de longe. sem dúvida que a vida dele é real e ele tem cara, gestos, família e profissão. mas agora só me importa a luz da janela dele”
“medo da morte? acordarei de outra maneira, talvez corpo, talvez continuidade, talvez renovado, mais acordarei. se até o átomos não dormem, por que hei-de ser eu só a dormir?”
“a manhã raia- não: a manhã não raia. a manhã é uma cousa abstracta, está, não é uma cousa. começamos a ver o sol, a esta hora, aqui. se o sol matutino dando nas árvores é belo, é tão belo se chamarmos à manhã “começarmos a ver o sol” como o é se lhe chamamos a manhã”
“aceita o universo como to deram os deuses. se os deuses te quisessem dar outro ter-to-iam dado.
se há outras matérias e outros mundos — haja.”
“uma gargalhada de rapariga soa do ar da estrada. riu do que disse quem não vejo. lembro-me dá que ouvi. mas se me falarem agora de uma gargalhada de rapariga da estrada, direi: não, os montes, as terras ao sol, o sol, a casa aqui, e eu que só oiço o ruído calado do sangue que há na minha vida dos dois lados da cabeça.”
“noite de s. joão para além do muro do meu quintal. do lado de cá, eu sem noite de s. joão. porque ha s. joão onde o festejam. para mim há uma sombra de luz de fogueiras na noite, um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos. e um grito casual de quem não sabe que eu existo”
“o conto antigo da gata borralheira, o joão ratão e o barba azul e os 40 ladrões, e depois o catecismo e a história de cristo e depois todos os poetas e todos os filósofos; e a lenha ardia na lareira quando se contavam contos, o sol havia lá fora em dias de destino, e por cima de leitura dos peotas as árvores e as terras... só hoje vejo o que é que aconteceu na verdade. que a lenha ardida, exactamente porque ardeu, que o sol dos dias de destino, porque já  nãohá, que as árvores e as terras (para além das páginas dos poetas) que disto tudo só fica o que nunca foi: porque a recompensa de não existir é estar sempre presente.”
“o verde do céu azul antes do sol ir a nascer, eo azul branco do ocidente onde o brilhar do sol se sumiu.
as cores verdadeiras das coisas que os olhos vêem — o luar não branco mas cinzento levemente azulado.
contenta-me ver com os olhos e não com as páginas lidas.”
“sou, corpo e alma, o exterior de um interior qualquer? ou a minha alma é a consciência que a força universal tem do meu corpo ser diferente dos outros corpos? no meio de tudo onde estou eu? morto o meu corpo, desfeito o meu cérebro, em consciência abstracta, impessoal, sem forma, já não sente o eu que eu tenho, já não pensa com o meu cérebro os pensamentos que eu sinto meus, ja  não move pela minha vontade as minhas mãos que eu movo.
cessarei assim? não sei. se tiver de cessar assim, ter pena de assim cessar não me tornará imortal”
“a neve pôs uma toalha calada sobre tudo. não se sente senão  que se passa dentro da casa. embrulho-me num cobertor e não penso sequer em pensar. sinto um gozo de animal e vagamente penso, e adormeço sem menos utilidade que todas as acções do mundo.”
“(ditado pelo poeta no dia da sua morte) e talvez o último dia da minha vida. saudei o sol, levantado a mão direita, mas não o saudei, dizendo-lhe adeus. fiz sinal de gostar de o ver ainda, mais nada”
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nymphsandspace · 3 years
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há metafísica bastante em não pensar em nada.
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ferdinand97 · 3 years
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Há metafísica bastante em não pensar em nada.
- Pessoa
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prfctcaballero · 4 years
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   .︰˙. TODO UN CABALLERO  —   𝐇𝐀𝐃𝐑𝐈𝐀𝐍 𝐂𝐀𝐒𝐓𝐈𝐋𝐋𝐎 . ❜
Bebé, tú me conoce'  sabes que nunca he sido de una sola mujer! No busques que el corazón te lo destroce. De la forma en que me quieres no me puedes querer : Bebé, le estás pidiendo el cielo a un diablo — MALUMA
QUE TAL DESCREVER O FÍSICO?
Voz: A voz de barítono, não é nem grave nem tenor, mas o mais marcante na voz do avalor é o fato de que sempre parece estar rindo a fala é alegre, e sempre usa a língua materna em suas falas, e mesmo quando não usa palavras em espanhol, o sotaque é muito forte no ralieno. É suposto que depois de tantos anos em Aether ele tivesse aprendido a disfarçar melhor o sotaque mas sabe o apelo que o seu sotaque tem nas nenas e porque mexer em time que está ganhando?
Idade: 25 anos.
Gênero: Cisgênero Masculino.
Peso: 72 kg
Altura: 1,83 cm.
Sexualidade: Heterossexual e heteromantico.
Defeitos físicos: Hadrían sempre foi ativo, desde muito pequeno, vivia jogando futebol nas ruas de Avalor, correndo descalço nas ruas de pedra, pulando muros e essas atividades lhe rendeu muitas cicatrizes nos joelhos, no queixo, na sobrancelha e até na cabeça, quando caiu de uma arvore e precisou de pontos até que fosse encontrado um curandeiro, mesmo assim as marcas ficaram.
Qualidades físicas: Os músculos são firmes e extensos graças a atividade física e os treinos sempre intensos. O sorriso é muito branco em contraste com a pele naturalmente bronzeada, o príncipe também tem cheiro de areia e mar o que é discutível se é porque ele mata muita aula para ir as praias ou se é porque ele é realmente um filho de Avalor.
É saudável? Quando chegou no instituto o clima bem mais frio do que a cidade natal fazia com que o menino ficasse constantemente resfriado, no entanto, com o tempo foi se tornando mais resistente as gripes, fora isso, os exercícios e a alimentação saudável provem ao príncipe uma saúde razoável, ainda que mudanças de clima sejam capazes de lhe arrancar espirros e sensação de desconforto, típicos de uma rinite alérgica.
Maneira de andar: Hadrían tem todo um gingado, enquanto anda a postura é muito aberta, típica da personalidade extrovertida, mas também é possível notar um quê de nobre na postura sempre muito ereta e na visível falta de preocupações que ele carrega.
QUE TAL DESCREVER O PSICOLÓGICO?
Práticas / Hábitos: Hadrían é um estudante relapso, e não leva as suas tarefas escolares muito a sério, talvez porque sempre encarou a coroa como algo garantido, podendo assim se focar em coisas mais interessantes como os esportes e aos clubes que participava, mais principalmente ao seu irritante hábito de flertar com qualquer criatura de sexo feminino que fosse considerada atraente pelo avalor. Mesmo assim, Elena vez por outra mandava relatórios para que ele pudesse analisar, Gabe, seu pai, também gostava de incentivar o filho a ser mais diligente no que diz respeito as tarefas militares, Hadrían nunca deixou a desejar mas também não era excepcional no trabalho, o que decepcionava Elena e irritava Gabe em doses iguais.
Inteligência: Burro não é bem palavra, mas Hadrían não é inteligente tão pouco. Falta determinação e paciência para os livros, algo que ele nunca teve. A mente precisa de estímulos, assim como os músculos, mas é muito claro qual dos dois Raúl costuma trabalhar, e se por um lado ele passa incontáveis horas no centro de treinamento e nos esportes, o intelecto nem sempre é sua prioridade. 
Temperamento: Feliz, as vezes é fácil chegar a conclusão que nada é capaz de deprimi-lo ou abalá-lo. Ele sempre tem algo bom a dizer, o tipo de pessoa que vê o copo ‘meio cheio’, de sorrisos fáceis e temperamento brando e carinhoso, o avalor arrancar risos e suspiros de professoras, funcionários da cozinha, camareiros e colegas de turma, é charmoso por natureza, sabe disso e no fundo, gosta muito dessa parte de sua personalidade.
O que te faz feliz? É uma criatura muito simples. Não encontra felicidade em luxos ou em qualquer coisa que as pessoas da nobreza veem contentamento, como manipular alguém ou poder. Suas coisas favoritas de fazer incluem ficar com seus amigos, dormir uma boa noite de sono, festejar e dançar até as pernas doerem e praticar seus esportes, principalmente lutas com espadas. Também adora animais e usar seus poderes, sente-se útil e conectado com algo muito profundo de sua alma. Adora o sol, o calor, praias e ficar entre os demais, se sentir parte de algo.
O que te faz triste? Dias nublados, ocasiões tristes, ser obrigado a perder um dia bom dentro de uma sala com livros e preocupações, odeia problemas e os evita como pode. Não gosta de ser manipulado, ou de ações escusas, falsidade ou coisas e pessoas que tentam ser o que não são.
Esperanças: Sempre positivo, Avalor chega a ser ingenuo em suas esperanças e sonhos, como que tudo terminasse em um verdadeiro conto de fadas. “... E viveram felizes para sempre.” Para ele, o felizes para sempre inclui ele governando Avalor, o seu povo feliz, alegre e contente, uma família que ele adore com muitas crianças e muitos animais, com festas que durem dias e comida farta para todos.
Medos: Hadrían não tem medo de animais, considera todos como parte importante da natureza, até os mais esquisitos, não tem medo do escuro, mas tem um receio de lugares fechados, preferindo sempre lugares amplos. Também tem um medo muito profundo de não ser bom o suficiente algo que ele evita pensar porque no fundo sabe que não se esforça para ser diferente.
Sonhos: Hadrían tem anseios dos mais variados, desde muito simples como tacos no almoço, outros relativamente absurdos, como sexo a três até sonhos grandes como uma felicidade eterna e inacabável. Por mais que uma vozinha irritante de sua cabeça diga que as vezes a vida não é uma fabrica de realizar desejos ele ainda é positivo o suficiente para acreditar num “nunca se sabe...” 
QUE TAL DESCREVER ASPECTOS PESSOAIS?
Família: Família é tudo para o moreno. Hadrían pode ter seus desentendimentos com seu pai e não conseguir se conectar com o irmão mais novo mas não há nada que Hadrían não faria por eles. Elena é a única mulher para quem Hadrían já disse eu te amo e realmente quis dizer isso e ele tem sonhos bastante provincianos como encontrar uma boa mulher e ter muitos filhos uma família feliz e muito grande, para ele nada é tão importante quanto isso.
Amigos: Amigos e colegas, apesar de haver diferença entre eles, Hadrían coloca todos no mesmo saco. Talvez porque seja deveras ingênuo mas se doa rápido demais, dando devoção até aqueles que não merecem sua amizade. Se doar é algo fácil para ele, enquanto outros acham difícil se abrir, ele é escancarado, um livro aberto. A única coisa que o impede de se machucar é que ele realmente não tem expectativas com os outros, não espera que seus amigos façam coisas por ele, de modo que esses laços quase nunca são testados.
Estado Civil: Solteiro - E toda vez que tenta mudar isso nunca dura mais do que algumas semanas ou poucos meses. É muito livre  e  alegar ter problemas para se comprometer embora não tenha problema algum em aceitar aventuras de vida ou morte, se joga de cabeça em coisas potencialmente perigosas, tenha muitas tatuagens pelo corpo.
Terra Natal: Avalor.
Infância: Hadrían quase nunca era visto dentro do palácio, porque vivia escapando para correr com os meninos das vilas para ir ao lago ou para correr nas matas e florestas ao redor do castelo. Sua mãe, suas babás e os guardas tinham que literalmente obrigá-lo a ficar em casa, como um refém, para as aulas o que o deixava realmente mal humorado. Era na rua, no meio do povo que ele se via realmente feliz e em casa, o que motivou a decisão de Elena de se separar do primogênito para que ele fosse educado em Aether, longe das ruas, e esperava que o contato com outros príncipes e princesas fosse dar a ele algum tipo de referência. 
Crenças: Repete dizeres populares mais por costume do que por fé, apesar de professar ter uma fé, ele não se sente ligado a nada em particular além dos animais, da natureza, do sol em sua pele e coisas concretas. O caminho de Hadrían raramente seria o da metafísica e o do intocável, é imediatista e precisa de coisas concretas em sua vida, algo que ele não pode ver ou sentir é deveras muito complicado e ele não perde muito tempo pensando nisso.
Hobbies: Adora futebol, pratica com espadas, festas, dançar --- sendo um dançarino exemplar, passar tempo com os animais na floresta e flertar.
QUE TAL DESCREVER PRÁTICAS?
Comida favorita: Iguarias da culinária mexicana são seus favoritos. Adora tacos, guacamole, nachos, chili e não é assim tão chegado em sobremesas mas ele não recusa comida, tampouco.
Bebida favorita: Cerveja, e diferente do que se pensa, Hadrían não é exigente, não prefere as cervejas fortes e até as mais “fracas” caem bem no paladar do moreno que gosta mesmo é de uma “gelada” em um dia quente de sol.
O que costuma vestir? Hadrían não liga para moda, e nem tem um gosto lá muito confiável para o assunto. Apesar de gostar de cores, como vermelho, verde e azul, usando camisetas de cores vibrantes no dia a dia, quando se trata de ocasiões formais usa cinza, preto, e azul marinho como ternos, apenas porque aprendeu que com esses não é possível errar. Normalmente suas roupas são escolhidas por outras pessoas, com mais bom gosto do que ele, algo que ele não liga porque se é algo que outra pessoa pode fazer por ele, é menos um problema na sua lista de coisas para se estressar.
O que mais o diverte? Muitas coisas, Hadrían ri de quase tudo, comédias pastelão, ver seus amigos bêbados fazendo besteira, vídeos de animais fofinhos na nimbo, partidas de futebol, festas, boa música, sexo, comida, viagens, passar tempo com os animais...
Por último, liste PERSONAGENS FICTÍCIOS que serviriam de inspiração para o seu atual personagem.
Adrian Ivashkov - Vampire Academy Saga; Kenji Kishimoto - Shatter Me Saga; Benjamin Barry - Como perder um homem em 10 dias; Noah Czerny - The Raven Cycle; Emmett Cullen - Twillight Saga;  James Potter - Harry Potter Saga; Rhaegar Targaryen - The chronicles of ice and fire; Zeus - Mitologia Grega.
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rafaelofaria · 3 years
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Há metafísica bastante em não pensar em nada.
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do Mundo? Sei lá o que penso do Mundo! Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideia tenho eu das coisas? Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos? Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma E sobre a criação do Mundo? Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos E não pensar. É correr as cortinas Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério! O único mistério é haver quem pense no mistério. Quem está ao sol e fecha os olhos, Começa a não saber o que é o Sol E a pensar muitas coisas cheias de calor. Mas abre os olhos e vê o Sol, E já não pode pensar em nada, Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos De todos os filósofos e de todos os poetas. A luz do Sol não sabe o que faz E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores A de serem verdes e copadas e de terem ramos E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar, A nós, que não sabemos dar por elas. Mas que melhor metafísica que a delas, Que é a de não saber para que vivem Nem saber que o não sabem?
«Constituição íntima das coisas»... «Sentido íntimo do Universo»... Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada. É incrível que se possa pensar em coisas dessas. É como pensar em razões e fins Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das coisas É acrescentado, como pensar na saúde Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das coisas É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, Sem dúvida que viria falar comigo E entraria pela minha porta dentro Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos De quem, por não saber o que é olhar para as coisas, Não compreende quem fala delas Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores E os montes e sol e o luar, Então acredito nele, Então acredito nele a toda a hora, E a minha vida é toda uma oração e uma missa, E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores E os montes e o luar e o sol, Para que lhe chamo eu Deus? Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar; Porque, se ele se fez, para eu o ver, Sol e luar e flores e árvores e montes, Se ele me aparece como sendo árvores e montes E luar e sol e flores, É que ele quer que eu o conheça Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe, (Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?), Obedeço-lhe a viver, espontaneamente, Como quem abre os olhos e vê, E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes, E amo-o sem pensar nele, E penso-o vendo e ouvindo, E ando com ele a toda a hora.
Alberto Caeiro, Obra Édita V, O Guardador de Rebanhos
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2pthy · 4 years
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“but if god is the flowers and the trees, the mountains and the sun and the moonlight, then i believe in him, i believe in him at all times, and my life is all prayer and mass...”
— fernando pessoa, as alberto caeiro “há metafísica bastante em não pensar em nada”
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empessoa · 4 years
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Mas se Deus é as flores e as árvores E os montes e sol e o luar, Então acredito nele, Então acredito nele a toda a hora, E a minha vida é toda uma oração e uma missa, E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Alberto Caeiro           V - Há metafísica bastante em não pensar em nada.
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interflood · 4 years
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O QUE SUBSISTE 
A vida é muito simples, e isso frustra. As coisas podem acontecer de uma forma muito pragmática e usual. Mas dessa forma me carece o sentimento. O que busco? Que me faça agir e ver na ação algo que valha o esforço? Como se constroem sentimentos? Como se estabelece o anestésico da total ausência de sentido do estar-sendo? O que fazer quando ser exige um estado consciente de construção de sentido? Há metafísica bastante em não pensar nada? 
Jobervan Evangelista, 24.11.2019
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blogdojuanesteves · 5 years
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BIBLIOTECA ÍNTIMA > Sheila Oliveira
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Em uma espécie de posfácio, o livro Biblioteca Íntima ( Fotô Editorial, 2018) da paulistana Sheila Oliveira, traz o poema Sonhei confuso, e o sono foi disperso,  escrito em 1933 pelo lisboeta Fernando Pessoa (1888-1935), autor lembrado pelo minimalismo livre e uma exuberância revolucionária, como bem define o escritor e editor americano Richard Zenith, especialista no poeta português e um dos organizadores da memorável mostra Fernando Pessoa, Plural como o Universo, no Museu da Língua Portuguesa de São Paulo em 2010.
Em suas poucas linhas, o poema reflete sobre a ideia de que o universo em que vivemos não é mais nítido que o conjunto de imagens, pensamentos ou fantasias que nos apresentam,  para finalizar com "Nada é real, nada em seus vãos moveres Pertence a uma forma definida, Rastro visto de coisa só ouvida." Poderia ser um epítome do que vemos neste belíssimo livro, além de poder servir como epígrafe. Entretanto, esta não seria preciso visto que sua cadência não se apega somente ao mesmo e sim a um percurso de múltiplas investigações pessoais da autora.
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O livro é resultado do segundo Prêmio Mundie de Fotografia, produzido pelo escritório paulista Mundie e Advogados, patrocinado exclusivamente com seus recursos, sem lei de incentivo, cujo corpo de jurados foi composto pela advogada, fotógrafa e sócia fundadora da empresa, Elinor Cotait, pelo advogado, magistrado e fotógrafo Eduardo Muylaert e pelo fotógrafo e curador Eder Chiodetto. Foram 250 trabalhos inscritos, de fotógrafos de 21 estados brasileiros, com idades entre 18 e 73 anos, examinados em 2018.
O caminho de Sheila Oliveira para o prêmio e seu consequente primeiro livro, começou há algumas décadas. Nascida em 1962, graduou-se em Biblioteconomia e trabalhou na Biblioteca da Televisão Cultura até 1995, quando resolveu mudar oficialmente de rumo para fotografia, uma arte que já praticava e estudava desde 1988. Segundo a própria, uma fotógrafa cuja delicadeza aflora ao primeiro encontro, ela “sempre teve um jeito próprio de ver e de fazer as coisas acontecerem e também acreditar que o sentimento é o motor para suas realizações.
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Na direção do ontológico, no entanto, sua imagética vem acompanhada por sua formaç��o, que provém um suporte para uma pesquisa constante, bem como suas afinidades se debruçam ao apelo gráfico, do que podemos chamar de "livro objeto" como define o curador Chiodetto, com quem ela vem estudando desde 2017.
Em meio ao gerenciamento de um estúdio criado em 2002, voltado para imagens de alimentos, sua inquietude despertada na convivência com os livros a levou a buscar um aprendizado voltado para uma publicação mais autoral com os pernambucanos Alexandre Belém e Georgia Quintas e também com o paulista Iatã Cannabrava. Estamos aqui falando sobre um título perfeito: Biblioteca Íntima.
Segundo Fabiana Bruno, doutora em Multimeios, pelo Instituto de Artes da Unicamp  entre outros títulos e Eder Chiodetto, ambos orientadores do Ateliê Fotô, "pensar o nada na metáfora de Fernando Pessoa, é transcender o pensamento e encontrar,  na busca de uma outra possível instância, a noção de ser e estar. Eles lembram da primeira frase do texto V, do poema O guardador de Rebanhos, publicado em 1925: "Há metafísica bastante em não pensar em nada" do seu heterônimo Alberto Caeiro.
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Fernando Pessoa declarou que o poema todo, escrito em 1915, foi composto por seu alter ego Caeiro em uma única noite de insônia. Entre os seus 49 textos, esta frase é uma das que, sem dúvida, foram mais reproduzidas na literatura universal. Ao pensarmos no caráter mais metafísico da mesma, podemos voltar ao primeiro poema do posfácio de Biblioteca Íntima com seu "e o sono foi disperso", para nos aprofundarmos no pensamento contrário de que, sim, o livro traz habilmente muito de tudo, uma experiência construída em sucessivas séries trabalhadas pela autora. Como os mesmos editores também afirmam : Sheila verte seu corpo em sua própria câmera escura a projetar um olhar de dentro."
Biblioteca Íntima é uma sucessão  de várias narrativas que como a autora diz, "vieram sendo organizadas ao longo de muitos anos", quando a mesma se volta para a imagem que considera arte. Submersos, de 2011, é uma série onde a fotógrafa trabalha com processos históricos, o Van Dick Brown e o Cianotype, na qual podemos notar algumas referências nas imagens do livro, como a "mandala vitruviana" que está na capa em hot estamp dourado. As relações gestuais também são  encontradas em Dores da Alma, do mesmo ano.
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O projeto gráfico elaborado pelo designer Fábio Messias, utilizando os papéis Munken Pure e Hibright, ambos de gramatura mais leve,  escorados por uma impressão precisa da gráfica Ipsis, cria um sustentáculo que ampara sobreposições com referências temporais a outros livros, se encaixando em uma capa-estojo de fácil articulação que acomoda a fragilidade do miolo impresso, quase como uma translação da imagens representadas pelas séries em sua maioria de autorretratos com alegorias femininas, interrompidas somente sobre um único momento masculino, protagonizado por seu filho.
Sheila Oliveira explica que seu universo são metáforas do corpo físico e do desprendimento do conteúdo para se chegar ao seu âmago. Um percurso feito por imagens que se apoiam em parábolas que geram novos entendimentos, como na série Anotações Herméticas, de 2010/2014, onde surge a imagem do concha que nos remete a um caramujo hermitão e ao mesmo tempo a uma amonita mineral, ambas nos sugerindo a interioridade e a permanência simultaneamente. Imagens permeadas por outras imagens, assim como sua própria performance diante da câmera.
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Como acertam os editores, "sua obra é invariavelmente uma reflexão obstinada a vasculhar, nas dobras da existência, o que nos é essencial." Deste modo lembramos dos ensaios dos americanos Dan Stabrook, com seus instrospectivos processos alternativos e Duane Michals, com suas sobreposições, representações entre textos e  imagens, desprendimentos corporais, exercitados desde os anos 1960 e encontrados no belíssimo livro Sequences ( Doubleday, 1970).  
Embora, diametralmente diferentes na expressão gráfica pelo uso exemplar que a autora faz da cor -ainda que quase sempre sejam imagens monocromáticas, a analogia se encontra nestas inúmeras referências e na composição staged utilizada. Ou como melhor citado no livro, o "mise-en-scène pendular no átimo que se estende entre o ser e o deixar de ser."
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"Meu pensamento é refletido na imagem", diz a fotógrafa, no que se apresenta como um ideal intelectual amparado pela sua experimentação sensorial. A "representação do sentido" como ela diz, encontrada na série Dores da Alma, nos fala da transmutação, do desapego corporal, uma referência barroca pela intensidade da cor, quando em uma magnífica imagem ela mesma se desdobra em duas pessoas. Outra referência ao espiritual como esta pose análoga ao corolário bíblico é sustentada por outra mandala vitruviana como um halo (Glória) da iconografia religiosa ampla como a budista ou católica.
Em sua síntese de conceito-imagem, a fotógrafa declara sua amplitude filosófica e suas conexões com as diferentes formas. Um booklet traz objetos que vão de chaves a um dicionário, onde algumas páginas estão reproduzidas no volume principal. Ela também assume a sua atração pela pesquisa e por fazer "analogias o tempo todo", os mergulhos nas mais diferentes religiões e o interesse pelo poeta Pessoa ou pelo renascentista  Leonardo Da Vinci ( 1452-1519), uma espécie de "bibliomania" na qual sua arte se acomoda com maestria.
Certamente o livro representa uma rara virtude em tempos contemporâneos, completada por um virtuosismo intrínseco à obra da fotógrafa cujos desdobramentos nos fazem pensar em nós mesmos, circunstâncias tão raras de serem encontradas no nosso próprio imaginário quanto no exíguo espaço intelectual em que vem se sustentando a arte estabelecida.
Imagens © Sheila Oliveira   Texto © Juan Esteves
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