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#genealógica
herdingsnails · 8 months
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Guia: Como fazer uma investigação Genealógica em Portugal
É bom ver que anda tanta gente entusiasmada com o relato que a @momo-de-avis tem feito da sua investigação genealógica. Caso queiram aproveitar esse entusiasmo para se juntarem à festa e irem também meter o nariz na vossa história familiar, eu tenho algumas dicas.
Comecem com o que sabem. A maior parte de nós sabe o nome dos pais e dos avós e provavelmente também dos bisavós. Era o meu caso. Sei o nome, data e local de nascimento dos meus pais e avós. Dos meus bisavós só sabia os nomes, excepto de uma, da qual tinha uma cédula onde vinha a sua data de nascimento, naturalidade e o nome dos pais. E esses são precisamente os dados necessários para começar a descobrir mais!
Caso sejam trintões como eu é provável que os vossos bisavós tenham nascido antes de 1910 e foram baptizados e registados nos cadernos paroquiais. Isso é excelente. Na maior parte dos casos é só ir ao caderno de registos de baptismos da paróquia onde eles e chafurdar até encontrarem uma criança com o mesmo nome (normalmente só aparece nome próprio) cujos nomes dos pais correspondam aos nomes que já conhecem. Esses registos vão ter também a naturalidade dos pais, a paroquia onde casaram (se eram casados, caso não fossem a criança é baptizada como "ilegítima" ou "natural"), e os nomes dos avós paternos e maternos. Ao lado costuma também ter averbamentos com a data e local do casamento e morte.
Exemplo de um registo de baptismo da primeira década do século 20, com a ortografia original:
Aos vinte e seis dias do mez de Julho do anno de mil novecentos e três, n’esta egreja parochial de Santo Ildefonso de Montargil, concelho de Ponte de Sôr, Arcebispado d’Evora, baptisei solenemente um individuo do sexo feminino, a quem dei o nome de Custodia, e que nasceu pelas nove horas da manhã do dia vinte e quatro do mês de Abril do corrente anno, no monte das Abertas de Cima d’esta freguesia, filha legitima de Manuel Jerónimo, trabalhadôr, e de Maria Jordôa, empregada no serviço domestico, ambos naturaes d’esta freguesia, onde se receberam e onde são parochianos e moradores no referido monte das Abertas de Cima. Neto paterno de Jeronymo Varela e de Rosaria Maria, e materno de Antonio Prates Jordão e de Augusta Lopes. Foi padrinho Affonso Fortio, casado, proprietario, e madrinha Rosaria Maria, viuva, empregada no serviço domestico, que sei serem os proprios. E para constar lavrei em duplicado este assento para depois ele ser lido e conferido perante os padrinhos, o assignei eu somente porque não sabiam escrever. Era ut supra. Collei sello de cem reis que inutilisei. O Parocho: José Gonçalves da Silva Primo Averbamentos: Nº55 Custodia | Nº1 - Casou com Manuel Jordão no Posto do Registo Civil de Montargil, concelho de Ponte de Sôr em 26 de Dezembro de 1931. Assento nº98 da mesma data. Em vinte seis de Junho de mil novecentos e setenta e três. João Sousa | Nº2 - O casamento a que se refere o averbamento nº1 foi dissolvido por obito do conjuge marido, falecido em 11 de Julho de 1942. Assento nº129 do mesmo mês e ano. Em vinte e seis de Junho de mil novecentos e setenta e três. João Sousa | Nº3 Faleceu em 26 de Agosto de 1984 na freguesia de Arrentela, concelho do Seixal
Caso os vossos bisavós sejam mais novos do que os meus e tenham nascido já depois da revolução republicana, foram já todos registados no Registo Civil. As regras atuais dizem que os registos com mais de 100 anos devem ser entregues pelas conservatórias aos arquivos distritais, mas nem todas estão muito adiantadas com isso. Ou também pode acontecer que o arquivo já tenha o documento mas ainda não esteja digitalizado. Se o arquivo já o tiver podem criar conta na plataforma deles e fazer um pedido de pesquisa, ou um pedido de reprodução, que podem ter ou não custos. Caso não esteja no arquivo têm que pedir no site do registo civil da mesma maneira que se pede uma certidão mais recente. Cada um desses pedidos custa 10€ e convém referir ao fazer o pedido que precisam de saber a naturalidade dos pais, ou que precisam da certidão para efeitos de uma investigação genealógica.
Eu não tenho muita experiência com as certidões do registo civil, nisso a @momo-de-avis pode ajudar um pouco mais porque já pediu algumas. Mas nos cadernos paroquiais, o próximo passo é descobrir o assento de casamento dos pais, se a criança for legítima. Pegando no exemplo acima, a Custódia era filha legítima, o que quer dizer que os pais casaram antes dela nascer, pode até ter sido no dia anterior, por isso, para encontrar o casamento deles é procurar a partir da data de nascimento dela para trás.
Os assentos de casamento são normalmente os mais completos porque havia uma grande preocupação com evitar a bigamia, portanto a identidade dos noivos era cuidadosamente conferida pelos padres.
Como exemplo, o assento de casamento dos pais da Custódia:
Aos vinte e nove dias do mez de Novembro, do anno mil oitocentos e noventa e nove n’esta egreja parochial de Santo Ildefonso de Montargil concelho de Ponte de Sôr, Archidiocese d’Evora na minha presença compareceram os nubentes Manuel Jeronymo, e Maria Jordão, os quaes sei serem os proprios e com todos os papeis do estylo correntes e sem impedimento algum canonico ou civil para o casamento; elle d’edade de vinte e oito annos já completos, solteiro, jornaleiro, natural, baptizado e morador n’esta freguesia, filho legitimo de Jeronymo Varella e de Rosaria Maria, naturaes desta freguesia; ella d’edade de vinte annos já completos, solteira, empregada nos serviços do campo, natural, baptizada e moradora n’esta freguesia, filha legitima de Antonio Prates Jordão e de Augusta Lopes, naturaes d’esta freguesia, os quaes nubentes se receberam por marido e mulher e os unì em Matrimonio procedendo em todo este acto conforme o rito da Santa Madre Egreja Catholica Apostolica Romana e receberam a benção nupcial. A mãe da nubente, viuva de Antonio Prates Jordão assistio ao casamento da sua filha à qual deu todo o seu consentimento para poder contrair o matrimonio com o nubente sendo testemunhas deste consentimento Ruffo Freire d’Andrade, casado, professor d’ensino primario e Antonio Maria Courinha, casado, proprietario, moradores n’esta freguesia. Foram testemunhas presentes que sei serem os proprios Hermengildo Nogueira, casado, lavrador e Luiz Mendes Catharino, casado, proprietario, moradores nesta freguesia. E para constar lavrei em duplicado este assento que depois de ser lido e conferido perante a mãe da conjuge e testemunhas commigo não assignaram por não saberem escrever assignaram a rôgo da mãe da nubente por ter sido dado nas suas presenças o seu ezpresso consentimento as já ditas testemunhas Ruffo Freire d’Andrade e Antonio Maria Courinha. Era ut supra.
Agora sabemos a idade que os pais da Custódia tinham quando casaram é fácil encontrar os seus assentos de baptismo. A partir daqui é ir repetindo os passos. Os óbitos normalmente vêm assinalados nos averbamentos. Ainda não cheguei a nenhum antepassado directo que tenha morrido antes da república, por isso tenho-me fiado nessa informação em vez de pedir a certidão no registo civil. Mas já sei que quando começar a investigar o António Prates Jordão vou ver os registos de óbito de 1899 para trás, uma vez que já tinha morrido quando a filha casou.
Encontrar irmãos dos bisavós, trisavós, etc., é que pode ser mais complicado se era uma família que mudava de paróquia com frequência, ou se os pais não eram casados, mas eu diria que este é um passo opcional quando se faz uma árvore genealógica. Eu pessoalmente gosto de saber e já enterrei imenso tempo a colecionar tios-bisavós como se fossem cromos, mas isso sou eu.
Espero que isto seja útil e se alguém tiver mais alguma pergunta a minha askbox está à vossa espera.
Links úteis:
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heymandy · 10 months
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1° GERAÇÃO - POTÁSSIO
Lara é uma mulher muito esforçada, que deseja realizar seu sonho em comum com o de seus avós, ter uma linda fazenda e viver de tudo que a terra tem a te oferecer. Ela ama a vida no campo, acordar cedinho para coletar ovos, ordenhar vaca, cuidar de suas plantas. Quando seus avós falerecam e deixaram esse lote meio acabo que lutaram para comprar em vida, ela pode ter esperança de realizar esse sonho.
Um dia indo a mercearia da cidade vender suas colheitas Lara conheceu Roberto, um homem que logo de cara mexeu muito com ela, de uma forma que nunca havia acontecido antes.
Não demorou muito para que o namoro virasse noivado e o noivado casamento. Lara não poderia imaginar uma vida mais perfeita! Eles viviam em uma casa minúscula, sem muitos moveis, mas uma casa tão cheia de amor e felicidade que nada mais importava.
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Eles se amavam muito, se amavam tanto que desse amor nasceu uma linda menina, Flora. Durante sua gravidez, Lara teve muita duvida se o relacionamento que até então era tão perfeito iria superar todos os problemas, já que Roberto não aceitou muito bem o fato de ser pai. Nenhum dos dois planejou isso, mas Lara estava tão feliz, ela sempre quis ter filhos, vários. Não é fácil passar por tudo isso, mas ela sabe que eles vão superar tudo isso juntos.
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O que ninguém poderia prever era que um dia comum cuidando dos animais viraria um grande pesadelo, quando Roberto foi atingido por um raio e não sobreviveu. Ela teve que lidar muito cedo com a perda de Roberto, no dia que iam comemorar o aniversário de Flora que era só uma recém nascida Lara precisou se despedir de seu amor. Ele se foi, deixando muita saudade na familia. Mas nada dói mais do que o coração de Lara nesse momento. Ela só queria seu amor de volta.
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Já se passaram alguns anos, Lara fez uma cirurgia para não precisar mais de óculos, deu uma mudada no visual. Flora já é uma criança, se empenhando na escola. Ela é um pouco difícil, parece que ela não tem muito interesse em aprender a cuidar da fazenda, o que Lara não consegue entender já que a fazenda é a vida delas... bom, pelo menos é a dela. Ela se sente um pouco mal inclusive, já que nunca conseguiu dar a atenção que ela acha que Flora merecia, principalmente depois de ter ficado viúva e tendo tanto trabalho na fazenda.
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Em uma tentativa de ter menos obrigações, ela contrata um ajudante para a fazenda, Lara não pode negar que ele é um homem lindo e muito simpático, depois de tantos anos, ela até estranhou ter aquela sensação de novo, até sentia que estava traindo Roberto só de pensar em Daniel de uma forma diferente. Mas ela sabe que Roberto não vai voltar e que ele gostaria que ela seguisse em frente...
Por mais que ela tentasse evitar essa situação, mais atraida ela ficava por Daniel e ele claramente sentia o mesmo, mas ele sempre a respeitou muito até porque era seu funcionário. Até que um dia Daniel pediu demissão, dizendo que não aguentaria mais viver nessa situação, vendo a pessoa que ele ama todos os dias e não poder ficar com ela. Dali em diante eles engataram um romance que duraria uma vida inteira.
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Ser pai era o maior sonho de Daniel, por mais que ele se esforçasse pra se aproximar de Flora, era tudo em vão. Nenhum dos dois conseguia se dar bem com ela e quanto mais ela crescia mais dificil ficava. A unica coisa que importava pra Flora era ir embora dali, de qualquer jeito. Tentou fugir de casa algumas vezes, mas todas sem sucesso.
Depois de um tempo de casados e muita conversa Lara e Daniel decidiram tentar ter um filho, afinal os dois amavam crianças, queriam ter vários filhos e quem sabe assim Flora tendo uma companhia ela ficasse mais feliz. Após de um bom tempo tentando, Lara não conseguia engravidar e ela não conseguia entender isso, a gravidez da Flora foi tão repentina e agora que eles planejaram e querem não conseguem.
Foi quando descobriram por meio de muitos exames que Daniel não podia ter filhos. Os dois ficaram arrasados com a noticia, principalmente Daniel. Foi quando Lara vendo a tristeza dele, deu a ideia de adotarem uma criança. Eles passaram um tempo indo em entrevistas, conhecendo crianças, até que eles conheceram Gustavo.
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Gustavo era uma criança muito carinhosa e faladeira, Lara e Daniel se apaixonaram por ele desde o primeiro segundo e sabiam que queriam ser os pais dele. Depois de algumas visitas Gustavo disse que a unica pessoa que ele tinha como família era uma amiga dele do orfanato, a Marta. Que ele estava muito feliz por ser adotado mas que ia sentir muita falta dela. Foi quando depois de muita conversa o casal decidiu conhecer Marta.
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Marta era uma menina muito linda, um pouco mais velha que Gustavo, mas ela não estava lá desde que nasceu como ele, ela tinha perdido os pais em um acidente, e ela ainda sofria muito por isso, mesmo que já tivesse se passado uns anos. Lara queria cuidar dela, mesmo sabendo que nunca conseguiria tirar essa ferida da sua história, ela queria poder dar muito amor e carinho para essa criança. E então após muita burocracia, Gustavo e Marta foram pra sua nova casa.
Então depois de muitos anos finalmente Lara teve sua familia que sempre sonhou, mesmo que eles tenham problemas, que as vezes seja muito dificil, eles são uma familia e sempre vão superar o que quer que seja juntos. Sua fazenda prosperou muito e era muito importante na sua cidade, ela só queria que seus avós pudessem ver aonde ela chegou, viver esse sonho junto com ela. Mas ela sabe que onde quer que eles estejam, eles estão olhando por ela e felizes com sua conquista.
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Caso queira saber mais sobre os outros integrantes da família é só acompanhar por aqui. Basta clicar na foto de cada um ♥
Lembrando que iniciei esse jogo recentemente então estou atualizando em tempo real.
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conscienciafalha · 1 year
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Tentando explicar Dark para minha mãe be like:
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imninahchan · 7 days
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𓂃 ഒ ָ࣪ ⌜ dev patel headcannons ⌝ ⸙. ↷
⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ↳ sfw + nsfw.
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[✰] literalmente o maior malewife patético do mundo. Se apaixona por ti à primeira vista, daqueles que até pensa pronto, vou casar com essa mulher e vem chegando devagarzinho, porque é tímido e tem medo de mulher bonita;
[✰] no primeiro beijo, na cabecinha dele vocês já tão namorando. Manda mensagem no outro dia dizendo bom dia meu anjo😊 dormiu bem?, pergunta o que você tá fazendo de bom e marca um encontro o mais rápido possível. E é tão bom estar ao lado dele, pois da pra sentir pela energia dele o quão romântico e nerdzinho ele é. Tudo tá bom pra ele, se preocupa se você está gostando, e o melhor: não muda nadica de nada quando estão, finalmente, namorando;
[✰] como o relacionamento de vocês é uma mistura de culturas, ele se mostra muito empenhado em desbravar o brasil e o seu estado. Se perguntar, não há nada no brasil que o desagrade (mas é porque ele é do tipo que gosta de agradar todos, principalmente pra sua família gostar dele). Vai estar de bermudinha e regata velha no sofá da casa da sua mãe, naquele calor do verão brasileiro, tomando cafezinho quente, comendo um pão de sal e assistindo caminho das índias na televisão;
[✰] e por falar em caminho das índias, dá o segundo capítulo da novela e tá a sua mãe, a mãe dele, ele e o pai dele tudo na sala assistindo. A sua sogra dizendo que a juliana paes parece muito uma prima que ela tem, e chocada em saber que ninguém ali do elenco tem ligação com o sul asiático. O dev assistindo as cenas da maia dançando e deitando a cabeça no seu ombro, discretamente, com um sorrisinho, pra perguntar bem que você podia dançar assim pra mim também, hein?;
[✰] embora super fascinado com o brasil, ele demora um pouquinho a abrir as portas das raízes dele pra você. Um pouco envergonhado, quiçá receoso, até que finalmente deixa a mãe dele te ensinar um prato típico, ou aquelas histórias que ela costumava contar pra ele quando pequeno, antes de dormir pra não se esquecer das raízes, sobre a cultura e a religião;
[✰] uma viagem de casal, estar no taj mahal cantando aquela música do jorge ben jor (tetê teterê terê), e você olha pra cara dele e ele ????
[✰] é por sua causa que ele começa a gostar mais de filmes de romance, seja bollywood ou não, especialmente aqueles vintage. Você até nota que ele meio que tá “aprendendo” com os protagonistas pra fazer igual contigo, falar igual contigo;
[✰] a personificação de um romântico incurável e mommy's boy. A mãe dele vira a sua mãe, ela é uma parte muito importante na vida dele, então você se dar bem com ela é crucial.
[✰] o tipo que manda bom dia e boa noite, um dorme bem, ou sonha comigo, quando não pode te ver. Que você fala algo sobre si, e ele nunca esquece. Que gosta de te contar sobre o dia dele, sobre as coisas que gosta, com os olhinhos até brilhando;
[✰] o homem que carrega a sua bolsa e o seu sapato, sem nem dizer um a;
[✰] te mostra os roteiros que está escrevendo. Diz, com as bochechas queimando, que se inspirou em algum traço seu pra escrever aquela personagem na trama;
[✰] o casamento de você dura uma semana. É um dia de festas no brasil, com os seus dois lados da família, uma festinha mais intimista em Londres, e o restante festejando com os parentes mais distantes da árvore genealógica dele. Lua de mel em alguma cidade histórica, depois uma passadinha numa praia pra fazer fotinhas caseiras de casal;
[✰] o maior marido pau-mandado. Sem discussões nesse tópico👩‍⚖️;
[✰] na cama, se você for esperta, vai saber muito bem como domá-lo. Ele, naturalmente, já é mais retraído, mas pode ser mais saidinho quando bebe uma gota de álcool ou quando você está muito tímida. Porém, é só pegar nos cabelinhos pretos dele e dizer um comando simples, que ele quebra;
[✰] do tipo que te fode com respeito, até te pede desculpas se te sujar demais de porra;
[✰] sexo com ele pode começar e terminar com os lábios dele entre as suas pernas que já tá bom. Muito overstimulation — mas como algo que vem naturalmente, porque ele ama tanto o seu sabor, que não sabe quando parar. Você pode estar tremendo, suada, sem voz e com uma lagrimazinha escorrendo no canto do olho, que ele vai continuar imerso no seu aroma, no gosto, na sensação gostosa que os seus gemidos abafados trazem pros ouvidos;
[✰] grande mamador de peitos;
[✰] a concha menor na conchinha. No entanto, porque não suporta a ideia de te ver xoxinha, é o maior abraço de urso quando você está mais manhosinha;
[✰] na verdade, com ele é uma competição pra ver quem é mais manhoso;
[✰] não é alguém de muitos fetiches. O grande fetiche dele é você, como vocês vão transar não importa. O importante pra ele é estar com você, dentro de você, podendo te dizer que te ama enquanto olha nos seus olhos;
[✰] bodyworship. sexo matinal lento. food play — porque ele é preguicinha, pode estar comendo algo que, se sentir tesão, não vai querer nem levantar da cadeira pra começar a te dedar;
[✰] o tipo de homem que se você pede pra ele te dar um tapinha, ele quase chora e diz mas você é minha princesa...
[✰] aqueles que não faz nada sem te consultar primeiro. Comprar essa roupa? Comprar essa verdura pro almoço? Cortar o cabelo? Pendurar esse quadro na parede? Sair da cama e ir trabalhar hoje? Hmm, vou ver o que a minha mulher acha...
[✰] se depender dele, vocês vão ter um time de futebol. As crianças correndo tudo numa casinha á brasileira com quintal, todo mundo poliglota;
[✰] dev pai de menino;
[✰] ciumentozinho, mas não sabe agir que nem macho alfa, então só fica com um bicão e mal humor;
[✰] músicas pra ouvir pensando nele — coleção (cassiano), planos (BK'), intimidade (liniker e os caramelows), madagascar (emicida), elephant gun (beirut), mania de você (rita lee), a história mais velha do mundo (o terno), samurai (djavan).
Bônus de momentos aleatórios com ele
chegar em casa depois do trabalho, e ele tá lavando a louça, abrindo um sorriso largo quando te vê | é o pai que vai ter toda a paciência do mundo pra sentar e ajudar os filhos a fazer dever de casa | época de provas na escola e as paredes da sua casa estão cheias de post it colados com tópicos que ele anotou pros filhos não esquecerem da matéria | acordar de manhã e encontrar um presentinho que ele comprou pra você, com uma cartinha e a dedicação dizendo benquisto amor da minha vida | ele está em todo lugar que pode pra te dar suporte, tirando foto das suas conquistas e acenando dentre a multidão pra você notar ele ali.
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geniousbh · 4 days
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lau vc é minha diva pessoal, amo tudo que vc escreve e acho incrível que vc não erra UMA, dado isso gostaria de compartilhar a minha dúvida de girly girl : como os meninos doidos pelo river ( especialmente o pipe ) reagiriam a nós lobinhas que não sabemos NADA de futebol, eu imagino muito o pipe sendo A enciclopédia humana e explicando a árvore genealógica de cada jogador do river
aaii que amor🥺💓 eu fico sem jeito assim!
quando eu vi sua ask eu pensei numa coisa muito funsies e safada, hear me out (isso pode ser lido como se fosse o pipe, o simón ou fer!!) tw. smut. mdni
aquele namoradinho que fica todo boladinho quando você demonstra zero interesse sobre ele falando dos lances ou reclamando dos cartões do river, então decide te ensinar do único jeito que sua cabecinha burrinha consegue entender
vocês dois na sala, jogo do river na tela, você completamente nua e abertinha no sofá enquanto ele, de bermuda e boné ainda, te olha com um sorrisinho de canto. dedilha sua virilha e sente você estremecendo. "então, como eu falei, o gol fica impedido se um dos jogadores...", e nisso ele leva o indicador até a boca, chupando pra deixar babadinho, "tá com alguma parte do corpo à frente do penúltimo jogador da defesa", ele desliza o dígito pra dentro do seu íntimo apertado, "mesmo que passe só um pouco da linha..." ele mexe o dedo ali dentro observando as expressões que te arranca "ou que passe muito", e coloca até a base, fazendo a palma da mão roçar na sua púbis e você arquear as costas.
pra te ensinar sobre as séries (a, b, c e etc porque eu tbm nao sei! rs) ele começa te beijando o pescoço, fala baixinho pra ti "a série a tem os melhores colocados em pontuação...", lambe a região sensível e suga a pele, deslizando para seus seios e rodeando um dos biquinho enquanto belisca o outro, "a série b tem os que estão subindo na maioria das vezes...", e ao contrário do que ele diz continua descendo os carinhos pelo seu corpo, chegando até o baixo ventre, espalhando mordidinhas e roçando o nariz na sua tez, viciado no seu cheiro e na tua maciez, "a série c tem os rebaixados, vai ficando mais difícil a partir dai...". e então segura suas pernas por debaixo dos joelhos e leva elas pra trás te fazendo expor a bucetinha que já tá toda encharcada, "a série d é o completo limbo...", ele lambe devagar puxando lubrificação da entradinha até o ponto teso, "uma vez que você chega lá... é muito dificil sair". e depois disso fica por trinta minutos te chupando, te faz gozar duas vezes e dá uma risadinha cínica quando se aproxima de uma terceira e você tá pedindo arrego
🤭
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jgmail · 2 months
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LA NUEVA DERECHA Y ALAIN DE BENOIST: ¿UN MARX ACTUAL?
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Pierre Le Vigan
Alain de Benoist es proteico. A veces sorprende, pero sobre todo desconcierta a los poco imaginativos (que son muchos). En una misma sala, puede dar la espalda a cuatro paredes a la vez. Pero también es capaz de estar en sintonía con gente de derechas, de izquierdas, cristianos, anticristianos, etc. Para él, es más importante la forma de ser que lo que uno es. El presupuesto del enfoque de Alain de Benoist es ver ante todo la cualidad humana que es la condición para pensar correctamente. La visión de Alain de Benoist es panorámica. Su curiosidad es inmensa. Alain de Benoist es un buscador de verdades. ¿De dónde venimos? Preocupación genealógica. Cómo vivir (más que «por qué vivir»: «la rosa no tiene por qué»). También es un enciclopedista. La obra de ADB es como la Souda, la enciclopedia griega del siglo X. Nos preguntamos si esta obra es individual o colectiva. Volveremos sobre ello, porque es una cuestión importante.
Todo intelectual es un compilador
Algunos refunfuñones han criticado a Alain de Benoist por ser ante todo un compilador. Un coleccionista de ideas, citas y análisis. ¿Por qué no? Si se trata de organizar una vasta colección y convertirla en algo coherente, ¿qué intelectual no es también ese compilador apasionado, exigente e inquieto? Busca el oro del sentido. Quiere encontrar la barca sagrada en la que embarcarse. ¿Qué intelectual no es un coleccionista de lo que se ha dicho antes? ¿Qué hace? Da forma, ordena, da sentido y un nuevo sentido a lo que ha encontrado, y lo que ha encontrado, lo ha encontrado porque ha tenido un método y una idea de dónde encontrarlo. Una previsión. En este sentido, ¿quién es Jesús? ¿Quiénes son los evangelistas? Los compiladores también. ¿Quién es Marx? Un compilador. Al principio, claro. Porque luego viene el inmenso trabajo de organizar las ideas, y ése es el trabajo de ponerlas en orden, de darles forma (lo he dicho antes, pero hay que repetirlo). Y luego está el trabajo de elucidar e inventar una forma original a partir de lo que has recopilado. Así que, sí, este reproche es estúpido: consiste en decir que cualquier intelectual honesto acepta depender de pensadores que le precedieron. Los cita, y eso es mejor que copiarlos sin citarlos. Siempre dependemos de pensadores y pensamientos que nos han precedido. Y menos mal: Alain de Benoist cree en la transmisión, él ha sido transmitido y transmite. Lógico.
Nuestra referencia a la Souda nos lleva a preguntarnos: ¿es Alain de Benoist un intelectual único o un colectivo? No basta con decir ambas cosas. Hay que decir cómo. Es colectivo en el sentido de que actualiza un patrimonio intelectual que revisita e interpreta, como hace un músico con una partitura. Pero Alain de Benoist es colectivo en un sentido más profundo y más raro: se ocupó (y se ocupa) de fundar un movimiento de pensamiento. Era el GRECE, era Eléments, y lo sigue siendo, pero también es un «movimiento», que incluso impregna a personas ajenas al medio institucional oficialmente vinculado a la Nueva Derecha, denominación, por no decir etiqueta, que Alain de Benoist nunca ha apreciado demasiado. Así pues, Alain de Benoist es un intelectual colectivo: en el sentido de que quiere estar en el corazón de, o al menos presente en los corazones (¡y las cabezas!) de los que piensan a su lado. Pero ADB es también un intelectual único: no existe un calco. Es original y es el original. Lo que significa que tiene sus afectos, que son los suyos, sus amistades, que trascienden las ideas, y sus paradojas (que no son pocas). ¿Se imaginan a Emil Cioran o a Clément Rosset sin paradojas? Por eso nos encantan.
Un intelectual único y colectivo, decimos. Esto significa que la comunidad (o comunidades) de pensamiento impregnada por la obra de Alain de Benoist puede alejarse del Alain de Benoist del momento y volver a otro Alain de Benoist más original. Nuestro ser humano es una esfera, y no podemos ocupar todos los puntos de la esfera a la vez y al mismo tiempo. Lo esencial es comprender que esta esfera, a diferencia del cielo de perfección supralunar de Platón, no es inmóvil. Alain de Benoist no busca la perfección, sino la perfección y el esfuerzo. No cree en un mundo ideal, pero sí cree que para vivir dignamente en el mundo hay que tener un ideal. No se trata de que ese ideal se vaya a alcanzar (rara vez se alcanza: no hay más que ver la efímera Comuna de París), se trata de que ese ideal nos habrá permitido alcanzarnos a nosotros mismos. «Concierten una cita con ustedes mismos», dice Henri Michaux.
La esfera y la espiral de Alain de Benoist
¿Una esfera, el universo mental de Alain de Benoist? Quizá también una espiral, porque la espiral es infinita y ascendente. Y aquí estamos. Nos encontramos ante una forma de pensar que aspira a la perfección y no a la perfección inmóvil. Se trata de movimiento, no de fijeza. Esto es fácil de explicar: el pensamiento de Alain de Benoist, su método (methodos o camino), su «encanto», su estilo, es la capacidad de autocrítica. No autodesprecio, no negación (aparte de algunas observaciones de juventud que el autor vio rápidamente que no eran el camino correcto. No olvidemos que a los 24 años, nuestro hombre abandonó todos los proyectos y escritos directamente políticos). La autocrítica no significa deconstruirse, y menos aún negarse a sí mismo, significa cuestionar todo lo que es fácil de analizar. Lo que es fácil es siempre demasiado fácil. ¿Qué podría elevarse más en la búsqueda de las condiciones de un pensamiento correcto o de una hipótesis fructífera? ¿Qué habitación de una caverna más profunda no podría explorarse? Un buen programa (¡en gran medida nietzscheano!), el de cualquier intelectual serio.
Ni progresista ni reaccionario, así es Alain de Benoist. Cuando nuestro hombre entra en una sala, no encuentra el asiento adecuado. Es porque las posiciones originales son desconcertantes (y su periodo más inclasificable fue, desde mediados de los años 80 hasta 2015, aquel en el que a menudo fue a contracorriente de los que se suponía que estaban cerca de él). Y sin embargo, entre los inconformistas de los años 30 e incluso de los años 40 (con el Manifiesto comunitario de 1943), los nacionalistas-revolucionarios alemanes, franceses, italianos, españoles y otros, los nacional-bolcheviques, los solidaristas franceses, los neobonapartistas, los gaullistas (verdaderamente) de izquierdas, los conservadores de izquierdas, los tradicionalistas de izquierdas (como Walter Benjamin) y el Círculo Proudhon, son los más originales los más interesantes.
En los años 70, cuando Alain de Benoist y Louis Pauwels alternaban sus columnas en Figaro Dimanche (1977-1978, precursor de la revista Figaro), Louis Pauwels, entonces en el apogeo de su forma pagana, politeísta y neoestoica, escribió de Alain de Benoist: «¿No es este anti-Marx un Nietzsche moderno?». Una frase elegante y pertinente, como siempre con Louis Pauwels, novelista de talento y gran periodista, uno de los mejores escritores de los años 70 junto con Jean-Gilles Malliarakis, polemista prodigioso y mente inmensamente culta, Maurice Bardèche, rigor clásico al servicio del romanticismo, y el propio Alain de Benoist. Pero menos de diez años después de las declaraciones de Pauwels, las cosas habían cambiado. ¿Podíamos conservar la fórmula de Louis Pauwels?
La Nueva Derecha de principios de los ochenta se había vuelto muy claramente antiliberal y antiburguesa, y había dejado de tener la menor esperanza de atraer el apoyo de personalidades de «derechas» como Michel Poniatowski y Philippe Malaud. Al mismo tiempo, el GRECE, incluso antes de su mediatización en 1979 (la campaña mediática sobre y contra la Nueva Derecha) rompió con el Club de l’Horloge, sobre la base de un desacuerdo sobre el liberalismo (para decirlo brevemente, el Club de l’Horloge cree que puede ser «nacional-liberal», mientras que el GRECE toma partido (y Michel Thibault está muy apegado a ello) por la causa popular y, por tanto, rechaza tanto el liberalismo societario (la cuestión aún no se ha planteado pero se planteará en el futuro) como el liberalismo económico y social). Un compromiso con el «espíritu del pueblo» y contra la modernidad horizontal que es el «espíritu de los tiempos modernos», un espíritu que lo arrastra todo hacia abajo.
Dar un paso al lado
Fue también en este punto cuando la jerarquía de los peligros fue modificada (o se vio modificada por la realidad) por Alain de Benoist y la nueva Derecha. ¿Es el «peligro» ruso y comunista el primero? ¿Es el principal? ¿No deberíamos luchar primero contra la americanización de nuestra cultura, nuestras costumbres y nuestra economía? Formular la pregunta es responderla. Y ND responde de la misma manera que Jean Cau: contra América. También significa estar en contra de la América que llevamos dentro (lo que no debería impedirnos admirar el cine americano, tan bien popularizado por Nicolas y Tetyana Bonnal). De ahí el antiliberalismo de la Nueva Derecha y la desconexión entre defender Europa y Occidente. Europa y Occidente no son lo mismo. Atarse a Occidente es, en última instancia, matar a Europa en su esencia europea. ¡Menudo diagnóstico! ¡Toda una revolución en las ideas de la «derecha»! Y aquí tenemos una Nueva Derecha que cada vez más quiere ser Nueva Izquierda (y sigo pensando que tiene razón). «Ni siquiera Alain de Benoist dará un paso al lado», escribió François Bousquet sobre la década de 1980 (que durará aproximadamente hasta 2015 para este «paso al lado»). ¡Por supuesto que lo hizo! Igual que el milonguero da un paso a un lado para reanudar la marcha hacia delante con su pareja. Del mismo modo que a veces es necesario dar un paso atrás para recuperar el impulso y volver a caminar con buen pie.
Así que mucho han cambiado las cosas desde que Louis Pauwels dijo: «¿Es este anti-Marx un Nietzsche moderno?». No se trata de una convulsión, sino de un cambio debido a a) la lógica de la elección de Alain de Benoist: «la riqueza del mundo es su diversidad», frase ya presente en Vu de droite (1977), y que se aleja inevitablemente del liberalismo homogeneizador. La observación de los cambios y tendencias que actúan en el mundo. Desde principios de los años ochenta, se plantea la cuestión: ¿el problema era el comunismo, o el auge ilimitado del derecho del individuo frente al derecho de los pueblos que se olvidan, o el derecho del hombre solo frente al derecho del ciudadano en medio de su pueblo? También en este caso, formular la pregunta da una indicación de la respuesta.
Así pues, menos de diez años después de la aventura de Figaro Magazine y de la observación de Pauwels, ¿no habría que invertir su fórmula sobre Alain de Benoist? ¿No es este postnietzscheano un nuevo Marx? Porque Alain de Benoist no ha querido quedarse con Nietzsche. Es un paso esencial para él, un hito en la noche, una luz que no deja de iluminarnos, pero no la única luz, y una luz que puede iluminar un paisaje distinto del dibujado por el propio Nietzsche. Alain de Benoist no se ha convertido en un extraño a Nietzsche, sino que piensa más allá de él (si eso es posible). O junto a él, si es necesario, recurriendo a otros recursos de la mente (como R. Abellio, A. Gehlen, Montherlant, cada uno en su campo…). Para aquellos, entre los que me incluyo, que sitúan la ética y la estética por encima de toda teoría, nada es más indispensable que Montherlant…
La inversión de la fórmula de Louis Pauwels nos pone en el buen camino. Marx y Alain de Benoist, pues. Es una hipótesis audaz compararlos. Sin embargo, no faltan puntos en común. Existe la ambición de pensar globalmente el mundo a partir de una raíz filosófica. Para Marx, el materialismo antiguo y luego Hegel, pero ampliamente corregido o incluso invertido. Para Alain de Benoist, el Círculo de Viena y Louis Rougier (positivismo lógico), el nominalismo, y luego, con cierta continuidad, la idea de la singularidad irreductible de las culturas. El politeísmo de las culturas. Y al mismo tiempo, la idea más universalista de rechazo de la metafísica de la subjetividad. Universalismo: ADB rechaza el término. Precisemos entonces que no es un universal que niegue las intermediaciones. Las valora sin absolutizarlas, de ahí el rechazo delos nacionalismos como extensión de los principios del individualismo a la escala de la nación, como paso de la idolatría del yo individual a la idolatría del yo colectivo, que se convierte en la idolatría de un «nosotros». Lo universal, según Alain de Benoist, es el acceso a la intersubjetividad en lugar del triunfo egoísta de las subjetividades individuales. Es un universal alimentado por la diversidad de los pueblos, y no reducido ni a moral (una moral universal), ni a derecho, un derecho abstracto de los derechos humanos que tiene la consecuencia concreta de ser el gran obstáculo al ejercicio del derecho de los pueblos (es bajo este título que propuse una genealogía del liberalismo como proceso de destrucción de los pueblos). Si queremos quedarnos con un «ismo», llamémoslo universalismo diferencialista. Porque hay que decirlo, cuando nos enteramos de que los últimos hablantes de una lengua han desaparecido al otro lado del planeta, sufrimos como si nos hubieran arrancado algo. Y lo mismo cuando vemos que un pueblo ha sido desarraigado de su tierra durante 80 años, con el apoyo de la primera hiperpotencia mundial.
El teórico y el perspectivista
Después de los puntos en común, que son la preocupación por pensar globalmente al hombre en el mundo, al hombre en su mundo, veamos esta vez las diferencias entre Marx y Alain de Benoist. No son insignificantes. Marx es un teórico. Es menos cauto a la hora de exponer sus ideas que Alain de Benoist, y está más dispuesto a ser polémico (y a veces violentamente polémico). Marx asumió más riesgos intelectuales y políticos. Era un militante, cosa que Alain de Benoist ya no era (porque no creía que pudiera llevar a ninguna parte). Marx teórico. ¿No lo sería Alain de Benoist? Ahí está eso. Marx era un teórico en el sentido de que buscaba desarrollar una teoría original. No una teoría que surgiera de la nada, pero sin embargo una teoría muy original. Por su parte, Alain de Benoist era ante todo un hombre de mayéutica. Es el portador de una visión del mundo (Weltsicht) o de una visión del mundo (Weltanshauung): este último término implica una mayor distancia en la visión, y la intermediación de una rejilla de lectura, noción menos presente en el término «visión del mundo» pero que, aunque oculta, existe. Dicho de otro modo, el perspectivismo nunca es neutro desde un punto de vista axiológico o estético.
Marx es ante todo un investigador, de ahí lo incompleto de su teoría (de sus teorías: económicas, antropológicas, epistemológicas, etc.). Alain de Benoist es un productor de estudios genealógicos sobre las ideas y descubridor de pensamientos olvidados. Inventa menos. Quizás descubre más, en el sentido literal de descubrir, de quitar una capa de polvo y de olvido. Esta es una diferencia importante entre Marx y Alain de Benoist. De ahí el carácter acabado de los libros de Alain de Benoist, aunque su obra misma aspire al enciclopedismo y sea, por tanto, en principio inacabada. De ahí el carácter inacabado, en comparación, de muchos de los libros de Marx (recordemos que el viejo luchador muere a los 65 años, mientras que Alain de Benoist, otro luchador a su manera, sigue escribiendo, y escribiendo sólidamente, a los 80 años). Así pues, tenemos dos formas de trabajar muy diferentes, pero con la misma exigencia. Exigencia con nosotros mismos, exigencia con el lector.
En cuanto a las diferencias, es sobre todo la relación con el colectivo lo que distingue a Alain de Benoist y a Marx. Para Marx, la colectividad no es ante todo intelectual (y, en cualquier caso, las ideas no son más que la traducción del movimiento de las fuerzas sociales), es un movimiento histórico, el movimiento obrero europeo. Esto es lo que vio en la encrucijada del socialismo francés, la economía política inglesa (Adam Smith y sobre todo David Ricardo) y la filosofía alemana. Y fue a la victoria de este movimiento obrero a lo que dedicó sus días y a menudo sus noches, para que finalmente fuera posible la emancipación general, la emancipación del proletariado que traería la reconciliación de la humanidad consigo misma (el fin de la alienación) a través, no del fin de todo conflicto, sino del fin de la explotación capitalista. Esto es lo que Marx llamó comunismo. El planteamiento de Alain de Benoist es muy diferente. No se trataba de echar una mano a un movimiento histórico que avanzaba por sí solo, sino de crear una corriente metapolítica, cultural, una «nueva cultura», como se la llamaba hacia 1979, para impulsar una Europa libre, independiente de Estados Unidos, verdaderamente europea, que permitiera vivir a sus pueblos, las naciones, pero también a los pequeños pueblos que son las etnia3.
Marx y Alain de Benoist: dos formas de pensar muy diferentes. Marx era el romántico, mientras que ADB era el controlado, el neocardenal de Retz (¡incluso en su simpatía por la Fronda!). Otro punto de diferencia: Alain de Benoist dice que desprecia pero no odia. Marx es mucho más ideológico y político. Lógicamente, da cabida al odio. Nunca se ha logrado nada grande sin pasión, y eso es lo que es. Es una constante humana. Tiene su lugar. Simplemente hay que mantenerla en su sitio. Chateaubriand decía: «Guarda tu desprecio para el gran número de necesitados». «Yo no desprecio casi nada», decía Leibniz. Lo mismo ocurre con el odio. Hay que guardar el odio, pero hay que odiar un poco, porque hay que aceptar que uno forma parte de la refriega y no creerse siempre por encima de ella. Además, Marx no tenía elección. Su problema no era «no ser suficientemente reconocido» por la comunidad académica de su época y de su país natal, sino el de librar una dura batalla política con sus camaradas. Y en este terreno, el desprecio no siempre es la respuesta adecuada. Los dominantes no siempre son despreciables; a menudo están lejos de ser estúpidos. No son dignos de desprecio. Las personas dañinas nunca son simplemente despreciables. ¿Es la vocación de un deportado, de un preso político, despreciar a sus carceleros y a sus patrocinadores, o más bien tratar de barrerlos?
Marx no se contuvo. Sus enemigos, y más aún sus rivales y competidores políticos como Ferdinand Lassalle, pagaron el precio, este último calificado maliciosamente de «negro judío» (parece sacado de un panfleto de Céline). El primer artículo de Marx para la Gaceta Renana fue censurado por «crítica irreverente e irrespetuosa de las instituciones gubernamentales». Cuando, en 1845, el gobierno prusiano le privó de su pasaporte, se jactó: «El gobierno me ha devuelto la libertad». Cáustico, sarcástico, extravagante en su odio a los mediocres (e incluso a los no tan mediocres como Proudhon), a Marx no le faltaba humor, ni siquiera consigo mismo. Es famosa su frase: «No creo que nadie haya escrito tanto sobre el dinero estando tan falto de él». ¡Qué diferencia de temperamento entre Alain de Benoist y Marx! Alain de Benoist en el control, Marx en la pasión: dos grandes pensadores, pero dos estilos diferentes. El más racional no es el que pensamos, con su «sentido de la historia», en el que él mismo sólo creía con muchas correcciones.
Karl Marx y Alain de Benoist, dos maneras de ser intelectual colectivo
Alain de Benoist: otro Marx, pues. Un nuevo Marx, un Marx contemporáneo. Pero de otra manera. Y una relación diferente con el colectivo. Alrededor de ADB y reivindicando ser sus seguidores, gente comprometida por supuesto, pero no revolucionarios. Nada de activistas clandestinos que cruzan fronteras y viven en la clandestinidad. Nada de parias expulsados de su país. Ningún Blanqui pasando treinta y seis años en la cárcel, él mismo apenas marxista, pero sí un obrero militante como los marxistas revolucionarios. Alrededor de Marx, él mismo un exiliado político, el paisaje era muy diferente. Proscritos. La Asociación Internacional de Trabajadores. ¿Sus herederos (legítimos o no)? Lenin, cuyo hermano antitzarista fue ejecutado porque se negó a pedir el indulto. Trotsky, exiliado a Siberia por sus actividades militantes. Por parte de Alain de Benoist: ¿cuántas divisiones blindadas? ¿Cuántos prisioneros? Esto nos remite a lo que nuestro propio autor dijo una vez: «Soy un observador. No indiferente a lo que veo. Pero sobre todo un observador. Un observador del mundo, pero un actor en el mundo de las ideas». Este es el límite del paralelismo con Marx, que se veía a sí mismo como actor en ambos mundos, que en cualquier caso, según él, eran uno y el mismo. De ahí la necesidad de volver a la cuestión de nuestra relación con lo colectivo. a la cuestión de la relación con lo colectivo.
Marx dijo que, por su parte, él… no era marxista. Decía: «Los experimentos científicos destinados a revolucionar una ciencia nunca pueden ser verdaderamente populares. Pero una vez sentadas las bases científicas, la popularización es posible». Pero es importante no precipitarse. Por su parte, ¿es Alain de Benoist todo Nueva Derecha y sólo Nueva Derecha? ¿Es reducible al GRECE y ahora al Institut Iliade, que ha saltado a la palestra afirmando también formar parte de la Nueva Derecha? Si Alain de Benoist era sin duda el líder de la Nueva Derecha (un antipapa que habría sido el papa de la Nueva Derecha, podríamos decir bromeando), ¿resume él a la Nueva Derecha? ¿Y Giorgio Locchi? y Guillaume Faye? (ambos divergentes de las posiciones de Alain de Benoist, me parecen menos ricos, pero su aparente radicalismo atrae a una juventud ávida de consignas sencillas). Y si Alain de Benoist no es todo Nueva Derecha, también va más allá. Una buena ilustración de la teoría de conjuntos, que se superponen pero no se fusionan.
François Bousquet aborda la cuestión. Plantea el tema de las influencias ejercidas por Alain de Benoist y recibidas por él. Se trata de la intersubjetividad necesaria, que corrige y supera la metafísica de la subjetividad mejor que la búsqueda imposible de la objetividad.Bousquet escribe: «Intelectual colectivo: la cuestión es más espinosa. Aunque no lo mencione, para él se trata sin duda de un dilema indecidible. Para nosotros, la cuestión está clara: la Nueva Derecha es, en el sentido más fuerte, un intelectual colectivo, y con razón: ¡somos el colectivo! Pero, ¿habla por sí mismo o por la Nueva Derecha? Firma lo que escribe, pero ¿tiene que refrendar todo lo que se publica bajo el sello de la Nouvelle Droite? Le guste o no, forma parte de ella». o creo que se puedan ver las cosas así. No veo por qué, cuando escribo un artículo publicado en la página web de Éléments, Alain de Benoist debería estar obligado por lo que digo. En primer lugar, puede tener otras cosas que hacer que leerlos. En segundo lugar, tanto si los encuentra buenos como si no (y me alegro si es la primera hipótesis), ¡son míos, no suyos! Es más, puede encontrar calidad en análisis que no comparte del todo. Puedo tener un punto de vista cercano al de Alain de Benoist, pero nunca será exactamente el mismo, por muchas razones: probablemente no dispongo de la misma información, no la he priorizado necesariamente de la misma manera, y… somos diferentes.
François Bousquet escribe a continuación: «Alain de Benoist ya no se reconoce en la Derecha (pero ¿y la Nueva Derecha, yo por ejemplo?)». Pero así son las cosas. Irreductiblemente complejas. «La complejidad es también un valor», dice Massimo Cacciari. Aquí no se trata de amistad. No necesito «reconocerme» en mis amigos (son mis amigos porque son diferentes de mí). Éste es también uno de los intereses de las relaciones con las mujeres: son fundamentalmente diferentes de los hombres) para estar seguro de la amistad que tengo con ellas, o incluso de la amistad que ellas tienen conmigo. No tengo que ser fiel a las ideas de mis amigas, ni apoyar sus ideas. Las ideas y las amistades son dos cosas completamente distintas. Por ejemplo, la mayor parte del tiempo me identifico con las posiciones internacionales del ex eurodiputado comunista Francis Wurtz. A veces he votado por él. No le conozco. No tengo el honor de ser su amigo. La simpatía que siento por sus ideas (al menos en cuestiones internacionales) es la mía propia (¡y desde luego no la suya!). A la inversa, tengo y he tenido amigos cuyas ideas no compartía en absoluto. A veces es difícil cuando uno se toma en serio las ideas (como es mi caso). Pero es una realidad humana. Y la amistad es preciosa. Si alguien piensa diferente a mí, pero de buena fe, le sigo la corriente. Supongo que lo mismo se aplica a Alain de Benoist. De hecho, es posible que nuestro autor se haya sentido cercano a las luchas libradas por otras personas distintas de la Nueva Derecha desde 1968. Por ejemplo, en la época de la guerra del Golfo, con Denis Langlois y la convergencia de dos llamamientos, uno del Partido Comunista, otro de la Liga Comunista Revolucionaria. Por eso Alain de Benoist no puede reducirse a la Nueva Derecha. Quiere que las ideas de Alain de Benoist se transmitan (¿quién no?). Que haya nombrado sucesores es simplemente una tontería. Y aquí, hagamos referencia a Marx. ¿Qué sucesores legítimos? ¿Wilhelm Liebknecht? ¿Bernstein? ¿Kautsky? ¿Plejanov? ¿Lenin? De 1883 a 1895, ¿no fue el propio Engels quien gestionó el legado de Marx de un modo inevitablemente subjetivo (¡y menos mal que Friedrich Engels no era un robot!).
El intelectual sólo es responsable ante la verdad (y eso ya es mucho)
«Hay muchas mansiones en la casa de mi Padre. Si no fuera así, os lo habría dicho. Voy a prepararos un lugar», Juan 14:2. Los elementos ocupan un lugar destacado en esta casa, pero no es el único lugar habitado por los allegados a Alain de Benoist. Su pensamiento (que continúa) es un legado sin testamento. Como en el caso de Marx. En el mundo de Alain de Benoist, en otros lugares (que los puntos de referencia oficiales de su pensamiento), existen otras afinidades, más subterráneas. Él mismo siempre se ha negado a ser su propio punto de referencia. La brecha entre el yo y el yo (otro nombre para el ser-echado-lejos) es la condición de todo pensamiento en movimiento. «Todos los hombres de bien son hermanos, cualquiera que sea su raza, su país o su época», decía Alain de Benoist (Les idées à l’endroit). En otras palabras, no es posible partir de un «nosotros» que etiquete un patrimonio cultural. Y esto es así cualquiera que sea la calidad de este «nosotros» (que en cualquier caso, como todos los «nosotros», evolucionará y se romperá, porque es ley de vida, y lo que ha pasado, pasará).
Entre la filosofía y la política, está la ideología. Sí, pero la experiencia muestra, con el marxismo-leninismo, los riesgos de popularizar una filosofía degradada, escolástica, convertida en mediocre ideología universitaria oficial. La transformación del pensamiento de Alain de Benoist en catecismo sería desastrosa. Nos recuerda el cuadro de Louis Janmot Le Mauvais sentier, en el que dos jovencitas pasan delante de unos maestros, filósofos, proponiéndoles el estudio de una triste filosofía académica y escolástica. Que Alain de Benoist no se convierta nunca en el filósofo oficial de ningún régimen. ¿Una vuelta a la gloria para Alain de Benoist? Creo que si hay algo que le importa un bledo es eso, ¡a quien nada le gusta más que una velada con amigos, o incluso una velada con gatos! Pero como con Marx, bajo el catecismo, siempre es posible redescubrir la playa de un pensamiento que llama a navegar en alta mar (¡o a caminar por las montañas!). El intelectual de altos vuelos (o el gran político) puede ser influyente, pero siempre está solo.
¿Acaso la Nueva Derecha no es suficientemente político, tal y como le dio vida Alain de Benoist? se pregunta François Bousquet. Por supuesto, no debemos rehuir el diálogo con los políticos. Pero la ideología no es «verdadera filosofía», ya que pasa de lo individual a lo colectivo. Es otra cosa, necesaria si es una visión del mundo, pesada si es una camisa de fuerza que nos obliga a pensar en términos de un corpus doctrinal preestablecido, sea cual sea el tema. Sossio Giametta escribe: «La cultura no se comunica directamente con la política. Por tanto, una ideología filosófica nunca puede traducirse directamente en una ideología política. (…) Sin embargo, las ideologías culturales mantienen relaciones subterráneas muy importantes con los acontecimientos sociales y políticos, tanto en sentido activo como pasivo, como partes de un mismo fenómeno global, y éste es sin duda también el caso de Nietzsche. (…) El filósofo no es éticamente responsable de sus actos como tal. Tampoco es responsable de las consecuencias políticas, sociales o de otro tipo de su filosofía. Sólo es responsable ante la verdad».
No nos encerremos en nosotros mismos
Hay una gran distancia entre una filosofía y una «ideología filosófica» (por ejemplo, la vulgata marxista-leninista de la Unión Soviética de los años treinta a los cincuenta, o El mito del siglo XX de Alfred Rosenberg, o la vulgata antiideológica del liberalismo, que pretende rechazar las ideologías que no sean la adhesión a «lo que funciona», sin preguntarse en beneficio de quién y sin ver que ya es una ideología, pero la más mediocre). Y sigue habiendo una gran distancia entre una «ideología filosófica» y una ideología política. Por ejemplo, hay una gran diferencia entre una impregnación ideológica liberal y la política de Guizot, o entre el libro de Alfred Rosenberg y la política de Hitler, que no tomó en serio a Rosenberg.
Por lo tanto, es necesario comprender la distinción entre estos tres niveles: filosofía, ideología y política propiamente dicha. La ideología es a menudo una forma degradada de la filosofía, y la política a veces utiliza la ideología pero rara vez cree plenamente en ella. Así que podemos hacernos la siguiente pregunta: ¿cuál será la cosecha después de Alain de Benoist? Tendrá su parte de imprevistos. Pero yo lo veo más como una actitud ante la vida que como una ideología, más como una preocupación que como una certeza. Y será una cosecha duradera y renovada, porque es una forma de enfrentarse al mundo de las ideas, y al mundo en general, con sus bellezas, con el cine, con la literatura. Y todo eso está muy bien. Un crítico dijo de Paul Cézanne que, como todos los genios, estaba lleno de contradicciones. Eso significa que tiene varios estilos, que combina varios enfoques. Es un signo de creatividad, o de lo que el filósofo Philippe Forget llama «productividad». Eso es lo que vemos en Alain de Benoist: su incesante capacidad para renovarse. (Michel Maffesoli no se equivoca al hablar de nuestro autor, aunque odie a Karl Marx, lo que no es en absoluto mi caso).
Paul Cézanne, nuestro hombre de las contradicciones, que en realidad son tensiones, también se preocupaba, en vísperas de su muerte, de que lo «recuperaran», de que lo embalsamaran, de que lo sacaran del flujo de la vida para convertirlo en un icono. En cuanto a Alain de Benoist, ¡ya veremos! En cualquier caso, incluso sitios (como eurosynergies) que no se acercan a de Benoist (por razones que me parecen perjudiciales y entristecedoras, como tuve ocasión de decirle a su talentoso anfitrión) se acercan sorprendentemente a sus ideas. Para no concluir, pienso en estos versos de Karl Liebknecht, y me pregunto si Alain de Benoist podría firmarlos: «No puedo precisarlo todo, sólo puedo arriesgar; no puedo cosechar, sólo sembrar y huir; no puedo sufrir la hora del mediodía: una aurora, una puesta de sol, ¡que éste sea mi día! Que éste sea mi día y que ésta sea mi vida»: entendemos lo que dice Karl Liebknecht. A menos que sea más estimulante terminar con este poema de Karl Marx (Emociones): «Y sobre todo, no nos repleguemos sobre nosotros mismos, doblegados bajo el vil yugo del miedo, pues los sueños, el deseo y la acción, sin embargo, permanecen con nosotros».
Fuente
Nota: Cortesía de Éléments
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colletti · 4 months
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Family Connections por a.deep.indigo
Tradução por Colletts
“ Descrição do Mod ”
Este é um mod que permite expandir os tipos de relacionamentos disponíveis no painel de relacionamentos do seu Sim, como por exemplo genro e nora, padrasto e madrasta, afilhado e afilhada, bisneto e bisneta e muito mais! E eles não afetam as árvores genealógicas porque o jogo não os reconhece na genealogia.
Para mais informações detalhadas e para baixar o MOD do criador, acesse AQUI!
Caso encontre qualquer erro na tradução, insisto que me comunique.
“ Status de Atualizações ”
[20/12/23] - Adicionada pela primeira vez, na versão 1.0.
“ Download ”
Tradução: Sim File Share
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elcdie · 6 months
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*⠀🎼⠀/⠀𝐩𝐥𝐞𝐚𝐬𝐞 𝐩𝐢𝐜𝐭𝐮𝐫𝐞 𝐦𝐞 𝐢𝐧 𝐭𝐡𝐞 𝐭𝐫𝐞𝐞𝐬,⠀𝑖 ℎ𝑖𝑡 𝑚𝑦 𝑝𝑒𝑎𝑘 𝑎𝑡 𝑠𝑒𝑣𝑒𝑛 𝑓𝑒𝑒𝑡 𝑖𝑛 𝑡ℎ𝑒 𝑠𝑤𝑖𝑛𝑔.
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ㅤㅤalto, quem vem lá? oh, só podia ser 𝒆𝐥𝐨𝐝𝐢𝐞 𝐭𝐨𝐮𝐬𝐬𝐚𝐢𝐧𝐭, a música de 23 anos que veio de courtenay. você quase se atrasou hoje, hein? eu sei que você é normalmente entusiasta e gentil, mas também sei bem que é atrapalhada e ingênua, então nem tente me enganar. ande, estão te esperando; entre pela porta de trás.
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“ㅤif we're not supposed to 𝑑𝑎𝑛𝑐𝑒, why all this 𝒎𝒖𝒔𝒊𝒄?ㅤ”
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤbiografia completaㅤ—ㅤ♡
ㅤㅤa pergunta "você não tem interesse em descobrir quem são seus pais?" é provavelmente a que elodie mais ouviu durante seu tempo no orfanato. em todos os anos, sua resposta negativa nunca mudou, e os olhares reticentes de quem pergunta também não. elodie não culpa ninguém que possa a julgar como peculiar; a grande maioria dos outros orfãos, especialmente os que iam envelhecendo sem encontrar um lar permanente, como ela, possuiam um grande alento e curiosidade pelo mistério de suas árvores genealógicas. não que ela tenha sido sempre assim, indiferente - quando criança, devocionava muito de seu entusiasmo fervescente e imaginação fértil com os imaginários de sua família: a que poderia ter sido, e a que ainda pode ser. mas para se proteger depois de voltar para o orfanato quatro vezes após ter sido adotada, precisou engolir todas as esperanças e seu insaciável desejo de conhecer o mundo, aquela força borbulhante contida da maneira mais atrapalhada possível que muitas vezes fazia elodie suspeitar ter sido o motivo de tantas rejeições. as famílias de courtenay, já tão arrasadas pela crise, desejavam crianças dóceis, obedientes. elodie era complicada, bagunceira, atrapalhada, barulhenta - simplesmente dava trabalho demais. tudo que precisava estava bem ali, de qualquer jeito: as crianças e cuidadores do orfanato, e a música. tão natural quanto respirar, aprendeu a tocar piano antes mesmo de formar sua primeira palavra, e quando chegou aos dezoito anos, elodie tocava onze instrumentos musicais eruditos com precisão.
ㅤㅤtalvez para constratar ironicamante com a obstinação de elodie ao rejeitar a busca por uma família e abafar sua própria desordem, o destino escondeu cuidadosamente por vinte e dois anos uma reviravolta que transformaria seus dias em tudo que nunca foram. uma aventura interminável e louca, parecidas com aquelas que apareciam ocasionalmente naqueles sonhos que não compartilhava com ninguém. através da guarda da corte real, elodie foi noticiada que uma das estilistas mais renomadas de versailles, lilou hollande, havia falecido, e que a garota foi identificada como sua filha após uma extensa investigação. a mulher havia cedido toda a sua fortuna como doação ao orfanato, e elodie também havia sido convidada a trabalhar como música no palácio, caso desejasse. certamente, elodie deveria se sentir colérica - a mulher nunca havia feito esforços para encontrá-la ou reivindicá-la, mesmo sabendo de sua existência por todo esse tempo. e agora, inesperadamente, a garota se encontrava no centro do mundo aristocrático, nas requintadas dependências do palácio de versailles, com nenhuma outra preocupação ou obrigação fora a de deleitar a corte com seus dotes musicais. no entanto, não estava enfurecida, nem ao menos triste; elodie se sentia a pessoa mais sortuda do mundo, como um animal selvagem em um parque de diversões. mesmo após um ano, e com o início da seleção se aproximando, era impossível prever algum momento em que algum dia se acostumaria com sua nova rotina, com sua nova casa. cada segundo era novo e absolutamente fascinante para elodie, que doía muito na vista de todos os outros habitantes reais natos. seus modos são enferrujados, a falta de graça em tudo que faz cria um ambiente constantemente propenso à desastres, mas elodie compensa todas suas falhas com a dedicação incondicional ao seu trabalho e carinho por todos ao seu redor.
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤheadcannons e curiosidadesㅤ—ㅤ♡
suas apresentações no piano são as mais requeridas no castelo, mas elodie tocará o que mais for desejado com a maior felicidade (se for algo que ela não conheçe, não descansará até estiver tirando de letra). dentre seus instrumentos musicais favoritos estão: violino, harpa, clarineta, flauta, violaõcelo, xilofone e oboé;
agora que a sua porta da curiosidade foi devidamente aberta (ou melhor, escancarada), elodie se interessa muito em eventualmente descobrir mais sobre sua mãe: quem ela foi, quais foram os vestidos feitos por ela, o que os outros habitantes do palácio achavam dela, alguma nuance do motivo de ter sido deixada de fora de sua vida luxuosa;
é uma grande fangirl da princesa tony e não esconde muito bem. é uma admiração puramente platônica, e um pouco parasocial - a vida da realeza é como um de seus reality shows favoritos, só que ao vivo e imersivo.
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franesco · 4 months
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ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ can you go a little faster? 3 a.m., mustang speedin', two lovers headed for a dead end. too fast, hold tight, he laughs runnin' through the red lights. hollerin' over, rubber spinnin'. big swig, toss another beer can. too lit, tonight, prayin' on the moonlight.
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ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤfrancesco vernaglia. franco. vinte e nove anos, piloto de formula 1. solteiro, bissexual. escorpiano. OLD MONEY.
ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ( + ) inventivo, prestativo. ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ( - ) impulsivo, irritadiço.
HISTÓRIA
francesco herdou o nome do avô paterno. que, por sua vez, também herdou o nome do avô. provavelmente, ele é o quinto ou sexto francesco da família. e por isso que ele odeia ser chamado dessa maneira. sua mãe também sempre odiou, mas como entrou em uma família bastante patriarcal, sua única maneira de lutar contra tradição era dar um apelido ao filho. assim, franco é como é conhecido não só pela família, mas também pelos amigos e o público que acompanha sua carreira no automobilismo.
apesar de seu pai também ter sido um piloto de corrida na década de 80, não é daí que vem a fortuna da família. um dos francescos na árvore genealógica dos vernaglia era um famoso sapateiro em sua época, mas tirou a sorte grande nas apostas. fez um dinheirinho e investiu tudo em automóveis, uma de suas paixões. daí para entrar na formula 1 foi questão de oportunidade, não como piloto, mas investidor em uma scuderia que acabou virando febre mundial. foi essa paixão pelo esporte, por velocidade, que franco herdou e usou como força motora para seguir a carreira dos sonhos.
sua mãe também era apaixonada por automóveis. os pilotos, nem tanto, mas que ela gostava da vida de luxo que eles levavam, isso ela gostava. foi assim que acabou se casando com gennaro vernaglia, com quem teve francesco e a marcela, a filha mais nova do casal.
francesco nasceu e cresceu em génova, mas já rodou o mundo, mais a passeio do que a trabalho. o diploma em direito foi pura formalidade, seu lugar não é em lugares que exigem vestimentas formais. ainda mora com os pais, mas por interesse. a mansão grande e confortável, localizada no paraíso é algo do qual não quer abrir mão tão cedo.
PERSONALIDADE
olhando de modo geral, franco é um bom garoto. ele tem um bom coração, tem boas intenções. gosta das suas farras, das brincadeiras, dos exageros que a vida boa trás, mas quem não gosta? ele não tem interesse em picuinhas, nem richas fora das pistas de formula 1. mas é muito leal aos amigos e, por isso, acaba escolhendo lados. é muito criativo, inventido, sempre com uma ideia mirabolante ou uma solução divertida para oferecer. dono de um sorriso bonito, bastante charmoso. quase o bastante para fazer qualquer um esquecer que ele tal qual uma granada, qualquer coisinha é passível de causar uma explosão. franco é, de fato, alguém que vive com as emoções à flor da pele. sejam elas boas ou não. há quem diga que é consequência do esporte arriscado que pratica. exatamente o que dizem do lado impulsivo também. de quem faz o que quer e quando quer, deixando para arcar com as consequências em vez de ponderá-las em um primeiro momento.
CONEXÕES
upcoming.
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sunriize · 6 months
Note
eu e a @didinii montamos a árvore genealógica do Anton dentro do kpop, se liga:
Anton - filho indeciso do jungwoo
Jungwoo - filho viado do Taemin
Byun Wooseok - irmão hetero e legal do jungwoo e da seola
Taemin - pai meio viado do jungwoo, da Seola e do Byun Wooseok
Seola - irmã sapatão dos meninos
Harvey - prima do Anton, filha da seola mas nasceu em outro país e é metida a riquinha
eu amei??????
Falando no Wooseok, ele tá dando um showzão em 'strong girl nam soon'....
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enkhanthor · 8 months
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Family Tree | Árvore Genealógica
Parents: Adamah, the First Sim and Hawah, the Woman
Children: Awan, Cain, Habel and Luluwa.
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claudiosuenaga · 1 year
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Jack Parsons, o cientista-ocultista Anticristo que acendeu os foguetes da NASA com as chamas do Inferno
Por Cláudio Suenaga
Poucos ainda reconhecem o nome dele, mas Jack Parsons teve um papel fundamental em levar a humanidade ao espaço. Parsons foi um cientista de foguetes que inventou o primeiro combustível de foguete de estado sólido fundido em 1942. Ele abriu o caminho para a produção em massa dos dispositivos que lançariam seres humanos nas estrelas e abasteceriam as armas de guerra. Juntamente com associados do Caltech (California Institute of Technology ou Instituto de Tecnologia da Califórnia), ele fundou o Jet Propulsion Laboratory (JPL), uma organização que abriu o caminho para a NASA. Parsons também perseguiu uma obsessão ao longo da vida com o ocultismo, o sexo e a interseção dos dois. Ele se juntou a Thelema, o movimento oculto fundado pelo ocultista e satanista britânico Aleister Crowley, e assumiu o ramo californiano do movimento. O fundador da Cientologia, L. Ron Hubbard, viveu na casa de Parson por um tempo e realizou com eles os famigerados "Trabalhos de Babalon". Parsons tentou, repetidamente, usar magia sexual para convocar várias divindades para o plano terrestre. Tudo isso enquanto trabalhava como cientista de foguetes. A vida de Parsons é estranha e fascinante. Ele era um cientista dedicado que ajudou a empurrar a humanidade para as estrelas, mas perseguiu o objetivo final de gerar um golem Anticristo para apressar a chegada do Apocalipse e morreu em uma explosão em seu laboratório caseiro aos 37 anos.
Desde a sua criação em 1958, a verdade das origens ocultas da NASA foi discretamente escondida da consciência pública, e o ocultismo subjacente por trás de todos os seus projetos e missões sempre foi encoberto por um manto imaculado de pureza técnica-científica. Nenhum empreendimento humano, aliás, parece mais distante das superstições primitivas e do antigo misticismo do que a NASA, uma agência solidamente fundamentada na lógica física-matemática precisa e na racionalidade tecnológica pragmática.
Poucos sabem, porém, que as origens da NASA estão ligadas ao pioneiro na engenharia de foguetes, o ocultista e satanista Marvel Whiteside Parsons, mais conhecido como Jack Parsons (1914-1952), um gênio megalomaníaco brilhante pouco ortodoxo que nunca viu contradições em sendo ao mesmo tempo um cientista e um ocultista, direcionar suas atividades para ambas as áreas a ponto de as fazer convergir.
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A "árvore genealógica" da astronáutica e do ocultismo nos Estados Unidos. Ilustração de Barbara Diener.
Discípulo do mais perverso de todos os praticantes do ocultismo da história moderna, o satanista inglês Aleister Crowley (1875-1947), que se intitulava a “Besta do Apocalipse 666” e que realizava rituais tão poderosos e abomináveis que até mesmo o ditador fascista Benito Mussolini (1883-1945) o expulsou da Sicília em 1923 chamando-o de “bárbaro”, Parsons foi uma das figuras mais proeminentes na propagação de Thelema nos Estados Unidos, fundada por Crowley em 1904 na cidade egípcia do Cairo quando um espírito conhecido como Aiwass ditou a ele um texto profético conhecido como The Book of the Law (Liber AL vel Legis). Cairo que é chamado de Al-Qahir, o nome árabe do planeta Marte. Ele tinha o tipo de visão mental alucinatória sobre espírito, magia e liberdade humana que lançaria a cultura californiana de cabeça para baixo no final da década de 1960, causando uma revolução mundial no pensamento que ele nunca veria.
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Aleister Crowley (esq.) e Jack Parsons. Fotos: The Mirror, Los Angeles, 1952-06-20, vol. IV, nº 218, p.1.
E, mesmo que sua carreira científica não despertasse interesse acadêmico na época, com o tempo Parsons passou a ser reconhecido por sua importante contribuição para a exploração espacial que conhecemos hoje, tanto que a comunidade aeroespacial ergueria uma estátua em sua homenagem no JPL (Jet Propulsion Laboratory ou Laboratório de Propulsão a Jato), sigla que curiosamente se presta a ser traduzida por “Jack Parsons Laboratory”, o que não deixa de corresponder à verdade. O JPL que ele ajudou a fundar, hoje emprega mais de 5.500 cientistas e tem um orçamento anual de mais de US$ 1,4 bilhão. Foi lá que as sondas lunares e as sondas Voyager 1 e 2, foram construídas.
A União Astronômica Internacional [International Astronomical Union (IAU)] batizou com seu nome uma cratera de impacto no lado escuro da Lua – como não poderia ser mais conveniente –, a oeste-noroeste da cratera Krylov.
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Vista oblíqua da cratera Parsons, no outro lado da Lua, voltada para o oeste. Fonte: Lunar and Planetary Institute, Lunar Orbiter Photo Gallery Lunar Orbiter 5/NASA.
Jack Parsons, como não poderia deixar de ser, era de linguagem sanguínea nobre, descendente do irlandês Richard Parsons, 1º Conde de Rosse (1702-1741), maçom e membro fundador do Hell-Fire Club. Nascido em Twickenham, Middlesex, Richard, que era filho de outro Richard, o 1º Visconde de Rosse (1657-1703), e de Elizabeth Hamilton, sobrinha de Sarah Jennings, Duquesa de Marlborough, foi um notável libertino, como viria a ser Jack, rebelando-se contra as normas da época. Ele escreveu o livro Dionysus Rising (A Ascensão de Dionísio) depois de uma viagem ao Egito, onde alegou ter encontrado pergaminhos dionisíacos saqueados da Grande Biblioteca de Alexandria antes que este fosse queimado até o chão. Ao retornar a Dublin, Parsons escreveu seu livro baseado nos pergaminhos e fundou um grupo chamado Sacred Sect of Dionysus (Seita Sagrada de Dionísio), que existe até hoje com o nome de Revived Order of Dionysus (ROD), ou Ordem Revivificada de Dionísio, uma ramificação da Maçonaria com sede na Old Absinthe House em Nova Orleans que diz possuir uma das duas únicas cópias conhecidas do livro. A ROD acredita que a Maçonaria é derivada de um culto pré-cristão chamado Dionysiac Architects (Arquitetos Dionisíacos).  
Se Parsons sentia-se à vontade e muito bem colocado no ambiente ocultista, é porque trazia isso no sangue, portanto. Filho único de uma família rica, influente e bem conectada, porém disfuncional, que vivia em uma enorme mansão na “Millionaire Row” de Pasadena, Parsons nasceu em Los Angeles, Califórnia, em 2 de outubro de 1914. Ele foi batizado com o primeiro nome do nome do pai, Marvel H. Parsons (1894-1947), mas sua mãe Ruth Virginia Whiteside (1893-1952) se recusava a chamá-lo assim, preferindo a alcunha "Little Jack".
Sua mãe havia se divorciado dele logo após o nascimento de Jack, quando descobriu que Marvel mantinha um caso com uma prostituta. A criação junto com os avós ricos de sua mãe, fez de Little Jack, como em breve será chamado por todos, uma criança solitária, reclusa e devotada aos estudos, em especial às ciências ocultas, e o imbuiu de um profundo ódio à autoridade e um desprezo por qualquer tipo de interferência em sua atividade. Inspirado por revistas pulp como Amazing Stories e livros de ficção científica de Júlio Verne, logo cedo desenvolveu um interesse por foguetes. Ele se imaginava indo em um foguete para a Lua e via a ciência e a magia como formas de explorar essas novas fronteiras, libertando-se da Terra literal e metafisicamente.
Parsons foi atraído pelo ocultismo, pois ele tinha um conjunto de ambições muito mais elevado e acreditava que a magia rompia com os limites do mundo físico. Ele queria literalmente derrubar as paredes do espaço-tempo e tinha um conjunto de ideias totalmente não científicas sobre como fazê-lo. Ele desenvolveu um interesse mais profundo pela bruxaria e pelo lado sombrio da magia, tornando-se fascinado por poltergeists e aparições fantasmagóricas. Consta em seu diário que com apenas 13 anos de idade, fazendo uso principalmente de trechos do Velho Testamento, do Zohar e do Talmude, teria invocado Satã com sucesso pela primeira vez depois de meses de tentativas frustradas e infrutíferas. Na ocasião dessa primeira aparição de Satã, Parsons confessa ter se acovardado diante daquele que ele tanto buscava. A experiência o deixou tão amedrontado que só retomaria essa seara na idade adulta.
A bolha segura e confortável em que Jack Parsons passou a infância e a adolescência foi quebrada pela Crise Econômica de 1929. As dificuldades financeiras da família o obrigaram a trabalhar nos fins de semana e durante as férias escolares nos escritórios da Hercules Powder Company, onde aprendeu sobre explosivos e sua utilização potencial na propulsão de foguetes.
Junto com o colega de escola Edward "Ed" S. Forman, com quem vinha explorando o assunto de forma independente em seu tempo livre, construiu e testou diferentes foguetes e logo construiu o seu próprio motor de foguete de combustível sólido, ao mesmo tempo em que mantinha intensa correspondência com engenheiros pioneiros de foguetes como o compatriota Robert Hutchings Goddard (1882-1945), o russo Konstantin Eduardovich Tsiolkovski (1857-1935), e os alemães Hermann Oberth (1894-1989), Willy Ley (1906-1969) e Wernher von Braun (1912-1977) – com quem, aliás, passava horas conversando ao telefone.
Após concluir o colégio no verão de 1933, matriculou-se no Pasadena Junior College com a esperança de obter uma graduação tecnológica em Física e Química, mas foi forçado a abandonar depois de apenas um semestre devido a situação financeira crítica da família. Ele ainda tentou obter uma licenciatura em Química na Stanford University, mas novamente foi forçado a abandonar. Parsons, que não era muito bom em matemática, nunca obteve mais do que um diploma do ensino médio.
Embora com limitada educação formal, Parsons demonstrou enorme aptidão, e em 1934, ele e Forman se juntaram a Frank Joseph Malina (1912-1981), futuro engenheiro aeronáutico e pintor. Durante muito tempo, os experimentos foram realizados sem apoio financeiro e feitos de maneira amadora, mas isso não era o suficiente para parar os três. Por conta dos testes com explosivos, o trio ficou conhecido por seu aparente desejo de morte coletiva e foi apelidado de “Esquadrão Suicida”. 
Na véspera do Halloween de 1936, em 29 de outubro, o “Esquadrão Suicida” liderado por Parsons, químico autodidata e mestre das artes das trevas, se reuniu na represa Devil’s Gate em Pasadena, na parte mais estreita do cânion Arroyo Secco, no sopé das montanhas de San Gabriel, perto do local de uma barragem, a cerca de 400 metros do campus da Caltech, para testar um motor de foguete primitivo alimentado por oxigênio e álcool metílico, preso a um suporte. Mas a combustão que eles esperavam não aconteceu. Em vez disso, a mangueira de oxigênio pegou fogo no chão, causando uma mini tempestade de fogo no desfiladeiro.
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Os membros originais do “Esquadrão Suicida” do JPL, em 1936, a partir da esquerda: Rudolph Schott, Amo Smith, Frank Malina, Ed Forman e Jack Parsons. Foto: Cortesia da Caltech.
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Parsons (em jaqueta escura) e seus colegas da GALCIT em Devil's Gate, Arroyo Seco, no Halloween de 1936. Este experimento deu início às atividades do Laboratório de Propulsão a Jato. Foto: NASA-JPL/Caltech.
Esta seria a primeira incursão do “Esquadrão Suicida” na propulsão de foguetes e gerou os rumores de que Parsons, guiado Magia Sexual (Sex Magick), uma prática ritualística planejada pelo líder da O.T.O., havia aberto um portal para o inferno na represa Devil’s Gate (Portão do Inferno). O nome Devil’s Gate se deve a uma rocha escarpada que se parece com o rosto de um demônio com chifres. O túnel é fechado por um portão de ferro e exala um clima aterrador. Uma série de mortes e desaparecimentos de crianças alimenta os rumores de que Parsons teria de fato aberto no local um “portal para uma dimensão infernal”, a atrair caçadores de fantasmas e investigadores paranormais.
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A infame rocha em forma de diabo que deu nome à represa Devil's Gate. Foto de Nikki Kreuzer/The Los Angeles Beat.
Embora o teste na noite de Halloween tenha sido um fracasso, chamou a atenção do físico húngaro-americano Theodore von Kármán (1881-1963), o então diretor dos Laboratórios Aeroespaciais de Pós-Graduação do Instituto de Tecnologia da Califórnia [Guggenheim Aeronautical Laboratory at the California Institute of Technology (GALCIT), criado em 1929] em Pasadena. Liderados por Kármán, os três formaram o Projeto de Pesquisa de Foguetes GALCIT, afiliado à Caltech (California Institute of Technology).
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Theodore von Kármán, então diretor do Laboratório Aeronáutico Guggenheim da Caltech. Foto: LAist.
Sem encontrar financiamento para seus projetos, Parsons trabalhou como uma testemunha especialista em explosivos forenses. Um trabalho forense que lhe proporcionou publicidade na mídia foi o julgamento do capitão Earl Kynette em 1938 pelo atentado cometido contra o investigador particular e ex-detetive da polícia de Los Angeles chamado Harry Raymond, que andava investigando a corrupção no Departamento de Polícia de Los Angeles (LAPD) e no governo da cidade.
Em 14 de janeiro daquele ano, Raymond foi ferido por uma bomba que havia sido plantada debaixo de seu carro. Kynette foi apontado como o principal suspeito e julgado por tentativa de homicídio. Parsons foi contratado para construir uma réplica da bomba que permitisse deduzir os explosivos usados ​​para ativá-la e reconstituir a explosão, o que foi vital para a condenação de Kynette.
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Parsons em 1938, segurando a réplica da bomba usada no julgamento do assassinato do policial Capitão Earl Kynette. Fonte: Encyclopedia.
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John Whiteside Parsons posa com sua réplica da bomba caseira usada na tentativa de matar Harry Raymond. Foto do Los Angeles Times de 7 de maio de 1938.
À medida que o interesse de Parsons pelo ocultismo se desenvolvia, seu colega Malina se dirigiu à Academia Nacional de Ciências [National Academy of Sciences (NAS)] para obter financiamento para “propulsão a jato” como um meio de desenvolver aeronaves mais ágeis. Em 1939, o grupo GALCIT recebeu US$ 1.000 (£ 595 no câmbio de hoje), tornando-se o primeiro grupo de pesquisa de foguetes financiado pelo governo na história. Um quarto do financiamento teve que ir para a reparação de danos aos edifícios Caltech causados ​​pelos experimentos do grupo, que acabou sendo forçado a se mudar para alguns galpões de ferro no cânion Arroyo Seco, onde foram observados de perto pelo FBI (Federal Bureau of Investigation ou Birô Federal de Investigação), que procurava se certificar que nenhum extremista político estava tendo acesso os explosivos.
Foram as instalações de testes em Arroyo Seco que mais tarde evoluíram para o JPL, que por sua vez desenvolveria uma associação vital com um projeto de foguete espacial mais avançado proposto pelo Comitê Consultivo Nacional de Aeronáutica (National Advisory Committee for Aeronautics), a NACA, antecessora da NASA. A contribuição deste grupo para o esforço de guerra não pode ser negligenciado, tampouco seus primeiros esforços em engenharia de foguetes que forneceram grande parte do impulso para os posteriores projetos da NASA a partir do final dos anos 50 até o eventual desembarque do homem na Lua.
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O "Esquadrão Suicida" original em 12 de agosto de 1941. Da esq. para a dir.: Fred S. Miller, Jack Parsons, Ed Forman, Frank Malina, Capitão Homer Boushey, Soldado Kobe e Cabo Hamilton. Nota interessante: o filho de Frank Malina, o físico Roger Malina, é casado com a educadora britância Christine Maxwell, irmã de Ghislaine Maxwell, socialite britânica conhecida por sua associação com Jeffrey Epstein. Foto: Encyclopedia.
Mas Parsons estava tomado por ideias extraordinárias que buscavam alturas muito mais elevadas do que meros projetos de foguetes. No mesmo ano de 1939, depois de considerar brevemente o marxismo, Parsons conheceu a Igreja Thelema, o movimento religioso ocultista fundado por Crowley em 1904, e junto com sua primeira esposa, Mary Helen Northrup (1910-2003), com quem se casara em 1935, ingressou na maçônica Agape Lodge, um ramo californiano e “braço armado” da Ordo Templi Orientis (O.T.O.), organização ocultista germânica fundada pelo rico industrial alemão Carl Kellner (1851-1905) em 1903.
Kellner acreditava ter descoberto uma "Chave" que oferecia uma explicação para todo o complexo simbolismo da Maçonaria e dos mistérios profundos da natureza. Em 1895, ele começou a discutir sua ideia de fundar uma Academia Maçônica com seu associado Albert Karl Theodor Reuss (1855-1923), que seria chamada de Ordo Templi Orientis (Ordem Templária Oriental). Tanto os homens como as mulheres seriam admitidos em todos os graus desta Ordem, mas a posse de altos graus maçônicos seria um pré-requisito para a admissão no círculo interno da O.T.O. Devido à regulamentação da Grand Lodge estabelecida, as mulheres não podiam ser feitas maçons, o que parece ter sido uma das razões para que Kellner e seus associados resolvessem criar sua própria ordem a fim de reformar o sistema e permitir a admissão de mulheres.
Com a morte de Kellner em 7 de junho de 1905, Reuss e Franz Hartmann (1838-1912), que havia sido discípulo de Helena Blavatsky (1831-1891) na Índia e fundador da Sociedade Teosófica na Alemanha em 1896, se tornaram os chefes da O.T.O., reformulada em 1925 por Crowley após a sua expulsão da Golden Dawn de acordo com o princípio “Faça o que quiser” da Thelema. Parsons logo se identificou com as propostas da Thelema e com a liberdade sexual única que promovia, como a de incentivar os participantes a trocar de parceiros, isso três décadas antes da revolução sexual.
Em 1935, por ordem de Crowley, o ocultista e mágico cerimonial inglês expatriado Wilfred Talbot Smith (1885-1957) fundou a Agape Lodge Nº 2 e transformou a sua casa em Hollywood na 1746 Winona Boulevard em sua sede. Smith anunciou o fundação de seu grupo em um anúncio na revista American Astrology e imprimiu um panfleto explicando o que era a O.T.O.
Parsons não via nenhum problema em conciliar suas atividades científicas e mágicas, tanto que antes de cada teste de lançamento de foguetes, para desespero de seus colegas, cantava o hino de invocação ao deus grego Pã. Parsons não deu nenhum indício inicial das agitações internas que o levaram a adorar o diabo e levar uma vida dupla extraordinária: cientista respeitado durante o dia, ocultista dedicado à noite.
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O thelemita Wilfred Talbot Smith. Publicado em Martin P. Starr, The Unknown God (Teitan Press, 2003). O livro não especifica a origem da imagem.
Parsons subiu rapidamente na hierarquia, e em março de 1941, foi encarregado pelo próprio Crowley para liderar e tirar da decadência a Agape Lodge que o seu fundador Smith havia transformado em um mero ponto de encontro para orgias de finais de semana. Observando a aptidão natural de Parsons para a magia sexual ritual Thelema, os membros o viam como um potencial sucessor da “Grande Besta”, o próprio Aleister Crowley, a quem Parsons chamava de “Pai Mais Amado”.
No mesmo ano, o grupo GALCIT demonstrou os primeiros foguetes de decolagem movidos por jato.
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Frank Malina (de chapéu e óculos) observa enquanto Von Kárman trabalha nos esboços de um projeto JATO em 1941. Foto: JPL.
Ao mesmo tempo, Parsons começou a ter um relacionamento sexual com a irmã de 17 anos de sua esposa Helen, Sara Elizabeth Bruce Northrup Hollister (1924-1997); sua esposa, por sua vez, começou um relacionamento com Talbot Smith.
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Rara foto de Jack Parsons e Sara "Betty" Northrup pescando. Foto: Alchetron.
Os quatro, junto com outros thelemitas, acabaram se mudando para uma mansão de onze quartos apelidada de “The Parsonage” ("O Presbitério") na 1003 Orange Grove Avenue, em Pasadena, em junho de 1942. Todos contribuíam para o aluguel e viviam comunitariamente no que se tornou a nova base da Agape Lodge. No lote, eles abatiam seu próprio gado para alimentação, bem como para seus rituais de sangue. Parsons converteu a garagem e a lavanderia em um laboratório químico e frequentemente realizava reuniões de discussão de ficção científica na cozinha.
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The Parsonage – 1003 S. Orange Grove. Foto: Pasadena Now.
Apesar de Parsons reconhecer que a maioria dos membros da O.T.O. estava muito mais interessada em orgias banais para a satisfação ordinária de seus desejos – ou quando muito em “uma pseudomanifestação de poder místico por meio da sensualidade” – do que em uma ascensão espiritual autêntica, ele não ficou atrás em matéria de orgias ao promover concorridos rituais de magia sexual na mansão, frequentada por uma variedade de boêmios e excêntricos, entre eles o jornalista Nieson Himmel, fã de ficção científica, o físico e engenheiro Robert Alden Cornog (1912-1998), físico e engenheiro que ajudaria a desenvolver a bomba atômica ao integrar o Projeto Manhattan, e o oficial da Marinha durante a Segunda Guerra Mundial e escritor de ficção científica Lafayette Ronald Hubbard, mais conhecido como L. Ron Hubbard (1911-1986), o futuro fundador da Cientologia, uma religião que ensina que as entidades alienígenas não só são responsáveis pela utilização de seres humanos como avatares, como os usam para fazer o mal.
As drogas (álcool, maconha, cocaína, anfetaminas, peiote, mescalina e opiáceos) fluíam livremente, assim como os parceiros sexuais. Crowley chamava o casamento de “uma instituição detestável”, e Parsons usou essa justificativa para explicar seus desejos sexuais insaciáveis. A pousada atraiu atenção negativa, com a polícia e o FBI recebendo alegações de que abrigava um culto praticante de orgias sexuais e magia negra – embora, após a investigação, não tenha sido considerado uma ameaça à segurança nacional. Rumores davam conta de bestialismo, mulheres grávidas dançando nuas através de aros de fogo cerimonial e crianças inocentes sendo violadas e sacrificadas por magos envergando sinistros mantos negros.
Em 1942, o grupo GALCIT fundou a Aerojet para continuar a desenvolver foguetes deste tipo, com Parsons como engenheiro de projetos. Uma das principais inovações do grupo foi o desenvolvimento do Jet-Assisted Take Off (JATO) para o US Air Corps, com Parsons desenvolvendo um combustível sólido de foguete de queima restrita que era estável o suficiente para ser armazenado indefinidamente. Parsons convencera o governo de que o foguete poderia ser útil em tempos de guerra e sua tecnologia do motor e o combustível foram comercializados por meio da Aerojet. Versões desse combustível foram eventualmente usadas pela NASA no ônibus espacial, bem como em mísseis balísticos militares. e formou um negócio de sucesso chamado Aerojet. Em 1943, o Exército dos Estados Unidos encomendou 2.000 foguetes da empresa.
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Parsons em pé acima de um propulsor JATO no JPL em junho de 1943. Foto: Encyclopedia.
A devoção absoluta e obsessiva de Parsons a Satã – a quem definia como “a força motriz que move o submundo de energia espiritual e também física” – ia tão longe que até mesmo os seus pares mantinham os dois pés atrás em relação a ele. Parsons passou a realizar evocações de entidades por meio do vodu, que considerava o mais violento e eficaz dos meios para estabelecer contato com os espíritos infernais. Os membros da Agape Lodge chegaram a escrever uma carta a Crowley reclamando da atmosfera aterradora criada por seu líder nos cultos da O.T.O., a quem acusavam de ter transformando as práticas de magia sexual tradicionais da Thelema em experiências tão assustadoras e perigosas quanto aquelas praticadas nos cultos a Inanna, a grande prostituta da Babilônia, as mais obscuras do cabalismo. Esse ritual requeria que o iniciado na O.T.O. visualizasse a árvore da vida com suas 10 esferas e suas 22 partes interconectadas, e caso fosse aprovado no Juramento do Abismo, tornava-se Irmão Negro da Cabala.
Os novos acionistas majoritários da Aerojet o expulsaram em 1943 porque desaprovavam seus “métodos de trabalho pouco ortodoxos e inseguros”, atestados pelo FBI após uma série de investigações sobre seu envolvimento com o ocultismo, drogas e promiscuidade sexual. Em resposta, Parsons e Forman fundam a Ad Astra Engineering Company, nome baseado em um dos provérbios latinos preferidos de Parsons: “ad astra per aspera”, que significa, literalmente, “pelas dificuldades, aos astros”, ou, em tradução livre, “alcançar a glória por caminhos árduos, espinhosos”.
No mesmo ano, o governo dos Estados Unidos ouviu que a Alemanha nazista estava desenvolvendo o foguete V-2 e então deu ao grupo de pesquisa de foguetes GALCIT, agora sem Parsons, recursos para desenvolver armas baseadas em foguetes. A Aerojet foi então renomeada como Laboratório de Propulsão a Jato [Jet Propulsion Laboratory (JPL)], tornando-se uma instalação formal do Exército dos Estados Unidos sob contrato da Caltech.
Em 1945, Jack Parsons ainda era o sumo sacerdote da Loja Ágape de Crowley, em Pasadena, onde L. Ron Hubbard se juntou a ele. Impressionado com a exuberância e energia de Hubbard, Jack escreveu uma carta falando sobre ele a Crowley: “Deduzi que ele está em contato direto com alguma inteligência superior. Ele é a pessoa mais ‘thelêmica’ que já conheci e está de acordo com nossos próprios princípios.” Ele logo foi iniciado nos segredos da O.T.O. e se tornou o parceiro mágico de Parsons, recebendo o nome de “Frater H”. Juntos, Parsons e Hubbard criaram um sórdido esquema de magia sexual chamado “Trabalho de Babalon” para trazer o Anticristo e o Apocalipse.
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L. Ron Hubbard, de escoteiro a fundador da Cientologia. Foto: Cision PRweb.
A “Manifestação de Babalon” era o feito satânico mais perseguido por Parsons desde que lera em 1940 na revista pulp Unknown a versão original do conto “Darker than you think”, de Jack Stewart Williamson (1908-2006), protagonizado por uma mulher de cabelo escarlate que monta uma grande besta. Parsons identificou a ruiva com Babalon, a “Scarlet Woman” (“Mulher Escarlate”), a consorte da Grande Besta 666, que pela profecia de Crowley daria à luz a um “Messias Thelêmico” ou “Moonchild”, nome de um romance escrito por Crowley em 1917 e publicado pela primeira vez pela Mandrake Press em 1929 cuja trama envolve uma guerra mágica entre magos brancos e negros por causa de uma criança ainda não nascida. O “Filho da Lua”, um veículo humano para uma “semente demoníaca”, não muito diferente do “Bebê de Rosemary”, inauguraria o Aeon (Era) de Hórus e encerraria a de Osíris, representado pelo cristianismo, pelas demais religiões patriarcais – “inimigas da civilização” – e pelos homens e instituições a eles subordinados. Babalon, a contraparte Thelêmica de Kali ou Ísis, foi descrita por Parsons como sendo ao mesmo tempo “...negra, homicida e horrível, abençoada e reconfortante, reconciliadora dos opostos, a apoteose do impossível”.
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No livro do Apocalipse 17:3-5, a Babilônia é retratada como a "A mãe das prostitutas e das abominações da terra": "E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua fornicação; E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra." O Apocalipse prediz que no fim dos tempos, a Babilônia (então uma das maiores cidades da Mesopotâmia, parte da cultura suméria), ficará nua e sua carne será comida e queimada no fogo.
Na Thelema de Crowley, que se baseou nessa passagem do Apocalipse, Babalon era, ou pelo menos representava, a própria Terra. Imbuído de um certo gnosticismo, Parsons referia-se a Babalon como "Sophia" e acreditava que ela era a personificação da sabedoria, alguém que desempenhara um papel fundamental na criação do universo e da humanidade. No mito de Sophia, ela deu à luz muitos seres malignos enquanto estava presa no submundo. Um desses seres foi o demiurgo, que criou este nosso falso mundo e lhe conferiu todas as suas más qualidades. Sophia ajudou a devolver a luz ao mundo, e quando o demiurgo criou Adão, ela ocultou a consciência do primeiro homem, apenas devolvendo-a ao mundo por meio da primeira mulher, Eva. Ou seja, embora Sophia fosse de fato a mãe das "abominações" na Terra, o gnosticismo a pinta como uma figura materna sábia e benevolente.
O mais provável, no entanto, é que Crowley tenha criado o termo Babalon a partir de Babalond, proveniente do idioma enoquiano e que se traduz como "prostituta", até porque Crowley realizava invocações dentro do sistema de magia enoquiana, conforme registrado em seu livro The Vision and The Voice (Liber 418) [A Visão e a Voz (Livro 418)], de 1911, em que narra a sua jornada mística enquanto explorava os 30 étires enoquianos originalmente desenvolvidos por John Dee (1527-1608) e Edward Kelley (1555-1597) no século XVI. De todas as suas obras, Crowley considerou este livro o segundo em importância atrás apenas do Livro da Lei, o texto que estabeleceu seu sistema religioso e filosófico de Thelema em 1904.
Crowley provavelmente escolheu esta grafia em particular para o nome de Babalon por sua significância cabalística. Trocando-se a letra Y por um A, o termo "al" surge no centro da palavra. A palavra também separa-se silabicamente (em Inglês) em Bab-al-on. Bab é o termo em árabe para "porta" ou "portal". AL é uma das chaves para a compreensão do Livro da Lei, bem como um dos títulos cabalísticos de Deus, significando "O Um", em hebraico. On é o nome egípcio para a cidade conhecida pelos gregos como Heliópolis, a cidade das pirâmides. Pelo sistema de numerologia hebraica conhecida como gematria, o nome Babalon soma 156, número de quadrados em cada uma das tabelas elementais do sistema de magia enoquiana de John Dee e Edward Kelly. Estas tabelas são, por si, identificadas com a Cidade das Pirâmides, sendo cada quadrado a base de uma pirâmide.
Mesmo com sua amante Sara trocando-o por Hubbard, a quem conheceu na O.T.O. em 1945, Parsons seguiu trabalhando com ele nos rituais Babalon na tentativa de fazer com que o espírito da deusa Babalon, "A Mãe das Abominações", encarnasse em Sara.
Para realizar o trabalho de Babalon, exigia-se a quebra das barreiras do tempo e do espaço. O impossível era precisamente o que Parsons, o cientista-mago ou o mago-cientista, tinha em mente. Entrevendo na bomba atômica o instrumento que quebraria essas barreiras e abriria as portas para outras dimensões, Parsons iniciou o físico, filho de imigrante judeu alemão, Robert Oppenheimer (1904-1967), assim como seus amigos físicos atômicos judeus do Los Alamos National Laboratory, não muito distante da base de lançamento de foguetes em Pasadena, sendo que muitos cientistas do S-1 Uranium Committee, do Comitê de Pesquisa de Defesa Nacional (National Defense Research Committee), que mais tarde evoluiu para o Projeto Manhattan, já eram ligados ao ocultismo, mais propriamente com a Cabala. Uma foto tirada em um recinto do clube satanista Bohemian Grove em 14 de setembro de 1942, mostra vários cientistas do S-1 Uranium Committee ali reunidos, entre eles Julius Robert Oppenheimer, o químico Harold Clayton Urey (1893-1981), o cientista nuclear e Prêmio Nobel de Física de 1939 (por sua invenção do cíclotron ou acelerador de partículas) Ernest Orlando Lawrence (1901-1958), o químico James Bryant Conant (1893-1978), o engenheiro e físico Lyman James Briggs (1874-1963), o químico Eger Vaughan Murphree (1898-1962), o físico Prêmio Nobel de Física de 1927 Arthur Holly Compton (1892-1962) e o físico britânico-canadense-americano Robert Lyster Thornton (1908-1985).
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O S-1 Comitê de Urânio do Escritório de Pesquisa e Desenvolvimento Científico [Office of Scientific Reasearch and Development (OSRD)] reunido em Bohemian Grove. Da esquerda para a direita: Major Thomas T. Crenshaw, Julius Robert Oppenheimer, Harold Urey, Ernest Orlando Lawrence, James Bryant Conant, Lyman James Briggs, Eger Vaughan Murphree, Arthur Holly Compton, Robert Lyster Thornton e Coronel K. D. Nichols. Foto de Donald Cooksey.
O Laboratório Nacional de Los Álamos, no estado do Novo México, é uma instituição federal coordenada pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos e gerido pela Universidade da Califórnia. Criado em 1942, o Laboratório funcionou como centro secreto para o desenvolvimento das três primeiras armas nucleares, e seu primeiro diretor científico foi Oppenheimer, o qual teve como auxiliares mais próximos o general Leslie Richard Groves (1896-1970), um oficial do Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos que supervisionou a construção do Pentágono e dirigiu o Projeto Manhattan, e o físico Ernest Orlando Lawrence (1901-1958). Um outro cientista que trabalhou na equipe foi o físico judeu de origem húngara Edward Teller (1908-2003), que havia emigrado para os Estados Unidos.
Em 16 de julho de 1945, a primeira bomba atômica com o nome em código “Trinity” explodia em Alamogordo, cidade situada no condado de Otero, no Novo México, a 48 quilômetros de Socorro, perto de um lugar chamado “Estrada da Morte” (La Jornada del Muerto), no paralelo 33 (33º 40’38”N), na linha de Mísseis de White Sands, irradiando o que a Cabala chama de “força demoníaca do fogo”. Oppenheimer recordou mais tarde que ao testemunhar a explosão, lhe veio à mente um verso do texto sagrado hindu Bhagavad Gita, parte do poema épico indiano Mahabharata, datado do século IV a.C.: “Tornei-me a Morte, Destruidora de mundos.” No exato local da explosão abriu-se uma cratera de vidro radioativo de 3 metros de espessura e 330 m de diâmetro. As montanhas da região foram fortemente iluminadas por cerca de 2 segundos, o calor foi tão intenso que a onda de choque foi sentida a mais de 160 km, e o cogumelo atômico chegou a 12 km de altura. Tempos depois, no hipocentro da explosão, foi erguido um obelisco de lava solidificada com cerca de 3,65 m de altura.
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Em 16 de julho de 1945, a Era Atômica começou com a detonação da primeira bomba atômica. Os cientistas do Projeto Manhattan detonaram o primeiro dispositivo atômico às 5h29, na Jornada del Muerto, no deserto do Novo México. Para o teste do Projeto Trinity, a bomba foi colocada no topo de uma torre de aço de 30,48 m de altura designada como Zero. O Marco Zero ficava ao pé da torre. Equipamentos, instrumentos e pontos de observação foram estabelecidos a distâncias variadas do Marco Zero. Os abrigos de observação de madeira eram protegidos por barricadas de concreto e terra, e o ponto de observação mais próximo ficava a 9,17 km do Marco Zero. Um incrível flash de luz iluminou o céu quando a temperatura do ar subiu para mais de 4.982º C. Em segundos, testemunhas viram a primeira nuvem em forma de cogumelo já criada por armas atômicas. Uma nuvem multicolorida subiu 11,58 km no ar em sete minutos. Onde antes ficava a torre, surgiu uma cratera de 804 m de diâmetro e 2,43 m de profundidade. A areia na cratera foi fundida pelo calor intenso em um sólido semelhante ao vidro, da cor do jade verde. Este material recebeu o nome de trinitita. O ponto de explosão foi nomeado Trinity Site. Foto: Departamento de Energia dos EUA.
Em seu livro Sociedades Secretas e Guerra Psicológica [Secret Societies and Psychological Warfare, Dresden (NY), Wiswell Ruffin House, 1992], o pesquisador de ocultismo e sociedades secretas norte-americano Michael Anthony Hoffman II (1957-), refere-se ao seu conterrâneo e igualmente pesquisador de ocultismo James Shelby Downard (1913-1998), segundo o qual um feto Golem, conhecido na alquimia como um “homúnculo”, estava dentro do gigantesco cilindro apelidado de “Jumbo” pelos trabalhadores da construção civil, colocado perto do “março zero” em 16 de julho de 1945, imediatamente antes da explosão da “Trinity”, a primeira bomba atômica (criação e destruição da matéria primordial) em Alamogordo, Novo México (“The Land of Enchantment” ou “A Terra do Encantamento”, epíteto dado em setembro de 1935 por Joseph A. Bursey, diretor do State Tourist Bureau, que desenhou um folheto usando esta frase).
O governo dos Estados Unidos nunca ofereceu uma explicação convincente para o propósito da cápsula de 7,62 metros de comprimento, 3,05 metros de diâmetro, paredes com 35,6 cm de espessura de puro aço e peso total 194 toneladas, fabricada sob medida em uma usina siderúrgica do leste e transportada em um grande caminhão de 64 rodas. Oficialmente, a ideia era detonar a bomba próximo ao Jumbo, que seria uma espécie de contenção ao plutônio, que podia vir a ser reutilizado, já que os militares não queriam desperdiçá-lo por ser muito caro na época, como é ainda hoje.
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Jumbo, o gigantesco cilindro que conteve um homúnculo ou feto Golem para ser irradiado junto com a detonação da primeira bomba atômica no marco zero. Foto: Aeroflap.
Parsons e Hubbard estavam obcecados com a ideia de que este cilindro tinha sido um meio de animar radioativamente um feto Golem, conhecido na alquimia como um “homúnculo”, e que este homúnculo representou a primeira criação de vida artificial na Terra desde a criação do rabino, talmudista e matemático austríaco Judah Löw Ben Bezaleel, mais conhecido por Rabino Löw (1525-1609), que completou a iniciação oculta de John Dee em Praga, onde este aprendeu gematria, a prática cabalística de substituir números pelas letras de uma palavra para obter seu significado oculto. Como já vimos, Dee chamou a essa linguagem do crepúsculo de “enoquiana”, e ocultando seu jargão cabalístico, afirmou que “anjos” haviam revelado a ele e a seu assistente Edward Kelley, “grandes tábuas com letras incomuns” que formavam a língua mais antiga de todas, a “língua dos anjos”, que consiste em “uma série de palavras sagradas”. Parsons era um avatar dessa linguagem e sua loja O.T.O. transmitiu a mesma gnose que Dee havia recebido.
O feto teria sido irradiado com a explosão do teste da primeira bomba atômica no Novo México. Parsons, em obediência cega a Lúcifer, usou o feto para testar o fenômeno luciferiano que os cabalistas costumam chamar de “a força demoníaca do fogo atômico”. Na tradição interna da O.T.O., explicou Hoffman, “ a energia nuclear é considerada uma forma de consciência diabólica, uma entidade demoníaca literal por direito próprio”. Hoffman cita Aleister Crowley que alegoricamente chamou-o de um poderoso ser: “...os mágicos procuraram fazer este homúnculo... eles começaram a tentar fazer o homúnculo em linhas muito curiosas... Além disso, e isso é o ponto crucial, eles pensaram que, ao realizar este experimento em um lugar especialmente preparado, um lugar magicamente protegido contra todas as forças incompatíveis, e invocando naquele lugar alguma força que eles desejavam, algum ser tremendamente poderoso – e eles tinham conjurações que eles pensavam ser capazes de fazer isso – viria a causar a encarnação de seres de infinito conhecimento e poder que levariam o mundo inteiro em direção da Luz e da Verdade.”
Este lugar mágico, “protegido de todas as forças incompatíveis”, foi Alamogordo, no Novo México, a “Terra do Encantamento”, protegido da histeria da guerra sob o estado de segurança nacional.
Hoffmann prossegue esclarecendo que a gênese desse homúnculo irradiado pelo fogo atômico foi inspirada na enigmática sigla “INRI” de Albert Pike, grau 33 e Soberano Grande Comendador da jurisdição do sul do Rito Escocês no século XIX: Igne Natura Renovatur Integra (“Nascer pelo Fogo Renova a Vida”). Esta é uma paródia da sigla INRI pregada na Cruz acima de Cristo: Iesus Nazaraeus Rex ludaeorum (“Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus”).
A matéria morta animada (homúnculo) era a da O.T.O., a “Criança do Novo Aeon” simbólica, a “Criança da Lua” da Terra da Morte (Egito), ou seja, Hórus, filho de Ísis, “o Bebê de Rosemary”. A doutrina da O.T.O, refletindo a antiga tradição ocultista, afirma que somente mantendo a primeira animação do homúnculo encarnada na terra, poderia adulterar a natureza avançando para o estado de engenharia genética, clonagem e bestialidade do xenotransplante (processo de transferir cirurgicamente um tecido de uma espécie para outra distinta) que se tornaram práticas usuais da ciência. Parsons, Hubbard e a O.T.O., em associação com outros cientistas do Laboratório Nacional de Los Álamos, da JPL, da Caltech e da Aerojet, estavam envolvidos em eventos científicos e cerimoniais destinados a manter esse homúnculo vivo na terra.
O portal aberto com a explosão da primeira bomba atômica, teria sido ampliado por Parsons e seu parceiro Hubbard (que na ocasião usava o pseudônimo “Frater H”) em 1946 com o trabalho de Babalon propriamente dito, que buscava trazer a este plano astral a própria deusa Babalon. Estes que foram considerados os rituais cabalistas mais pesados já realizados, tiveram início em 1º de março de 1946 na mansão de Parsons, "o Presbitério". Parsons escreveu um relato bastante detalhado do “Magnum Opus”, que começou com Hubbard afirmando: "O ano de Babalon é 4063. Ela é a chama da vida, o poder das trevas, ela destrói com um olhar, ela pode levar tua alma. Ela se alimenta dos (fins) dos homens. Bela e horrível." No terceiro dia, Hubbard e Parsons integraram fluidos reprodutivos nos rituais: "Estenda um lençol branco. Coloque sobre ele o sangue do nascimento... pense nas coisas obscenas e lascivas que você não poderia fazer. Tudo é bom para Babalon... A luxúria é dela, a paixão é sua. Considere tu, a Besta [violando]." No dia seguinte, Hubbard presidiu um "frenesi sexual" entre ele e uma mulher que havia sido recrutado para as cerimônias. Ao longo de duas semanas, Hubbard e Parsons tentaram introduzir a criança astral no mundo, os dois envolvidos em cânticos rituais, desenhando símbolos ocultos no ar com espadas, pingando sangue animal em runas e se divertindo para "impregnar" tabuletas mágicas.
Em uma das façanhas mais célebres da história do satanismo, Parsons se tornou um irmão negro da Cabala, mago negro do caminho da mão esquerda da tradição do judaísmo místico, convertendo-se no próprio mal. De acordo com Hubbard, durante o ritual, Parsons abriu um buraco no espaço-tempo, um portal interdimensional, e algo maligno saiu de lá.
Por esse portal é que muitos pensam teriam chegado os OVNIs que inauguraram a Era Moderna dos Discos Voadores um ano e meio depois, em 24 de junho de 1947, com o avistamento do piloto Kenneth Arnold (1915-1984) sobre as Montanhas Cascade no estado de Washington, e alguns dias depois, no começo de julho, com até mesmo a queda e a captura de um deles em Roswell, no Novo México. Não é à toa que para certos círculos oficiais, Parsons seria a figura-chave que explicaria não só o surgimento do Fenômeno OVNI na segunda metade do século XX, como também revelaria a sua origem demoníaca. Numa certa ocasião, Parsons e Hubbard passaram cerca de 40 dias no Deserto de Mojave, região situada ao sul da Califórnia, sudoeste de Utah, sul de Nevada e noroeste do Arizona, realizando ostensivamente rituais de invocação de alienígenas baseadas nas do próprio Crowley e que anos depois seriam praticados pelos ufólogos sem que tivessem a noção de que não estariam fazendo mais do que replicar o modus operandi dos satanistas. E como já vimos no capítulo anterior, esta não foi a primeira vez em que um portal dimensional teria sido intencionalmente aberto.
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Kenneth Arnold, que relatou ter avistado nove objetos circulares perto do Monte Rainier em 24 de junho de 1947, inaugurando a Era Moderna dos Discos Voadores, visto aqui em foto de 1966. Foto: Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
O portal aberto por Crowley se ampliou desde então, graças às explosões nucleares e aos “ajustes” herméticos adicionais de Parsons. Crowley e seus amigos tiveram sucesso em abrir esses portais, mas falharam no fechamento deles. O que seus esforços podem ter conseguido foi a ampliação drástica e a destruição de um portal mágico existente e o subsequente não fechamento dele. Talvez o rasgo que eles criaram não tenha sido possível fechar.
No início de 1946, Hubbard e Sara convenceram Parsons a abrir um negócio juntos, comprando iates na Costa Leste e navegando com eles para a Califórnia para vendê-los com lucro. Eles estabeleceram uma parceria comercial em 15 de janeiro sob o nome de “Allied Enterprises”, com Parsons investindo um capital de US$ 20.000 (e que consistia em todas as suas economias), Hubbard acrescentando US$ 1.200 e Sara não contribuindo com nada. Hubbard e Sara partiram para a Flórida no final de abril, com Hubbard levando consigo US$ 10.000 retirados da conta da Allied Enterprises para financiar a compra do primeiro iate da parceria. Semanas se passaram sem notícias de Hubbard, que fugiu levando consigo o dinheiro.
Parsons inicialmente tentou obter reparação por meios mágicos, realizando um “Ritual de Banimento do Pentagrama” para amaldiçoar Hubbard e Sara, mas depois recorreu a meios mais convencionais para obter a reparação, processando o casal em 1º de julho no Circuit Court em Dade County. Parsons acusou Hubbard e Sara de quebrar os termos de sua parceria, dissipar os bens e tentar fugir. O caso foi resolvido fora do tribunal onze dias depois, com Hubbard e Sara concordando em reembolsar parte do dinheiro de Parsons enquanto mantinham um iate, o Harpoon, para eles. O barco logo foi vendido para aliviar a falta de dinheiro do casal. Sara conseguiu dissuadir Parsons de pressioná-los, ameaçando expor seu relacionamento anterior, que começou quando ela era ainda menor de idade. Hubbard e Sara se casaram no meio da noite de 10 de agosto de 1946 em Chestertown, Maryland, isso enquanto Hubbard ainda não tinha se divorciado legalmente de sua primeira esposa, Margaret Louise “Polly” Grubb (1907-1963).
Em suma, Parsons perdeu a maior parte de sua forturna no golpe, a empresa se desfez, e Hubbard e Sara fundaram juntos uma nova religião, a Cientologia, baseado em tudo o que tinham aprendido com Parsons e a Thelema.
Sara, uma figura importante no ramo de Pasadena da O.T.O., onde era conhecida como “Soror (Irmã) Cassap”, desempenharia um papel importante na criação de Dianética, que evoluiria para o movimento religioso da Cientologia, a “ciência moderna da saúde mental” de Hubbard. Ela foi a auditora pessoal de Hubbard e, juntamente com ele, um dos sete membros do Conselho de Administração da Fundação de Dianética. No entanto, o casamento foi seriamente perturbado. Hubbard iniciou uma campanha prolongada de violência doméstica contra ela e a sequestrou e sua filha pequena. Hubbard espalhou alegações de que ela era uma agente secreta comunista e a denunciou repetidamente ao FBI, que se recusou a tomar qualquer atitude, categorizando Hubbard como um “caso de patologia mental”. O casamento terminou em 1951 e gerou manchetes escandalosas nos jornais de Los Angeles. Posteriormente, ela se casou com um dos ex-funcionários de Hubbard, Miles Hollister, e se mudou para o Havaí e depois para Massachusetts, onde morreu em 1997.
A traição de Betty e sobretudo de Hubbard deixará uma marca indelével na alma de Parsons. Após este incidente, ele se desligou da O.T.O. Sua busca mágica continuou na solidão, concentrando-se no realizando um ritual de quarenta dias chamado "Oath of the Abyss" ('Juramento do Abismo"), que Parsons descreverá mais tarde como "loucura e terror". Ele fazia rituais usando pentagramas, escrituras obscuras e sua “varinha mágica” para criar um vórtice de energia para que o elemental fosse convocado. Sem eufemismos, Parsons se masturbava em “tabletes mágicos” ao som do Segundo Concerto para Violino do russo Serguei Sergueievitch Prokofiev (1891-1953) em nome do avanço espiritual, enquanto Hubbard (referido como “O Escriba” no diário do evento) examinava o plano astral em busca de sinais e visões.
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Rara foto de Jack Parsons tirada na época em que conheceu Marjorie Cameron.
Quando a atriz Marjorie Cameron (1922-1995), uma flamejante ruiva de olhos verdes visitou Parsons em sua mansão “The Parsonage” em 18 de janeiro de 1946, uma sexta-feira, logo em seguida à finalização da série de rituais Babalon, Parsons imediatamente pensou que suas tentativas de evocar sua mulher perfeita haviam funcionado e viu nela a Mulher Escarlate almejada, a deusa Babalon em forma humana que daria à luz um “Moonchild” ou homúnculo que nas palavras de Crowley seria “mais poderoso do que todos os reis da terra”.
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A "ruiva escarlate" Marjorie Cameron em relação tórrida com Jack Parsons. Foto: Cameron-Parsons Foundation.
Ambos sentiram uma atração imediata e irresistível um pelo outro e passaram a viver juntos. Durante duas semanas, ficaram trancados no quarto de Parsons onde realizaram “rituais de magia sexual”. Em uma carta a Crowley datada de 23 de fevereiro de 1946, Parsons exclamou: “Eu tenho o meu elemental! Ela chegou uma noite após a conclusão da operação e tem estado comigo desde então.” Cameron não fazia ideia de que ela havia sido “invocada” dessa forma. Ela se tornou sua musa e foi tema de um livro de poesia que Parsons escreveu na época. Em outubro do mesmo ano, se casaram.
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Jack Parsons com segunda esposa Marjorie Cameron, a "Mulher Escalate". Note o objeto preto na mesa que parece um disco voador. Foto: Cameron-Parsons Foundation.
Marjorie Cameron contou à sua colega de profissão em Hollywood, a atriz austríaca Renate Druks (1921-2007), a respeito de seu batizado cabalista no rito babilônico, o qual se realizou na presença de Hubbard. A operação foi formulada para abrir um portal interdimensional, estendendo o tapete vermelho para o aparecimento da deusa Babalon em forma humana empregando as chamadas Enochianas (linguagem angelical) do mago elisabetano John Dee e a atração da força sexual da cópula para este fim.
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Nos anos 40, Cameron ingressou na Marinha dos Estados Unidos, onde desenhou mapas para almirantes e trabalhou em uma unidade fotográfica durante a Segunda Guerra Mundial. Cortesia da Cameron-Parsons Foundation.
Renate atuaria em 1954 no média metragem de 38 minutos Inauguration of the Pleasure Dome, que reflete o profundo interesse de seu roteirista e diretor, o cineasta underground Kenneth Anger (1927-), pela Thelema, conforme atestado pela presença da própria Marjorie Cameron no papel da “Mulher Escarlate”, isso mesmo, enquanto Renate fez o papel de Lilith e a famosa escritora pornográfica Anaïs Nin (1903-1977) o de Astarte. O conceito de Crowley de uma festa de máscaras ritual onde os participantes se vestem como deuses e deusas serviu de inspiração direta para o filme em que personagens históricos, bíblicos e míticos se reúnem na cúpula do prazer e se tornam parte de um banquete visual de imagens sobrepostas, alucinações e decadência. A Mulher Escarlate, Prostituta do Céu, fuma um baseado grande e gordo. Lady Kali abençoa os ritos dos filhos da luz enquanto o Senhor Shiva invoca a divindade com a fórmula “Força e Fogo”.
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Marjorie Cameron interpretando a si mesma, a "Mulher Escarlate", no filme Inauguration of the Pleasure Dome, de Kenneth Anger.
Marjorie conta que durante a cerimônia de sua iniciação na Thelema, Jack foi possuído pelo espírito do Anticristo e no mesmo momento manteve relações sexuais com ela, que engravidou gerando aquilo que a Cabala chama de “Golem”. A Cabala ensina que a matéria morta pode ser reconduzida à vida, como um Golem, por meio de encantamentos e mantras ocultistas, e que “Ele [Adão] foi trazido à vida pelo sopro de Deus, mas antes disso, ele era chamado de Golem (Golan). Deus o criou do mais fino barro retirado, segundo a tradição judaica, do topo de Monte Sião, considerado o centro ou umbigo do mundo.”
Ao seu antigo professor, Parsons contou que o feto foi abortado e retirado do ventre de Cameron, e o “tecido fetal” entregue a agentes do governo, que, acreditava a O.T.O., tinham custódia do homúnculo. Que uso preciso foi feito dos restos mortais do bebê abortado são desconhecidos.
Cerca de dois anos depois, em 31 de outubro de 1948, Parsons contou a Marjorie que o Golem havia sobrevivido, e que era uma menina. Parsons proclamou o aspecto espiritual desta encarnação de “Babalon” como uma afinidade entre ela e o movimento de libertação das mulheres, que esse tempo estava em sua infância. Ele escreveu: “Seu espírito está dentro de todas as mulheres para proclamar sua igualdade com os homens”. Segundo Parsons, ela se tornaria uma figura pública internacional dedicada a levar a cabo o trabalho do Anticristo: “Babalon está encarnado na Terra hoje, aguardando a hora certa de sua manifestação...” Naquele ano, Jack Parsons batizou a si mesmo com o nome ocultista de Belarion Armillus Al Dajjal, que significa “o Anticristo”. Esse cabalista entendia que Jesus Cristo e o Cristianismo eram inimigos do desenvolvimento da civilização humana, e, portanto, deviam ser banidos.
Com o início da Guerra Fria e o macarthismo em curso, todos os acadêmicos suspeitos de serem simpatizantes do comunismo foram excluídos e muitos de seus colegas perderam o certificado de segurança, acabando desempregados. Em 1951, Parsons perdeu o seu e quase foi processado por traição por passar documentos sigilosos de seu então empregador, a Hughes Aircraft Co. [pertencente ao aviador, engenheiro aeronáutico, industrial, produtor e direitor de cinema Howard Robard Hughes Jr. (1905-1976)], para o nascente governo israelense com quem estava negociando um foguete. Parsons foi investigado pelo FBI, acusado de espionagem pelo governo norte-americano e impedido de trabalhar com foguetes. Ele não foi considerado culpado, mas sua carreira científica terminou. Ele se viu obrigado a ganhar dinheiro como trabalhador braçal, auxiliar de hospital e mecânico de automóveis. Tendo sido expulso da ciência, Parsons tornou-se ainda mais profundamente arraigado no ocultismo.
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Documento confidencial do FBI de novembro de 1950 sobre alegações de espionagem contra Parsons. Fonte: Encyclopedia.
Algo deu errado, porém. O tapete vermelho foi estendido, mas a criança física não foi concebida. Em 13 de abril de 1951, Parsons e Cameron realizaram um estranho ritual que misturava o rito de invocação a Babalon e a cerimônia tradicional do casamento pagão, o Handfasting. Ali, naquela sombria sexta-feira 13, foi semeado no ventre da Mulher Escarlate o Anticristo espiritual, não encarnado. Marjorie, que mais tarde participaria do movimento iconoclasta e contracultural do sul da Califórnia, declarou que Parsons, possesso pela entidade Belarion Armillus Al Dajjal, o “Anticristo”, tentou engravidá-la sexualmente.
A devotada vida de Parsons chegou ao fim com um estrondo monumental pouco mais de um ano depois, em 17 de junho 1952. Pouco antes de uma viagem planejada para o México, Parsons recebeu uma grande encomenda de explosivos para um filme. Outrora um titã em sua área, Parsons passou seus últimos dias aplicando suas habilidades na criação de pirotecnia e explosivos para a indústria cinematográfica, mais especificamente para a Special Effects Corp. Enquanto Marjorie fazia compras para as férias planejadas, Parsons preparava o pedido em seu laboratório doméstico na 1071 South Orange Grove, antiga fazenda Cruikshank, um terreno na Millionaires Row, repleto de compostos e produtos químicos voláteis, quando acidentalmente, segundo a versão oficial da polícia, deixou cair um tubo de mercúrio e explodiu a si mesmo em pedacinhos.
A explosão mortal que foi sentida a um quilômetro de distância, destruiu o laboratório na garagem de Parsons, danificando seu braço direito e quebrando o outro braço e as duas pernas e deixando um buraco em sua mandíbula. Em meio aos destroços, havia páginas espalhadas, cobertas por símbolos como pentagramas e textos escritos em idiomas desconhecidos. Ele morreu 45 minutos depois.
Não houve funeral para Parsons. Quando sua mãe ouviu a notícia, ela ficou tão atormentada que se juntou a ele na morte, engolindo um frasco de pílulas para dormir. Apesar das especulações de suicídio ou assassinato, a polícia considerou a sua morte como um acidente. Várias teorias sugerem que a explosão foi resultado de velhos rancores de seus inimigos, uma conspiração sinistra do FBI, um experimento mágico-científico que deu errado, o fato de sua garagem estar repleta de produtos químicos explosivos ou uma combinação de algumas delas. O FBI rapidamente entrou em cena e misteriosamente apreendeu todos os seus registros e notas, que permanecem “classificados” até hoje. Entre os seus pertences, havia uma caixa preta quadrada coberta de símbolos mágicos, cujo paradeiro é totalmente desconhecido.
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A foto da misteriosa caixa preta coberta de símbolos ocultistas provavelmente apreendida pelo FBI em foto do jornal LA Herald Express de 18 de junho de 1952. Fonte: Caltech.
A despeito de tantas e tão elevadas ambições herméticas, as vidas de Crowley, Parsons e Hubbard tiveram um fim trágico, afinal de contas. Crowley morreu como um pobre viciado em heroína em 1º de dezembro de 1947, e Hubbard morreu de um derrame em 1986.
A recorrência às “forças da escuridão” para operar e governar este mundo era justificada por Parsons como um expediente para acelerar a história e antecipar a chegada de uma nova era que, conforme escreveu em seu Manifesto do Anticristo, poria “Um fim às pretensões do homem ocidental, escravocrata da suposta nova ordem mundial (...) o verdadeiro e derradeiro fim da hipocrisia do cristianismo; o fim de toda servitude moral; o fim da culpabilidade e do medo; o fim de toda autoridade que não seja representada pela coragem e pela força inteligente; o fim da autoridade de religiosos podres, policiais corruptos e descumpridores da lei e ordem que deveriam preservar; o fim da mediocridade (...) das areias da Babilônia surgirá o espírito do Anti-Cristo no século XXI.”
A perfeição cósmica almejada por Parsons não era diferente, afinal, do super-homem de Nietzsche e do objetivo final buscado pelos revolucionários de todas as matizes. Grande parte do mal que hoje se manifesta no mundo não estaria sendo gerado precisamente por homens imbuídos desse tipo de filosofia e mentalidade revolucionária, homens que criam os problemas e se tornam os problemas porque pensam que o mundo deve ser “purificado” do mal por meio do próprio mal?
Apelar às forças do mal a fim de combater o mal equivale a apelar à guerra a fim de evitar a guerra. Pretender extinguir o mal introduzindo mais mal no mundo é a essência mesma do satanismo, essência essa cultivada pelos cientistas do CERN ao continuarem realizando os grandes rituais de Parsons no LHC. Em tempos modernos, ocultistas como John Dee, Aleister Crowley, L. Ron Hubbard e Jack Parsons reivindicaram ter aberto buracos de minhoca utilizando métodos mágicos. Seria também coincidência que o logotipo do CERN seja composto pela repetição por três vezes do número 6, o que resulta no número da “Besta do Apocalipse” 666, usada por Crowley?
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momo-de-avis · 8 months
Note
Em relação aos apelidos, só tenho a dizer q são indicativos duma época em que valia tudo.
Na terra da minha mãe (Alentejo), um casal da vizinhança (acho q eram efetivamente casados, mas em certas zonas não era obrigatório, e imensa gente casava depois de ter os filhos criados e fora de casa, daí o termo "o/a meu/minha companheiro/a" ser tão comum) manteve os nomes de cada um intacto, ninguém mudou nada.
E cada filho q tiveram (rapazes e raparigas) levou com um apelido diferente. "Porque este era duma avó, este era doutro avô" etc etc, a família toda tinha q ser metida ao barulho e homenageada. E os primeiros nomes eram os padrinhos q ditavam e ponto final. Foi assim q aquela terra viu o seu primeiro Ildefonso.
Eu não quereria fazer uma árvore genealógica daquela malta.
Haja é mais simples do que parece principalmente em aldeias e cidadezinhas mais pequenas
No meu caso o pessoal herdou apelidos da maneira tradicional, o que me irrita porque fiquei com o apelido mais feio enquanto nomes como Sérvulo se perderam porque eram da esposa, e nomes como Baptista perderam se porque eram da esposa e os filhos são obrigados a ter o nome do pai
Hoje em dia é diferente mas acho que se mudou, foi MUITO recentemente que os filhos não são obrigados a terem o nome do pai, que eu acho um absurdo
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peripatetico · 2 months
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Nota sobre primeira pessoa
Estou lendo o livro novo da Anna Kornbluh, Immediacy. No capítulo sobre literatura, Kornbluh fala sobre como o número de obras em primeira pessoa passa a aumentar vertiginosamente a partir dos anos 1960 e 1970. Seus exemplos anedóticos são o da prevalência dos gêneros autoficção e “memoir” no topo das listas de best-sellers e, ao mesmo tempo, de aclamação crítica. Kornbluh é crítica da tendência—segundo ela, resultado de um achatamento das instâncias de mediação entre o sujeito e o mundo, de forma que a única forma criativa aceitável passe a ser a expressão da experiência imediata, individual, vista como “real”. O argumento é substanciado com uma análise de computador que, plotada num gráfico, mostra uma curva ascendente de publicações em primeira pessoa a partir da segunda metade do século XX. Como disse, Kornbluh é crítica dessa tendência, mas acho que falta na análise dela uma explicação sobre porque exatamente esse é o estado da situação. Quer dizer, acho que a crítica dos efeitos da hegemonia da primeira pessoa, que ela também identifica em outros meios (vídeo, por exemplo) é melhor se vier acompanhada de uma explicação mais ou menos genealógica—o projeto de crítica marxista à qual Kornbluh subscreve e que vê sua maior expressão em Fredric Jameson, afinal, é de uma crítica imanente à coisa.
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Aqui me parece que um argumento que ela não está exatamente avançando, mas me parece oportuno, é a de que as formas de se articular questões *políticas* que foram se formando do início à metade do século XX—comunais, de grupo, colaborativas, mais próprias aos movimentos sociais—vão também dando lugar a formas de articular reivindicações político-normativas em primeira pessoa. Ou seja, não é apenas a ficção que é canalizada à primeira pessoa, mas também a expressão de ideias políticas. Ocorre—me parece—uma espécie de fusão entre o estético e o político também neste sentido. Quer dizer, se—de acordo com o argumento da Kornbluh—a visão individual em primeira pessoa é estetizada e fetichizada como a única forma através da qual pode-se fazer ficção, também me parece que o próprio formato de expressão em primeira pessoa se torna politizado. Por uma série de fatores, inclusive a ultracomodificação da opinião, o argumento político passa a ser primariamente expresso em primeira pessoa.
E isso se dá em diversos gêneros. Aparece num registro ensaístico, também num registro autoficcional, como a Kornbluh discorre em detalhe. Ou seja, assim como emerge uma visão de primeira pessoa na literatura, também essa visão de primeira pessoa passa a ser uma das, ou talvez a forma própria, de agir politicamente. Ensaísmo e literatura são exemplos, mas a tendência aparece também em formas de expressão estética não tão reflexivas: formas que não são tão evidentemente artísticas, ou criativas, mas que são ainda formas de expressão humana, de ação expressiva. Meu exemplo de sempre é o da moda. As formas de nos vestirmos passam a ter uma dimensão mais evidentemente moral. Quer dizer, a forma através da qual eu me expresso sensivelmente, dado que ela está reduzida à primeira pessoa, e a primeira pessoa é o modo próprio também à articulação política, adquire uma conotação moral, ou política. Dito de outra forma, dado que a forma através da qual eu aprendo a me comunicar e me expressar moralmente está reduzida, ou direcionada a uma forma de expressão em primeira pessoa, as formas de me expressar politicamente, de articular impressões, preferências normativas, também vão se tornando formas de expressão em primeira pessoa. Não mais através de pretensões universais, mas através de impressões individuais. Não mais através de reivindicações de justiça, mas através de reivindicações de uma “boa vida.” Não mais políticas, relativas à formação e manutenção da comunidade, mas sociais, relativas à autorrealização.
Naturalmente isso não é uma plena novidade, mas talvez uma explicitação de uma tendência já presente nos primórdios da modernidade ocidental. Ver, por exemplo, sobre a própria ideia da moda como catalizador de impressões e orientações morais/sociais, o tratamento que Simmel dá ao tema. Kornbluh aponta o aumento substancial do discurso em primeira pessoa nos anos 1960 e 1970 (depois de um declínio que começou na segunda metade do século XVIII e que corresponde 1:1 à hegemonização do romance como forma literária burguesa), mas talvez essa seja apenas uma tendência radicalizada no fim do século XX, e que deve ser investigada em sua origem. Uma tendência latente já identificada na virada do século XIX para o XX. Simmel parece ter percebido essa tendência (da expressão em primeira pessoa ser diagnóstica de pretensões sociais, visões normativas e impressões morais) no seu tratamento do que chama de filosofia da moda. Para o Simmel, a moda é a forma tipicamente moderna de engajamento simultâneo com as obrigações de distinção e integração social. Por ser a forma individual de articulação de duas tendências (obrigações) sociais, a moda fica numa encruzilhada, numa tensão jamais plenamente irresolvível entre a obrigação social (externa, em terceira pessoa) e a expressão individual (interna, em primeira pessoa). É uma forma própria de comunicar, em primeira pessoa, uma resposta a uma demanda coletiva.
Ou seja, o fato de que, com o advento de (escolher: internet, redes sociais, o ensaio pessoal, o “like”, o Instagram, etc.) todo mundo consuma conteúdo em primeira pessoa é—estou sugerindo—mera explicitação de uma tendência própria à modernidade ocidental, que faz com que a primeira pessoa se torne, progressivamente, o núcleo de articulação da experiência social, mesmo quando almeja fins políticos.
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melnoliteraverso · 3 months
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ANTÍGONA: ELA ESTÁ ENTRE NÓS| RESENHA
🔱,, “Antígona: Ela está entre nós” é um livro escrito por Andrea Beltrão (@andreabeltrao.oficial), que reinventa a tragédia grega de Sófocles, trazendo a história para o presente. A obra conta a história de Antígona, uma princesa que desafiou um rei para que o corpo do próprio irmão fosse sepultado.
⚡️,, Ao reinventar a tragédia grega, Andrea Beltrão não apenas concebe, junto ao diretor Amir Haddad, um sucesso de público e crítica, mas dá novo sentido a uma das personagens mais extraordinárias da história do teatro. Vemos que não há apenas uma Antígona, a Antígona de Sófocles, mas há muitas outras mesmas Antígonas no meio de nós que se sacrificam todos os dias pelos seus entes queridos.
🌙,, Neste livro, a atriz, produtora e diretora de teatro conta sobre o processo de criação e destaca os principais trechos que usa para recontar a história da jovem que desafiou o Estado.
🪵,, Um ponto muito interessante foi toda a condensação de informações que temos acesso no livro. Grande parte da árvore genealógica (até chegar em Antígona) é contada de forma a se entender melhor todo o emaranhado de indivíduos que compõe a geração até chegar aos deuses. Toda a explicação deixa a conexão entre os deuses e os humanos é ainda mais evidente.
🌟,, Se você leu Antígona, provavelmente irá ver ainda mais outras ao seu redor. E elas estão mais perto do que você pode imaginar.
Nota final: 5🌟
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fvcktheuniverse · 4 months
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VERDADES DOLOROSAS DE LOS SIGNOS Pt 3
Libra: CAOS en forma humana, reinas de 'elegir y siempre tomar la decisión equivocada', maestría en complacer a las personas, dan todo lo que tienen para recibir lo mismo y podrían gosthearte si no los entiendes. (Solo dí lo que quieres, usa tus palabras (?) "NO DISPONIBLE EMOCIONALMENTE", usan su mecanismo de copia para encontrar soluciones, se mueven demasiado rápido, Yo no tengo tiempo para sanar" Lista/o para saltar a otra relación (Como si fuera una disciplina olímpica)
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Escorpio: DEMASIADO RESERVADOS, y territoriales (El aire a su alrededor es intenso) Te mataría por diversión. (O destruiría tu ego/reputación, reinas y reyes de crear drama para que no se les olvide lo que es ser MALVADO, Muy probablemente te stalkean, "te amo = sacrifica tu alma para mí", demasiado quisquillosos y pretenciosos, ROPAS NEGRAS (Por favor, usa algo más, por lo menos una vez) Hora favorita del día: hora de la venganza. Podrían aprender magia negra para poder maldecir a toda tu línea genealógica.
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Sagitario: Estas mujeres no necesitan alcohol, porque están borrachas constantemente. (En pasión, agresión, venganza.) FORMAS HUMANAS DEL CAOS, se reirán de ti antes de arruinarte la vida, aman la atención, pero no demasiado. (No saben lo que quieren realmente.) Actúan como tontas por razones inteligentes, pueden cortarte con sus palabras solo por DIVERSIÓN. Aaaaaman torturar a la gente, (probablemente tienen una lista con diferentes formas de torturar a la gente) Probablemente pondrían un hechizo de amor en alguien.
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