Os 75 anos do Incidente em Roswell: o maior mito da história da ufologia (incluindo notícias da enfermeira que teria participado da autópsia dos corpos)
Com apenas uma semana de intervalo, em 2 de julho de 1947, nasceria o maior mito da história da ufologia. A Base Aérea de Roswell, onde funcionava o 509º Grupo de Bombardeio da Força Aérea, emitiu uma nota à imprensa, elaborada pelo oficial de informação, o primeiro-tenente Walter C. Haut, informando o resgate de um disco voador acidentado. Poucas horas depois, no entanto, o general Roger Maxwell Ramey, sob ordens expressas do general Clements McMullen, do Pentágono, desmentiu tudo. Em uma coletiva à imprensa, o general Ramey explicou que o objeto capturado era, na realidade, apenas um balão meteorológico. O major Jesse Marcel, responsável pelo comunicado oficial, teve de posar para fotos junto aos fragmentos de uma sonda atmosférica, desculpando-se por tê-los confundido com um disco voador. Desde Roswell se ouvem inúmeros outros rumores sobre naves – acidentadas ou abatidas – que teriam sido recuperadas pelos militares. Não faltam os que garantem que o governo norte-americano manteria alienígenas [Extraterrestrial Biological Entities, ou Entidades Biológicas Extraterrestres (EBEs)], alguns mortos e outros vivos, sob sua custódia em bases ou hangares secretos.
Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga
Pouco mais de uma semana depois de inaugurada a Era Moderna dos Discos Voadores, nasceria o maior mito da história da ufologia, tanto mais inquebrantável quanto mais se tenta desmontá-lo.
Na noite de quarta-feira, 2 de julho de 1947, sobre a desolada paisagem do Novo México, desencadeou-se uma das piores tempestades elétricas a atingirem a região nos últimos tempos, tempestades essas que ocasionalmente haviam abatido aviões na área. A 46 quilômetros a noroeste da cidade de Roswell, na parte sudeste de Corona, o fazendeiro William Ware "Mack" Brazel (1899-1963) ouviu um estranho estrondo sobre a sua isolada propriedade, mas não deu maior atenção por atribuí-lo a um capricho da tormenta. Na manhã seguinte, a caminho do pasto para inspecionar as suas ovelhas, encontrou espalhados sobre uma área de cerca de um quilômetro de comprimento por várias dezenas de metros de largura, entre diversos materiais, chapas finas, flexíveis e muito leves parecidos com folhas de estanho que não se queimavam no fogo, não riscavam, não rasgavam e restituíam a forma original mesmo depois de amassados, além de pequenas traves (semelhantes a pau-de-balsa e que apresentavam mais ou menos o mesmo peso, embora não fossem de madeira) com cerca de 15 centímetros, cobertas com uma espécie de escrita hieroglífica vertical, parecida com os ideogramas japoneses.
William Ware "Mack" Brazel
No sábado, 5 de julho, Brazel foi à cidade de Corona e lá ouviu histórias sobre discos voadores que andavam sendo vistos por toda a região, e só então começou a pensar que o material que recolhera em sua fazenda poderia ter sido parte de um. O xerife de Chavez County, George Wilcox, foi notificado por Brazel no dia seguinte, e na segunda-feira, 7 de julho, o major Jesse Marcel (1907-1986), oficial de Estado-Maior encarregado do Serviço de Informação da Base Aérea de Roswell, almoçava no clube dos oficiais quando recebeu o telefonema de Wilcox, que lhe pôs a par da história de Brazel. Piloto desde 1928, como um dos poucos cartógrafos familiarizados tanto com o traçado como com a interpretação de mapas aéreos antes da Segunda Guerra Mundial, Marcel foi enviado à escola de espionagem pela Força Aérea do Exército após Pearl Harbor e tornou-se oficial de informação do Primeiro Esquadrão de Bombardeiros e, mais tarde, do grupo inteiro. Voando como bombardeiro, artilheiro e piloto, acumulou 468 horas de combate em B-24 e foi condecorado com cinco medalhas por ter abatido cinco aviões inimigos. No final da guerra, foi chamado a integrar a 509ª Esquadrilha de Bombardeio da Força Aérea do Exército.
Major Jesse Marcel
Naquela tarde de 7 de julho, Marcel recolheu uma grande quantidade do mesmo material já descrito, além de uma de substância que lembrava pergaminho, de cor marrom e extremamente resistente, e uma pequena caixa preta muito leve de aparência metálica que se parecia com uma caixa de instrumentos de qualquer tipo. O breve exame que fez bastou para que se convencesse de que os restos eram parte de um disco voador acidentado. O primeiro-tenente e relações públicas Walter G. Haut (1922-2005), por ordem do coronel (depois general) William H. “Butch” Blanchard (1916-1966),[1] redigiu um press-release, distribuído à imprensa na manhã de terça-feira, 8 de julho: “Os diversos boatos relativos ao disco voador tornaram-se ontem uma realidade quando o Setor de Informação do 509º Grupo de Bombardeio da 8ª Força Aérea, Aeroporto Militar de Roswell, teve a sorte de tomar posse de um disco.”
Walter G. Haut
A notícia, recebida entusiasticamente pela Associated Press e outras agências, foi repetida em numerosos jornais de todo o país e do exterior, inclusive pelo Times de Londres. O jornal Roswell Daily Record estampou na primeira página de sua edição vespertina de 8 de julho esta manchete desconcertante: “RAAF captures flying saucer on ranch in Roswell region”. O texto da matéria dizia que “todos os boatos concernentes aos discos voadores tornaram-se realidade ontem, quando o oficial investigador do 509º Grupo de Bombardeiros da 8ª Força Aérea, teve a sorte de obter a posse de um disco graças à cooperação de um dos granjeiros locais e do gabinete do xerife de Chaves County.”
Decorridas menos de 24 horas, a Força Aérea negou tudo. O general Clements McMullen (1892-1959) teria ordenado a criação de uma história de cobertura para controlar e conter a situação. O general de brigada Roger Maxwell Ramey (1903-1963), comandante do 8º Distrito da Força Aérea sediado em Fort Worth, Texas, ligou imediatamente para o coronel Blanchard, manifestando seu extremo desagrado, assim como o do general de exército Hoyt Sanford Vandenberg (1899-1954), chefe adjunto da Força Aérea, pelo press release, e deu ordens para que os destroços fossem imediatamente colocados a bordo de um B-29.
Imprensado pelos dois generais, Blanchard ordenou ao major Marcel que acompanhasse pessoalmente o material até a Base Aérea de Carswell, em Fort Worth, onde Ramey obrigou-o a posar para fotos junto dos destroços de um balão meteorológico Rawin, enquanto os restos do “disco voador” seguiam para a Base Aérea de Wright-Patterson, em Dayton, Ohio, para “novas análises” determinadas pelo general Vandenberg.
O major Jesse Marcel faz uma expressão um tanto contrariada e marota ao ser obrigado a posar para fotos junto dos destroços de um balão meteorológico Rawin como uma forma de encobrir a história.
Ramey transmitiu pela estação de rádio de Fort Worth um comunicado, apressadamente redigido, assegurando ao público que o disco voador espatifado não passava dos despojos de um balão meteorológico e que tudo havia sido um lamentável erro de identificação cometido pelo major Marcel. Em outubro de 1947, Marcel foi subitamente transferido para Washington, D.C., e em dezembro promovido a tenente-coronel e designado para o Programa de Armamento Especial, encarregado de coletar amostras atmosféricas do mundo inteiro e analisá-las a fim de descobrir se os russos haviam detonado a sua primeira bomba atômica. Quando isso foi confirmado, coube a Marcel a tarefa de redigir o relatório que foi lido pelo presidente Truman perante a nação.
A semelhança dos materiais recolhidos com os dos balões em uso à época naquelas paragens é tamanha que somos inevitavelmente levados a perguntar quais seriam as chances de um autêntico disco voador ostentar características tão compatíveis. Não é mais provável que Brazel e Marcel tenham de fato exagerado e incorrido em erro? Apenas três dias depois da explosão do “disco voador” sobre a fazenda de Brazel, em 5 de julho, os destroços de um balão Rawin alvo, feito de papel e lâmina metálica, foram encontrados no solo pelo fazendeiro Sherman Campbell. Um segundo balão foi encontrado em 8 de julho por David C. Heffner. Em nenhum dos casos houve algo de estranho ou inexplicável em relação aos destroços, logo identificados como balões que de fato eram.
O mito da queda da nave espacial no Novo México, no plano geral, surgiu inspirada pelo clima de histeria provocado pelas primeiras notícias de discos voadores dos tempos modernos, e no plano particular, pelas experiências altamente secretas e sigilosas que se desenrolavam num raio de 150 quilômetros da Base Aérea de Roswell, então a mais importante e mais bem guardada base aérea militar norte-americana, onde funcionava o 509º Grupo de Bombardeio da Força Aérea, o único grupo de bombardeio atômico da época e um dos poucos grupamentos de elite entre os militares daquele país. Justamente ali é que se desenvolvia a maior parte dos programas de defesa pós-guerra no setor da pesquisa atômica, de foguetes e desenvolvimento de mísseis, além de experiências eletrônicas e de radar.
Los Alamos, a ampla comunidade científica criada pelo Projeto Manhattan em 1943 com a finalidade específica de proporcionar mão de obra e instalações necessárias à construção e testes das primeiras bombas atômicas, era ainda, em 1947, uma “cidade secreta”, uma área altamente reservada. Status similar tinha a Área de Mísseis e Terreno de Provas de White Sands, nas imediações de Alamogordo, onde pesquisas de alto nível eram realizadas nos únicos foguetes alemães V-2 capturados deste lado da Cortina de Ferro. E um dos testes com o V-2 foi realizado justamente no dia 3 de julho. Tudo isso nos ajuda a compreender porque naqueles meses de verão de 1947, houve no Novo México mais avistamentos de OVNIs per capita e por quilômetro quadrado do que em qualquer outro lugar do mundo.
O mito de Roswell jamais ficaria completo se corpos de seres extraterrestres não fossem acrescidos aos restos do pretenso “disco voador”. Em fevereiro de 1950, o veterano da Primeira Guerra Mundial e engenheiro civil Grady Landon “Barnie” Barnett (1892-1969), que por vinte anos trabalhara no Serviço Federal de Conservação do Solo até sua aposentadoria em 1957, começou a espalhar entre seus amigos o rumor de que na manhã de 3 de julho de 1947 teria localizado um disco voador acidentado com vários extraterrestres mortos a bordo na Planície de San Agustin, a cerca de 80 quilômetros a oeste da cidade de Socorro, Novo México, onde mais tarde seria instalado um campo de escuta do Observatório Nacional de Radioastronomia pelo fato do local não ser afetado pelas interferências elétricas provocadas pelo homem.
Grady Landon “Barnie” Barnett
Barnett descreveu os seres como sendo do sexo masculino, mas muito pequenos pelos nossos padrões, tendo a cor da pele acinzentada, cabeça redonda completamente calva e desproporcionalmente grande em relação ao corpo e olhos pequenos estranhamente afastados um do outro. Suas roupas eram inteiriças, sem zíperes, cintos ou botões.
Segundo contou Barnett, enquanto ele e alguns alunos da Universidade da Pensilvânia que lá se encontravam fazendo escavações arqueológicas observavam os corpos, um militar aproximou-se em um caminhão e assumiu o controle da situação. Outros militares se aproximaram e isolaram a área, dando ordens para que não falassem a ninguém sobre o que viam, pois como patriotas deviam permanecer calados... O objeto, com o clássico formato de disco, teria sido logo removido do local do desastre e transportado junto com os corpos em um grande caminhão. Com base nesse frágil relato feito décadas depois por uma pessoa que dizia ter feito parte do círculo de amizades de Barnett, os ufólogos concluíram que o disco voador teria explodido sobre a fazenda de Brazel ao ser atingindo por um raio mas despencado somente em Socorro, a 180 quilômetros de distância.
A saga prosseguiu célere mas sem maiores novidades por mais de duas décadas até que, em meados dos anos 70, valendo-se da Lei de Liberdade de Informações [Freedom Of Information Act (FOIA)], os ufólogos impetraram ações judiciais contra o governo norte-americano tencionando desencavar documentos que atestariam o resgate do disco voador e dos corpos dos seres extraterrestres. Em 1977, Marcel, agora tenente-coronel, retomou pessoalmente as investigações do episódio que o ridicularizara perante a nação. Por meio de seus colegas militares, apurou ter havido um acobertamento sem precedentes. Decidiu comparecer a programas de entrevistas na televisão nas quais expôs sua versão, motivando outras pessoas a saírem do silêncio.
Em 1980, o ufólogo William L. Moore e o escritor, linguista, poliglota, arqueólogo e ufólogo Charles Berlitz (1914-2003),[2] um dos maiores responsáveis pela difusão e popularização de mitos atinentes ao continente perdido da Atlântida e ao Triângulo das Bermudas, reavivaram o mito de Roswell com novos e espantosos dados e boatos (oriundos da Base Aérea de Edwards, do Pentágono, da sede da CIA em Langley, na Virgínia, etc.) em seu livro Roswell Incident (Incidente em Roswell).[3] Quase tudo ou o pouco de concreto que se sabe sobre o Caso Roswell provém dessa fonte, de longe a mais consultada e citada por ufólogos, jornalistas, produtores de TV e cineastas por conter transcrições de entrevistas realizadas por Moore com testemunhas da queda do disco (entre eles o major Jesse Marcel) que ainda estavam vivas à época (final dos anos 1970) e por preencher com arguta e “sóbria” imaginação as inúmeras lacunas. Moore e Berlitz foram os primeiros a trazer detalhes sobre a suposta autópsia que teria sido feita nos corpos dos ETs resgatados e a insinuar que eles estariam sendo mantidos preservados em lugares como o famoso galpão Hangar 18, na Base Aérea de Wright-Patterson, na cidade de Dayton, estado de Ohio.
A versão resumida de Moore e Berlitz para o Caso Roswell, reconstituído com base no que apuraram, é a de que entre 21h45 e 21h50 do dia 2 de julho de 1947, o que parecia ser um disco voador sobrevoou Roswell, rumando para noroeste a grande velocidade. Em algum ponto ao norte de Roswell, o disco encontrou uma tempestade elétrica, fez uma correção no rumo, seguindo para sul-sudoeste, acabou atingido por um raio e sofreu graves avarias. Uma grande quantidade de destroços caiu ao solo, mas o próprio disco, embora avariado, conseguiu permanecer no ar o tempo suficiente para transpor as montanhas antes de se espatifar no solo, na região a oeste de Socorro, conhecida como Planície de San Augustin, em Catron County, próximo ao local onde Barnett estava escalado para fazer uma avaliação na manhã seguinte e onde os estudantes de arqueologia deveriam iniciar uma escavação. Os militares assumiram o controle mais rapidamente do que no primeiro devido à demora entre o momento em que Brazel descobriu os destroços e quando por fim deu parte às autoridades. Embora a sequência de acontecimentos de San Augustin precedesse de vários dias a da fazenda de Brazel e de Roswell, o vazamento de notícias foi abafado com mais eficiência e a chegada de informes aos meios de comunicação foi lenta e vaga, no melhor dos casos. O grupo militar (composto, segundo estimativas exageradas, de cerca de cinco mil homens) que esteve no local de San Augustin para isolar a área, teria vindo da Base Aérea de Alamogordo, nos Campos de Testes de White Sands. Os destroços teriam sido levados para a Base Aérea de Wright Patterson e guardados no interior do “Hangar 18”.
Barry Goldwater Morris (1901-1998), major-general da USAF, senador do Partido Republicano pelo estado do Arizona (1953-1965, 1969-1987) e candidato à Presidência dos Estados Unidos em 1964, conhecido como “Senhor Conservador”, teve negado o acesso – por não possuir o nível necessário de autorização clearance (liberado, desobstruído) – quando procurou inteirar-se do assunto. Goldwater declarou que há muito desistiu de entrar no Salão Azul da Wright-Patterson, “pois colecionei uma longa série de negativas, vindas de um chefe após outro. Este negócio ficou tão secreto [...], que é impossível conseguir qualquer informação sobre ele.”
As reiteradas negativas governamentais geraram efeitos contrários. O consenso favorável tendeu a crescer à medida que os setores responsáveis pelo seu esclarecimento se esquivavam. Ao longo da década de 90, o mito de Roswell se mostrou mais vivo do que nunca. Imagens em preto e branco de uma suposta autópsia em corpos alienígenas, uma farsa melancólica comercializada pelo produtor inglês Ray Santilli, foram veiculadas em meados de 1995 pela internet e pelas emissoras de televisão à guisa de subproduto dessa celeuma. Aproveitando tamanha publicidade, os moradores de Roswell capitalizam os dividendos. Na cidade, não há nada que não contenha alguma referência a discos voadores e até um museu dedicado ao tema foi construído.
Ao ensejo das comemorações do cinquentenário, a USAF reconheceu afinal que um artefato explodiu a noroeste de Roswell. Anteriormente, em julho de 1994, a USAF havia liberado um relatório repleto de lacunas intitulado The Roswell Report: Fact vs. Fiction in the New Mexico Desert (O Relatório Roswell: Fato versus Ficção no Deserto do Novo México). No relatório Caso Encerrado,a USAF confirmou a autenticidade dos relatos das testemunhas que viram os destroços que, longe de serem de outro planeta, eram balões de polietileno, material que brilha intensamente e muda de cor ao passar pelo horizonte e ser atingido pela luz solar pouco antes do amanhecer. [4]
Os balões carregavam um protótipo da sonda Viking no formato discóide e recuperada no lugar exato do disco voador acidentado, em San Agustin. Os destroços em Roswell, na fazenda de Brazel, eram fragmentos de balões do Projeto Mogul, equipados com instrumentos para espionar, via radar, explosões nucleares e lançamentos de mísseis e foguetes da União Soviética.
O que pareceu às testemunhas corpos de extraterrestres mortos espalhados no solo de San Agustin, eram bonecos usados em saltos de paraquedas a altitudes superiores a 30 quilômetros, os quais simulavam o resgate de astronautas em voos espaciais. Os danos sofridos na queda deixaram os bonecos com o aspecto estranho que as testemunhas descreveram – olhos enormes, quatro dedos, um só braço. O “extraterrestre” que muitos disseram ter visto entrar, caminhando, no Hospital da Base Aérea de Roswell, era o capitão da aeronáutica Dan Delton Fulgham (1927-2015), que em 1959 sofrera um terrível acidente que o deformara.
A União Soviética saiu à frente na corrida espacial com o lançamento do Sputnik em 1957. Os Estados Unidos trataram de recuperar o tempo perdido e aceleraram o programa Corona, que fracassou em dez tentativas de lançamento do satélite Discover entre 1949 e 1960. Surgiu então a ideia de lançar satélites a partir de um balão de alta altitude. A primeira tentativa falhou, mas em 11 de abril de 1960, o Discover 12 ejetou uma cápsula que completou uma órbita em torno da Terra. A partir daí, os Estados Unidos ultrapassaram a União Soviética. Entre as naves estavam as sondas Voyager-Mars, cujos formatos eram iguais às dos discos voadores. Muitas sondas eram recuperadas em White Sands, Novo México, o que explicaria os tantos OVNIs avistados na área. O livro The Truth about the UFO Crash at Roswell (A Verdade sobre o OVNI Acidentando em Roswell),de Kevin D. Randle (1949-) e Donald R. Schmitt (co-diretor do CUFOS), estampou o desenho de um dos discos voadores avistados, em forma de delta.[ 5]É exatamente igual ao balão Vee, lançado em março de 1965 da Base Aérea de Holloman, Novo México.
Faltou explicar porque o agente funerário Glenn Dennis foi consultado por um pediatra do Hospital de Roswell – possivelmente Frank B. Nordstrom (1925-2017), embora Dennis não tenha perguntado seu nome – sobre o preparo de caixões para crianças e o embalsamento de corpos que teriam ficado muitos dias expostos ao ambiente. Dennis contou ter encontrado uma apavorada enfermeira, Naomi Maria Selff, de St. Paul, Minnesota, que lhe confidenciou a participação nas autópsias de pequenos e estranhos corpos. A enfermeira, “obrigada a guardar silêncio”, foi transferida para a Inglaterra uma semana após o Incidente em Roswell e dada como morta num suspeito “acidente” aéreo.
Mas ninguém conseguiu encontrar uma enfermeira com esse nome, ou uma enfermeira de St. Paul, ou uma enfermeira que foi
transferida para o exterior. Posteriormente, houve especulações de
que Dennis ainda não deu seu nome verdadeiro. Em entrevistas posteriores, ele se recusou a confirmar que Selff era o nome da enfermeira. Alguns investigadores que passaram muito tempo tentando encontrar essa enfermeira, chegaram a conclusão de que ela nunca existiu.
A Força Aérea Norte-Americana, no entanto e quem diria, identificou a enfermeira. Eles descobriram que a tenente Eileen M. Fanton, uma enfermeira que combinava com a descrição física de Dennis e trabalhava na base militar de Roswell, mais tarde partiu em serviço na Inglaterra e recebeu cartas através de um endereço da APO (Army Post Office) em Nova York. Ela não foi transferida diretamente para o exterior de Roswell, mas deixou Roswell repentinamente
em 4 de setembro de 1947, cerca de 2 meses após o Incidente de Roswell, supostamente devido a uma "condição médica" não especificada. Ela foi de Roswell para um hospital no Texas para tratamento, e apenas alguns anos depois serviu no exterior, de 1952 a 1955, época em que poderia ter escrito para Dennis, como ele afirma.
A Força Aérea jurou serem essas as verdades finais – divulgadas porque não mais representavam perigo para a segurança nacional –, gastando para tanto 231 páginas que de nada serviram para demover a arraigada crença dos ufólogos. Ao longo de julho de 1997, mais de dez mil pessoas peregrinaram pelas ruas “sagradas” de Roswell, convertida em Meca pós-moderna.
Notas
[1] No final da Segunda Guerra Mundial, Blanchard havia sido encarregado de preparar e supervisionar os detalhes da operação de transporte da bomba atômica até Hiroshima. Herói de guerra condecorado, depois da Segunda Guerra, como comandante do 509º Grupo de Bombardeios, foi designado para participar da “Operação Crossroads”, que realizou testes atômicos no Atol de Bikini.
[2] Neto de Maximilian Delphinus Berlitz, o fundador das Escolas de Idiomas Berlitz, Charles foi educado em quatro idiomas e chegou a dominar cerca de 32 línguas diferentes, sendo considerado pela People’s Almanacum dos 15 maiores linguistas do mundo.
[3] Berlitz, Charles & Moore, William L. Incidente em Roswell,Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980.
[4] Falcão, Lorem. “O UFO que iludiu Roswell”, in Manchete,Rio de Janeiro, Bloch Editores, nº 2.362, 12-7-1997, p.26-31.
[5] Randle, Kevin D. & Schmitt, Donald R. The Truth about the UFO Crash at Roswell, New York, Avon Books, 1994.
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