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#Dialética do Esclarecimento
wrcl · 3 months
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O tradicionalismo avança dentro e fora da Igreja Católica
Romero Venâncio (UFS) - Teologia Nordeste
Já é público e notório o crescimento vertiginoso de um tipo particular de "tradicionalismo contemporâneo” dentro do catolicismo romano no mundo e, em particular, no Brasil. Com o desenvolvimento das mídias digitais a coisa tornou-se irreversível. Trata-se de uma realidade. Se a CNBB e toda a "esquerda católica" faz vista grossa ou resolve aplicar a si a tática do avestruz, ou seja, enfiar a cabeça em baixo da terra e avaliar que nada acontece porque não está vendo, paciência. Uma realidade não deixa de existir porque eu penso que ela não existe. 
Desde 2016 acompanho e monitoro as redes de um grupo chamado "Centro Dom Bosco" do Rio de Janeiro. Seus cursos, suas lives, seus processos contra a Netflix/Porta dos Fundos, sua ação em paróquias contra uma missa no dia da "consciência negra" ou suas aulas no domingo à noite. Atualmente, decidiram entrar de vez no campo do audiovisual na linha do "Brasil Paralelo", exatamente em cumprimento ao projeto propalado por Olavo de Carvalho.
Vai na sexta edição a chamada "Liga Cristo Rei". Uma tentativa do Centro dom Bosco de reunir toda a "direita católica" brasileira e com participação de figuras de cunho internacional. Neste 2023, tiveram a presença de Dom Athanasius Schneider (O.R.C.) que é um bispo católico romano do Cazaquistão, bispo auxiliar de Astana e tradicionalista de carteirinha. Todos os presentes se dedicaram em todo o encontro a criticar radicalmente o "Sínodo da sinodalidade" e a teologia do Papa Francisco. Todos são marcados por uma "teoria da conspiração" e um "pânico moral" que chegam ao delírio. Na leitura dessa gente, o fim da Igreja Católica está próximo, caso não se mude o rumo eclesial de acordo com o "tradicionalismo" deles.
Na leitura "teológica" do Centro Dom Bosco e seus apoiadores, tudo começou a partir do Concílio Vaticano II. Seguiu com as conferências episcopais na América Latina e chega seu ponto mais alto com a Teologia da Libertação. Em síntese, a Igreja Católica atual estaria atolada em uma grande forma de "heresia" e que o Papa Francisco passa a ser o seu promotor. 
Segundo o antropólogo dos EUA Benjamin R. Teitelbaum em seu importante livro: "Guerra da eternidade: o retorno do tradicionalismo e a ascensão da direita populista" (Editora da UNICAMP, 2020), a volta de um tipo particular de "tradicionalismo" está em curso no mundo. Em seu livro, Teitelbaum entrevistou Steve Bannon, Olavo de Carvalho e Aleksandr Dugin e percebeu algo em comum entre os três e o papel que eles desempenham em seus países numa jornada tradicionalista de extrema direita. O livro do Teitelbaum deveria ter sido um alerta importante quando da sua tradução no Brasil. Fomos e somos um dos países atingidos por este movimento e que legou um projeto político que chegou à Presidência da República. 
A pesquisadora e professora Gizele Zanotto que estuda a TFP (Tradição, Família e Propriedade), em um ensaio importante e atual, chama a atenção para uma América Latina marcada pelo "tradicionalismo reacionário católico". No texto aborda “uma rede de sociabilidade integrista: a expansão tefepista para a Argentina e o Chile" (2019). E alerta "para além das revistas, pontuamos que reuniões, grupos, de estudo, debates, palestras, manifestos, difusão de obras, páginas, blogs e outras formas de agregação online são sustentáculos de grupos articulados em torno de uma tradição intelectual."  
Assim, avança o tradicionalismo católico atual com um discurso reacionário em uma forma de comunicação mais avançada que temos. Um aparente paradoxo já desvendado por Adorno e Horkheimer no livro "Dialética do Esclarecimento". Usam os meios de comunicação mais avançados em termos técnicos para divulgar uma mensagem reacionária e de simpatia pelo fascismo.
Estão frutificando? Não temos mais dúvidas. Chegaram as paróquias e dioceses. Jovens padres tradicionalistas é o que mais cresce no catolicismo brasileiro com apoio de vários bispos e até cardeais (para maiores esclarecimentos, consultemos o pe. Agenor Brighenti em seus estudos sobre o clero brasileiro). 
E não podemos esquecer de um laicato muito receptivo para todo tipo de tradicionalismo católico.
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vitrinedogiba · 10 months
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Fascismo e teoria crítica a questão do avanço da ideologia da extrema direita na atualidade
Na próxima terça-feira (20/06), às 20h, pesquisadores do NECC – Núcleo de Estudos Críticos da Contemporaneidade e o Canal Vitrine do Giba realizam um debate sobre o fascismo e o crescimento da ideologia de extrema direita no mundo, à luz da teoria crítica. O debate partirá da clássica leitura da obra de Max Horkheimer e Theodor W. Adorno, A Dialética do esclarecimento, escrita em 1947, obra de…
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edu20sexual · 3 years
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Referências bibliográficas
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BRAGA, Eliane Rose Maio, et al. Sexualidade infantil: a importância da formação de professores (as) na questão de gênero. Disponível em:
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BRASIL. Decreto-Lei 6.286, de 5 de Dezembro de 2007. Institui o Programa de Saúde na Escola – PSE, e dá outras providências. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei 9.394/1996. 2. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2010. Art. 4, p. 271-273. Disponível em: <https://www.uespi.br/prop/siteantigo/XSIMPOSIO/TRABALHOS/INICIACAO/Ciencias%20da%20Educacao/A%20EDUCACAO%20SEXUAL%20EM%20ESCOLAS%20DA%20REDE%20PUBLICA%20DE%20ENSINO%20DE%20TERESINA%20(PI).pdf>. Acesso em: 26/06/20.
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quinhoqnh · 5 years
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obra: O Presidente Acidente . exposição: Capas do Brasil - 2º ato . curadoria: @tiagodiel85 . resenha: @cilenevictor . Libertar a expressão, um antídoto contra a barbárie. Com o seu dedo em riste separando o “nós” do “eles”, o fascismo materializou e desenhou os traços de uma barbárie que, a todo instante, insiste em voltar, com novas vestimentas e chancelas. Como todas as tragédias, a barbárie não pode ser vista, tampouco analisada, como um fenômeno súbito. Ela é uma construção social que silenciosa ou explicitamente, velada ou em praça pública, ameaça e nos afasta de um projeto civilizatório e humanitário. A barbárie transita no tempo e no espaço. Ela foi uma das marcas da ditadura civil-militar no Brasil, amparada em discursos nacionalistas e ufanistas que, novamente, insistiam em separar o “nós” do “eles”, cerceando a liberdade de expressão do segundo, sob a chancela e a conivência do primeiro. Com sua expressão livre e o seu caráter utópico, a arte tem sido historicamente reconhecida como um “antídoto contra a barbárie”, tornando-se alvo de perseguição e cerceamento. Foi assim durante a ditadura civil-militar brasileira e tem sido assim nos últimos anos, meses e dias de uma democracia que se fragiliza com as constantes ameaças às liberdades de expressão e de pensamento. A exposição “Capas do Brasil”, no seu 2º ato, é uma tradução clara de como a arte se torna resiliente e resistente na luta contra a barbárie, ontem e hoje representada pelo autoritarismo, reducionismo, obscurantismo, a intolerância e a ignorância. Na sua essência, “Capas do Brasil” resgata essa expressão de Adorno e Horkheimer, publicada na Dialética do Esclarecimento: “Não se trata de conservar o passado, mas de recuperar as esperanças passadas”. “Capas do Brasil” não só recupera as esperanças passadas, como nos alerta da urgência das lutas do presente, guiadas pela necessidade humana e universal de liberdade. Cilene Victor . #capasdobrasil #segundoato #colagem #veja #verdades #mentiras #qnh #sociedadeplastica #opresidenteacidente #galeriaalmadarua #sp . Vila Madalena, São Paulo https://www.instagram.com/p/B0hPd-sHgU3/?igshid=tg8s0a2qpc55
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stanley-tarantino · 5 years
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sempre estamos indo à dialética do esclarecimento, cada vez menos podemos imaginar, por isso, uma foto de quem sempre imaginou. https://www.instagram.com/p/Brbpto-hNkH/?utm_source=ig_tumblr_share&igshid=1tq54pra5qehg
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sertempo · 2 years
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"Os consumidores são os trabalhadores e o empregados, os lavradores e os pequenos burgueses. A produção capitalista os mantém tão bem presos em corpo e alma que eles sucumbem sem resistência ao que lhes é oferecido. Assim como os dominados sempre levaram mais a sério do que os dominadores a moral que deles recebiam, hoje em dia as massas logradas sucumbem mais facilmente ao mito do sucesso do que os bem-sucedidos. Elas têm os desejos deles. Obstinadamente, insistem na ideologia que as escraviza." ( Dialética do Esclarecimento - Adorno e Horkheimer )
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gifsdefisica · 2 years
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"Assim também a investigação da Natureza evoluia então, acompanhando a revolução geral, e era, por seu turno, inteiramente revolucionário, uma vez que era forçada a lutar pelo seu direito à existência. Ao lado dos grandes italianos, iniciadores da filosofia moderna, a investigação da natureza forneceu alguns mártires, levados à fogueira ou aos cárceres da Inquisição. É bastante significativo o fato de que os protestantes sobrepuseram-se aos católicos no que se refere à perseguição à livre investigação da Natureza. Calvino mandou queimar Miguel Servet, quando este estava prestes a descobrir a circulação do sangue, determinando que fosse assado lentamente, durante duas horas, ao passo que a Inquisição se contentava com, apenas e simplesmente, queimar Giordano Bruno. O ato revolucionário pelo qual a investigação da Natureza declarou sua independência e repetiu, de certo modo, a queima de bulas papais, realizado por Lutero, foi a edição da obra imortal em que Copérnico, embora timidamente e já próximo da morte, lançou à autoridade eclesiástica sua luva de desafio a respeito das coisas da Natureza. A partir desse ponto, as ciências naturais se emanciparam da teologia, muito embora os esclarecimentos a respeito das pretensões daquelas e desta se arrastem até os nossos dias, não tendo ainda entrado em determinadas cabeças. Mas, desde então, o desenvolvimento das ciências se tem realizado a passo de gigante. [...]" ENGELS, Friedrich. A dialética da natureza. 3°ed, Rio de Janeiro: editora paz e terra, 1979, p. 17 Arte: Friedrich Engels (visto no perfil da @ivanajinkings) #Engels #Bicentenario #FriedrichEngels #dialeticadanatureza #materialismodialetico #filosofiamarxista #ontologia #epistemologia #gnosiologia #axiologia https://www.instagram.com/p/CW01uRzrYyS/?utm_medium=tumblr
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martemanha · 3 years
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"Um grupo de pessoas a rir é uma paródia da humanidade."
Adorno & Horkheimer, "Dialética do Esclarecimento"
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prophetstrash · 3 years
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Antigamente eu lia a Dialética do Esclarecimento. Atualmente eu me preocupo é com a dieta do emagrecimento
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apphumanidades · 3 years
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ACESSE EM 28/10
O GTec continua suas reuniões na quarta-feira, 21/10, às 19h, para ler “O conceito de Esclarecimento”, de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, e “Sobre la verguenza prometeica”, de Gunther Anders.
Os dois textos são reflexões alemãs sobre o avanço técnico feitas no contexto da Segunda Guerra Mundial e no período imediatamente anterior. Em comum, tanto a análise de Adorno e Horkheimer quanto a reflexão de Anders problematizam o avanço da tecnologia e os efeitos deletérios da racionalidade instrumental sobre o mundo da época. Mas os dois textos também se valem de figuras míticas - Prometeu, no caso de Anders, e, para Adorno e Horkheimer, a conhecida análise de Ulisses na “Dialética do Esclarecimento” - para pensar suas questões. O que significa, então, utilizar o mito para combater os mitos da razão técnica? 
Os textos estão disponíveis nos links abaixo:
* Theodor Adorno e Max Horkheimer, “O conceito de esclarecimento”, in Dialética do esclarecimento * Gunther Anders, “Sobre la vergüenza prometiera”, in La obsolescencia del hombre I - Sobre el alma en la época de la revolución industrial. Valencia: Pre-Textos, 2011, pp. 35-104.
As reuniões do GTec são abertas e gratuitas, como todas as atividades de pesquisa da APPH. Somos uma instituição de ensino e pesquisa sem fins lucrativos e recebemos contribuições através do nosso financiamento colaborativo contínuo.
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15 trechos da literatura e filosofia que descortinam o Brasil de 2019
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Mesmo que o ano esteja longe do fim, predomina a sensação de que 2019 já acabou, devido às tragédias que ocorreram no Brasil. Os dias parecem ser poucos para tanta informação. A morte de importantes personalidades, os desastres ambientais, os ataques nas redes sociais e as contrariedades na política são apenas algumas das manchetes que mais circulam no país. Além disso, o crescimento de movimentos extremistas tem mostrado que a sociedade provavelmente não aprendeu com a história e está voltando a flertar com o fascismo. Diante de tantos acontecimentos, é surpreendente que escritores de décadas ou séculos atrás tenham retratado exatamente o que estamos passando hoje, em 2019. Grandes nomes da literatura, como George Orwell, Guimarães Rosa e John Donne, viveram em outras épocas, mas tiveram uma profunda compreensão da natureza humana, de forma que seus pensamentos continuam atuais. Por meio dos escritos desses e de outros importantes autores, a Revista Bula elencou 15 trechos de livros que descortinam o Brasil de 2019.
(Primo Levi, É Isto Um Homem) Os monstros existem, mas eles são muito pouco numerosos para serem realmente perigosos; os mais perigosos são os homens comuns, os funcionários dispostos a crer e obedecer sem questionar.
(George Orwell, A Revolução dos Bichos) Vozes gritavam, cheias de ódio, e eram todos iguais. Não havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera. As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco (…) mas já se tornara impossível distinguir, quem era homem, quem era porco.
(Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere) Desviava-me dessas chateações próximas, refugiava-me noutras distantes. Num mundo assim, que futuro nos reservariam? Provavelmente não havia lugar para nós, éramos fantasmas, rolaríamos de cárcere em cárcere, findaríamos num campo de concentração. Nenhuma utilidade representávamos na ordem nova. Se nos largassem, vagaríamos tristes, inofensivos e desocupados, farrapos vivos, velos prematuros; desejaríamos enlouquecer, recolher-nos ao hospício ou ter coragem de amarrar uma corda ao pescoço e dar o mergulho decisivo. Essas ideias, repetidas, vexavam-me; tanto me embrenhara nelas que me sentia inteiramente perdido.
(Carlos Drummond de Andrade, Lira Itabirana) O Rio? É doce. A Vale? Amarga. Ai, antes fosse Mais leve a carga. Entre estatais E multinacionais, Quantos ais! A dívida eterna (…) Quantas toneladas exportamos De ferro? Quantas lágrimas disfarçamos Sem berro?
(Max Horkheimer e Theodor Adorno, Dialética do Esclarecimento) Não é fácil falar (…) Quando o outro toma a palavra, ele reage interrompendo-o com insolência. Ele é inacessível à razão porque só a enxerga na capitulação do outro.
(Martin Niemöller, E Não Sobrou Ninguém…) Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar.
(Nelson Rodrigues, Crônicas) Antes, os melhores pensavam pelos idiotas; hoje, os idiotas pensam pelos melhores. Criou-se uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina.
(Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas) Viver é muito perigoso (…) Deus mesmo, quando vier, que venha armado!
(John Donne, Meditações) Nenhum homem é uma ilha; cada homem é uma partícula (…) A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.
(Eduardo Alves da Costa, No Caminho, com Maiakóvski) Tu sabes, conheces melhor do que eu a velha história. Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada.
(Anne Frank, O Diário de Anne Frank) É difícil em tempos como estes: ideais, sonhos e esperanças permanecerem dentro de nós, sendo esmagados pela dura realidade. É um milagre eu não ter abandonado todos os meus ideais, eles parecem tão absurdos e impraticáveis. No entanto, eu me apego a eles, porque eu ainda acredito, apesar de tudo, que as pessoas são realmente boas de coração.
(Hermann Hesse, Demian) Não creio que se possam considerar homens todos esses bípedes que caminham pelas ruas, simplesmente porque andam eretos ou levem nove meses para vir à luz. Sabes muito bem que muitos deles não passam de peixes ou de ovelhas, vermes ou sanguessugas, formigas ou vespas.
(Bertold Brecht, Intermezzo) Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negro Em seguida levaram alguns operários Mas não me importei com isso Eu também não era operário Depois prenderam os miseráveis Mas não me importei com isso Porque eu não sou miserável Depois agarraram uns desempregados Mas como tenho meu emprego Também não me importei Agora estão me levando Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém Ninguém se importa comigo.
(Hannah Arendt, As Origens do Totalitarismo) Num mundo incompreensível e em perpétua mudança, as massas haviam chegado a um ponto em que, ao mesmo tempo, acreditavam em tudo e em nada, julgavam que tudo era possível e que nada era verdadeiro. A própria mistura, por si, já era bastante notável, pois significava o fim da ilusão de que a credulidade fosse fraqueza de gente primitiva e ingênua, e que o cinismo fosse o vício superior dos espíritos refinados. A propaganda de massa descobriu que o seu público estava sempre disposto a acreditar no pior, por mais absurdo que fosse, sem objetar contra o fato de ser enganado, uma vez que achava que toda afirmação, afinal de contas, não passava de mentira. Os líderes totalitários basearam a sua propaganda no pressuposto psicológico correto de que, em tais condições, era possível fazer com que as pessoas acreditassem nas mais fantásticas afirmações em determinado dia, na certeza de que, se recebessem no dia seguinte a prova irrefutável da sua inverdade, apelariam para o cinismo; em lugar de abandonarem os líderes que lhes haviam mentido, diriam que sempre souberam que a afirmação era falsa, e admirariam os líderes pela grande esperteza tática.
15 trechos da literatura e filosofia que descortinam o Brasil de 2019 publicado primeiro em https://www.revistabula.com
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angelanatel · 5 years
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"Hermenêutica bíblica pretende estudar os princípios da interpretação da Bíblia enquanto uma coleção de livros sagrados e divinamente inspirados. No Cristianismo, esta interpretação é estudada e obtida através da exegese. A hermenêutica bíblica abrange a relação dialética que visa substancializar os significados dos textos bíblicos para aproximar o mesmo da realidade fáctica, na qual se vislumbra o esclarecimento por meio da Bíblia. A hermenêutica bíblica utliza-se de outros princípios comuns aos demais tipos de hermenêutica, como por exemplo a hermenêutica jurídica que segue os princípios da inegabilidade do ponto de partida e a proibição do "non liquet". Em verdade, a hermenêutica bíblica não deve se afastar do texto bíblico, bem como não se abstem da problemática inicial do hermenêuta. O principal objetivo da hermenêutica bíblica é o de descobrir a intenção original do autor bíblico. No caso dos textos da Bíblia, o leitor, ao menos racionalmente, não tem acesso direto ao autor original. Por isso é necessário aplicar princípios da hermenêutica (a ciência da interpretação) ao texto bíblico. Além do fator de separação pessoal entre o leitor atual e o autor original, há outras barreiras para a compreensão. Os últimos e mais recentes livros da Bíblia foram escritos há cerca de dois mil anos. Além da distância de tempo, há diferenças de idioma, pois a Bíblia foi escrita originalmente em hebraico, aramaico e grego. Há ainda diferenças culturais e de costumes que separam os leitores atuais dos autores originais da Bíblia. Alguns exemplos são o sistema de sacerdotes e sacrifícios da Lei mosaica do Antigo Testamento, e o uso do véu por mulheres no Novo Testamento." Jarbas Dantas - @bon_jrdnts . #hermeneutica #hermeneutics #biblia #teologia https://www.instagram.com/p/BzxvfaXAPxn/?igshid=smar6mdzvktx
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professoraevelyn · 4 years
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Indústria cultural
"
Indústria cultural é um conceito de interpretação sociológica desenvolvido por Theodor Adorno e Max Horkheimer no livro “Dialética do Esclarecimento” […]
O texto Indústria cultural foi publicado primeiro no InfoEscola.
InfoEscola https://ift.tt/2NXjIfx Publicado primeiro em https://www.infoescola.com"
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projetoaisthesis · 4 years
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Na obra “Dialética do esclarecimento”, os sociólogos Theodor Adorno e Max Horkheimer analisam a perda do poder crítico da arte e o fazer cultural em meio aos valores capitalistas. Os dois autores vão concluir que a Indústria Cultural distancia os indivíduos de sua maioridade intelectual, com a motivação de conservar o sistema de produção e consumo. Nessa indústria são fabricadas expressões retiradas da cultura popular e erudita que ao serem ressignificadas e massificadas tornam-se objetos de consumo que propagam ideologias prontas. O desenvolvimento dessa lógica só foi possível graças aos avanços da tecnologia que tornaram as formas de comunicação mais ágeis, permitindo uma disseminação rápida e eficaz da informação. Dessa forma, os meios de comunicação em massa, como rádio, tv e o cinema, sustentaram a propagação da produção cultural, gerando o desejo de consumo na população e, novamente, trazendo mais renda para o sistema, além de ser mais um meio pelo qual as classes dominantes poderiam disseminar suas ideologias e manter a massa alienada. Portanto, a estética, sendo uma capacidade de compreender a realidade sensorial que acarreta em uma interpretação do mundo, torna-se limitada, pois como grande parte das informações que circulam é homogeneizada, o ser humano perde a diversidade de expressões culturais e artísticas que poderiam despertar seu senso estético e gerar um olhar mais amplo sobre a realidade da humanidade.
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enzorochafotografia · 5 years
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Indústria Cultural
O que é a Indústria Cultural?
O conceito indústria cultural é criação de dois teóricos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer que, conforme apontam Reale e Antiséri, no contexto de uma teoria crítica da sociedade visam por em questão as contradições inerentes à sociedade capitalista. Para isso, focam nas produções veiculadas nos meios de comunicação bem como o seu caráter de disseminador de ideologias dominantes. Nesse sentido, visando uma primeira compreensão do conceito, o termo aqui abordado se auto-explica enquanto uma cultura que se torna mercadoria pronta a gerar lucratividade no sistema.
Todavia, para uma compreensão mais detalhada do conceito aqui exposto é preciso enquadrá-lo dentro do espectro da chamada Escola de Frankfurt (tema já abordado neste portal), bem como o contexto histórico que, conforme apontam os historiadores da filosofia Reale e Antiséri, “foi atravessado pelo furacão da Segunda Guerra Mundial e que assistiu ao desenvolvimento maciço, onipresente e irrefreável da sociedade tecnológica avançada”.
Para atingir o máximo de sua execução, tal sociedade tecnológica utiliza-se, a todo momento, dos meios de comunicação de massa: músicas, propagandas, cinema, teatro etc. No limite, os bens culturais se tornam mercadorias. Mas, para que isso ocorra, a cultura precisa ser massificada, tornada acessível ao maior número de consumidores. Da arte retira-se o prazer estético em prol da sua adequação ao que é rentável, lucrativo à indústria e que, portanto, trará retorno financeiro para o artista e toda a indústria que está por trás destes bens culturais. Nesses produtos culturais são embutidos valores da cultura dominante e passam a ser vendidos como se fossem desprovidos de ideologia ou adequação a qualquer que seja o grupo social para mascarar a sua real pretensão e, assim, atingir em cheio as massas, modelando-lhes os gostos, comportamentos e atitudes diversas a fim de criar-lhes necessidades que mantenham a lucratividade do sistema e o predomínio da cultura dominante.
DICA DE FILME
Caso sinta-se interessado(a) em aplicar os conceitos aqui abordados segue uma sugestão de filme que pode, além de divertir, propiciar um momento a mais de contato com o tema aqui exposto. A dica é O Show de Truman, filme de 1988. O filme se passa num cenário de reality show em que o protagonista (Truman) não tem consciência que está sendo controlado, vigiado, televisionado e que seus comportamentos e atitudes estão sendo friamente dirigidos, muitas vezes através de mensagens subliminares que chegam até Truman e o condiciona, inconscientemente, a agir de uma e não de outra forma. O próprio cenário é visto pelos telespectadores do programa como uma imensa vitrine em que objetos, emoções e sentimentos do protagonista podem ser dispostos a seus gostos e desejos. Se ficou interessado(a), busque pelo filme, assista e procure fazer relações, nem que sejam mentais, com o tema da indústria cultural aqui abordado.
Fábio Guimarães de Castro
Referências Bibliográficas
ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. Tradução de Juan José Sánchez. Madrid: Trotta, 1998.
IMAGEM: https://ift.tt/2Z0FNAE. Acesso em: 05 ago 2019.
REALE, Giovanni; ANTISÉRI, Dario. História da Filosofia: do romantismo até nossos dias. SP: Paulus, 2007, p. 837-845.
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gazetadocerrado · 5 years
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Quando a teoria se torna realidade, Adorno continua vivo em suas inquietações
Quando a teoria se torna realidade, Adorno continua vivo em suas inquietações #Adorno #entrevistaaDW
Na célebre obra Dialética do esclarecimento, publicada em 1947 nos Estados Unidos, os alemães Theodor W. Adorno e Max Horkheimer buscaram uma resposta à seguinte pergunta: “Por que a humanidade, em vez de adentrar um estado verdadeiramente humano, afunda num novo tipo de barbárie?”
Nascido em 1903 numa família judia, Adorno tinha todos os motivos para fazer essa pergunta. Com a ascensão dos…
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