Me acolha, fonema materialista
Eis um fantasma ponderando a dúvida
Se devo prestar deveres ou condolências
Enquanto me dizes amores com os dedos
Cada exercício desse é um auto à paranoia
Eu a saúdo em meu corpo comprometido
A minha própria imagem revirada em um copo
A medida perfeita entre água com açúcar e vinagre
A todo corpo que se apresenta, eu teço uma solidão
Tão palpável, tão lancinante, tão viciante
Que formas se fazem, silhuetas se desnudam
E eu atraio você com todo meu amor
À todo teatro da impermanência, digo:
Fazes de meu diabo teus goles em xícaras
Valso com coices como se rezasse
Danço com pêndulos como se a primavera ardesse
Cada um desses diálogos são adagas contra meus olhos
Por isso, sempre considero rios como deuses
Não para dissuadir seus aspectos ou lavar pecados
E sim como objeto de temor e barganha
Preciso saciar a terra com meus olhos
Descrever a hostilidade dos verbos
Prover um viés que capta a sutileza do amor
Para fora desta desordem cotidiana
As dívidas abordadas pela abóbora
Sugerem a química das perfumarias
A natureza transpõe o texto e a imagem
Mas a disposição fora agregada a hipnose discursiva
Estou indo para fora das pétalas roxas
Estou indo para fora da morte
E pretendo não voltar mais
Se essa for a última vez, obrigado pela visita!
Hoje eu decidi não pensar em você. Acordei cedo, fui pra academia, fiz minhas coisas e não lembrei nem por um segundo dos seus olhos castanhos ou do seu abraço de urso. Hoje eu não quis pensar em você, nem na saudade que eu tô e nem em como essa cama é enorme quando você não tá aqui. Hoje eu não pensei em você, e de tanto não pensar, acabei escrevendo.